Tentativa³
Eu acordei totalmente dolorido por ter caído inúmeras vezes enquanto corria na areia, fugindo de minha mãe.
Aconteceu que eu passei vergonha na frente de Sky, Styles e Zach. Minha mãe me alcançou na minha sexta queda e me fez ouvir sobre confiança, obediência e sobre psicopatas (se referindo à Henry). Tentamos explicar tudo e tivemos que ouvir o percurso todo até em casa.
Ela havia chegado em casa mais cedo por minha causa, e quando não me viu, entrou em pânico. Com isso, correu para o meu quarto e viu tudo bagunçado e sentiu a falta de uma coisa: o meu maldito calção de ursinho. Sendo a Merlin do século XXI, minha mãe deduziu que eu estaria na praia, e dirigiu como o Vin Diesel até a mais próxima. E acabou que ela nos encontrou, e nos fez passar vergonha.
Fiquei de castigo, não podia falar com Henry por quatro dias e nem assistir séries. Teria que ir para a escola, voltar e pôr a cara no livro; foi isso o que ela me mandou fazer.
Por isso, levantei reclamando e me dirigi ao banheiro. Quase tomei um susto ao ver um camarão no espelho. Meu rosto estava quase completamente vermelho e assado. Os meus ombros ardiam, então se alguém me tocasse provavelmente eu iria explodir de dor.
— Maldito Henry Dust e os seus convites! — reclamei, enquanto tomava banho.
Eu me arrumei rapidamente e desci para tomar café. Minha mãe ainda reclamava do dia anterior e eu apenas respondia "Sim, mamãe" como um robô.
Para a minha sorte, ela não falou nada durante o percurso, o que realmente foi um alívio.
— Se comporte, Olie. — me pediu antes de eu sair do carro.
— Sempre me comporto. Eu não vou pôr fogo na escola nem nada do tipo... — "... Se bem que não é uma má ideia...", eu quis completar. — Tenha um bom dia de trabalho, mãe. — abri a porta e saí do carro.
— O beijo, Olie. — minha mãe se esticou e eu me inclinei para beijar a sua bochecha. — Oh, que tal no fim de semana pintarmos as paredes da sala?
— Mãe... Não vai prestar. — me apoiei na janela da picape.
— Por que não? — perguntou, abrindo a bolsa e tirando o rímel de dentro.
— Esqueceu-se, mamãe? Somos péssimos em pintura! — lembrei à ela.
— Droga... — resmungou. — Não somos bons em nada, Oliver! Oh, desculpa... Eu não quis abalar o seu psicológico, filho.
Eu ri.
— Pelo amor de Deus, mãe... Eu tenho total consciência das minhas deficiências! E isso inclui pintar, cozinhar e... Surfar.
— Surfar? — ela terminou de retocar o rímel e guardou-o na bolsa.
— Eu sou péssimo nesta porcaria... — olhei para o chão e chutei uma pedrinha que saiu do asfalto gasto.
— Oh, Olie...
— Sem frases motivacionais hoje, Dona Mary. — me afastei da picape. — Até de tarde.
— Hmm, 'tá bom, então... Beijos e boa aula. Não toque fogo na escola, Oliver. É sério. E nem acione o botão de incêndio desnecessariamente!
— Mãe, você me deu a ideia do século! Eu te amo! — me afastei da picape.
— É sério, Oliver! — ela gritou.
— Também estou falando sério! Tchau! — corri para longe do carro e entrei na escola.
O sinal tocou e eu tive que me dirigir até a aula de História dos Estados Unidos. A professora era simpática, mas a aula dela era um saco. Fiquei desenhando praticamente a aula toda até o sinal tocar para o intervalo.
Eu tinha um sanduíche delicioso de atum para o lanche, e eu estava adorando degustá-lo no pátio da escola. Como sempre, eu estava sozinho. E para ser sincero, eu queria chorar.
Eu queria chorar porque o Sol estava me queimando e eu já estava tostado pelo dia anterior, eu queria chorar por não ter ninguém para dividir o meu sanduíche de atum e quis chorar por o quão delicioso aquele sanduíche estava.
Ah, que droga.
Era tão deprimente ser sozinho... Era triste ver aqueles grupos reunidos, rindo e conversando; enquanto eu estava ali naquele banco, sentado sozinho e em silêncio.
Por sorte, o sinal tocou outra vez e eu quase tive um enfarto ao constatar que eu teria Educação Física: o terror dos sedentários.
A pior parte não era correr atrás de uma bola patética... O problema era usar aquele uniforme ridículo!
Eu suspirei tristemente e me encaminhei até o vestiário da quadra. Troquei de roupa rapidamente, substituindo a minha calça jeans e a minha camisa listrada, por um short super largo e uma camisa com um desenho de um lobo de olhos amarelos, embaixo escrito "Sunwood". Bufei ao me olhar no espelho e exagerei no desodorante.
Não demorou muito e eu já estava "jogando" basquete. Entre aspas porque eu não chamo aquilo de jogar, já que não o seu fazer; e também porque ninguém do meu time passava a bola para mim.
Quando eu já havia desistido de correr, e estava apenas vagando pela quadra, um garoto alto chamado Robert inventou de passar a bola repentinamente para mim. Acontece que eu estava totalmente distraído, e não tinha visto a bola vindo na minha direção. Só me lembro de sentí-la na minha cara e de ser atraído pelo chão.
— Você está bem? — escutei alguém perguntar.
— Eu tive um traumatismo craniano? — perguntei, totalmente tonto. As figuras em cima de mim estavam todas embaçadas e irreconhecíveis, tudo estava girando.
— Professor, ele sabe quem ele é? — perguntou um outro garoto.
— Eu acho que ele morreu! — uma garoto comentou, com uma risadinha.
— Ele acabou de fazer uma pergunta, sua imbecil! — alguém gritou e eu abri um sorriso de dor.
— Ele está delirando... Ficou louco... — um garoto ao meu lado fez uma voz sinistra.
— Com licença, com licença... — senti mãos grandes e fortes darem tapinhas em meu rosto. — Você está bem? Qual seu nome?
— Oliver Kennedy. — respondi, tentando sentar-me. O professor me ajudou à completar a ação.
— Você consegue levantar, Oliver?
— Claro. — me apoiei em seu braço e tive um grande impulso para levantar.
Tudo ainda estava girando, mas estava melhorando aos poucos.
— Robert, eu já falei para não passar a bola tão forte assim! — reclamou o Professor.
— Desculpa, professor. — o rapaz abaixou a cabeça.
— Venha, Oliver... — o professor me levou até banheiro e mergulhou a minha cabeça debaixo da água da torneira. Depois, me jogou uma toalha para me enxugar e perguntou se eu estava bem.
— Estou melhor. Foi apenas uma bolada, nada demais. — dei de ombros.
— Descanse o resto da aula, Oliver.
— Quer dizer que estou liberado? — ele concordou. — Obrigado.
Me despedi dele e saí da quadra. Fiquei perambulando pela escola, até que achei a biblioteca. Não era muito grande, mas tinha livros, obviamente. E no momento que eu ia entrar, o maldito sinal tocou e os corredores encheram. Tive que seguir para a aula de música, então apressei os passos para não me atrasar.
Na verdade, a aula seria um inferno, já que eu estava com uma gigantesca dor de cabeça.
✖️✖️✖️
A saída era o meu momento favorito da escola. E eu ficava imensamente feliz ao ver a picape de minha mãe estacionada, me esperando.
Eu me aproximei do veículo e abri a porta, sentei-me naquele banco confortável e a fechei. O ar-condicionado estava ligado e minha mãe estava visivelmente cansada.
— Como foi o seu dia? — me perguntou.
— Recebi uma bolada na cara hoje. Mas eu estou bem, obrigado. — pus o cinto de segurança.
— Sério? Deve ter doído... — ela ligou o carro e acelerou.
— Eu sou um sobrevivente, Mary. — garanti. — O que vamos fazer hoje?
— Você pode fazer as compras hoje? Eu preciso resolver algumas coisas do trabalho... — me pediu.
— Tudo bem.
— Sério?
— Unhum. — concordei com a cabeça.
✖️✖️✖️
Aquela lista de compras só favorecia à minha mãe, então liguei para ela a fim de poder adicionar algumas coisas "saudáveis" a mais.
— Tipo o quê? — me perguntou.
Meu olhos pararam naquele pacote de marshmallow à minha frente. Girei o meu corpo em 75° graus e vi lá no fundo vários potes de damasco seco e pêssego em calda enlatado.
— Damasco seco, pêssego em calda, ameixa e uva passas. — eu respondi. — Posso colocar mais coisas também?
— Tudo bem, mas nada tão caro, "Senhor Anti-economia"... — ela concordou.
— Obrigado, mãe. —desliguei o telefone e joguei várias porcarias no carrinho. Claro, eu coloquei o damasco seco, o pêssego em calda, as ameixas e uva passa. Eu apenas... Completei aquilo tudo.
Percebi que fazer mercado no lugar de minha mãe era a melhor coisa do mundo. Veja só! Eu podia pegar o que eu quisesse... Claro, com um limite de preço e quantidade. Mesmo assim, eu não deixava de estar feliz.
Foi então que eu decidi dar uma simples passada no corredor de frios e bebidas, onde eu poderia encontrar uns refrigerantes maravilhosos e sucos de uva. Vi que tinha um novo sabor de refrigerante e fiquei distraído analisando o rótulo.
Senti uma presença atrás de mim e virei-me para ver quem era. Eu reconheceria aquela silhueta até cego, era a Sky. Os nossos encontros inusitados estavam começando a me assustar, de verdade.
— Sky? O-oi... — a cumprimentei, gaguejando um pouco.
Sky ergueu o olhar para mim e sorriu.
— Oi, Oliver. Como vai? — cumprimentou-me de volta.
— Vou bem e você?
— O mesmo.
Ficamos em silêncio por algum tempo, até que desci o olhar para a sua mão e reconheci a garrafa de Jack Daniel's. Arregalei os olhos e inclinei a cabeça para o lado, um pouco curioso.
— Você tem idade para comprar isso? — eu quis saber.
— Não... Mas Jesse tem. — ela sorriu um sorriso angelical.
E... Deus! Que sorriso...
— Olá, quem és tu? — o próprio Jesse apareceu.
— Meu nome é Oliver Kennedy. — respondi.
— Sou Jesse. — se apresentou.
— Prazer. — e ele concordou com a cabeça.
— Idem.
— Bom, Jesse... Vamos levar duas. — Sky ergueu duas garrafas para ele.
— Está louca, Sky? Eu não cago dólar, não! — colocou uma garrafa de volta na prateleira.
Eu soltei um pequeno riso e Sky me acompanhou.
— Desculpa, ok? É que o pai de Styles vai vê-lo hoje e eu tenho certeza querele aparecerá na minha casa com uma vontade danada de desabafar com uma bela garrafa de Jack Daniel's.
— Você ainda continua com esse clube? O que eu te falei sobre isso? — Jesse mudou o tom de voz.
Clube? Do que estão falando?
— E o que eu te respondi? O clube vai continuar, sim, Jesse, você querendo ou não. — a garota cruzou os braços e desafiou-o com o olhar. Ela batia o tênis preto no chão, causando o único barulho que se ouvia no corredor.
— Olha só, Sky... — Jesse parou e olhou para mim, depois para o chão e se afastou de nós.
Eu percebi que poderia estar atrapalhando ou tornando aquela cena constrangedora, então me virei e separei alguns refrigerantes para levar.
— Desculpa, Oliver. Tchau. — Sky se despediu e seguiu Jesse até o outro corredor.
Quando eu estava organizando o carrinho, eu pude ouvir Sky gritar:
— Você não manda em mim, Jesse! Que inferno! Para de tentar controlar a droga da minha vida! — ouvi um barulho estranho e torci para que não fosse de algum tapa ou algo do tipo.
Sky passou apressada pelo o corredor em que eu estava e Jesse a assistiu ir, no início do mesmo. Eu fiquei em silêncio, e me dirigi ao caixa com o meu carrinho cheio de compras.
Sky estava no outro, atrás de mim, o cabelo loiro estava caindo-lhe no rosto e ela parecia estar nervosa.
— Tem como a senhora adiantar um pouco? É que eu estou atrasada... — escutei-a dizer, antes da moça do meu caixa anuciar-me o absurdo do preço.
Agora eu estou instigado... Quem é Sky?
E ela saiu bem antes de eu poder concluir o meu pensamento.
✖️✖️✖️
Eu cheguei em casa com várias sacolas do mercado, cujas tinham uma carinha feliz e um "Obrigado, tenha um ótimo dia!". Joguei tudo em cima da mesa da cozinha e apenas fiquei com uma na mão, a com os chocolates que comprei.
Whisky apareceu na minha frente e miou. Eu ergui a cabeça e respirei profundamente, tentei relaxar um pouco.
— Como você está, Whisky? Também cansado? — perguntei, enquanto ele me fitava.
Despenquei no sofá e tentei descansar um pouco. Acho que acabei dormindo, já que senti os dedos gentis de minha mãe acariciarem a minha nuca e meu cabelo e escutar a sua doce e melosa voz dizer:
— Vem, Olie. Vamos dormir.
Depois daí não me lembro de nada, senão acordar no dia seguinte abraçado com a minha mãe na cama cama dela.
✖️Notas✖️
Eu encontrei uma imagem tudo a ver com o Olie e o Whisky:
Eu achei fofinho. Bem, era só isso. Vejo vocês no próximo capítulo, guys!
See you soon!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top