"Festa"
Eu sugava o leite de morango na maior euforia enquanto recebia o vento fresco da manhã em meu rosto. Eu havia saído correndo do quarto com Alec, e aproveitei para roubar algo da geladeira.
Quando vivo, meu pai dizia que leite de morango renovava qualquer pessoa e a fazia se sentir vivo outra vez. Eu bebia leite de morango enquanto fazia as lições de matemática, e nem percebia que mordia o canudo freneticamente. Às vezes ele fazia milk-shake para mim, mas era raro. Mamãe dizia que eu era muito novo para tomar "essas coisas." Mas eu sabia que, se ela soubesse o que aconteceria, nunca teria dito aquelas coisas, nunca teria o proibido de nada. Eu morreria de tanto milk-shake do papai, mas eu morreria ao lado dele e feliz.
Aquela música triste do rádio estava me matando, mas eu não tinha certeza se o pai de Styles tiraria aquilo se eu pedisse. Eu estava tentando parecer bem naquele carro apertado, mas eu queria chorar. Suguei mais, respirei fundo e olhei para Ben ao meu lado. Ele sorriu para mim, e eu senti que aquilo poderia ser o suficiente. Sky fingia estar escutando uma música em seu celular. Porque, embora estivesse com os fones no ouvido, não havia nenhuma mídia tocando em seu celular. Ela sempre sussurrava a letra da canção e brincava com o fio do fone enquanto escutava, mas não estava fazendo isso. E eu me perguntei o porquê.
Eu estava tentando parecer legal, mas era complicado tentar ser distraído durante as tentativas de Alec Benjamin em me beijar. Não que eu não gostasse dele, mas era estranho fazer aquilo com Sky ao meu lado. E ele sussurrava coisas em meu ouvido, e a sua mão deslizava pela minha coxa de um jeito bom. Ele tentava ser carinhoso do modo dele, e aquilo me surpreendia. Embora houvesse um certo apelo sexual naquilo.
— Ele vai nos levar para casa, mas se quiser me ajudar em apagá-lo e depois sequestramos ele e roubamos o carro, tudo bem — disse-me ele, parando com o carinho.
— Sou muito jovem para ser preso, Alec — respondi, com um sorriso no rosto, e depois continuei bebendo o meu leite.
— Hm... Você é um moranguinho! — exclamou baixinho — Gosta de leitinho de morango... — fez uma voz fofa.
Eu ri.
— Oliver, pode abrir mais a janela? — Sky me pediu, e o meu sorriso sumiu.
Eu fiz o que ela pediu, e a assisti fingir escutar uma música, porque sabia que eu estava a observando e balançava a cabeça no ritmo de uma música imaginária. E eu ainda não entendia o porquê.
— Qual é a sua casa, garoto? — o pai de Styles me perguntou, desviando a minha atenção. Estávamos no meu bairro, bem perto da minha casa.
— Hm... — olhei ao redor — Ela está ali. — apontei — Mas eu posso descer aqui mesmo.
— Não, vou te deixar na porta — ele acelerou o carro e só parou perto do jardim.
Me perguntei o que aconteceria se ele fizesse que nem a minha mãe. Quis rir com isso, mas pensariam que sou maluco e sairia algo amargo, por conta da música triste do carro que me contaminara.
— Obrigado, senhor. Por ter me deixado aqui — agradeci e abri a porta do carro.
Quando saltei para fora, escutei Ben dizer:
— Por que não ficamos aqui por um tempo? Depois voltamos para casa. O que acha, Oliver? — virou-se para mim, sorrindo.
— É... Uma boa ideia — concordei com a cabeça.
— Se tiver comida, eu fico o dia todo — Cass falou, saindo do carro com a mochila dele.
Os outros também saíram, e o pai de Styles disse um "Vocês que sabem" antes de jogar o carro para o centro da pista e se afastar de nós.
— Tem videogame, comida e CDs? — quis saber Styles.
Concordei com a cabeça e apertei os olhos, por conta do Sol que já estava me queimando. Vi o garoto comemorar, e os guiei pelo jardim.
✖️✖️✖️
Minha mãe não achou que eu havia sido abduzido, sequestrado, assassinado ou virado um cantor de Pop que estava em turnê. Ela apenas mandou eu ficar com Whisky e colocar o lixo para fora. Tinha waffles de verdade em cima do fogão, e eu pensei duas vezes antes de comer. Estava bom, mas eu ainda estava traumatizado com o primeiro waffle da Califórnia que comi.
— Onde é o seu quarto, Oliver? — Ben me perguntou, enquanto eu tomava um iogurte de chocolate com pedaços de morangos que coloquei.
— Em Nárnia — respondi.
Senti ele me abraçar por trás, e ficar repetindo:
— Me diz, me diz, me diz! — parecia uma criança irritante pedindo aos pais o novo modelo de carro do Hot Wheels.
— Tudo bem! — cedi, impaciente. Quando ele me soltou, saí da cozinha, abandonando o meu iogurte, e passei pelo resto do clube que estava jogando videogame. Com exceção de Sky, que procurava um CD bom para colocar para tocar. — Vou subir, vão querer ver o meu quarto?
— Estamos ocupados agora. Depois fazemos isso. — respondeu-me Taylor, tentando fazer algo importante no jogo.
— Hm... Okay, então — subi as escadas e senti a presença de Alec atrás de mim.
Fui para o final do corredor, para o ramo solitário de escada. Antes de conhecer o clube, ele era como eu. Ninguém o via, não havia nada e nem ninguém perto dele. Tão eu, antes.
— Aqui? — Alec se surpreendeu — Mas é um sótão!
— Para mim, não é — subi a escada e abri a porta — Não há nada de interessante aqui, antes que entre.
— Acredito muito — ele revirou os olhos e passou por mim — Wow! Aqui recebe muita iluminação! Oh, você tem um toca-discos! — ele correu até ali.
Eu contei a história do objeto e fechei a porta. Depois Alec ficou fascinado nos meus discos e separou alguns, indo observá-los melhor na minha cama. Depois de pedir permissão para assim fazer, vi seus olhos brilharem de curiosidade.
— Que incrível! — exclamara, com um sorriso largo no rosto e tocando em cada um como se fossem obras de arte. — Você os conserva tão bem...
— Eu apenas tento — dei de ombros.
Benjamin os empilhou e os colocou no canto da cama, grudado na cabeceira. Me fez deitar na cama e cobriu o meu rosto de beijos. Eu não sabia como reagir, então apenas o abracei. Quando percebi os seus beijos em meus lábios, já era tarde demais para qualquer recuada. Alec me beijava com fervor, e eu me perguntei por onde estaria o seu óculos.
— Eu me sinto bem estando com você, Oliver. Você me faz bem — ele se ergueu minimamente, apoiando-se com os cotovelos na cama.
— Eu gosto de você, Alec — acariciei o seu cabelo.
— Você... Já se sentiu atraído por alguém como está atraído por mim?
Repentinamente, algo me fez empurrá-lo de cima de mim e me levantar rapidamente. Eu estava assustado, meu coração estava acelerado. Eu não conseguia encontrar motivo algum para aquilo tudo, mas era como se eu estivesse em pânico. Alec estava mais preocupado do que ofendido com a minha ação, o que me fez ficar pior do já estava. Eu cambaleei para trás, e me segurei no parapeito da janela.
— Oliver! O que foi? O que houve? Não está se sentindo bem? — ele deu um salto alto até mim.
Por um momento, eu quis contar sobre tudo. Por um segundo, no segundo em que lhe empurrei, eu senti como se não estivesse atraído por Alec. Como se fôssemos apenas amigos e eu estivesse o iludindo. Eu já estava fazendo aquilo. E o que eu também estava fazendo? Estava incentivando-o a si iludir também. Aquilo não tinha futuro, não havia nada de sentido naquilo.
— Eu... Ainda não estou pronto, Alec. — contei — Nunca estive, pra falar a verdade.
— Do que está falando? O que quer dizer? — ele olhava em meus olhos, e eu via os seus tão claros por conta da luz do Sol e pareciam tão lindos e eu me senti tão mal em estar brincando daquele jeito com ele.
Eu o abracei forte.
— Desculpa, Alec Benjamin. Podemos tentar outra vez? Num outro momento? Eu ainda não posso te amar... — sussurrei.
— Eu não quero apressar as coisas...
— Não, não quis apressar. Apenas gosta de me beijar. Eu também gosto, Alec, mas ainda não estou pronto para esse tipo de responsabilidades. Não quero te machucar e...
— CARAMBA, OLIVER KENNEDY!!! VOCÊ TEM UMA PISCINA NOS FUNDOS?!!!! — Cass estava gritando sem parar, e conseguiu encontrar a escada solitária. — POR QUE NÃO NOS CONTOU??
Estava ofegante, e tinha um sorriso doentio no rosto e um olho estava maior que o outro, junto com os cabelos demasiado desgrenhados e a roupa meio bagunçada no próprio corpo.
Eu me afastei de Alec.
— Podemos todos irmos, se quiser...
— Ótimo! — nem me deixou concluir a fala, me pegou pelo braço, juntamente com Ben, e nos puxou escada à baixo.
Ninguém estava na sala de estar, e fiquei curioso em saber onde estavam. Mas não durou muito a minha curiosidade, pois Cassidy fez o favor de me levar até a piscina e me deparei com aqueles intrusos se aproveitando do meu conforto e lazer domiciliar.
— Se eu tivesse uma casa assim, não pensaria duas vezes antes de fazer uma festa! — gritou Styles, tirando os tênis dos pés.
— Eu não convidei vocês — o que falei fez todos pararem o que estavam fazendo e olharem para mim — A casa é minha... A piscina também... — eu caminhava, mas parei para tirar os meus tênis e as meias — Não me lembro de ter dito nada sobre vocês e a minha piscina.
— Que grosso, Oliver! — escutei Sky falar, sentada numa espreguiçadeira e com os olhos apertados por conta do Sol forte.
— Eu não terminei de falar, Sky, então não há como julgar a minha fala de "grossa" — fiz o favor de erguer as mãos para gesticular as aspas.
— Ei, não fala assim com ela! — Taylor deu um passo à frente.
— Eu apenas quis dizer que isso tudo aqui é meu... — apontei ao redor, me aproximando da piscina — E seria muito justo se Oliver fosse o primeiro a pular na piscina e inaugurar a festa.
A princípio, ninguém mudou de expressão. Mas depois de um tempo, uma dobrinha surgiu no na lateral dos lábios de Styles e eu corri na direção da piscina, dando um salto mortal e pulando na água.
Mergulhei por um tempo, até me erguer na superfície e perceber os outros tirando os seus tênis na maior euforia, com um sorriso no rosto.
— Por um segundo, Oliver, acreditei que era verdade! — contou Sky, abaixando a calça jeans e me fazendo virar de costas. Pensei em fingir que aquilo não me incomodava, já que eu "não tinha nenhuma atração por ela e nem por garotas."
Felizmente, Cass pulou pelo outro lado da piscina, então havia um motivo para não olhar para a Sky de roupa íntima inferior: eu estava olhando para Cass.
— Tudo bem se eu entrar assim, Olie? — escutei-a perguntar.
Balancei a cabeça positivamente, sem me virar na sua direção. Eu não queria pensar em nenhuma besteira, e aquela missão estava sendo bem-sucedida naquele momento.
— Galera, eu vou fazer uma loucura amanhã. Quer dizer, hoje à noite. Taylor, não quero que ria. — Cassidy anunciou, despertando-me uma certa curiosidade.
— Ah, uma surpresa! — Styles estava sentado na borda da piscina, com as pernas na água e as balançando. — Isso tudo porque o seu aniversário é no final da semana?
— Wow, sério?! — eu nadei até ele e joguei água em seu rosto. — Quantos aninhos?
— Eu não vou dizer. Não hoje. — ergueu o queixo num ato de imponência — Apenas saiba que terá uma festa muito legal, a qual eu estou pensando ainda se irei te convidar!
— Terei prazer em destruir a sua festa e jogar rolos de papel higiênico no seu jardim! — brinquei. Cassidy arqueou as sobrancelhas e juntou os lábios, depois mergulhou fundo e puxou-me pela perna.
Eu soltei um palavrão muito alto antes de ser obrigado a entrar completamente na água. Ele me segurou por tempo demais, e eu já tinha começado a pensar na possibilidade de aquilo não ser uma brincadeira.
Enfim, Cass me largou e eu consegui pegar um pouco de ar. Eu nunca tinha ficado tanto tempo debaixo d'água, e eu jurei que o mataria naquele exato momento.
— Peça desculpas pela sua tentativa de homicídio, Cassidy — falou Styles, já dentro da água e com uma expressão séria.
Aquela fora uma das poucas vezes a qual vi o seu cabelo por completo. Sempre com aquele gorro, era quase impossível ver os seus fios livres e sendo bagunçados pelo vento, senão apenas as suas pontas. Apesar de tudo aquilo, Styles tinha um belo cabelo e um ótimo estilo. Não parecia se importar com comentários negativos, e costumava levantar o dedo do meio mais que todo mundo no clube.
— Desculpa, Oliver — Cass me abraçou e depois jogou-me água no cabelo.
Eu balancei a minha cabeça, movimento o qual fez o meu cabelo rosa girar e depois ficar bagunçado. Eu ri quando Taylor me chamou de "Modelo Unicórnio" e disse que eu estava "muito sexy hoje."
— Bem... Obrigado — respondi, envergonhado e estranhando. Taylor nunca era gentil, nem ao menos tentava. Mesmo que saísse atrapalho, nunca havia me elogiado. Mas era uma boa pessoa.
Estava sem camisa, com o seu abdômen definido à mostra e com a sua calça jeans preta meio justa. Estava deitado de lado na espreguiçadeira, folheando uma revista de celebridades da minha mãe.
Soltou uma gargalhada, depois jogou a cabeça para o lado e a balançou negativamente, como se não quisesse acreditar naquilo.
— Ele estava sendo sarcástico — contou Zach, uma das suas únicas falas do dia. Eu queria saber o porquê de ter ficado em silêncio aquele tempo todo, quase se tornando invisível.
— Taylor é mau... — Sky dissera, olhando-o com o sorriso no rosto, como se os dois fossem parceiros de crime e estivessem disfarçando.
— Eu tento ser... — respondeu o dono da voz meio enigmática e calorosa.
Não falo por ter tido uma "possível atração" por Taylor, mas porque era algo que eu reconhecia e admirava. Era um sujeito que eu tinha grande interesse em conhecer, porque com as suas falas sarcásticas recheadas de ironia, as respostas rudes e reviradas de olhos; era difícil entender Taylor.
— Okay, vamos falar sobre relacionamentos... — Sky puxou assunto, mas eu queria desconversar.
Não queria falar sobre Alec e nem ouvir sobre Jesse. Deus estava sendo maravilhoso em mantê-lo longe de mim, já que havia muito tempo que eu não falava com ele e só o via de longe, vez ou outra. Depois de ter deixado Sky na mão no dia anterior, no baile do asilo, eu havia ficado com mais raiva dele.
— Prefiro fazer uma festa. Acho que a minha mãe não ligaria se eu roubasse o som dela de dentro da casa e o trouxesse para fora — disse eu, saindo na piscina e escutando um "Hohey!" vindo deles.
✖️✖️✖️
Cass estava cantando Do Re Mi de Blackbear muito mal, eu apenas estava bebendo seja-lá-o-que-Taylor-havia-me-dado enquanto assistia tudo. Styles tinha uma garrafa de cerveja na mão, mas eu estava tão perdido em Sky que nem sabia que raios ele estava fazendo. Conversava com Alec, com uma garrafa na mão e rindo sem parar. Eu queria estar ali fazendo-a rir, mas ela era amiga de Alec antes de mim.
Desde que inventamos aquela festa tosca composta por sete pessoas, Taylor nem sequer entrou na água. Eu já havia notado isso há um tempo, e como eu estava agitado, pensei que seria bom brincar com ele.
— Hey, Taylor, entra comigo para pegarmos algo para comer? Não conseguirei carregar tudo — saí da piscina e levantei.
Taylor me chamou de fraco e preguiçoso, mas decidiu se levantar e vir me ajudar. Quando vinha na minha direção, estava perto da piscina, e foi aí que cometi a maior loucura da minha vida: estiquei os meus braços e o empurrei para dentro da água. Depois de passar um tempo debaixo d'água, Taylor levantou-se e me olhou enfurecido. Aquele fora um ato suicida, concluí. Mas era complicado dizer, embora estivesse evidente na face de todos. Até Cass parou de cantar e nos olhou chocado.
— Corre, Oliver Kennedy, corre! — Sky sussurrou para mim.
Ao invés disso, fixei meus pés no chão e tentei me manter imóvel. Se eu fosse morrer, pelo menos seria por consequência de um ato louco meu. No entanto, Taylor não voou em cima de mim, nem esganou o meu pescoço. Sua expressão mudou, foi para uma mais suave, uma sofrida. Com pouco esforço, saiu da piscina e passou direto por mim, andando até a lateral da casa. Sky estava saindo para seguí-lo, mas eu a fiz parar:
— Não, Sky, deixa eu fazer isso — sem esperar uma resposta, eu fui até a lateral da minha casa, onde já havia grama e as suas soltas grudavam em meus pés molhados. — Taylor?
Ele estava sentado na porta exterior do porão, com os braços cruzados e os cabelos pretos molhados caindo sobre o rosto cabisbaixo. Eu não sabia o que havia acontecido, mas eu tinha consciência de que aquilo havia sido um erro. Mary sempre me disse que devemos pedir desculpas caso machuquemos alguém ou fazemos algo de errado, mesmo desconhecendo os motivos que fizera aquilo ser errado ou alguém machucado. Nunca sabemos o que se passa na mente de alguém, então eu não poderia simplesmente deixar pra lá. Mesmo com a sua fala grossa e irônica, eu gostava de Taylor e ele já me apoiara antes. Se aquilo tinha um motivo, eu devia me desculpar ou simplesmente tentar entender. Não porque era o certo e a minha mãe me ensinou desse jeito, mas porque eu realmente queria.
Aliás, sempre tem isso, não é? Muitas pessoas fazem o certo por serem o certo e não porque realmente querem fazer. Esse talvez seja um dos males do século XXI, as pessoas se importam mais consigo mesmas do que com os outros. Me senti culpado, confesso, pois nunca o vira tão vulnerável.
— Me desculpa, Taylor — comecei, sentando-me ao seu lado — Eu não sabia que iria ficar irritado.
— Não estou irritado — me disse.
— Pela primeira vez?! — tentei brincar, mas ele nem riu e nem me mandou para aquele lugar nada agradável — Bem... Você é... Uma pessoa legal, Taylor, fico triste em saber que fiz você não ser você por alguns minutos.
— Ah, diz isso agora, Kennedy? — ergueu o rosto na minha direção, depois me mandou ir para aquele lugar nada agradável.
— Você me xingou, isso é um bom sinal — eu sorri, e ele tentou me dar um soco no rosto. Felizmente, era só brincadeira, porque ele fora lento demais na ação e me deixou recuar. Quando Taylor soca Cass, eu nunca havia visto alguém tão rápido numa ação como ele.
— É sério, pode ir — fez um gesto para eu sair.
— Não vou me mover, Taylor Lautner — cruzei os braços. — O que houve?
— Eu não gosto muito de piscinas — contou-me.
— Hm... Entendi — cruzei as pernas.
Ele bufou e depois revirou os olhos.
— Não entendeu, não — com a mão esquerda, jogou o cabelo molhado que caía em seu rosto para trás e depois olhou para frente, para o arbusto longo que dividia a propriedade de Dust da de Mary. — Infelizmente, foi por conta de uma piscina que vim parar aqui. Olha que eu nem sou tão fã de praia!
— Para quem a gente avisa que o calendário está errado? — perguntei, mas Taylor entortou a cabeça e pressionou a mandíbula, o que fez o seu cabelo cair de volta ao rosto. — Hoje deve ser dia trinta e um de fevereiro, porque não é possível que você tenha algo em comum comigo!
— O quê? Não gosta de piscinas?
— Não gosto de praia. A areia é nojenta e só sai uma semana depois! — minha mãe diria que isso é exagero, mas eu nunca fui familiarizado com praia.
— Continuando... Uma piscina foi a gota d'água para o meu pai me trazer para a Califórnia — ele deu continuidade — Ele me pegou na piscina com um garoto, tornando a sua "maravilhosa piscina, uma coisa poluída por esses jovens sem noção e doentes da cabeça."
— Oh, então...
— Ele já estava pegando no meu pé há meses, e ele era muito apegado àquela piscina. Então quando me viu beijando Ray, se estressou por completo e disse que eu iria com ele para a Califórnia, para eu ficar longe daquelas "más influências" e "ser alguém decente." Então eu não costumo ficar em piscinas porque elas meio que me assustam, pelo modo que meu pai disse tudo aquilo e partiu o meu coração.
Não liguei quando ele me interrompeu, apenas encostei nossos ombros completamente distintos (tanto pela cor, já que ele era bronzeado e eu não, e também porque ele era mais corpulento).
— Desculpa, Taylor. Eu não sabia...
— Ah, pelo amor de Deus, Oliver! — ele me deu um soco fraco no braço. — Deixa de pedir desculpas, está me irritando...
— Okay, então, vou anotar: sem jogar Taylor na piscina. — olhei para ele e sorri, tentando passar confiança e apoio. Ele revirou os olhos e se levantou, eu o segui.
— Está tudo bem — anunciou, aproximando-se da piscina — Não se preocupem. Ah, acho que estou devendo algo...
Eu estava todo distraído, olhando para a água. Até que senti braços me empurrarem naquela direção. Com o meu instinto de sobrevivência, acabei por agarrar esses braços para não cair e me firmar. O que não seu muito certo. Caiu eu e Taylor dentro da piscina, e quando eu levantei a cabeça, fiquei com raiva de mim mesmo por ter feito aquilo com ele.
— Desculpa — sussurrei.
Taylor mergulhou, e eu já estava me afastando quando o senti puxar a minha perna e levar-me ao fundo da piscina. Eu o chutei, mas isso não adiantou muito. Às vezes esqueço dos princípios da física e isso não me ajuda muito. Enfim, Taylor me soltou e eu pude nadar são e salvo até a superfície. Fugi de Taylor, indo até Sky, cuja estava sentada na beirada, e segurei as suas pernas para não ser levado por Taylor.
— Que covarde! — Taylor jogou água em mim, agarrando acidentalmente em Sky e a fazendo chutar água nele. Ação e reação, ativar!
— Por que não brincamos de Rei e Rainha? Pena que só tem Sky de garota, então apenas teremos que disputar o título de rei! — Cassidy propôs, e todos vieram nadando em nossa direção — Zach, vai ter que deixar a nossa aposta de lado.
— Sério? Ah, obrigado! — ele agradeceu.
— Aposta? — eu estava confuso.
— Apostamos que ele iria ficar uma semana e meio em silêncio se eu ganhasse quinze partidas seguidas de Just Dance! — Cass me contou, com um sorriso provocante no rosto, olhando para o Zach tedioso.
— Tudo bem, façamos a fila. Sky, fique aí em cima. — Styles organizou, eu estava em terceiro.
Com isso, ele pigarreou três vezes antes de começar, e eu não sabia nem como era aquela brincadeira.
— Oh, minha rainha, deixe-me ser teu rei! Lhe darei flores todos os dias e chocolate pela manhã! — disse ele, num péssimo tom poético e uma encenação desastrosa.
— Minha mãe disse que faz mal chocolate pela manhã — disse eu, mas logo me arrependi porque todos me fuzilaram com os olhos. Fiquei confuso.
— Tudo bem, te aceito como rei! — Sky sorriu e inclinou a cabeça.
— Mas você vai ficar diabética, Sky! — avisei, mas a fila já estava andando porque Styles sentou-se ao lado dela.
— É para cortejar, Oliver, não para fazer sentido! — Zach gritou, no fim da fila.
— Vou ganhar de todo mundo com o meu pique de galã! — escutei Taylor falar, atrás de mim. Eu tive que rir.
— Agora sim o jogo começou! —comentara Cass, na minha frente. Era a vez de Alec, e eu senti um frio na barriga.
— Para quê chocolate pela manhã se me terá acordando contigo? — fora a fala dele, e eu quase que tive um ataque cardíaco.
— Sai daí, seu rei falso! — gritou Zach.
Styles levantou seu dedo do meio para Zach e desceu da borda, e logo Alec tomou o seu lugar. Sussurrou algo para Sky, que riu com isso.
Era a vez de Cassidy e logo seria eu.
— Okay, você o tem ao seu lado. Mas já parou pra pensar que nenhum desses péssimos reis serão como eu? Até porquê, beleza e talento só se encontra em Cassidy! — ele deu de ombros e Sky riu. Alec apontou para o final da fila, e Cass deu língua para ele antes de sair da minha frente e seguir naquela direção.
Era a minha vez e eu não tinha a mínima ideia do que iria falar. Eles olhavam para mim, especialmente Alec que não se importava em me encarar. Não sabia se estava bravo comigo ou não, mas eu não sabia quem eu iria conquistar ou convencer: se seria Sky, a qual não era só a minha possível rainha na brincadeira, mas também na vida real; ou Alec, para fazê-lo descer com os meus argumentos. Mas não sabia se desceria porque eu iria conseguir conquistar Sky ou para ficar comigo. Eu tinha o dom de complicar as coisas, e talvez esse fora um dos meus maiores erros.
— Sky, eu... Sei que tem um rei ao seu lado, mas não é ele quem... Quem está sempre com você. Talvez ele te faça bem, mas nunca a fará sentir o que sente quando está comigo. Não estou me gabando ou inventando mentiras, mas estou apenas contando a verdade. Ele pode ser tudo que você tem, além dessa sua coroa invisível, mas ele nunca será nem de perto parecido com você. Está ali por status, porque o ouro lhe convém. Não porque quer o meu bem-estar. E eu quero. E eu sei que tem uma fila de meninos atrás de mim, mas eles nunca entenderão como é ter sentimentos por alguém que está tão longe, embora a menos de um metro de distância. Droga, falei demais! — joguei água no meu rosto — Não tenho chocolates para te dar, pois não quero te ver presa num banheiro. Nem garanto que irei estar ao seu lado pela manhã, já que costumo dormir até a tarde. Mas eu prometo te fazer sorrir, lhe apoiar, lhe acompanhar e tentar fazê-la feliz. Quero ser seu rei.
Minha boca ficou seca, e viera um vento que me fez ficar com frio por conta da água da piscina. Alec olhou para Sky, cuja não tirava os olhos de mim. Depois disso, Ben olhou para mim e logo em seguida para baixo. Sem dizer nada, desceu da beirada e foi para o fundo da fila. Taylor me empurrou para frente, e me obrigou a subir ao lado daquela perfeição em pessoa.
— Oi — a cumprimentei.
— Para com isso, Oliver, senão eu me apaixono — ela sussurrou para mim, com um sorriso no rosto e um ar brincalhão.
— Esse é o meu objetivo — sussurrei de volta, com o mesmo sorriso.
Embora tivesse parecido apenas como uma brincadeira, aquilo era tão real quanto o meu cabelo rosa de unicórnio.
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