Capítulo IV

Desde a demissão de Dylan Harris, a Peterson tem presenciado dias ruins e até piores. Anne continuou no cargo de vice-presidente, mas também começou a ser odiada e ignorada por Maxwell Sturges, pois segundo ele, levantaram uma calúnia contra Harris. O presidente tentou colocar Dylan de volta na companhia, mas os irmãos Petersons o ameaçaram processa-lo caso ele fizesse isso. Assim se fez. Maxwell não adicionou Chester na companhia, mas também fez com que a mesma entrasse em ruínas e até mesmo a beira da falência. A companhia passou a ser descuidada, ninguém mais queria fazer campanhas publicitárias em parceria com a Peterson Animations, muitos odiavam a companhia por causa de Sturges, que estava arruinando a empresa. Coisas ruins começaram a acontecer com a família Peterson no final do ano de 1911 para o começo de 1912, coisas essas como altas dívidas, processos vindo de Dylan, falta de materiais e falta de reformas na sede. As coisas estavam completamente ruins. O prédio onde ficava a Peterson Animations estava caindo aos pedaços, as tintas das paredes estavam se desgastando com o tempo, havia infiltrações nas paredes, o piso estava apodrecendo, havia goteiras que não paravam de cair do teto e traças começaram a aparecer e comer as folhas dos desenhos. A empresa estava ruindo aos poucos nas mãos de Sturges. Que nem se importava mais com a companhia, desde o final do ano de 1911. Mas em 1912, todos se questionavam e a mesma pergunta era “quando ele iria reformar a Peterson Animations?” e “como iriam voltar a ser como eram antes?

— Sturges, precisamos urgentemente de uma reforma ou aquele prédio irá cair! — Connor alertou o homem que andava em direção a saída do prédio. — E a companhia estará no olho da rua!

Maxwell não disse nada e soltou a fumaça do seu viciante charuto, na qual sempre vivia em sua boca.

— Se virem para arranjar dinheiro, pois eu não tenho mais nenhuma grana, Connor!

O rapaz ficou incrédulo ao receber aquela resposta. Como Maxwell – um empreendedor e um dos donos da quase maior companhia de animações do mundo – não tinha dinheiro.

— Não tem dinheiro? Como não? — o rapaz questionou o homem enquanto o seguia pelos corredores. — Você é um empreendedor e todo empreendedor tem dinheiro!

O homem parou e fez uma expressão de raiva.

— Simplesmente, porque eu não me importo mais com vocês, está bem? — Sturges respondeu com ignorância. — Vocês só me trouxeram prejuízos desde o começo desse ano!

— Prejuízos? — o jovem ficou confuso. — Como prejuízos, sendo que a companhia se arruinou por causa de você!

Maxwell já não suportava mais, ele estava furioso e estava igual a um vulcão, porém, a ponto de ficar ativo.

— Quer saber de uma coisa, Connor? Eu cansei de viver sendo questionado por essa tal reforma imaginária, eu me demito! — Maxwell disse bem alto. — E boa sorte em tentar trazer essas ruínas de volta ao que era antes!

Maxwell deixou a sede da companhia, para nunca mais ser visto naquele local. Anne que estava indo trabalhar achou estranho ver Maxwell indo embora naquela hora da manhã, além disso, emburrado e pisando fortemente no chão, simbolizando que estava com raiva. A mesma adentrou na portaria e viu Connor encostado na parede, onde portava uma expressão de chateado e fumava um cigarro.

— O que aconteceu para Sturges sair uma hora dessas do trabalho?

O rapaz soltou a fumaça do seu cigarro e decidiu olhar para a sua irmã.

— Ele se demitiu! — ele respondeu e ela ficou incrédula ao ouvir aquilo. — Disse que não iria mais viver com nós o questionando sobre reformas e que não se importava mais com nós, além disso, ele disse que só trouxemos prejuízos a ele!

A jovem não sabia o que dizer, ela estava em choque com aquilo e começava a ficar pálida. Anne não estava acreditando que Maxwell fugiu da companhia, num momento em que mais precisavam da ajuda dele. Aquilo para a jovem era balelas.

— Não é possível? Como ele pôde fugir assim em meio a situação que estamos passando! — Anne disse começando a caminhar e sendo seguida por Connor. — E agora, o que iremos fazer?

— Eu não sei!

Anne estava agora preocupada, ela não tinha nem ideia do que iria ocorrer daquele dia em diante. Com uma pequenina equipe e com uma animação que ainda não havia sido acabada, ela teria que forçar a definitiva falência da Peterson.

— Meu Deus! O curta de Simbad ainda não foi nem se quer terminado, dívidas que não foram pagadas e a sede da companhia indo a ruínas! — Anne disse totalmente preocupada. — O que mais falta acontecer?

Quando ela abriu a porta do pequeno estúdio da companhia, avistou Cole colocando um balde em cima de uma prancheta, onde lá, uma goteira que não parava de cair molhava toda a prancheta. A jovem já não duvidava mais de nada. Ela viu o Império de desenhistas que o pai dela construiu, sendo acabado por dívidas e danos.

— Porque está assim, Anne? — Cole se aproximou dela preocupado. — Alguém morreu?

— Não irmãozinho, Sturges deixou a companhia e disse que não se importava mais com nós e que só carregávamos prejuízos para ele! — Connor disse se aproximando do mais alto. — Então, estamos sozinhos nessa enrascada!

Todos os quatro – únicos – desenhistas, dois do departamento de preenchimento e cores, um arte-finalista e três animadores ficaram em silêncio. Não havia mais nada a se fazer, a não ser terminar o último curta da companhia chamado “Simbad: O Marujo nas Bahamas”, na qual faltava terminar apenas o final do filme. Aquele curta, era a possível salvação da empresa. De fato, aquela era a última esperança.

— E o que iremos fazer agora? — Cole disse andando pelo local deserto. — Nenhum cinema da Inglaterra aceita mais os nossos filmes depois do que Sturges fez!

Aparentava que tudo estava perdido, mas não estava, pois uma ideia surgiu na mente de Anne. Era uma boa ideia. Só precisava mesmo era que todos ali concordassem com a mesma.

— Nenhum cinema aqui quer, mas e os outros pelo mundo?

Todos ali pararam e pensaram, logo depois, a esperança nasceu novamente.

— É mesmo, tem os de Nova Iorque, onde sempre passava o Simbad lá! — Connor disse sorrindo. — Como não pensamos nisto antes?

— Vamos terminar essa animação e eu entregarei ela pessoalmente a Leslie Mason! — Anne disse levantando de uma cadeira. — Então, vamos começar os trabalhos o mais rápido possível, pois, essa é a nossa última esperança!

Em seguida, todos rapidamente assentiram e tomaram os seus assentos, onde o trabalho começou. Desenhistas trabalhavam desenhando páginas e páginas do curta animado da Peterson, onde eles precisavam entregar a Leslie Mace em abril daquele ano. Animadores analisavam o roteiro e procuravam os melhores equipamentos de trabalhos disponíveis, enquanto o diretor de arte andava pela sala analisando os trabalhos dos desenhistas, a secretária fazia e analisava a quantia de pagamento das dívidas deixadas por Maxwell, o departamento de preenchimento e cores fazia os seus trabalhos, como fazendo as cores pretas para alguns objetos e assessórios de personagens. O trabalho na Peterson Animations estava sem incansável, enquanto todos davam duros de si para terminar aquela animação em poucos dias. Já fazia alguns dias que eles não recebiam mais nenhuma ameaça ou aviso vindo de Dylan, muito menos de Owen. O que era muito estranho.


Não muito longe dali...


— Sim Dylan, eu os deixei na beira da falência! — disse Maxwell no telefone na esquina perto da Peterson.

O ex-presidente sempre mantinha contato com o jovem Harris, onde o mesmo o questionava sobre notícias da empresa, que estava em ruínas. Maxwell sempre sabia de tudo que acontecia na sede daquela companhia, tanto que soube que Anne iria entregar a nova animação em abril para Leslie Mason e informou a Dylan sobre isso.

— Enfim, eu suponho que ela irá viajar no novo navio da White Star Line, o RMS Titanic, que fará a sua viagem inaugural em abril! — Disse o homem vendo as horas em seu relógio. — Então, vá rapidamente agendar uma passagem no Titanic e assim você terá como se vingar dela!

Dylan gargalhou através do telefone.

— Maxwell, como você sabe disto tudo?

Sturges sorriu.

— Eu tenho informantes lá, principalmente a secretária da portaria! — ele respondeu e Harris sorriu. — Ela me informa de tudo e eu pago ela para isso. As vezes ela é meio idiota, mas é uma ótima informante!

— Muito bem, Maxwell! — Dylan disse e o homem sorriu. — Você é um gênio e obrigado por estragar a Peterson, muito obrigado!

— Disponha, senhor Harris, eu sempre estarei aqui quando precisar!

Dylan sorriu e encerrou o telefonema. O jovem Chester estava certo do que iria fazer contra os irmãos Peterson. Ele mesmo afirmou que iria fazer um inferno da vida de Anne, mas será mesmo que isso irá acontecer?

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