Capítulo 35 - Taehyung
Depois de três meses e alguns dias, eu voltei!
Sinceramente, nem sei como começar esse aviso, além de um belo e lindo: ME DESCULPEM!
Muita coisa aconteceu nesse meio tempo que, sinceramente, não sei como estou aguentando. E o pior? As coisas só tendem a se complicar um pouquinho mais no futuro, mas espero de alguma forma continuar entrando em contato e interagindo com vocês.
Esse capítulo não está tão grande quanto alguns anteriores porque eu simplesmente não queria enrolar ele, sabe? Encher de informações inúteis apenas para dizer que escrevi um capítulo grande ou qualquer coisa do tipo. Para mim, tamanho nunca simbolizou qualidade e não será agora que isso vai acontecer, então posso dizer que gostei sim do que escrevi para o capítulo 35.
Como muitos devem saber, a história está em sua reta final e é por isso que tive uma dificuldade tão grande em escrever esse capítulo. Simplesmente fiquei presa em minha mente pensando o que queria trazer para essa parte da história, mas ontem (sim, ontem) eu tive um insight que me fez escrever esse capítulo em algumas horas.
E ele está incrível, ao meu ver.
Diferente de outros capítulos, nesse preferi expressar sentimentos de personagens por diálogos do que por narrações como é de meu costume, porque eu estou em uma fase APAIXONADA por diálogos e também porque sinto que Tae está entrando em uma fase da vida dele onde ele se expressa muito melhor do que antes, então espero que vocês consigam enxergar o amadurecimento dele da mesma forma que eu enxergo (senão, acho que não tenho desenvolvido ele tão bem hahaha)
Mas sem mais enrolações, boa leitura.
***
Taehyung não sabia mais como controlar as sensações que o enchiam dia após dia.
Tudo começou duas semanas após as informações que Won-Shik havia lhe dado; e apesar de saber que faltava mais do que realmente havia dito, mesmo sabendo que tinha muito mais informações por trás, ele se calou, e aceitou o pouco que lhe foi oferecido.
E as coisas pioraram e melhoraram a cada dia, como um ciclo incapaz de ser encerrado: Jimin parecia mais e mais diferente a cada nova visita, e novas informações acerca das investigações de Youngjae mostravam um trajeto que indicavam boas notícias em breve. Já Won-Shik trabalhava exaustivamente a semana inteira e voltava para casa somente para tomar banho e dormir, mal reparando na visita dos adolescentes em sua casa, enquanto ao mesmo tempo a relação de Taehyung com o grupo de garotos evoluiu, podendo dizer que agora o termo “amigo”era o suficiente para Jungkook o chamar de hyung toda hora e todos os dias, sem mais a falta de intimidade como desculpa para utilizar “-ssi” com o andróide que apreciava tanto – sem saber, é claro, que Taehyung não era humano da mesma forma que eles.
E claro, havia Jung Hoseok
O dono de seu coração, o garoto mais doce que já conhecera na vida, e claro, seu namorado.
E por céus, aquele termo era tão discrepante com toda sua história que Taehyung precisava parar alguns minutos de seu dia para encarar o nada e pensar: “é isso, Jung Hoseok é meu namorado”.
E era glorioso.
Era glorioso pensar que tinha o garoto para si, e Hoseok o tinha para ele mesmo.
Era impossível sentir qualquer peso de arrependimento quando observava a pele entre o dourado e o pálido, contrastando com os fios negros que sabia que o adolescente odiava, junto dos olhos bonitos e os lábios carnudos que pareciam ter surgido no mundo unicamente para ele. Era perfeito. Para si, Hoseok era perfeito e nada mudaria isso.
Era perfeito observá-lo falando de algo que gostava, enquanto balançava os braços com animação sem provavelmente notar que o fazia, ou como ele gargalhava de forma estridente quando ouvia algo engraçado em uma filme que provavelmente assistiu mais de uma vez, ou também como ele estava sério, sua mente vagando para pontos distantes, e então virava em sua direção e sorria de maneira que fazia uma parte de si sempre falhar com o ato tão bonito – antes de retribuir o sorriso, e receber um elogio por ter um "sorriso tão fofo em dia de caixa”. Ele nunca sabia como reagir nesses momentos.
— Eu estava pesquisando… — Hoseok murmurou um dia em que ambos estavam na casa de Taehyung, mantendo seus olhos fechados para que pudesse aproveitar o carinho feito em seus cabelos pelos dedos longos e bonitos do mais velho. — e descobri que minha escola nova, mesmo não sendo de elite, ainda assim tem uma enorme concentração de estudantes que passaram em faculdades da SKY.
— Você quer estudar em uma universidade SKY? — o andróide perguntou, mantendo seus olhos fixos no rosto bonito. — Eu não sei porquê dessa obsessão por faculdades de prestígio, mas se for algo tão importante assim para você… eu te ajudo a passar.
— E como você faria isso? — seus olhos se abriram, observando o rosto acima do seu.
— Posso te ajudar a estudar as matérias que sei que tem dificuldade. Sei que você tem dificuldade com exatas, mas você é muito inteligente, Hobi. Muito mesmo. Você passou naquela prova maldita da Huimang com uma nota que apenas três por cento dos bolsistas alcançaram. Além de ser muito bom com a tecnologia… isso requer muita lógica. Você não é burro.
— Eu sei que não sou, mas… acho que é normal esquecer disso, às vezes — as palavras saíram como um sussurro, o que não combinava nenhum pouco com a personalidade extrovertida do outro. — E sinceramente? Eu também não sei o que quero para meu futuro.
— Não sabe?
— Honestamente, tudo que sei do mundo tem mudado cada vez mais. E é assustador, mas não ruim. Tem tanto o que fazer, tantas opções… tenho uma vida inteira pela frente, e posso testar até lá, não?
— Sim — Taehyung concordou, com um sorriso. — Você tem razão. Você não precisa decidir agora.
— Obrigado — seus lábios se ergueram em troca. — Por me entender.
— Sempre. Você pode contar comigo para qualquer coisa.
— Eu sei, acredito em você — seus lábios se tocaram rapidamente antes de Hoseok se afastar, ajeitando-se melhor em seu colo. — E como está em casa?
— Melhor, eu acho. Eu e Won-Shik só conversamos sobre coisas importantes ainda, essa parte não mudou. A revelação sobre minha programação não deu uma grande alteração em nossa relação, sabe? Continuamos os mesmos Taehyung e Won-Shik. Mas consigo notar agora como ele tenta ser mais legal e aberto para o diálogo, o que não acontecia antes. Ele me conta também pequenas coisas sobre a vida dele na época que trabalhava no laboratório, mas não é o suficiente para que eu saiba enxergar ele como algo além de meu guardião. E nem acho que ele quer ser algo mais do que isso também.
— E você está bem dessa forma? Sei que você quer saber mais sobre Song — diz, mexendo nos cachos que caem sob a testa do namorado.
— É, eu quero, mas sei que não posso forçar muito. Seria como violar a confiança de Minhyuk em Won-Shik, então guardo para mim. Não quero que eles briguem, não por minha causa.
— Não acho que eles chegariam a brigar por isso. Song parece ser uma pessoa que esconde muitas coisas e Won-Shik, pelo o que pude ver, não concorda com essas atitudes dele. Mas briga seria muito... Extremo.
— Won-Shik realmente não concorda — assentiu. — Ele sempre parece hesitante quando conta algumas coisas e diz que devo perguntar ao próprio Song, mas como? Tenho que ir até a Coreia do Norte atrás dele? Só se for assim mesmo, porque das outras formas é impossível. Eu tenho a impressão de que se ele puder me esconder tudo até seu leito de morte, ele vai.
Hoseok pressionou seus lábios com força, sem saber como responder àquilo. Embora quisesse discordar e dizer que ficaria tudo bem, as coisas não dependiam dele, e ele não podia mentir para o namorado em nome de outra pessoa.
Então, tudo que o adolescente pôde fazer era abraçar o tronco do mais velho e deixar que ele retribuísse o ato, esperando que assim ele pudesse se sentir pelo menos um pouquinho melhor.
E funcionou.
***
— Eu estava pensando… Song nasceu na Coreia do Norte? — Taehyung questionou uma manhã, enquanto Won-Shik fazia o café da manhã.
— Por que a pergunta? — o homem perguntou, sem olhá-lo em nenhum momento.
— O sotaque dele é diferente dos outros homens do laboratório, e igual ao seu. E você não é norte-coreano.
— Você até que demorou para falar sobre isso. Pensei que seria mais cedo — respondeu, enquanto mexia o ovo na frigideira, deixando o cheiro amanteigado enrolar-se sob o ar e assim criar um pequeno sorriso nos lábios do homem sob o fogão.
— Achei que não seria importante, mas depois da nossa última conversa… Minha visão sobre certas coisas mudou — explicou, enquanto mexia nas unhas. — Comecei a juntar alguns pontos, e pensei que seria bom falar disso agora.
— Eu entendo — assentiu — E não, ele não é norte-coreano. E nem eu. Nós dois somos de uma cidade no sudeste da Coreia chamada Daegu.
— O documento que Jimin achou dizia que você é da Coreia do Norte. De uma cidade no interior.
— Sim, mas bem… documentos mentem. Pessoas mentem. E se você tiver os aliados certos, é capaz de fazer qualquer coisa. Enganar quem quiser.
— Por quê você mentiu, então?
— Porquê meus chefes, os de Minhyuk, pediram. Eles queriam que um sul-coreano viesse a Seul e fingisse ser quem não era. Eu estava no Norte por meus próprios motivos, e eles não eram fortes o suficiente para me manter lá como os de Song, então fui escolhido. Era a escolha óbvia, sabe? O garoto estranho de Daegu que não tinha família e nem amigos, sem patrimônios e nem onde cair morto — ele deu de ombros, enquanto pegava o ovo da frigideira e colocava em um prato simples branco, antes de verificar o arroz que cozinhava na máquina na bancada. Sem sequer olhar para o garoto com quem conversava. — E Song era o triunfo deles, o mais jovem engenheiro a conseguir um diploma na área e responsável pela elaboração do primeiro andróide da Ásia… não podiam perdê-lo. Já eu, não tinha nada a perder e amava meu país de origem. Aceitei o acordo e vim.
— Se arrepende?
— Nunca — disse sem pestanejar. — Quando você vive naquele estilo de vida, com aquelas pessoas… você passa a valorizar mais sua liberdade. Eu amo ser livre e jamais voltaria, e sei que Minhyuk também me odiaria caso retornasse. Ele deseja o estilo de vida que tenho e eu almejo isso para ele também
— Ele vai voltar algum dia? Ou ficará lá para sempre?
— Eu não sei, Tae… eu não faço ideia, de verdade. E nem sei se seria possível.
— É tão difícil assim sair? — perguntou, lembrando-se das poucas vezes em que Song falou sobre sua rotina, ou do dia em que ele foi ativado e aquelas palavras soaram para fora de sua boca de forma que ficassem fixas em si para sempre.
“Vai ficar tudo bem, Tae. Eu prometo.”
Aquela frase o afetava mais do que deveria desde que chegou a Seul, desde que sua programação foi desativada. A impressão que tinha, era de que possuía muito mais do aparentava por trás das palavras ditas por meio de tanto cansaço; e sempre que Won-Shik adormecia em seu quarto, preso em sonhos visivelmente ruins pela forma que se mexia e falava durante o sono, Taehyung rebobinava a lembrança, tentando achar algum detalhe despercebido.
Mas nada.
— Difícil, mas não impossível — aquelas palavras o fizeram retornar para o presente, prestando atenção no homem que agora sentava em frente a ele junto de seu prato de café da manhã.
Won-Shik o encarou, com os olhos escuros e grandes, lembrando-o de Jeon Jungkook e como muitas vezes o conectava com inocência juvenil. Os olhos de Won-Shik tinham tudo naquele momento, exceto inocência. Taehyung se perguntava o que ele tinha vivido durante toda sua vida para ter pesadelos claramente tão horríveis e não ter mais o brilho nos olhos que seus amigos tinham. O brilho que nem mesmo Hoseok possuía até se tornarem próximos.
Ele tinha medo da resposta.
— Por quê?
— Muitas coisas entram em jogo, em questão de proteção de fronteiras e afins. Tudo depende da área da cidade no qual você vive, e como você está na hierarquia social. Quão importante você é para o governo. E quando você é alguém como Song… tendo um impacto tão visível na economia por seus trabalhos em relação a tecnologia e segurança governamental, a dificuldade aumenta.
— Mas não é impossível — relembrou.
— Não é impossível — repetiu, com certeza.
— E… você acha que ele pode voltar?
Won-Shik o olhou por cima de seu prato, seus olhos sendo tomados por um sentimento desconhecido antes que voltassem a ser escuros e frios como antes.
— Eu não sei, Tae — admitiu. — Acho que perdi as esperanças a muito tempo.
— Faz quanto tempo que vocês dois se conhecem? — perguntou, olhando para trás em direção a estante na sala de estar onde ficavam fotos da juventude de Won-Shik.
— Desde os cinco anos. A família dele foi minha vizinha por alguns anos antes de nos mudarmos, mas isso nunca nos distanciou. Fizemos a escola primária juntos, o ensino médio, e fomos para a mesma faculdade fazer cursos semelhantes. E então acabamos na Coreia do Norte também juntos, e quando fui enviado para cá… não sei, acho que demorei para me acostumar a não tê-lo por perto.
— Então vocês sempre foram bons amigos — ele disse, antes de voltar a olhar para o guardião.
— Sim, sempre fomos… — sua voz travou, antes de continuar a frase —... Amigos. Muito amigos.
Taehyung sentia que ele não queria dizer aquelas palavras, mas mesmo assim as forçou para fora de si.
E sem querer forçá-lo, ele não disse mais nada enquanto o assistia comer seu café da manhã e comentava sobre a escola, tal qual outros irmãos fariam normalmente.
Mas ele se perguntava quanto tempo levaria para descobrir tudo sobre Minhyuk e Won-Shik – ou se, algum dia, realmente chegaria a descobrir pelo menos cinquenta por cento do que representava eles um para o outro e para o mundo.
Se ele descobriria sobre suas infâncias, suas famílias, se tinham amigos próximos, ou algum amor. Se amavam os cursos que fizeram e chegaram a trabalhar na área, e como a ditadura afetou suas vidas. Ele queria saber tudo, mas sabia que jamais lhe permitiriam saber a linha após o “necessário".
Taehyung adoraria saber quando pararam de esconder as coisas deles, enquanto torciam por um fidelidade inquebrável de sua parte.
Ele perguntava-se se aquilo era justo, ou os sentimentos novos que surgiam que fazia ele estar menos propenso a ter alta paciência, como era antes.
E quando Won-Shik o olhou depois de alguns minutos de silêncio, tudo que podia fazer era sorrir, mostrando que estava tudo bem.
Mesmo que sentisse o completo oposto de “bem”.
***
— Acho que você deveria ser sincero com seu irmão sobre o que sente — Jimin disse, após dar uma colherada na torta de banana que Taehyung trouxe. — Pensei que depois de tudo que passou com Hoseok sobre guardar segredos, você se tornaria mais sincero sobre seus sentimentos.
— É difícil, Jimin. É difícil falar sobre sentimentos que nem você consegue entender direito, sabe? Não quando você passa anos sem saber que pode sentir qualquer coisa para começar — explicou, vendo-o devorar tudo que trouxe em poucos minutos de conversa, se perguntando se por acaso estavam matando aquele garoto de fome. — E eu não sei também até em que ponto posso ser sincero com Won-Shik sem que ele conte qualquer coisa para Minhyuk.
— Eles são tão próximos assim? — perguntou, enquanto cheirava o capuccino de avelã que parecia delicioso.
— Segundo Won-Shik, são amigos desde os cinco anos.
— Isso é muito tempo — apontou. Taehyung assentiu. — Pelo o que me lembro da reportagem que li, lá dizia que Won-Shik tinha vinte e quatro anos quando foi encontrado na fronteira. E a reportagem era do início dos anos noventa. Então ele deve ter uns cinquenta e seis anos agora, por aí.
— Como você lembra disso? — perguntou surpreso, sabendo que ele tinha visto aquilo meses atrás.
— Como eu disse para seu namoradinho, minha memória a longo prazo melhorou muito após a overdose — deu de ombros. — E eu só lembro porque eu tinha visto uma reportagem com data similar que falava sobre o muro de Berlim ter sido, finalmente, derrubado.
— O muro de Berlim foi derrubado no fim de mil novecentos e oitenta nove.
— O que significa que ele e seu criador se conhecem desde os anos setenta. Isso é muito tempo. Mais de cinquenta anos.
— Ele disse que sua mudança de país foi o maior tempo que já ficaram longe um do outro.
— Eles conviveram juntos dezenove anos e estão afastados a mais de trinta. Eles passaram mais tempo longe um do outro do que juntos — disse depois de um tempo, chamando a atenção de Taehyung para suas palavras. — O que, na verdade, é bem triste. Imagina ficar longe de uma pessoa querida por uma vida inteira sabendo que poderia estar perto dela?
— É assim que você se sente em relação a Yoongi e Jungkook? — perguntou, sabendo que este só via os dois quando iam visitá-lo e que Jimin não poderia ir até eles por si mesmo.
— Não, é diferente — negou, pegando um dos bombom de chocolate para comer, sem se importar com a forma que era observado — Porquê mesmo que eu estivesse livre, eu não iria até eles.
— Por quê?
— Porquê eu sei que não sou uma pessoa segura de se manter por perto, não enquanto meu pai está livre — explicou, sua voz caindo alguns decibéis enquanto se recordava da maneira que seu pai lhe olhou no dia que decidiu que seria internado, e como a satisfação preenchia seus olhos quando sou aquelas palavras que selaram seu destino – sabendo que nunca mais poderia ser ele mesmo. — E quando eu for livre, eu partirei de Seul.
— Como assim? Você vai embora? Por que você faria isso? — perguntou apressado, sem entender porque ele escolheria abandonar tudo, do nada.
— Eu não tenho mais nada que me prende aqui, e sei que meu pai jamais deixaria sua herança para mim. Minha avó materna vive na Suíça, e ela me disse a duas estações que, se eu quisesse sair da Coreia e recomeçar na Europa, eu poderia. Quê ela me aceitaria. E… eu vou aceitar. Eu preciso de um recomeço, entende? Eu fiz coisas horríveis, meu passado é uma merda e odeio esse país conservador. E eu tenho que fazer escolhas por mim mesmo pelo menos uma vez. Eu não posso ficar a vida inteira abandonando planos em prol de outras pessoas, somente pelo desejo de ser amado. Eu amo Yoongi e Jungkook, mas acho que está na hora de começar a me amar também.
E quando os olhos pequenos voltaram para si, tudo que Taehyung enxergou ali foi o desejo de ter seus planos aceitos. Que alguém finalmente o entendesse e concordasse com uma escolha sua. Era como se Jimin implorasse para que o andróide pudesse apoiá-lo e lhe oferecesse uma mão amiga, porque sabia que poucas pessoas o fariam em breve. Porque sabia que, no futuro, não teria mais com quem contar.
E ele assentiu, vendo um sorriso surgir nos lábios de Jimin quando as próximas palavras escaparam de seus lábios.
— Confio em sua decisão, e sei que ficará tudo bem, Ji.
— Obrigado.
E Taehyung, por respeito, fingiu não notar quando ele limpou rapidamente uma lágrima que escorreu pelo canto de seu olho direito.
Porquê Taehyung sabia que tinha sido sincero em suas palavras, porquê ele sabia que, de todo mundo que estava sofrendo até aquele ponto tentando encontrar alguma forma de derrubar o pai de Jimin, ele era o que mais merecia a paz que viria com aquilo. Ele era o que mais merecia a liberdade de tomar as próprias decisões e o direito a um recomeço... E mesmo que o trio se ferisse no futuro, era por um bem maior.
Porque Taehyung tinha aprendido da pior forma que pessoas incapazes de se amar não conseguem amar da maneira correta outras pessoas, e no final todos se feririam em um ciclo ininterrupto.
E injustiça tinha várias camadas e formas de acontecer, e aquela era uma delas.
E que talvez, no futuro, quando Jimin estivesse melhor, talvez os três também merecessem um recomeço melhor para um amor que ele sabia que não acabaria tão rápido. O laço que eles possuíam não era tão frágil a esse ponto.
Silenciosamente, ele desejou que o plano de Yoongi de retirar Jimin da clínica não falhasse quando ocorresse, porque Taehyung não tinha criado um plano B.
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