#Menry

Sábado.
Já era sábado.
E como eu estava?
Tentando pintar a parede da sala com um rosa creme.
Que delícia.

Para ser sincero, tudo estava bem até o meu macacão jeans ficar sujo de tinta. Minha mãe me obrigou à pintar a parede com ela, e estava ficando uma porcaria.

— Mãe, se você começou pintando na vertical, deve continuar pintando nessa direção até acabar! — avisei ao vê-la pintar na horizontal.

— Como você sabe disso, Senhor Da Verdade? — ela cruzou os braços.

— Para sua informação, Mary, eu aprendi isso no Ensino Fundamental! — disse eu com indiferença, e ela me deu língua.

— Eu só... Esqueci. É isso. — virou-se para a parede e eu soltei uma gargalhada nada discreta.

— Isso é tedioso... — reclamei. — Nunca vamos terminar isso daqui até o resto do dia... Precisamos de mais uma pessoa...

— Como eu pude te colocar no mundo, Oliver? — minha mãe jogou um pano sujo de tinta em cima de mim. — Não ouse atravessar o jardim.

— Tudo bem. — deixei o pano no chão e saí pela porta.

— Que droga, Oliver Kennedy! — grunhiu com raiva.

Eu atravessei o jardim me sentindo o rebelde e bati na porta de Henry.

— Você não está de castigo? — foi o que me perguntou quando abriu.

— Pois é... Mas precisamos de você, pode nos ajudar?

— Estão pintando a casa? — avaliou as minhas vestes.

— Sim. Você quer nos ajudar? — sorri para ele.

Henry bufou e entrou na casa. Quando voltou, vestia uma camisa branca e uma calça jeans velha. Ele entrou em casa comigo e a minha mãe já foi jogando o rolo e o pote de tinta encima dele.

— Poderia ter um pouco mais de consideração, moça. Afinal, eu estou ajudando! — argumentou Henry.

— E eu com isso? Por acaso eu pedi a sua ajuda?

— Que ingrata! — Dust reclamou, começando a sua pintura.

Pintamos as paredes feito malucos, ou foi assim que eu percebi. Minha mãe reclamava da pintura de Henry e eu me perguntava o porquê, já que ela também não estava pintando aquela maravilha toda. Quando eu já estava cansado emocionalmente e fisicamente, a minha barriga roncou.

— Affs, estou morrendo de fome! Você me escravizou o dia inteiro por conta disso! — disse eu.

— Ih, você é chato, Oliver! — minha mãe respondeu. — Vive com fome, não faz outra coisa senão comer!

— Estou em fase de crescimento, senhorita. — eu expliquei.

— Você é muito criativo nas respostas também, não é? — Henry disse.

Eu me virei para aquela dupla e cruzei os braços.

— Então vocês querem que eu morra de fome? Porque é isso o que vai acontecer se não me alimentarem! — fiz o famoso drama.

As pessoas tinham que entender que fome sentimos o tempo todo, a diferença é que ás vezes estamos com mais e outras com menos. Minha relação com a comida é e foi uma relação de necessidade. A comida precisa de mim, eu preciso da comida. É simples.

— Ai, cala a boca, Oliver. Pega o meu telefone lá em cima e pede uma pizza. — mamãe apontou para escada e arrancou-me um sorriso.

— Pizza, não. Estou com vontade de comer comida mexicana. — Henry disse, e minha mãe virou-se para ele.

— Já não basta você estar na minha casa, ainda quer opinar sobre o que vamos comer?

Eu arreguelei os olhos, uma briga estava por vir.

Henry se ergueu, já que estava agachado pintando a parte de baixo da parede. Ele fitou a minha mãe e riu.

— O que é? — perguntou ela, nada delicada.

E Henry a envolveu em seus braços, espremendo o corpo de minha mãe contra o seu e apertando bem. No início eu não entendi, mas eu tinha notado que a roupa dele estava toda melada de tinta e talvez fosse esse o motivo.

Então eu percebi que aquilo ali tinha química, aquilo ali era uma relação de "não gostar" e ao mesmo tempo "gostar". Até porquê, a minha mãe nem pensou em se desvincular dele primeiro. Para ser mais exato, ela ficou olhando para os olhos dele por alguns segundos, mas acho que se deu conta de que deveria ser indelicada e deu um chute no... Como posso dizer de uma maneira legal? Hm... Vejamos... No "omelete"? Não, que horror! No "país de baixo"? Ah, você sabe o que é!

Henry cambaleou para trás pressionando aquele lugar e a minha mãe se afastou dele.

— Você está maluca?! — ele gritou. Seu rosto estava vermelho e ele parecia extremamente furioso. Ele soltou um bocado de palavrão, então eu subi as escadas para fingir já ter subido antes e não deixá-los mais constrangidos. Mas eu fiquei ali, no degrau de cima, com o escuro do corredor atrás de mim, assistindo tudo.

— Desculpa, Dust. É que... Foi mais para uma defesa... — minha mãe tentou se aproximar, mas ele se afastou.

— Você pode ter arrancado as minhas chances de ter um filho um dia, sua criatura insana! — ele estava furioso.

Henry sentou no chão e tentou respirar fundo.

— Eu vou para casa. — ele ia se levantar, mas a minha mãe o segurou pelo braço e o fez sentar.

— Fica aqui, por favor. Estou me sentindo culpada...

— Não é por nada. — ele bufou e virou o rosto para a porta.

Eu subi o resto das escadas e fui para o quarto de minha mãe. Achei o seu telefone no criado-mudo e digitei o número de um restaurante mexicano que ela havia encontrado assim que chegamos na Califórnia. Pedi bastante comida, e eu já estava com água na boca só em falar para o atendente o que eu queria.

Assim que desliguei o telefone, eu fui até a escada e me sentei no mesmo degrau de antes.

Henry estava fazendo um desenho com a tinta no rosto de minha mãe, e a mesma estava deixando.

— Pronto. A minha vingança. — escutei-o dizer.

— Só isso?

— Oh, você quer mais...? — Dust mergulhou a mão na lata e se inclinou na direção de minha mãe.

— Não, não, obrigada. — minha mãe tentou se levantar, mas foi a vez de Henry segurar o seu braço e fazê-la sentar outra vez.

Minha mãe tentou se esquivar, enclinou-se para trás e acabou deitando no chão, já que, a medida em que se jogava para trás, Henry ia para frente. Ele espalhou a tinta tanto nas suas bochechas, quanto nos seus braços. Mamãe tentou empurrá-lo, mas Henry segurou as suas mãos e se endireitou em cima dela. Eu me perguntei se eu estava na minha casa ou num site de pornografia na internet.

— Henry... Sai de cima de mim. — minha mãe pediu, rindo.

— Não vou. — Dust aproximou o seu rosto do dela e segurou as suas mãos firmemente.

— Henry...

— Você pode fazer silêncio? — interrompeu-a.

E o que veio depois daquilo me deixou boquiaberto.

Henry a beijou. Sim, ele fez isso. HENRY DUST BEIJOU A MINHA MÃE!

E ela nem recuou, pelo contrário, minha mãe retribuiu o beijo. Eles estavam... Se beijando!? Eu não podia acreditar. Meu queixo estava no chão. E eles se beijavam de verdade, tipo... Era a minha mãe beijando o Dust!

E eu fiquei imóvel, pelo tempo que Deus-sabe-se-lá-quanto, assistindo aquilo tudo. Mas a campainha tocou, e um cara perguntou:

— Alguém pediu comida mexicana?

Henry saiu de cima de Mary e a ajudou à se levantar. Minha mãe ajeitou o cabelo e abriu a porta.

— Sim, quanto deu? — perguntou para o moço.

— Cento e dez. — respondeu o entregador, entregando a comida para Henry.

— Cento e quanto? — minha mãe perguntou, incrédula e ao mesmo tempo sarcástica.

— E dez. — o moço contou.

Minha mãe abriu a carteira reclamando e entregou o dinheiro para ele.

— Espera. Nem uma gorjeta? — perguntou o rapaz.

Minha respirou fundo tão alto que eu fui capaz de ouvir.

— Cara, se você tem amor à sua vida, é melhor ir embora. — Henry o avisou.

Mamãe fechou a porta e se encostou na mesma fechada.

— Oliever Kennedy!!! Eu vou te matar!!!

Eu ri desci as escadas devagar.

— Desculpe, estou faminto. — me dirigi a cozinha e comecei a desembalar as comidas.

Minutos depois, nós três estávamos comendo e conversando como se nada tivesse acontecido. Mas eu não me esqueci daquele beijo, e tampouco o casal que se entreolhava a cada minuto, pensando que eu não sabia...

... Mas eu sabia de tudo: Henry Dust e minha mãe haviam realmente se beijado.

---- Notas ----

Um beijo para vickpj16 que criou o nome desse shipp maravilhoso ❤️❤️❤️

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