Pardon

A porcaria do despertador tocou no horário certo naquela manhã de segunda-feira. Whisky não estava em lugar nenhum, mas eu não ia perder tempo procurando-o. Segui diretamente para o banheiro e fiz a minha higiene matinal.

Separei a minha calça jeans preta, o meu All Star preto, uma camisa preta e a minha jaqueta jeans. Não era nada espetacular, afinal eu não estava animado para o primeiro dia de aula. Vesti tudo rapidamente e ajeitei o meu cabelo. Coloquei comida para Whisky, caso o mesmo decidisse aparecer, peguei a minha mochila (cuja apenas só tinha os meus fones de ouvido, meu caderno e estojo) e desci. Encontrei a minha mãe já arrumada, conversando com alguém no telefone enquanto fazia panquecas.

Eu me aproximei devagar e abri a geladeira. Tirei o leite e o depositei em cima da mesa, tentando ouvir a conversa.

— É, eu sei! Começa daqui a duas horas. Não, não posso. Tenho que levar o meu filho para a escola... O que eu tenho com isso? — falava a minha mãe.

Alcancei o pacote de cereal no armário e o despejei na tigela e logo depois o leite. Sentei-me na cadeira e fiquei ocupado comendo o meu café. Minha mãe virou-se na minha direção e colocou um prato de panquecas de blueberry com calda de caramelo. Sorriu para mim em seguida e bagunçou o meu cabelo.

— Entenda, Tom: estarei aí em duas horas. É o que diz no documento! — exclamou, no telefone.

Fiz de tudo para terminar o meu cereal e logo parti para as panquecas. Parecia um paraíso: ter aquele alimento suculento, doce, cheiroso e maravilhoso em minha boca. Suspirei de prazer antes de me esparramar naquela cadeira e limpar o que restou da calda com o dedo e chupá-lo com pressa.

Minha mãe desligou o celular, derrotada e sentou-se ao meu lado. Pegou a sua xícara de café e bebeu rapidamente.

— Mãe, está tudo bem? — eu perguntei, preocupado.

— Sim. Mas eu tenho apenas uma hora para chegar na empresa. Parece que mudaram o meu horário de chegada. — separou três panquecas e as espremeu numa vasilha verde. — Vamos?

— Já?

— Ah, vamos, Olie! Preciso adiantar. Arruma o cabelo, está parecendo um bêbado! — levantou-se e foi para a sala.

Eu queria entender a minha mãe, queria entender o fato de ter bagunçado o meu cabelo e logo depois me falar para arrumá-lo. Com a câmera frontal do meu celular, dei um jeito naquele desgrenhado e quase tive um ataque ao ouvir a minha mãe gritar para eu me adiantar. Peguei a minha mochila do chão e saí correndo pela porta, até porquê que ela já estava no carro — me surpreendo com a sua rapidez.

Entrei no veículo e fechei a porta. Antes de eu poder pôr o cinto, minha mãe já havia acelerado. Tentei conversar com ela, mas ela já havia se irritado no telefone logo de manhã e nada poderia fazê-la mudar de humor.

Não demorou mais de quinze minutos até chegarmos na Sunwood High School. Aquela escola tinha tudo para ser o meu pior pesadelo, e se não fosse pelos gritos histéricos da minha mãe — passei vergonha no primeiro dia de aula, com aqueles alunos olhando para o carro e tentando entender o que uma doida estaria fazendo em um lugar daqueles —, eu não teria saído nunca daquele carro.

— Até mais, mãe. — me despedi e saí do carro.

— Boa aula, Olie. Depois conversamos sobre hoje, ok?

Concordei com um gesto e me afastei da picape, vendo-a sumir no final da rua. Virei de frente para a escola e li aquele letreiro desgastado com o nome do colégio. Tive que tomar coragem para entrar, e malmente encostei o meu pé no chão e fui atropelado por adolescentes apressados.

— Não pára na entrada, imbecil! — um ruivo gritou, ao passar por mim após se esbarrar comigo.

Concertei a minha postura e tentei ser rápido ao atravessar o corredor cheio de pessoas. Finalmente consegui encontrar a secretaria para pegar o meu horário. Entrei em uma fila invisível (já que só tinha uma garota com a secretaria e eu) e logo chegou a minha vez. A garota que ali estava, se levantou e veio na minha direção:

— Boa sorte, novato.

Sem entender nada, sentei-me na cadeira desconfortável e fitei aquela senhora de meia-idade com rugas no rosto e um óculos patético que estava praticamente na ponta do seu nariz. Era uma aberração, a Roz (aquela monstra lesma de Monstros S.A, a secretária abominável que dá calafrios em todos e principalmente em Mike) em pessoa.

— Qual é o seu nome? — me perguntou, com aquela voz falha e nada doce.

— Oliver Kennedy. — respondi, implorando para que aquilo fosse rápido.

Infelizmente, aquela mulher era realmente a Roz, porque eu nunca vi ninguém digitar tão devagar como ela. Ela levava quase um minuto para encontrar uma letra e depois apertar e levar mais um minuto para encontrar a próxima. Se formos calcular assim, ela levou catorze minutos para escrever o meu nome e ainda colocar a barra de espaço. Eu poderia ter pego a droga daquele teclado e digitado para ela, mas eu apenas parecia ser uma berinjela murcha naquela cadeira. O sinal tocou e eu ainda estava esperando aquela aberração fazer o meu cronograma e imprimí-lo.

— Pode... Hm... Adiantar um pouco? — pedi.

— O que disse? — virou os olhos para mim.

— Estou pedindo para adiantar, por favor. É que eu já deveria estar na sala agora...

— Então vá. — respondeu-me com indiferença.

— Eu preciso do meu horário para saber que aula eu vou ter agora.

— Hm... — fitou o teclado até que encontrou o "R".

Céus! Ela ainda estava no primeiro nome!

— Quer que eu digite? — eu ousei me inclinar e estiquei os braços para pegar o teclado, mas a Srta. Roz (belo apelido, devo me gabar) o puxou para si.

— Está tentando me ensinar o meu ofício, rapaz? — estreitou os olhos e lançou-me um olhar reprovador.

— Não, de modo algum.

— Eu trabalho aqui há cinquenta e dois anos e nunca um moleque veio me ensinar à trabalhar. Espero que não seja o primeiro, rapaz.

Devo esclarecer que pensei seriamente em arrancar aquele teclado dela querendo ou não. Mas eu apenas assenti e recostei-me naquela cadeira dura.

— Qual é o seu nome mesmo? — me perguntou.

Era o que faltava...

— Oliver Kennedy.

— Não era Jeremy Lukas?

Eu quis chorar. Fiquei mais de quinze minutos esperando aquele monstro escrever o meu nome e ainda recebo a notícia que estava o escrevendo errado.

— Não. É Oliver Kennedy. O-L-I-V-E-R K-E-N-N-E-D-Y. — soletrei. — Oliver Kennedy.

— Por que está falando como se eu fosse uma analfabeta? Olhe, você me respeita moleque, eu trabalho aqui há cinquenta e dois anos! — explicou-me pela segunda vez.

Acredito que eu tenho um pouco do comportamento da minha mãe, pois eu me levantei imponentemente e avancei na direção daquela coisa.

— A droga do meu nome é Oliver, minha filha! Oliver! — arranquei o teclado da mão dela e digitei o meu nome.

— O que é isso? Por que fez isso? — se espantava a velha.

— Quer que eu faça um tutorial sobre como escrever a palavra "Oliver"? — provoquei.

Vi fúria em seus olhos e ela teve que se levantar. Não tinha nem metade do meu tamanho, mas mesmo assim demonstrava traços de autoridade. Eu estava ferrado.

— Fique aqui, moleque. — dito isso, se virou e deixou a secretaria.

Despenquei na cadeira de plástico e esperei os sete minutos mais longos da minha vida. Então a porta se abriu e ouvi a sua voz exclamar:

— Aqui está ele!

Girei a cadeira para a porta e me deparei com uma mulher alta, bem vestida e nada feliz, me olhando.

— Pode me acompanhar, sr. Kennedy? — perguntou ela.

Pronto. Meu primeiro dia de aula foi um fiasco!

✖️✖️✖️

Eu segui aquela mulher até a diretoria. Assim que entrei, ela sentou-se na sua poltrona de autoridade e pediu-me para fechar a porta. Fiz o que pediu, com um certo receio e nervosismo.

— Sente-se. — apontou para a cadeira que parecia ser confortável, à frente da mesa.

Eu sentei e fitei-a. Tinha um pote com pirulitos em cima da mesa e ela pegou um.

— Quer? — ofereceu-me.

— Não, obrigado.

— Toma. — me entregou, mesmo depois de eu negar com a cabeça.

Eu peguei e guardei-o no bolso. Ela fez algo no computador e fez perguntas para mim, referentes ao meu cronograma. Não haviam o feito então ela teve de montá-lo. Após alguns minutos, se levantou e pegou o papel na impressora.

— Aqui. — deu-me o papel.

Analisei todas as aulas e vi que eu teria Francês III (já que eu sou praticamente fluente em francês) naquela manhã. Já estava atrasado meia hora para a aula e só tinha apenas mais vinte minutos de aula.

— Obrigado, Diretora Morgan. — agradeci e levantei-me.

Quando estava quase abrindo a porta, ela me fez parar:

— Seja bem-vindo, sr. Kennedy. Espero que goste da escola e se dê bem nas matérias. Peço que tenha paciência com a Srta. Crosswell, ela trabalha aqui há...

— ... Cinquenta e dois anos. — completei, com um riso.

— Na verdade, é cinquenta e quatro. Ela se perdeu nos anos depois da morte do filho dela. Triste história. Para ser sincera, eu estudei aqui e ela já trabalhava na secretaria. E aqui estou eu, já crescida e tendo que resolver os problemas dela. — suspirou tristemente. — Ás vezes é desgastante. Ela não tem ninguém e eu não quero demití-la para ficar naqueles asilos chatos para idosos.

— Sinto muito, Diretora, mas eu não acho que ela possa ser produtiva por aqui.

— Tem razão... — fitou a mão no colo por alguns segundos. — Bem, tenha uma boa aula. Leve isto para a professora Amelia Bernice, por favor. É para não ser prejudicado por conta da "Srta. Cinquenta E Quatro Anos".

Eu ri e ela também. Peguei o papel de sua mão e agradeci. Passei pelos corredores vazios e parei na frente da sala da minha aula. Abri a porta e senti um frio na barriga ao ver todos me fitando, inclusive a professora. Ela parecia ser simpática, tinha os cabelos castanho-claro curtos, olhos claros, uma pele alva e algumas poucas sardas fracas pelo rosto.

"Le Petit Prince" estava escrito no quadro negro, e eu praguejei "Maldição!" na mente por ter de aturar este livro pelo milésimo ano consecutivo. Os professores não tem mais nenhuma sugestão de livros francês para lermos? Sabe... Existem vários livros da França.

On dirait que quelqu'un est en retard... — comentou ela, abrindo um sorriso em seguida. "Parece que alguém está atrasado...", disse aquela mulher.

Pardon, Monsieur le Professeur. Il y avait quelques problèmes. — desculpei-me, explicando que houvera problemas. Os alunos arregalaram os olhos, surpresos.

Entrez. Asseyez-vous, s'il vous plaît. — pediu-me para entrar, apontando para uma cadeira vazia.

Merci, madame. — agradeci e entreguei o papel para ela.

Encontrei o lugar vazio e sentei-me. Uma garota emo estava ao meu lado, me olhando de forma estranha. Tive que ignorar, e me esforcei para acompanhar o resto da aula.

Não demorou muito e o sinal tocou. Recolhi meus materiais e já estava saindo, até a professora chamar a minha atenção.

— Pode vir aqui, Oliver? — falou em inglês, transparecendo o seu sotaque francês.

Assenti e me aproximei dela.

— É Oliver, certo? É que eu vi aqui na sua autorização... — ela ergueu a folha.

— Sim, senhora.

— Eu queria elogiar a sua pronúncia. Até parece que nasceu na França, onde aprendeu a falar assim? — cruzou os braços sobre a mesa.

— É que meu pai era metade americano e metade francês. Ele era mais francês, acho. — expliquei.

— Fantastique! — bateu palminhas animadas e logo pousou as mãos outra vez na mesa. — Já visitou o país?

— Diversas vezes na minha infância. Mas isso foi antes... — abaixei o olhar.

— Antes? Como assim?

Oh, como eu amo esse sotaque francês saindo dos lábios daquela mulher...

— Ele se foi, madame. — contei.

— Oh, sinto muito... Sinto muito mesmo, Oliver. — afagou o meu braço, por cima da jaqueta jeans.

— Está tudo bem.

— Nunca está, não diga isso. Sinto muito. — levantou-se e me deu um abraço. Senti o seu cheiro gostoso de algo indescritível.

— Preciso ir. — falei. Ela me soltou e sorriu para mim.

— Tudo bem. Até a nossa próxima aula de francês, Oliver.

— Até. — me despedi e afastei-me.

Logo eu estava naquele corredor outra vez, lotado de alunos. Peguei o meu horário e vi que teria aula de Álgebra II.

Que saco.

Fiquei procurando o meu armário e, depois de andar quase o corredor todo (e ele é bem longo), encontrei o 507. Tinha dez armários em uma fileira, que era interrompida por uma entrada de uma sala de aula, e logo retomada do outro lado. Eu tentei lembrar da combinação que a Diretora me dera e consegui abrir o armário. Coloquei os meus fones ali, caso o professor de álgebra fosse que nem o meu do ano anterior: obrigava todos à colocarem os fones de ouvido no armário. Tinha 85% de chances de ele não ser assim, mas eu preferia remediar os outros 15%.

Depois de checar as horas no meu celular, vi que ainda faltava cinco minutos para a próxima aula. Tempo suficiente para ouvir uma única música, não? Por isso, tirei meus fones de ouvido do armário e conectei-o no meu celular. Procurei a minha playlist favorita e cliquei em "Weekend" de Last Dinosaurs. Abri o meu caderno na última página e peguei meu lápis de desenho. Eu estava desenhando o meu gato, Whisky, enquanto cantarolava a música.

✖️✖️✖️

[Um gif ou vídeo foi adicionado aqui numa versão mais recente do Wattpad. Atualize agora para ver.]

Ou
(para quem está pelo celular):

Faixa 07 (Weekend): https://open.spotify.com/album/1YoMWm3MfNLe2RgdJyf5x5

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Até que alguém do outro lado da fileira de armários (do outro lado da entrada para a sala de aula), chamou a minha atenção. Era apenas um borrão rosa no meu campo de visão e se tornou uma pura perfeição após eu erguer o meu olhar. Pisquei. Ela não era um sonho.

Olhei-a de baixo para cima. Vi o seu magnífico tênis branco, a sua polaina rosa-claro acima do mesmo, vi as suas belas pernas nuas (é, eu fiz isso), a sua saia rosa-claro, a sua blusa — com a barra por dentro da saia — de algodão branca com as mangas rosa-claro (acho que ela ama essa cor), um relógio rosa-claro (céus, ela deve amar mesmo essa cor!) no pulso esquerdo, um esmalte de glíter rosa nas unhas, os longos cabelos (incrivelmente... Meu Deus!!!!) loiros e ondulados, os lábios rosados, os olhos azuis-acinzentados e... Jesus! Ela era maravilhosa!

— Hã... Sky... — um garoto apareceu atrás dela. A garota se virou e sorriu para ele, fazendo o meu coração saltitar de tanta beleza.

— Sim, Sidney? — respondeu a suposta Sky.

— Você aceita sair comigo amanhã à tarde? — falou o garoto, gaguejando.

— Sinto muito, Sid, mas devo recusar. Toma, um pirulito para você. — ela tirou um pirulito do armário e entregou para o garoto, que abriu um sorriso de orelha à orelha.

— Ah, obrigado, Sky! — agradeceu, antes de se afastar e comemorar: — Eu ganhei um pirulito da Sky!

Sky riu e depois se virou para o seu armário. Tirou dali um livro e fiquei boquiaberto ao ver de quem é: Henry Dust. Tinha a capa preta e chamava-se "Suíte Preferencial". Eu me perguntei se haveria de existir mais de um Henry Dust no mundo escritor. Concluí que não, e fiquei com raiva por ter deixado o "Além Da Montanha" em casa.

A música ainda tocava no meu fone, e eu contemplei Sky por alguns segundos, até um outro cara aparecer. Mas ele não parecia ser um qualquer. Tinha cabelos loiros que iam até os ombros, olhos de um azul intenso e vestia moletom cinza, com uma calça jeans azul e uma bota preta. Ele se inclinou na direção dela e esticou os braços até o armário, deixando Sky entre os dois. O garoto sussurrou algo para ela, que riu em seguida.

— Ok, Jesse. Te vejo no almoço, então. — ouvi-a dizer.

Jesse se inclinou mais e roubou um beijo indiscreto da garota, causando-me náuseas.

— Jesse! Sky! O que eu falei para vocês no ano passado? Sem beijos no corredor! — um homem gordo e meio alto, que estava passando, reclamou. Jesse interrompeu o beijo e se virou para o homem.

— Desculpa, Chris. — disse o rapaz, com um sorriso sapeca no rosto. — Até mais, docinho. — beijou a bochecha de Sky e saiu andando pelo corredor.

— Estou de olho! — anunciou o homem, voltando à caminhar pelo corredor, mas logo encontrou um garoto tentando afogar o outro bebedouro e passou à reclamar com ele.

Sky finalmente fechou o seu armário e se virou na minha direção. Seus olhos se encontraram com o meu por apenas um segundo, mas foi desviado para um outro garoto que vinha na sua direção.

Céuzinho!! — exclamou ele, abraçando-a. — Você não acredita! Eu beijei Styles! — deu pequenos saltos animados.

Ele tinha uma bandana preta com caveiras brancas na cabeça, vestia uma camisa branca com as mangas dobradas e com o logotipo do 5 Seconds Of Summer no centro, uma calça jeans azul slim fit, uma pulseira de Green Day, um tênis All Star cano alto preto (igual ao meu) e usava óculos redondos de grau.

— Sério? — perguntou Sky, incrédula.

— Ele beija muito bem!

A minha música acabou, e veio outra automaticamente (a qual eu nem estava ouvindo, para ser sincero).

— Bem, eu nunca soube disso! E ele? Onde está Styles? — Sky ficou procurando-o com o olhar.

— Ainda não o vi. Foi na praia. Ele estava lá e eu também. Então ele disse que queria fazer algo há muito tempo e eu perguntei o que era. Daí ele me beijou. Eu gamei. Ele até me emprestou o gorro dele! — contava o garoto.

— Wow, essa é nova! — exclamou Sky, surpresa.

— Saiam da frente, seus medíocres! — escutamos alguém dizer e logo vimos quem era: um garoto com um skate debaixo do braço, um moletom preto folgado, uma calça jeans preta, um tênis de skate nos pés e um gorro preto na cabeça. — Que bom que esteja aqui, Cass. — aproximou-se de Sky e do garoto. — Sky, Chris está por aqui?

Sky ficou na ponta dos pés e olhou ao redor.

— Está lá na frente. Impossível chegar aqui em alguns segundos. — a garota respondeu.

— Que bom. — o, julgo eu, suposto Styles disse, antes de puxar o acompanhante de Sky e beijá-lo intensamente na frente de todos os alunos e no meio do corredor lotado.

Eu fiquei boquiaberto: um beijo gay bem na minha frente.

Styles pressionou o chamado Cass contra os armários, e eu pude ouvir um gemido vindo do mesmo. Era muita coisa ao mesmo tempo, e as pessoas já estavam ao redor comentando e tirando fotos e gravando vídeos.

O sinal tocou, e Styles teve que soltar Cass. Ofegante, sorriu para o garoto e disse:

— Até mais, Pop Corn. — deu um piscadela e se infiltrou entre os alunos que já estavam indo para as suas aulas.

— O que foi isso? — perguntou Sky.

— Isso, minha amiga... Isso foi o paraíso! — suspirava Cass.

— Vem, vamos para a aula de Sam! — Sky o puxou pelo braço e ambos sumiram da minha vista.

Abaixei o olhar e fitei o meu desenho incompleto de Whisky. Engoli em seco e guardei tudo na minha mochila, inclusive o meu fone (dane-se o professor). Fechei o meu armário. Respirei fundo e procurei a sala de Álgebra II. Entrei com os outros alunos e vi Sky e Cass no fundo, rindo e conversando sobre o que eu já sabia.

Sentei-me na frente e logo o professor entrou.

— Bom dia, alunos. Hoje vamos aprender álgebra, é claro. — colocou o material em cima da mesa e jogou o mundo matemático encima de mim.

Se não fosse pelo pirulito gostoso que a Diretora Morgan me deu, minha mãe abriria o jornal no dia seguinte e seria recebida com a seguinte notícia: "Garoto morre por conta do tédio na sua primeira aula de álgebra do ano".

Quando o sinal tocou, indicando o fim da aula, eu agradeci à Deus por ter me livrado daquele terror. Fiquei imensamente feliz ao saber que já era o intervalo e eu poderia comer.

Afinal, comida é tudo, não?

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