Capítulo 18

Mackey saiu da sala de Augusto e foi em direção aos laboratórios, queria saber o que o cientista havia concluído sobre a substância. Que aquilo era perigoso ela sabia, mas desejava descobrir quais seus efeitos.

- Eu nunca vi nada parecido! - Disse o cientista com os olhos escuros brilhando. - O seu poder é devastador. Parece uma mistura de tudo o que não presta.

- E por quanto tempo uma pessoa pode usar isso? - Perguntou Mackey curiosa.

- Creio que seja questão de alguns meses apenas para levar os órgãos à falência. Só não entendo porque as pessoas usam algo tão malcheiroso quanto isso. Vou lhe mostrar.

Ele pegou uma quantidade mínima do que havia restado do pó e queimou. Imediatamente uma fumaça branca subiu e um cheiro de algo que estivesse em decomposição e azedo ao mesmo tempo se espalhou pelo ar, e ao penetrar nas narinas queimava como se pegasse fogo.

- A coisa deve ser boa.... Deve fazer delirar muito para alguém aguentar isso. - Disse Mackey tapando o nariz.

Mas ela sabia que já sentira aquele odor, não se lembrava onde nem quando. Não fora quando cheirou aquilo, porque quando fez isso o cheiro não era tão forte assim.... Claro! Sentiu aquele cheiro quando estava saindo do prédio.... O porteiro!

O porteiro?! Aquele ser franzino seria capaz de segurar uma sniper? Tudo era possível.

Se sentiu uma imbecil por não desconfiar antes, quem sabe onde ele poderia estar agora. Perdera muito tempo, mesmo assim não iria deixar de procurá-lo. Alertou Augusto, que mandou alguns agentes em busca do tal homem. Ele não queria correr o risco de ela se desgastar mais e não poder voltar para sua missão. Além disso, se tinha outros agentes disponíveis, por que não os usar?

Seus agentes eram bons e logo estavam de volta com o homem que se debatia e alegava ser inocente. A aparência do homem era pior do que Mackey se lembrava, parecia mais magro e olheiras imensas se destacavam embaixo dos olhos. O cheiro, porém, ainda era o mesmo. Foi levado para a sala de interrogatório. Um lugar de paredes cinzas e uma luz extremamente forte, uma mesa e duas cadeiras. Em uma das paredes estava um espelho. Do lado de fora, em uma sala escura, os agentes observavam, através do mesmo espelho, tudo o que acontecia lá dentro.

- Quer ter a honra? - Perguntou Augusto a Mackey, com a porta da sala aberta.

- Sem dúvida. - Respondeu.

Os dois entraram juntos e assim que os viu a reação do homem foi completamente diferente de quando chegou, olhava-os com desprezo, nojo, ou como se os quisesse matar. Estava calmo e parecia tramar alguma coisa. Não esperou nem mesmo que lhe perguntassem algo, já foi logo falando:

- Não podem de manter aqui. Não tem nenhuma prova contra mim.

- A não ser o fato de meus agentes terem achado uma arma com o mesmo calibre que atingiu Pietra, na sua casa. - Respondeu Augusto.

- Ainda assim não prova nada. Quantas armas iguais existem por aí? Poderia ser qualquer outro.

- Mas temos quase certeza de que é você. - Interveio Mackey - Pietra foi atingida ainda quando estava no telhado. Não existia nenhuma outra possibilidade de o tiro ter partido de outro prédio se não do que você trabalhava.

- Já pensou na hipótese de ser um morador? - Ironizou ele.

Mais uma vez Augusto falou:

- Depois do ocorrido nós checamos tudo. E o único naquele prédio com capacidade de atingir alguém àquela distância era você, Igor. Sniper do exército.

Aquilo não deixou de surpreender Mackey. Ainda assim ela continuou:

- Quando tudo aconteceu, não pude deixar de notar que o curto espaço de tempo em que Pietra saiu da boate e posteriormente foi morta, não era o suficiente para alguém alertar que alguém estava atrás dela. O assassinato foi premeditado. E temos informações de que Henrique Galhardo tinha relações um tanto íntimas com ela. Ele foi visto na boate na mesma noite. Além disso, depois da morte dela parece que um novo negócio surgiu e prospera.... Eu me pergunto: Por que não era assim quando ela era dona do negócio?

Apesar de ainda manter a postura o corpo do homem deu uma leve estremecida.

- Será que podem me trazer um copo de água? - Perguntou desviando do assunto.

Augusto olhou para o espelho dando um leve sinal com a cabeça enquanto Mackey continuava a falar.

- Também foi achado um vestígio de droga na cobertura do prédio, e quando queimada a droga tem o mesmo cheiro que você exala. É esse o novo negócio da boate? A droga? - O homem não respondeu - Sendo assim, presumo que Pietra não queria se meter em maiores confusões e por isso não permitiu a venda, e então.... Mataram ela. Foi premeditado.

- Que esperta você!

- Você é um viciado na droga, precisava que alguém vendesse, e ela estava te atrapalhando, então quando surgiu a oportunidade de tirá-la do caminho você aceitou fazer o trabalho. O sócio assume o lugar dela, ganha mais dinheiro, e você tem mais acesso, não é assim?

Nesse momento uma moça entrou e deixou copo descartável com água em cima da mesa e saiu.

Igor observava Mackey atentamente, sem dizer uma palavra. Quando por fim resolver falar, fugiu do assunto.

- Bem que ele disse que você era inteligente.

- Ele quem?

- Paulo.

Mackey cruzou os braços e se levantou da cadeira.

- Então conhece, Paulo. Ele está nisso também?

- Não, não. - Respondeu rindo zombeteiro - Ele é só um amigo.

- Sei. Galhardo é que está nessa, não é?

- Só não foi inteligente o suficiente para salvar sua colega não é, agente?

- Como é? - Ela se inclinou ameaçadoramente para frente.

Ele bebericou a água e continuou:

- A garota não tinha a menor chance mesmo.

- Não é esse o ponto, Igor. Está fugindo do assunto. Responda às perguntas.

- Acredite, é melhor para você! - Disse Augusto que até então apenas observava.

O homem continuou ignorando e desviando do assunto.

- Você acha mesmo que alguém que chegue perto de você vai ser feliz? Pessoas como você, agente, são radioativas. Os que te cercam, que chegam perto acabam deformados, machucados, doente ou morrem.

- Não tem como saber disso! - Gritou Mackey batendo na mesa.

Sentiu a raiva subir à cabeça, como ele poderia saber disso? Nem mesmo seus colegas sabiam direito a história.

- Sei de muitas coisas. - Respondeu desafiador, depois bebeu mais um gole de água.

- Muito bem. - Interveio Augusto - Está falando, falando e até agora não respondeu a nada do que queríamos. Responda, e ajudará a si mesmo.

- Me dê bons motivos para....

Ele pigarreou e colocou a mão na garganta

- Me dê bons motivos para contar o que sei. - Continuou.

- Podemos fazer um acordo.

- Um acordo. - Zombou - Vão me jogar em uma cela.

- Seu tempo pode ser reduzido.

- Mesmo assim....

Novamente o homem levou a mão à garganta, começou a puxar o ar com mais força e pareceu entrar em um estado de medo. Desceu a mão e a posicionou sobre o tórax, o ar era escasso.

- O que está acontecendo? - Perguntou Mackey com o cenho franzido se aproximando. Examinou o homem de perto e constatou que as pupilas estavam dilatadas. - Chamem o médico. Agora!

Augusto saiu da sala e deu ordem a alguém do lado de fora. Enquanto isso Mackey abria a camisa do homem e procurava mantê-lo calmo.

Não adiantou muito, no entanto, ele começou a ter convulsões e logo desmaiou, a respiração era baixa.

Uma equipe médica entrou no lugar e logo levou o homem com urgência para o hospital.

- Mas que merda! - Esbravejou Augusto. - O que foi isso?

- Creio que tenha sido veneno. - Constatou Mackey olhando o copo com água.

- Leve para análise, e quero saber quem foi o que trouxe a água. Tragam até aqui.

Depois de tudo Mackey achou que precisava sair para tomar um pouco de ar. As lembranças que aquele homem trouxe de volta não eram nada agradáveis. Como ele poderia saber daquilo?

Claro!

Se ele disse que eraamigo de Paulo, era óbvio que tinha contado a ele, afinal o responsável pelamorte de Liz era Paulo. Ainda que indiretamente.

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