Capítulo 30 - Taehyung & Hoseok
— Bem vindo ao CAPS[1], Senhor Jung.
Foi assim que Jung Hoseok foi recebido na tão frequentada cafeteria, meia hora após a chegada de Kim Taehyung, Kim Namjoon e Choi Youngjae. O ambiente não estava tão movimentado, o que permitia que o hacker falasse em seu tom de voz alto aparentemente costumeiro, enquanto ao seu lado Namjoon bebia gole atrás de gole do chocolate quente, provavelmente se questionando o porquê de não ter ficado em casa.
O cenho de Hoseok se franziu, provavelmente se questionando o significado por trás daquele nome ridículo de grupo enquanto com, a visão em trezentos e sessenta graus, Taehyung observava seu entorno sem deixar de focar nos traços bonitos do garoto ao seu lado, que encarava a xícara de chá.
— Obrigado. Mas por que sinto que este nome é muito de clínica psiquiátrica?
— Foi proposital — Namjoon murmurou, fazendo Taehyung sorrir ao lembrar de como ele foi contra o nome.
— Significa "Combate Ao Park Salafrário" — Youngjae explica, antes de dar um gole do capuccino. — Eu que inventei.
— Por que não estou surpreso?!
— Porque você me conhece desde a segunda série e já viu o pior de mim — respondeu com um sorriso, que fez Namjoon revirar os olhos antes de sorrir levemente. — Mas a verdade é que inventei esse título porque o Namjooniezinho aqui disse que o tal Pequeno Park está internado em uma clínica psiquiátrica, então nada mais justo dar um nome envolvendo saúde mental para o plano que acabará com o Chernobyl! Gostou?
— Hm... nada mal — o adolescente murmurou, antes de apoiar-se na cadeira. Ele sabia que Taehyung o observava apesar de seus olhos estarem fixos na bancada de doces, e de alguma forma estranha isso o confortava.
— Você contou as novidades para ele, Namjooniezinho? — Youngjae perguntou após alguns minutos de silêncio, chamando a atenção de Hoseok.
— Qual delas? Você ter passado em uma universidade mesmo com os seus vários C na época que você estava na escola, ou você ter um namorado mesmo sendo uma cópia quase fiel da Gina Linetti[2]?— questionou, e era visível para qualquer pessoa o deboche em suas palavras.
Hoseok riu, antes de seu cérebro processar o que ele falou.
— Espera aí, você está namorando? Quem é o azarado pelo universo?
— Gina Linetti? Eu? Poxa, que honra — sorriu, antes de voltar a olhar para Hoseok. — E como assim "azarado pelo universo"? Jackson Wang tem muita sorte de me ter, seu imundo!
— Jackson Wang é o seu namorado? Poxa, achei que ele tinha um gosto melhor, quando flertou comigo naquela vez.
— Isso foi na sexta série, Kim Namjoon! Pare de falar disso.
— Namjoon nunca superou que o garoto mais bonito da classe gostava dele — Hoseok brincou.
— E eu nunca entendi o porquê desse título ser colocado justamente nele, quando existia o Yugyeom e o Bambam.
— Bambam que era chamado de Bambam porquê ninguém sabia pronunciar o nome dele.
— E não sei até hoje.
— Kun... — Namjoon pronunciou, franzindo o cenho. Os dois ex colegas sorriam, divertindo-se com o sofrimento do outro. — Pimook? Kunpimook? Não sei o sobrenome.
— Ninguém sabe — Youngjae riu. — Ele nunca contou, e os professores sempre o chamavam de Bambam porquê ele pedia para ser chamado assim. E sobre o Jack: longa história.
— Entendo.
Após mais alguns minutos de silêncio, onde os três amigos de infância comiam enquanto Taehyung observava a multidão, foi o androide que falara pela primeira vez, relembrando o motivo para estarem ali.
— O que você descobriu sobre as câmeras de segurança? — questionou, mantendo seu olhar firme no hacker que logo tomara uma postura profissional.
— Existem cerca de sete câmeras na fachada, escondidas por arbustos e heras. A casa tem três andares, e se pensarmos que cada cômodo tem três câmeras, e cada andar tem quatro cômodos, isso seria doze cômodos no total, o que acabaria com trinta e seis câmeras ao todo. Trinta e seis mais sete, quarenta e três. Seria bom hackearmos no mínimo trinta e uma, mas precisamos confirmar com os amigos do Park sobre a área de dentro, e ver a possibilidade de ter algum cômodo secreto. Um sótão ou porão, no mínimo.
— Ou podemos perguntar para o próprio Park — sugeriu Hoseok, chamando a atenção de todos na mesa.
— Também — ele assentiu —, mas quão seguro isso seria?
— Alguém precisa falar com ele, e acho melhor não ser o Yoongi ou o Jungkook porquê pode ser muito suspeito, principalmente se o Park salafrário descobrir de alguma forma o que está acontecendo.
— Eu então? — Taehyung questionou, erguendo uma das suas sobrancelhas, fazendo-a ser coberta pelos cachos que escapavam da boina verde.
— Tudo bem. Acho que não tem problema. E de qualquer forma, vocês precisam mesmo conversar. Sobre tudo — Namjoon decidiu.
— Certo — assentiu, antes de voltar a tomar seu chá preto.
]~[
— Fiquei surpreso quando Yoongi disse que você viria — Jimin começou, após encarar por cerca de três minutos o adolescente encoberto por roupas de inverno e uma expressão solene, enquanto dois copos de chocolate quente estavam apoiados na mesa. Hoseok o olhou de volta, sentindo sua visão embaçar ao recordar da quantidade de tempo que ficou parado na fachada da clínica, tomando coragem para finalmente entrar. — Ele... hm... disse que não sabia o porquê de você ter decidido vir, mas que foi Taehyung que pediu para ele agendar.
— Sim — assentiu, antes de dar um gole da bebida quente. — Eu e Taehyung queríamos falar contigo, mas ele achou melhor não vir porquê seria muito suspeito, já que todos sabem dos conflitos de vocês.
— E sua presença não seria suspeita, de qualquer forma? Afinal, estudamos juntos por dois anos, e também não tínhamos uma relação boa.
— É, mas seria mais fácil eu criar uma desculpa para vir só uma vez, do que ele criando várias para vir repetidamente. Além de que, ele me disse que você já sabe o que ele é.
— E que desculpa você usaria? — Jimin questionou, antes de dar um gole da bebida que começa a esfriar. Mas ainda era bom, assim como qualquer variação do chocolate que consumia desde a infância.
Hoseok riu baixinho, antes de respondê-lo.
— Eu diria... que vim aqui para resolver conflitos da época da escola.
E não era uma mentira completa.
— E por quê você realmente veio?
— Porquê... — começou, entortando seus dedos em punho nervosamente enquanto lembrava do motivo para estar ali. — Porque Tae-hyung criou um plano, para revelar os crimes de seu pai, e precisamos de sua ajuda.
— "Tae-hyung"? — ele sorriu, divertido. — Ah, faz sentido, não faz? Afinal, ele existe a décadas... Céus, isso é tão estranho, não é? Saber que há um... Enfim... não importa mais. Acho que ele consegue ser mais humano do que qualquer um daqueles garotos estúpidos daquela escola.
— Como você descobriu? Sobre ele — questionou, curioso. Taehyung não tinha lhe explicado aquela parte.
— Digamos que meu pai não saiba esconder informações de mim, mesmo que tente arduamente — ele sorriu, mostrando os dentes brancos como pérolas, enquanto o único dente não-perfeito era escondido por seus lábios carnudos, marcados por pequenas escamas de mordidas que Hoseok sabia que poderiam ter sido causadas em situações de nervosismo, ou puro estresse. Não o julgaria, se este fosse o caso, embora destoasse completamente do Park Jimin da época da escola que lhe assombrava em dias ruins. — Mas ele também é estúpido, sabe? Por ter passado a senha de seu cofre para seu filho que sempre tratara como lixo. Acho que ele sempre me considerara irrelevante para seus planos, então nunca pensou que eu poderia saber coisas tão cruciais para... o que quer que ele planeje. De qualquer forma, não me importo com qualquer merda que aconteça com ele.
— Não? — questionou, levemente confuso. Aquilo não era o tipo de coisa que você ouviria de Park Jimin, o grandioso. O aluno modelo. O garoto que tinha todos na mão. O que usava o sangue para provar sua relevância, sorrindo enquanto uma colher de ouro brilhava entre os lábios.
Ainda era difícil assimilar aquelas duas versões, mas sabia que seria unicamente uma questão de tempo. Esperava que sim. Ele odiava guardar rancor, mesmo que fosse impossível não o fazer.
— Não. Eu não me importo com nada que envolva ele. E caso aconteça algo que possa derrubar essa fachada de ''Grande CEO'', eu espero que ele se foda muito, para pagar por tudo que já fez nessa vida. Carma não falha, não é? Eu estou pagando o meu, e ele também vai pagar o dele. É assim que funciona a vida, afinal.
Sim. Ele sabia que Jimin estava certo: o carma era uma vadia de marca maior, e ela deixava marcas difíceis de superar. Mas no final, eram tudo consequências.
— É por isso que você está aqui? Por causa do carma? — perguntou, lembrando-se do motivo para Jimin estar naquele lugar.
— Eu estou aqui porque cansei de receber o mínimo que mereço, mas que infelizmente eu não sabia disso na época. O que eu fiz foi em um momento de desespero, e infelizmente terei que carregar as consequências para sempre.
— Fisicamente ou psicologicamente?
— Os dois, eu acho — sorriu, minimamente. Hoseok sentiu seu peito se apertar ao notar a tristeza refletida nos olhos escuros do garoto. — Sabe, por muito tempo eu destruí meu corpo com medicamentos que eu não estava apto a tomar, e com doses de álcool que eu pensei que diminuiria o aperto em meu peito sempre que meu pai dizia quão inútil eu era, e quão ridículo eu seria pelo resto da vida. Eu acreditava nisso, então tomava doses homeopáticas de veneno porquê acreditava que, se eu morresse aos poucos, ninguém sofreria por mim. Eu me destruí pouco a pouco, até que, no momento que decidi que merecia viver, meu corpo mostrou como minhas decisões não passavam de ilusões de uma pessoa machucada, e que se eu quisesse acabar com essa dor... teria outros meios, no fim.
— Então não foi uma tentativa propriamente dita? Você não tomou uma medida extrema de uma só vez?
— É... exatamente isso — ele concordou, antes de abaixar a cabeça. Brincando com os dedos pequenos e sem os anéis que usava normalmente, para Hoseok ele parecia quase um menino levando uma repreensão após fazer bagunça. — Mas Yoongi ainda não aceitou isso.
— Como assim?
— No dia que tive o surto, por causa do efeito dos medicamentos, eu tive uma briga com ele. Foi bem grave, sabe? Falamos coisas que jamais diríamos em um momento de controle psicológico, porque da nossa forma sempre nos respeitamos, e respeitávamos o que sentíamos. Claro que sempre discutimos, mas... Foi diferente, naquele dia. Foi séria, e dolorosa. Eu sabia que ele estava arrependido pelo o que falou, mas eu não me importava o suficiente com o que ele sentia para voltar atrás. Ele gritou para eu voltar e conversarmos como adultos, mas o ignorei. Eu fui para a casa, peguei uma garrafa de whisky de meu pai e bebi enquanto ouvia David Bowie no volume máximo, porquê eu sabia que ele não estava em casa e não poderia brigar comigo por causa do que eu estava ouvindo.
— E então você teve o surto?
— É. Minha cabeça começou a doer, e meu estômago também. Eu sentia que meu peito poderia explodir e comecei a me desesperar, então a primeira coisa que fiz foi ligar para Jungkook, porque sabia que Yoongi estaria com ele.
Hoseok o ouviu, em silêncio.
— E aí que não consegui falar nada porque eu comecei a ter um ataque epiléptico, e ele sabia que havia algo de errado quando escutou o som do meu abajur caindo quando bati sem querer na mesinha de cabeceira, quando despenquei da cama durante a crise. O que me contaram foi que ele correu para minha casa com o Yoon após ligarem para a emergência, e então fui internado. Só me lembro de acordar dias depois na UTI, com meu pai surtando porquê o fiz gastar muito dinheiro naquele tratamento, e que agora seria inaceitável minha conduta. Foi quando ele teve a ideia de me internar em uma clínica, e desde então Yoongi se culpa porquê acha que foi a briga que me fez tentar... você sabe. Mas não. Só calhou de acontecer naquele momento algo que poderia ocorrer em qualquer dia, qualquer hora. Poderia acontecer até mesmo na escola, porque eu usava medicamentos lá quando algo saía do meu controle.
— E você está melhor? O tratamento tem sido eficaz?
— Poderia ser pior, acho. Já li histórias de clínicas abusivas, que quebram qualquer lei dos direitos humanos. Aqui é só... insuportável. Acho que é porquê a Coreia ainda tem como tabu assunto de saúde mental, então eles não sabem como me ajudar cem por cento — deu de ombros, quase como se estivesse entediado. — Mas de qualquer forma, terei que fazer tratamento com psiquiatras e neurologistas pelo resto da vida.
— O que? Por que? — Hoseok perguntou, assustado. Tratamentos não eram só até melhorar em um nível que a pessoa poderia cuidar disso por si mesma? Por quê alguém faria isso para sempre?
— Porquê eu tive sequelas da overdose — explicou. — Eles não sabem se acabarei desenvolvendo epilepsia como uma consequência adversa, mas eu tive outros problemas por causa do que aconteceu, sabe? Minha memória a longo prazo até que continua boa, mas não consigo me lembrar muito bem de coisas que fiz horas atrás, ontem... Além de que não consigo ficar de pé por muito tempo, e meu equilíbrio está uma merda. São... efeitos, do que aconteceu. Eu já sabia que algo assim poderia acontecer porquê estudamos efeito de drogas no organismo ano passado na escola, mas ignorei. Fui estúpido e desafiei o universo, então estou pagando agora. É justo.
— Eu sinto muito, Jimin — disse, sincero. — Eu nunca gostei de você, mas... Eu nunca quis que você passasse por algo assim. Ninguém merece.
Jimin o olhou, visivelmente surpreso, antes de assentir e abaixar a cabeça novamente.
— Está tudo bem. Eu nunca esperei que você gostasse de mim, de qualquer forma. Te machuquei muito, e não mereço sua piedade — murmurou. — De qualquer forma, você não explicou ainda o tal plano que Taehyung criou. Acho que desfocamos disso.
— Acho que sim — riu. — O plano é meio confuso de explicar, mas basicamente precisamos entrar nas câmeras de segurança de sua casa, para observá-lo. Taehyung me contou sobre o que você leu no cofre, então ele acredita que há mais informações importantes guardadas lá desde que você foi enviado para cá. Não temos certeza, mas seria importante saber certinho. E você não precisa ajudar em todas as etapas se não se sentir bem o suficiente para isso, só precisamos saber exatamente quantas câmeras tem na casa, e suas posições. Isso ajudará o cara que está nos ajudando a facilitar sua busca.
— Sim, entendi — ele assentiu. — Eu não sei quais as posições exatamente, acho que nem meu pai sabe, mas eu lembro que, na época que ele as encomendou e pediu para instalarem, o comprovante de pagamento dizia que eram, no total, quarenta e nove câmeras que seriam espalhadas pela casa toda.
— Você lembra o nome da empresa?
Jimin franziu o cenho, antes de pensar por alguns segundos. Hoseok aguardou, sentindo-se ansioso para saber a resposta. Não teria problema se ele não soubesse, mas facilitaria bastante também para Youngjae.
— Eu acho que era... Smeraldo — respondeu, hesitante.
— Smeraldo? Não me parece o nome típico de uma empresa de segurança domiciliar.
— Não, realmente não é. Eu questionei isso para meu pai na época, e ele me contou algo que fazia muito sentido.
— O que?
— Ele disse, que na época, a empresa se chamava TTU. Não sei o nome fora da sigla, desculpe. Mas basicamente, um dia a empresa fora encarregada de entregar sistemas de segurança para uma casa bem conhecida na região por causa do dono, que era um homem bem antissocial e só tinha contato com os empregados. Ele também era florista, e diziam que este homem tinha sido capaz de criar novas espécies de flores que para outras pessoas seria impossível. Mas de qualquer forma, a empresa não acreditou muito nessa história, mas acharam interessante o suficiente para renomear a empresa como Smeraldo. TTU ainda é o nome que usam com clientes antigos, mas os atuais preferem o novo nome porque conectam com este homem desconhecido — deu de ombros. — Mas eu também não acredito nessa fofoca, então não me importei o suficiente para confirmar a veracidade.
— Certo, vou anotar os dois nomes então — disse, antes de digitar rapidamente em hangul. — Obrigado pela ajuda.
— De boa. Qualquer coisa para acabar com aquele filho da puta — ele sorriu, antes de beber o restante do chocolate quente.
Hoseok não soube o que dizer.
]~[
Taehyung sorriu ao abrir a porta da casa, rapidamente dando espaço para que Hoseok entrasse na residência em que vivia com seu guardião legal.
A primeira coisa que ele notou quando o garoto entrou foi como ele parecia mais sério que seu normal, embora um sorriso brincasse em seus lábios carnudos quando a mochila foi apoiada no armário de duas portas, antes de retirar seus tênis all-star surrados e substituí-los pelos chinelos que sempre carregava na bolsa, temendo trazer a sujeira da rua para o interior de uma casa.
O adolescente cruzou os braços e sentou-se na beirada do sofá, sentindo o olhar do andróide em si enquanto pensava em tudo que descobrira naquela clínica, mesclando com o que sabia sobre tentativas de suicídio e mortes.
Infelizmente Hoseok tinha mais experiência com esse assunto do que gostaria de admitir, e Taehyung sabia disso, então tudo que pode fazer foi ficar em silencio enquanto o observava se afundar em seus próprios pensamentos, esperando o momento que ele estaria pronto para conversar sobre o início da tarde com o garoto que odiara por quase três anos. Ele sabia que não deveria ter permitido que ele fosse encontrar Jimin, mas tinha sido a escolha dele, como poderia negar algo que ele pedira?
— Hobi... — chamou com um sussurro, chamando a atenção do adolescente. Seus olhos grandes piscaram, seus lábios bonitos se contorceram em um sinal de desanimo e Taehyung sabia que aquele era o sinal que ele precisava para continuar o que queria falar. — Eu posso te ajudar de alguma maneira?
— Está tudo bem, hyung. Eu só... estou pensando.
— Em que?
— Em tudo, acho — murmurou. — Na minha mãe, em como desde o início Jimin me odiava e eu o odiava em dobro para compensar tudo que eu sentia em casa, e principalmente em como fui idiota naquele dia que você me disse que ele tomava Prozac. Prozac é um antidepressivo, eu deveria ter desconfiado.
— Você estava chateado, acho que é normal deixar as suas emoções lhe controlarem as vezes.
— Não com esse assunto — sua cabeça se balançou, em negação. — Não se brinca com isso, e eu não deveria ter falado o que falei. Acho que, se tivéssemos contado a alguém como você sugeriu, as coisas poderiam ter se tornado mais fáceis.
Taehyung pensou por um segundo, antes de responder.
— Uma coisa que aprendi, é que uma pessoa só pode ser ajudada se ela quiser ajuda. A pessoa também precisa se ajudar, senão o esforço será em vão. E eu acho que o Jimin não queria ajuda na época, ele só queria parar de sentir qualquer coisa ruim, e os meios para isso não importavam.
— É, acho que você está certo — sussurrou, ainda chateado. — Mas eu consegui o que vocês precisavam, então te envio depois e você manda para Youngjae.
— Tudo bem — ele assentiu, com um sorriso que fez outro aparecer nos lábios de Hoseok. Ele amava o sorriso de Taehyung, achava que ele era capaz de iluminar a vida de qualquer pessoa – isso quando ela não fugia quando este estava com raiva o suficiente para amedrontar até mesmo algum federal do FBI. — Mas se você se sentir mal, não se force, tudo bem?
— Eu estou bem, Tae. Não se preocupe comigo.
— Acho que isso é impossível, para ser sincero — admitiu.
— Ótimo, porquê eu também não consigo parar de me preocupar contigo.
— Comigo? — ele apontou para si mesmo, surpreso. — Eu sou um androide criado pelo governo norte-coreano, Hoseok, não tem ninguém capaz de me enfrentar sem ter pelo menos um braço quebrado.
— Esse é o ponto — disse. — Você é um andróide, uma máquina que não deveria existir em nosso país, e de um país que tem conflitos com o nosso por causa de uma guerra que acontecera por anos. Você não deveria estar aqui legalmente, e se alguém descobrir... Pode dar muito errado para ti, Tae, e principalmente para a pessoa que está cuidando de você na Coreia. Você precisa tomar muito cuidado, e manter isso em segredo absoluto. Porque se Jimin descobriu, outras pessoas podem descobrir também.
— Hobi... não se preocupe, ok? Eu darei um jeito. Ninguém vai me machucar, e nem você.
Seus olhos imploravam para que Hoseok confiasse nele.
E ele confiou.
***
[1] CAPS é Centro de Atenção Psicossocial e ele ajuda pessoas com transtornos mentais por meio de atendimentos clínicos, e principalmente reinserção dessas a uma vida comum (já que você só é internado no CAPS em situações graves). Posso ter falado algo errado, mas esse é um resumo do resumo.
[2] Gina Linetti é uma personagem da série Brooklyn 99 (RIP) e ela é conhecida por sua personalidade narcisista e deveras arrogante. Ela é incrível, mas insuportável em muitos momentos. Mas assistam! Tem na Netflix.
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