Arco-íris
Eu acordei com frio, para ser sincero. Não estava com a mínima vontade de ir para a escola, mas eu não poderia faltar nem se eu não tivesse medo da morte. Quer dizer, não é que eu tivesse medo da morte, apenas tinha medo da morte que a minha mãe iria me proporcionar se soubesse que eu havia faltado a aula.
A pior versão da Mary Kennedy era, claramente, a silenciosa e quieta. Então seria suicídio desobedecê-la, nem que fosse uma simples regra ou pedido — como colocar o lixo para fora, por exemplo.
Eu queria muito não ir para a escola, mas eu tive que me levantar da cama e fazer a minha higiene pessoal. Meu celular tocou quando eu vestia a minha calça jeans, e contato "Sky Amor" estava na tela.
— Bom dia, flor-do-dia, dormiu bem? — ela perguntou assim que atendi o celular. Percebi que ela havia acabado de acordar, só pela sua voz de sono.
— Hm... Sim, e você? — segurei o celular pelo ombro, pressionando-o contra a minha orelha e continuei me vestindo.
— Também.
E silêncio.
— E então? O que houve? — eu quis saber, já que ela não havia dito mais nada depois daquilo.
— O quê?
Eu fechei o zíper da calça e segurei o celular com a minha mão. Caminhei até a janela e fiquei parado, contemplando a vista da rua calma e silenciosa. As pessoas pareciam nunca sair para correr ou para irem ao trabalho, era tudo tão deserto e ao mesmo tempo confortável. Num horário daqueles era pior, já que parecia uma rua abandonada. Se caísse um prato no chão da última casa da rua, com certeza eu escutaria dali.
Ou talvez estivesse tão silencioso porque minha mãe estava quieta.
— Você me ligou, Sky... O que houve? — tornei a perguntar.
— Nada. Eu só senti vontade de ouvir a sua voz, para ter certeza que ela será a primeira que escutarei neste dia — depois que ela falou aquilo, eu quase tombei para o lado, de emoção.
— A sua também é a primeira que escuto — falei, porque eu já havia ficado muito tempo em silêncio, parado e sem mover um músculo do corpo.
— Que bom. Ahn... O que você está fazendo agora?
Eu olhei para o meu corpo; eu só havia vestido a calça jeans.
— Me vestindo — contei.
— Tão cedo? Mas só são... Ah, meu Deus, eu estou atrasada! — e um barulho de algo caindo invadiu a ligação — Quando eu chegar na escola, eu falo com você! Tchau, Oliver! — ela parecia estar correndo.
— Tchau, Sky — eu ri, e encerrei a ligação.
Depois disso, eu vesti meu suéter branco e calcei o meu tênis branco com detalhes pretos. Quando terminei, arrumei o meu cabelo e ainda me assisti fazer palhaçadas na frente do espelho. Meu cabelo rosa já estava ficando meio desbotado, sem contar com a raiz preta que estava crescendo. Mesmo assim, eu ajeitei fio por fio e saí do quarto com a minha mochila.
— ... Está na geladeira — era a voz de minha mãe — Não, não pegue esse cereal, ele é de Oliver.
— Mas já está no final... — Simon também estava ali, e eu mordi o meu lábio antes de entrar na cozinha.
Eu não me preocupei muito com o fato de ele estar ali, nem com o fato de ter dormido na minha casa. A propósito, foi um alívio ver um cobertor e um travesseiro no sofá da sala. Talvez se eu não tivesse visto isso, com certeza entraria em desespero e daria o fora dali.
— Isso é meu, Simon — tirei a caixa de cereal da mão de Simon e a pousei na mesa.
— Bom dia, Oliver — ele me cumprimentou com um sorriso no rosto — Dormiu bem?
Não respondi, peguei uma tigela e tirei o leite da geladeira.
— Bom dia, mãe — a cumprimentei, depois beijei a sua bochecha.
— Oi... — ela falou baixinho.
Eu me sentei para comer o meu cereal. Minha mãe estava fazendo ovos mexidos e bacon. Simon fazia café e uma vitamina para mim (sendo que eu nem havia pedido). Acho que ele estava tão desesperado para que, talvez, eu gostasse dele, que nem percebia o quanto aquilo tudo era desnecessário. Tudo bem ele demonstrar preocupação em relação a mim, mas eu não pedi aquilo.
Alguém bateu à porta, eu senti um calafrio. Simon se dispôs para a abrir e descobrir quem estava atrapalhando-o na missão de conquistar Oliver Kennedy. Ele colocou o copo cheio de vitamina na minha frente e bagunçou o meu cabelo, antes de ir atender a porta. Eu bufei e afastei o copo de mim, continuando comendo o meu cereal.
— Oh... Olá, como posso te ajudar? — escutei Simon dizer.
— Eu quero falar um pouco com Oliver — Henry Dust respondeu, o que acordou a minha curiosidade.
— Ele está tomando café, agora. Daqui a pouco irá para a escola, talvez você possa falar com ele mais tarde. Como é mesmo o seu nome?
— Henry Dust. — respondeu, ríspido — Olha, cara, eu realmente preciso falar com Oliver...
— Sei disso, mas ele está ocupado e pode se atrasar. Outra vez, repito: você pode falar com ele mais tarde — Simon tornou dizer.
Minha mãe colocou um prato com ovos e bacon na minha frente, depois pegou a tigela já vazia da mesa.
— Mãe, eu vou falar com Henry — avisei.
— Sinceramente, eu não tenho paciência para você, Simon! — Henry falou, depois escutei passos na direção da cozinha.
Quando eu estava prestes a me levantar, Henry apareceu na cozinha. Simon o seguiu com passos apressados, e me apareceu com uma expressão de raiva.
— Sabia que você acabou de invadir uma casa? — Simon disse.
— Sim, e...? Por que fala isso como se eu tivesse cometido um crime? — Henry revirou os olhos.
— Okay, eu não pensei que viriam para cá com essa conversa — finalmente a minha mãe falou algo — Por favor, Henry, depois falamos sobre isso.
— Sobre o quê? — ele também estava confuso.
— Sobre tudo, Dust. — ela estava impaciente — É melhor você ir.
— Então deixa eu levar o garoto para a escola — Henry pediu, apontando para mim. Enquanto a confusão acontecia, eu aproveitei para comer os ovos e o bacon da minha mãe.
— Quem? Oliver? Sou eu quem irá levá-lo para a escola! — Simon apontou para o próprio peito.
Minha mãe desistiu da conversa, sentando-se na minha frente e começando a tomar o seu café. Coisa típica da Mary: quando está acontecendo uma briga a qual ela não está a fim de participar (o que realmente é raro), ela simplesmente finge não estar acontecendo nada e ainda cantarola. Naquele momento, ela estava cantando If You Leave Me Now.
— Qual o seu problema? Eu só vou levá-lo! Conheço-o há mais tempo do que você, aposto que Oliver quer ir comigo! Não é, Oliver? — Henry falou comigo.
— Como está o café, mãe? — perguntei para ela, evitando a todo custo aquela discussão.
— Está ótimo! Quer um pouco? — ela me ergueu a sua xícara. Eu sorri.
Acho que alguém esqueceu que está brava comigo, não é mesmo? Hehehe.
— Claro! — eu peguei a xícara e bebi um pouco — Uma delícia! Parabéns!
Algo típico meu: acompanhar a minha mãe em todas as suas atitudes, principalmente no social. Como dito, somos melhores amigos, então eu não poderia simplesmente abandonar a Mary e dar corda para os dois brigões. Aliás, eu nunca pensei que seria disputado!
— Mary, o que você acha? — Simon chamou a sua atenção — Ele quer levar Oliver para a escola.
— Hm? — ela fingiu estar distraída — Oliver vai de ônibus hoje.
Eu sorri.
— Vai? — Simon inclinou a cabeça para o lado.
— É, vou — peguei a minha mochila do chão e me levantei — Obrigado pela vitamina, Simon, mas eu estou cheio. Sinto muito. Tenham um bom dia. Tchau, mãe — a abracei antes de andar até a porta.
Quando saí, ainda escutei mais conversas pouco amigáveis de Simon e Henry, e o canto alto da minha mãe. Eu ri, ajeitei a alça da minha mochila e caminhei até o ponto de ônibus mais próximo.
✖️✖️✖️
Quando cheguei na escola, a primeira coisa que escutei fora os gritos histéricos de Cass dizendo "Daqui a dois dias será o meu aniversário!" Ele até havia me entregue um convite personalizado, completamente colorido e cheio de arco-íris e unicórnio.
— Cass, você está me convidando para a festa da sua priminha de sete anos, é? — perguntei, ainda analisando o convite.
— Não quer, não vai — ele me respondeu, depois de ter me dado a língua.
Eu fingi estar espantado.
— Calma, garoto, era brincadeira. A propósito, será de unicórnio? — eu não me cansava de provocá-lo.
— Acho que está bem óbvio, Kennedy — ele revirou os olhos, mas sorriu ao sentir Styles abraçá-lo de lado.
— O que está óbvio é que vai ser sobre cavalos, se avaliarmos pelas suas respostas — fiz uma careta e guardei o convite na minha mochila.
Quando ergui o meu olhar, vi Sky vindo na nossa direção e abri um sorriso. Fora automático, e acho que também foi para ela, já que sorriu de volta. Meu dia havia se iluminado.
— Bom dia, pessoal! — ela nos cumprimentou.
Todos nós respondemos de volta, com sorrisos e comentários calorosos. Sky estava com o cabelo preso num coque, provavelmente porque havia se atrasado para se arrumar. Ela provavelmente morava um pouco mais longe do colégio, o que explicava o atraso.
— Vão com roupas coloridas, por favor — disse Cassidy — Oliver, capriche. Você será a minha dupla.
— A sua o quê, Cassidy? — Styles afastou um pouco o braço ao redor dele e olhou-o nos olhos, intrigado.
— Eu vou ser um unicórnio, Oliver também será. Olha o cabelo dele! — Cassy fez o favor de ser o segundo do dia a bagunçar o meu cabelo — Ele é o Unicórnio Drogado. Lembram do dia da festa de Bob? Quando Oliver ficou bêbado e parecia estar drogado?
Todos riram, e até Styles aliviou a tensão do seu braço.
— Okay, vou ser o segundo unicórnio! — sorri para ele.
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A proximidade de Sky do meu corpo estava me impedindo de pensar direito. Ela estava tão linda... Eu senti que poderia me casar com ela naquele exato momento.
— Você gosta de praia, sim? — perguntei, enquanto ela grudava uma estrela de purpurina perto dos meus olhos.
— Unhum — ela concordou, sem perguntar o porquê da pergunta. Talvez estivesse muito empenhada naquilo.
Ótimo, pensei. Poderíamos nos casar na praia, durante o pôr-do-sol de um domingo. Ela estaria usando uma guirlanda de flores, estaríamos com os pés na areia e trocaríamos nossas alianças. O padrinho seria Henry, e eu não me cansaria de dizer "sim" para ela. Provavelmente eu iria ficar treinando como eu falaria o "sim", na noite anterior. Poderia sair como um grito entusiasmado. Não, ela iria pensar que sou louco. Ah, eu não tinha a mínima ideia de como iria dizer. Eu deveria treinar de verdade, e não na minha própria mente.
— Pronto — ela falou, sorrindo — Você está lindo! Eu poderia me casar com você nesse exato momento! — comentou, se afastando e arrumando a sua maleta de maquiagem.
Se meu coração estava acelerado? Claro que não...
— O que achou? — ela estava se referindo à própria maquiagem.
— Está incrível! Você é realmente boa com isso! Aliás, Sky, você é tão bonita que nem precisa usar maquiagem! — eu sorri ao dizer a verdade.
Sky me abraçou rapidamente.
— Você é um garoto incrível, Oliver. O garoto que o tiver ao seu lado, será muito sortudo! — aquilo me feriu, apesar de tudo.
Mesmo assim, eu sorri. Mesmo querendo que fosse ela a estar ao meu lado, mesmo querendo dizer toda a verdade e inclusive sobre o meu amor. Mas eu continuei sorrindo.
— Posso deixar as minhas coisas aqui? — ela pediu, e eu concordei com a cabeça.
Estávamos na minha casa, no meu quarto. Ela havia me pedido para nos arrumarmos lá, depois que voltássemos da escola. Com isso, passamos a tarde toda jogando Just Dance e só depois fomos nos arrumar. Minha mãe estava assistindo uma série no Netflix, dizendo que não queria nos atrapalhar. Quem dera se o que minha mãe estivesse pensando sobre nós, fosse real...
— Tudo bem, vamos tirar uma foto para recordação! — ela tirou o celular da bolsa.
Em falar em bolsa, sendo um ícone da moda, eu me lembrei do que não poderia esquecer de jeito nenhum: contemplar mais uma vez a roupa de Sky. Ela usava o mesmo Converse que eu: as cores do arco-íris, como na bandeira LGBT. A diferença era que o dela era branco, e acima havia as cores e abaixo, elas pareciam estar descendo, derramando; parecia aquarela. Já o meu, as cores preenchiam todo o tênis, em cores vívidas e alegres. Porém, o solado de ambos eram com as cores da bandeira, como sinal de orgulho. Aquela era a minha coleção favorita do All Star, no clássico Chuck Taylor.
Deixando o tênis de lado, pude perceber o quão bonito era aquele vestido dela. Do mesmo estilo, também similar num aquarela nas cores e com branco como cor de fundo. Ela usava algumas pulseiras coloridas, além de estar com uma bandeira LGBT amarrada no pescoço, como se fosse uma capa de super-heroi ou algo do tipo.
Depois de tirar algumas fotos no celular da Sky, nós descemos as escadas até chegarmos na sala. Minha mãe realmente estava assistindo um episódio de uma série, e sorriu quando nos viu aproximar.
— Vocês estão lindos! — ela gritou, saltando do sofá — Venham, venham! Deixe-me tirar algumas fotos, sim? — ela agarrou a sua câmera polaroid que estava esperando pacientemente em cima da mesinha de centro.
Parecia mais uma sessão de fotos, mas finalmente acabou. Nos despedimos da minha mãe e saímos da casa. Eu havia passado um pouco de vergonha, já que minha mãe ficou animada em saber que eu estava ficando tão próximo da Sky. Afinal de contas, ela era uma garota muito bonita e divertida.
— Provavelmente não vai ter bebida alcoólica. A mãe de Cass não gosta muito dessas coisas, ainda mais no aniversário dele de dezessete anos — Sky estava me dizendo — Mas se quiser beber, o tio dele, Matt, vai estar nos fundos contrabandeando alguma bebida alcoólica numa caixa térmica azul.
— Sério? Mas... Você vai beber? — perguntei, acompanhando os seus passos rápidos até o ponto de ônibus. Eu queria segurar a sua mão.
— Acho que não. — fora a sua resposta — Vou me contentar com refrigerante. E eu vou te proibir de beber, Olie.
Toda vez que ela me chamava de Olie, eu simplesmente sorria. Por mais triste que eu estivesse ou desmotivado, era só Sky me chamar pelo meu apelido que eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo.
— Olha só... Sky Blank se revelando como minha mãe... — brinquei, e recebi um soco fraco no braço.
Ela riu e ficou me observando, depois ficou séria de repente.
— Há quanto tempo você percebeu que é gay, Oliver? — conversas como aquelas me deixavam incomodado.
— Há meses. Acho que está perto de completar um ano — eu falei, depois suspirei.
Ela não tentou mais nenhuma conversa, e nem eu. Quando chegamos no ponto, não demorou para o nosso ônibus chegar. Ela apoiou a cabeça no meu ombro durante o caminho, e eu segurei a sua mão e lhe fiz carinho. Ela era a minha garota favorita, e eu queria muito ser o seu garoto favorito. Nem que fosse apenas o seu melhor amigo, eu estaria com ela e a faria sorrir todos os dias.
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Havia uma placa colorida na frente da casa dele, escrito "Bem-vindo (a) ao Reino do Arco-íris!" Eu sorri com aquilo, e podia escutar uma música alta. Quando batemos à porta, ela fora logo aberta e fomos puxados para dentro. Eu fiquei encantado.
Tudo ali era mágico, para ser honesto. A iluminação era em néon, totalmente colorida. Perto da escada, estava amarelo, já perto da cozinha estava roxo e o lugar onde ficava a televisão estava vermelho e assim por diante. Era uma casa realmente grande e espaçosa, e tinha pessoas para todos os lados. Elas estava com copos cheios de bebidas coloridas, mas não eram daquelas dos filmes ou séries de TV — a qual o personagem bebe apenas um copo e perde totalmente a cabeça, fazendo loucuras e esquecendo o próprio nome. Um garoto passara ao meu lado com um copo, e nada mais era que um refrigerante colorido. Sei disso porque eu conseguia ver claramente o gás ali.
— Estou surpreendida — Sky falou ao meu lado.
— Nunca fiquei tão chocado! — comentei.
— Aceitam? — um homem apareceu na minha frente, com uma bandeja repleta de copos cheios de refrigerante.
Eu peguei um, Sky também. O dela era vermelho e o meu roxo, então brindamos e bebemos.
— É limão! — falamos em uníssono, o que nos fez rir segundos depois.
— Onde estão os garotos? — Sky mostrou-se preocupada e curiosa.
— Taylor com certeza deve estar com o tio que dá bebida escondido — falei, depois de dar um longo gole no meu refrigerante.
— Boa observação, Olie. Toca aqui! — fizemos um high five.
Quando estávamos prestes a ir até os fundos, sentimos uma mão em nossos ombros; eu gelei.
— Aonde estão indo? — era Cassidy, reconheci pela voz.
Eu sorri de alívio, pois nunca era bom sinal quando uma mão toca, do nada, o seu ombro enquanto você está de costas. A propósito, estava na hora de eu dar uma pausa nos filmes de Hollywood, pelo bem da minha sanidade.
Sky e eu nos viramos na mesma hora, e nos surpreendemos com o que vimos. Eu tive um sobressalto, meu coração veio à boca e depois voltou. Se alguém me contasse, me descrevesse tudo, exatamente tudo, o que eu havia visto naquele momento, com certeza eu iria apontar o meu indicador de chamá-lo de mentiroso. Mas eu estava vendo, estava bem na minha frente, eu não podia simplesmente "desver" ou dizer que era irreal. Eu não estava bêbado e nem era usuário de drogas, então não tinha como eu estar delirando ou vendo coisas.
— Gostaram? Toma, Oliver, isso me dá agonia na cabeça — Cass colocou na minha cabeça a sua coroa dourada, a qual antes estava na sua.
Em falar em cabeça, eu não conseguia desviar os olhos dos cabelos de Cassidy. Segurei firme o meu copo e bebi todo o líquido, sem nem parar para respirar ou hesitar. Mas aquela imagem não sumiu.
— Se lembra quando pintei o seu cabelo e disse que estava testando a tinta? Era por isso — contou, ainda sorrindo e tentando fazer com que nós falássemos alguma coisa.
— Uau... — pelo menos Sky falou algo, eu continuei calado.
Mas como eu não poderia ficar surpreso? Cassidy estava com um arco-íris na cabeça e dizendo se tratar do seu cabelo. Estava simplesmente fenomenal! Eu sorri e o rodeei, analisando foi por fio. Eles iam de roxo para rosa, também tinha um pouco de verde e azul e, principalmente, um tom muito bonito de turquesa. Era um cabelo arco-íris, com diversas cores e que enalteciam muito mais a sua beleza. No sentido figurado, eu estava no chão. Porque, no literal, eu não conseguia desviar os olhos.
— Está incrível! — exclamei, e ele sorriu mais ainda.
— Obrigado! E não se preocupem, já me acostumei com essa reação. Os garotos estão na cozinha, vocês vêm? — ele começou a caminhar naquela direção e nós o seguimos. — Tem marshmellow de montão! Me sinto uma criança feliz! — ele ia contando — Sky, você está muito linda! Vocês dois estão perfeitos! Obrigado, Oliver, por estar todo colorido e por ser a minha dupla de unicórnio!
— De nada. Mas você está roubando a cena... — comentei.
— Claro, eu sou o aniversariante! — ele deu de ombros, com um sorriso provocante no rosto. Eu ri.
Eu ajeitei a minha coroa na cabeça, e então entramos na cozinha. Era o caos mais bonito e colorido que eu havia visto. As comidas eram todas encaixadas no tema da festa, e até tinha um cupcake com um desenho de um unicórnio em cima. Eu queria comer, e pelo visto Alec já havia feito aquilo, já que tinha os restos mortais de um nas mãos e os lábios melados.
— Olha só quem chegou! — anunciou Cass.
— Sky e Oliver! Entrem! — Zach gritou, vindo na nossa direção.
O único que não estava ali era Taylor, então ele realmente estava onde eu havia pensado que estaria. Eu poderia começar a apostar na loteria, talvez eu fosse bom em adivinhar coisas.
— Ah, antes de tudo, saibam: eu sou o unicórnio sóbrio! — contou Cass, e eu apenas ergui uma sobrancelha e olhei para ele.
— Oliver vai sentir ciúmes por estar dividindo o nome "unicórnio" com outra pessoa! — Ben disse, vindo na minha direção e sacudindo-me pelos ombros.
— Aliás, Oliver, meu tio Matt está lá fora, caso queira alguma coisa mais forte para beber — Cass brincou comigo, então eu apenas revirei os olhos.
— Há-há-há — fingi uma risada, a qual arrancou gargalhadas verdadeiras de todos, já que fora bem mal executada.
Até eu mesmo ri, mas foi de felicidade.
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