🍀 02

Não sei que horas são, e nem a quanto tempo estou jogada em minha cama. Minhas roupas que deveriam estar molhadas já estão meio secas, o que significa que estou aqui a horas. Meu celular já tocou várias vezes, mas não o toquei em nenhum minuto. Meus olhos ardem e piscar dói. Sinto sono, mas não consigo dormir pois toda vez em que eu fecho os olhos eu lembro daquele vídeo, ou do Jun.

Queria que tudo isso fosse apenas um pesadelo. Ou que eu nunca tivesse conhecido o Jun e os meninos, assim eu não estaria na situação na qual estou. Sinto sede, minha garganta arde pedindo água, e mesmo com meu corpo querendo ficar deitado me levanto. Ao andar até a cozinha devagar e cambaleando com os pés descalço no chão frio, percebo que já é de noite.  Ao chegar na cozinha acendo a luz e me arrependo no mesmo instante, o meu rosto inchado reflete no vidro do armário e percebo o quão acabada estou. Pego um copo na pia e pego a jarra d'água da geladeira enchendo o copo.

Por um segundo, lembro de quando Jun vinha para a cozinha e me abraçava por trás de surpresa. Com a lembrança, derramo a água na pia e me viro jogando o copo com toda força na parede, e assim faço com os outros copos e pratos que estão na minha frente. E a cada objeto quebrado, sinto minha raiva indo embora. A jarra na qual ganhei dele também a empurro para o chão onde ela quebra em pedacinhos.

Quando percebo o que acabei de quebrar, me arrependo e corro em direção aos cacos da jarra, e no caminho acabo pisando em outros pedaços de vidro. Me ajoelho sentindo meus olhos transbordarem. Eu sou burra por me arrepender de ter quebrado essa estúpida jarra, e por ainda estar chorando por ele.

Me segurando no balcão, me levanto sentindo o pé arder, ao dar um passo escorrego na água e antes que eu possa segurar com mais força no balcão, acabo caindo de costas no chão batendo minha cabeça. Sinto uma dor insuportável no pé da cabeça e sinto uma grande vontade de dormir, e fecho os meus olhos.

°

Acordo com o som estridente da campainha em meu ouvido. Abro os olhos devagar e encaro o teto da cozinha. o som da campainha não para, a pessoa ainda continua insistente. Com certa dificuldade me levanto, despertando a dor em meu pé e em meu corpo, mesmo assim caminho até a sala abrindo a porta.

— Srta. Lopez, viemos confiscar seus aparelhos para a investigação. — diz o Sr. Jung entrando em meu apartamento acompanhado de mais dois caras que estão com caixas na mão.

— Eles estão no quarto. — aponto na direção que eles precisam ir.

Se eu quero provar que estou certa, preciso colaborar na investigação.

Os três caminham para o meu quarto e assim que eu me viro para fechar a porta, dou de cara com Jun.

— O que está fazendo aqui? — respondo grossa.

— Temos que conversar.

— De novo? Pensei que já tivesse me falado coisas o suficiente.

— S/n é sério. — ele entra no meu apartamento como se eu tivesse permitido.

— Eu também estou falando sério Park Junhee. É melhor você ir embora.

— Não enquanto eu não conversar com você.

— Já pegamos tudo. — o Sr. Jung diz voltando na sala junto com os outros três homens. — Aqui está o mandato de busca das suas coisas, e aqui também está sobre o que pegamos.

Ele me entrega o papel, e leio.

Computador/Notebook
Celular
Câmera fotográfica

— Devolvemos o seu celular e as suas coisas assim que possível.

Eles então saem deixando eu e Jun sozinhos. Ele fecha a porta e em seguida me encara.

— Não falei para ir embora? — digo novamente.

— Já não respondi que só vou embora quando você me ouvir?

Dou as costas para ele e caminho em direção ao sofá. Sinto minha vista ficar embaçada e em seguida minhas pernas fraquejam

— S/N o que é isso em seu corpo? — ele pergunta e eu me viro.

— Isso o que? — pergunto me sentindo tonta.

— Você está com um machucado na cabeça. — ele se aproxima preocupado e me vira observando algo atrás de mim. — Você bateu ou se machucou em algum lugar?

— Ahm? — murmuro e em seguida desabo.

Antes de cair sinto seus braços me segurarem, o que me faz lembrar de quantas vezes já fiquei em seus braços. Ótimo, melhor hora para eu lembrar disso.

— S/n me fala o que aconteceu? — Jun me pergunta várias vezes, mas tudo o que eu escuto é ele dizendo lá no fundo.

°

Novamente desperto em um lugar diferente que não é o meu quarto. Antes de abrir meus olhos, sinto uma mão quente e macia segurando a minha. E ao abrir os meus olhos descubro ser a mão do Jun. Desperto pensando que tudo seja um sonho, mas ai vejo que eu estou em um quarto de hospital.

Com o meu despertar, Jun percebe que eu acordei e me olha.

— Que bom que você acordou. — ele diz tirando a mão dele da minha e se levanta sem jeito. — Vou chamar o médico.

Ele se vira e antes que ele saia do quarto pergunto.

— Por que você está aqui? — falo mais baixo do que eu queria, mas ele escutou já que se virou em minha direção.

— É culpa minha você estar aqui.

Encaro os seus olhos e percebo que a apenas arrependimento.

— Não é. A culpa é minha. Você poderia apenas me deixar aqui e ir embora, não precisa fingir que se importa.

— Mas eu me importo.

Ele se vira novamente e caminha até a porta.

  — O que te fez mudar de ideia? Se você está aqui é porque mudou de ideia, não só porquê se importa.

Espero ele dizer algo, explicar, pedir desculpas ou algo do tipo, mas não, ele preferiu não responder.

— Vou chamar o médico. — ele diz e em seguida sai do quarto fechando a porta me deixando sozinha.

Suspiro frustada e me sento na cama. Por quê? Por que ele ficou se ainda não acredita em mim? Por que fingir se importar sabendo que isso só vai me machucar mais?

Tomo uma decisão e tiro a única agulha do meu braço. Levanto da cama jogando os lençóis para os lados. Olho para o meu corpo e vejo que estou com a roupa do hospital, procuro as minhas e as encontro em um plástico em cima da mesa ao lado da cama. Seguro o plástico contra o meu peito e com os pés descalço caminho saindo do quarto. Caminho em passos rápidos pelos corredores a procura da saída. As pessoas no caminho me olham como se eu fosse uma doida, talvez eu seja.

Antes de sair do hospital, resolvo trocar de roupa já que terei que passar pela recepção, e eles não iriam deixar um paciente do hospital sair.

Entro no banheiro feminino que por sorte está vazio, e entro dentro de uma das cabines trocando de roupa. A única coisa que eu não tenho aqui é o meu sapato, e espero que ninguém repare nisso. Saio da cabine indo até a pia vendo o meu rosto. Meu cabelo está um desastre, a algo grudado em meu cabelo que com certeza deve ser sangue. Ele está embaraçado e meu coro cabeludo também dói, o que piora a situação toda. Então dou um jeito arrumando o cabelo em um coque, mesmo bagunçado dá para o gasto.

Lavo meu rosto para ver se melhora um pouco minha cara, mas como essa água não é milagrosa não mudou muito. Tiro o curativo de meu pé jogando ele no lixo, agora fica mais fácil para caminhar.

Saio do banheiro deixando as roupas do hospital para trás, e sigo finalmente em direção a saída. Passo pela a recepção normalmente e ninguém me para, mas assim que eu passo pelas portas vejo uma movimentação grande, e olho para trás vendo os guardas correndo pelo o corredor em direção a saída. Não preciso ser muito inteligente para saber que Park não me encontrou em meu quarto.

Com o minha carteira no bolso do sobretudo, corro para a rua a procura de um táxi. Olho para todos os lados da rua, e não encontro nenhum táxi. Quando eu já estava pensando em sair correndo mesmo, um carro para na minha frente.

— Entra. — pede Donghun e sem pensar duas vezes entro no carro.

Assim que coloco o cinto de segurança, ele da partida. Não falo nada, e ele também não. O celular dele começa a tocar, e vejo o nome do Jun na tela. Donghun continuou a dirigir deixando o celular tocar, quando eu pensei que ele iria deixar o celular continuando a tocar ele atende.

— S/n sumiu. — Jun diz rapidamente desesperado. — Ela fugiu para fora do hospital e não conseguimos a encontrar depois.

Donghun olha para mim e em seguida suspira.

— Ela está comigo. — responde sério.

— Ah... está bem então. Vai trazer ela de volta para o hospital?

Donghun não responde, apenas olha para mim esperando que eu diga algo. Em resposta balanço a cabeça negando.

— Não, ela não quer ir. — ele responde para Jun.

— Mas ela tem que vir, o médico nem deu alta para ela ainda...

— Jun, ela não quer ir então não a levarei. Não precisa se preocupar, eu cuido dela. Qualquer coisa eu te aviso.

— Mas... — Donghun desliga o telefone na cara dele.

— Obrigada. — agradeço virando o meu rosto para a janela observando as ruas.

— Não me agradeça depois de tudo o que fizemos. Não acreditamos em você, e no fim  fizemos você parar no hospital.

— Não, a culpa não é de vocês e sim minha.

Fecho os olhos me lembrando de quando encontrei eles na empresa, e nenhum deles olharam ou tiveram coragem de encarar meus olhos.

— Não é culpa sua. Nós não acreditamos em você e nem em suas palavras, eu sinto muito por isso.

Não respondo, não quero começar uma discussão novamente. Não quero abrir essa ferida mais do que ela já está aberta.

— Vou te levar para casa.

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