🍀 01

07:30 da manhã, Seul, Coreia do Sul

Aqui é o Jun, se for urgente deixe o seu recado, se não, tenha um bom dia"

Desligo o celular assim que o apito para deixar o recado toca. Já é a décima vez que eu estou ligando para ele e só cai na caixa postal. Desde ontem ele não atende as minhas ligações e nem responde as minhas mensagens. Donghun me falou que após chegar da nossa viagem Jun passou o dia inteiro no dormitório descansando, só não esperava que ele não fosse nem responder pelo menos as minhas ligações, já que foi ele quem pediu para eu ligar ou mandar mensagem quando chegassem casa.

Indignada e chateada, jogo o celular em cima da cama e vou para a cozinha fazer um pouco de chá para logo depois ir para o trabalho. Um dos motivos de eu amar o meu trabalho é que eu posso trabalhar de casa e de eu sempre ter que viajar ao redor do mundo por causa dele. Trabalhar com fotografia nunca foi o meu sonho quando criança, quando criança o meu sonho sempre foi ser artista plástica, mas ao crescer descobri que eu odeio desenhar além de que eu nem sei desenhar. Ter me inscrevido em um curso de fotografia foi uma das melhores coisas que eu poderia ter feito, assim como ter conhecido Jun e os meninos.

Após preparar o chá, vou para o meu quarto me sentando em minha cadeira em frente a minha mesa de trabalho onde está o meu notebook e minha câmera. Enquanto o meu notebook vai ligando e o chá vai esfriando aos poucos, ligo minha câmera olhando as fotos da viagem que eu e o Jun fizemos. Boa parte das fotos era da paisagem, enquanto os outros eram fotos que eu tirei do Jun quando ele ficava distraído. Sorri ao passar cada foto e de lembrar cada momento em que passamos juntos, e por breve segundos esqueci de que tenho trabalho para fazer.

Assim que o notebook ligou, entro em meus e-mails a procura de algo importante, mas o que eu encontro é algo pior do que eu esperava. Na caixa de entrada, entre cinco novos e-mails não lidos encontro um da BEAT INTERACTIVE, o que me deixou surpresa. Antes de eu poder clicar no e-mail para saber sobre o que se trata, meu celular em cima da cama começa a tocar, pensando que poderia ser o Jun me levanto correndo indo atender.

— Jun? — pergunto assim que atendo sem olhar quem é.

— Não, aqui é o Donghun. Sei que você esperava que fosse o Jun, me desculpe se te deixei tão chateada. — ele diz sério.

— Não estou chateada, só estou impaciente. Dong a BEAT me mandou um email...

— Sim eu sei, foi por isso que eu te liguei.

Por um momento pensei nas milhares de coisas que poderia estar escrito naquele e-mail, e uma das piores ideias e de eles terem descobrido sobre o Jun e eu, não que isso fosse ruim, mas tenho medo de que eles não gostem disso e o Jun acabe sendo prejudicado.

— O que aconteceu? — pergunto com a voz tremula e sento na cama.

  — É melhor você vir aqui na BEAT, não posso falar pelo celular.

Donghun desliga o celular e por alguns minutos ainda permaneço com o celular no ouvido. Sinto um aperto no peito e tiro o celular do ouvido ligando para o Jun novamente.

O telefone chama, mas novamente nada dele atender.

“Aqui é o Jun, se for urgente deixe o seu recado, se não, tenha um bom dia”

  — Jun, não sei o que está acontecendo. Primeiro você não quer falar comigo e agora a BEAT me mandou um email, eu ainda não vi o que é mas pelo jeito você já deve saber o que é. Assim que ver essa mensagem me liga. — desligo a chamada torcendo para que ele visse esse correio de voz.

Largo o celular em cima da cama e vou até minha mesa abaixando a tela do notebook. Não quero olhar aquele email, não agora. Pego minha toalha e vou para o meu banheiro tomando um banho rápido e em seguida volto para o quarto procurando uma roupa.

Lá fora está frio, e as nuvens no céu carregada de água significa que vai chover a qualquer momento. Optei por vestir uma uma calça jeans, uma camiseta e por cima um sobretudo. Arrumei meu cabelo deixando ele em um rabo de cavalo.

O chá em cima da mesinha já está frio, e a agonia que eu estou sentindo no estômago agora não me deixa tomar o chá ou qualquer outra coisa. Com o estômago vazio, pego o meu celular e minha bolsa. Antes de sair do meu apartamento recebo uma mensagem do Donghun avisando que pediram para um carro vir me buscar, e que o mesmo estaria já me esperando em frente ao prédio.

Respiro fundo e saio do apartamento indo em direção ao elevador. Enquanto esperava o elevador descer, aproveitei para dar uma olhada nas mensagens que eu mandei para o Jun e ele não me respondeu. Assim que as portas se abrem, passo pela a portaria e sigo para fora do prédio encontrando o carro que Dong falou que estaria me esperando.

— Bom dia Senhorita. — a motorista do carro me cumprimenta e eu faço o mesmo de volta.

Durante o trajeto do meu apartamento até a Beat, eu fiquei quieta assim como a motorista. Minhas mãos estão suando e em todo momento eu passo a mão na minha roupa, a dor no estômago se intensifica mais quando chegamos na empresa, e eles liberam a entrada do carro.

Após estacionar em uma das vagas, abro a porta do carro agradecendo a mulher.

— Senhorita Lopez. — escuto uma voz de um homem me chamar atrás de mim.

Eu me viro e encaro o homem de cabelos grisalhos de terno que me olha sério. Bom, pelo jeito agora eles sabem o meu nome também.

— Por favor, me siga. — ele diz se virando e eu sigo atrás dele.

°

Não sei a quanto tempo estou esperando aqui, só sei que aquele homem que apareceu no estacionamento me levou até essa sala, que parece ser de reuniões por conta da grande mesa e de ter tantas cadeiras. As paredes de vidro permitia eu ver quem passava pelo corredor, e nenhuma delas que passavam por lá me olhando com olhares curiosos era quem eu queria ver.

O homem disse que logo voltaria, e isso foi a dez minutos atrás. Meu celular está guardado no bolso do sobretudo, cansei de ficar olhando para ele esperando a bendita da mensagem do Jun ou de qualquer outra pessoa.

Conversas no corredor chamam a minha atenção por eu reconhecer os donos das vozes. O primeiro que aparece em meu campo de visão e Jun, com seus cabelos castanhos que eu tanto amo arrumados e vestido em um terno que o deixava o super gato. Olho para o seu rosto e o vejo o quão cansado está como se não dormisse. Atrás dele, está Donghun com uma expressão séria, e junto com ele está Sehyoon, Bk e Chan, assim como o Dong estão sérios e vestidos de terno.

Nenhum deles olharam para dentro dessa sala, não sei se sabem que eu estou aqui ou não. O primeiro ao ver que eu estou na sala e Jun, que ao invés de sorrir ou ficar feliz como sempre fica ao me ver, fica com um semblante de tristeza. Ele é quem abre a porta de vidro fazendo com que os outros quatros entrem primeiro que ele.

— Junie... — falo baixo me levantando da cadeira. — O que está acontecendo?

Os quatros sentam na cadeira a minha frente, enquanto Jun fica atrás deles cabisbaixo.

— Está fazendo de desentendida agora? Pensei que você soubesse o que estivesse acontecendo. — responde ele frio me encarando.

— Eu realmente não sei o que está acontecendo. — falo tentando se aproximar do mesmo.

— É melhor você ficar desse lado. — ele pede parando de me olhar. — Se você ainda vai ficar com esse joguinho de desentendida, logo iremos refrescar a sua memória.

Não estou entendendo o que está acontecendo. E pelo jeito aconteceu algo que deixou Jun chateado comigo.

— Não estou me fazendo de desentendida. Eu recebi um e-mail da Beat e Donghun me ligou dizendo que eu precisava vir aqui. — olho para Donghun que está olhando para um ponto físico distante da sala. — Desde que cheguei de viagem, você não respondeu nenhuma das minhas ligações ou mensagens, como você quer que eu saiba de algo?

— Como você quer que eu te responda depois do que você fez? — ele gargalha sem graça alguma. — Você...

— Jun, pare. — diz Sehyoon interrompendo. — Você sabe que temos que esperar o senhor Jung chegar primeiro.

Jun apenas assente.

O que está acontecendo todos eles sabem, principalmente Donghun que disse que não poderia contar para mim por telefone. O que me machuca é que eles acham que eu fiz algo e estão chateados e bravos comigo por conta disso.

— Donghun, você disse que não podia falar por celular, mas você pode me dizer o que está acontecendo agora? — pergunto na esperança de que pelo menos ele dissesse algo.

— Eu...

— Já que estão todos aqui, podemos começar. — o mesmo homem de antes diz entrando na sala sendo acompanhado por uma mulher.  — Sr. Park peço que se sente assim como a Srta. Lopez.

Jun sem pensar duas vezes senta ao lado dos garotos na mesa, já eu retorno a minha cadeira ainda confusa. Minha cabeça começa a latejar como se já soubesse o que vem a seguir. O homem que deve ser o tal Sr. Jung, senta na ponta da mesa e a mulher abre uma pasta na frente dele em cima da mesa.

— Na tarde de ontem, recebemos essas imagens por uma pessoa anônima. — ele me entrega as fotos. — No começo pensei que fosse alguma montagem ou brincadeira, mas depois o que foi postado no Instagram ontem a noite nossas dúvidas foram respondidas.

Pego as fotos e passo uma por um vendo fotos minha do Jun no hotel em que ficamos hospedados durante nossa viagem. As primeiras fotos era de nós dois rindo de mãos dadas enquanto andávamos pelas ruas, e as outras eram no hotel. Então é isso, eu estava certa sobre eles terem descobrido sobre nós.

— Então é por isso que você está bravo comigo? Eu não entendo. — não precisei nem citar nomes para ele saber que me referia a Jun.

— Não foi apenas isso. — O Sr. Jung me passa um tablet onde há um vídeo.

Dou o play e o vídeo começa a rodar. Imagens de mim e Jun juntos no quarto começa a passar, momentos íntimos de nós dois foram gravados e ainda postados no Instagram. Só de imaginar o quanto de pessoas podem ter visualizado e visto isso de nós dois me dá vergonha e me deixa enojada. Me sinto exposta. Isso é como se fosse aquele pesadelo de que tinhamos de ir para a escola pelados multiplicado por cem.

— Quem postou isso? Já apagaram? — pergunto entregando o tablet para o Sr. Jung de volta como se isso fosse algo contagioso.

— Me diga você, já que foi você quem apagou. — responde Jun grosso. — Chega desse teatrinho.

— Você postou esse vídeo ontem a noite em seu instagram S/n — diz Chan e pela a sua voz percebi que a mágoa.

— Mas como assim eu? Eu não postei isso, e nem gravei isso...

— Aqui a print de seu Instagram. — o Sr. Jung me passa uma folha com a captura de tela do meu instagram e o vídeo abaixo.

O Sr. Jung continuou a falar, mas não ouvia nada do que ele disse, meu pensamento só estava naquele vídeo. Não foi eu que postei, o que eu ganharia ainda mais gravando algo tão íntimo nosso sabendo que se caísse na internet seria uma desgraça para nós dois, ainda mais para mim.

— ... o que comprova que você e o Sr. Park estavam juntos. Além do mais, mesmo apagado vários sites de fofocas falam apenas sobre isso.

— Eu não fiz isso. — falo baixo de mais do que deveria. — Não fui eu. — repito alto.

— Como assim? — pergunta Byeongkwan.

— Isso não foi eu. — repito novamente olhando para Jun e o Sr. Jung.

— As fotos podem ter sido de um paparazzi, mas como você explica uma gravação íntima de nós dois ser postada em seu instagram? E também você pode ter muito bem falado para os paparazzis onde estaríamos. — fala Jun.

Ouvir isso vindo dele é como se fosse um soco no estômago. Ouvir acusações de quem você ama é horrível, ainda mais de alguém que você confiava muito e pensava que te conhecia bem.

— Mas eu nem entrei no Instagram. Eu te falei que estava com problemas de acessar a minha conta.

— Pensei que conhecia você bem. — cospe Jun.

— Eu é que pensei que conhecia você bem! — me levanto da cadeira. — Por que eu faria isso? O que eu ganharia com isso Jun? Me diga!

— Não sei fama?

— Se você me conhecesse de verdade saberia que tudo o que eu menos quero é isso.

— Você é a única pessoa que eu conheço que chegou do nada em minha vida, como eu fui estúpido em acreditar em você.

Eu ri com desdém.

— Sério? Você também apareceu do nada na minha vida, não apenas eu. Estúpida foi eu em pensar que você iria acreditar em mim. Não pensei que vocês seriam tão tolos de não perceber que isso tudo é uma emboscada?

Todos ficam quietos, e eu balanço a cabeça em negação.

— Srta. Lopez, aqui está os papéis no qual a senhorita precisa assinar. — O Sr. Jung empurra um papel e uma caneta sobre a mesa.

Pego o papel lendo por cima, e vejo que se trata sobre a imagem de Jun ter sido postada sem seu consentimento no meu instagram, como se a culpa disse fosse minha.

— Não assinarei e nem pagarei nada pelo o que eu não fiz. — entrego a caneta e o papel de volta para ele. — Já que eu não tenho nada o que fazer aqui, vou embora.

De queixo erguido saio da sala e continuo andando até sair da empresa como se nada tivesse acontecido, enquanto isso sinto meu coração se quebrar em milhares de pedaços. Assim que piso os meus pés na calçada, sinto vontade de chorar e a dor de cabeça só piora.

Sem olhar para trás eu corro, corro até sentir meu peito queimar e as minhas pernas doerem. Posso sentir essa dor, mais ela não é comparada com a dor que estou sentindo dentro de meu peito. Para melhorar, gotas de chuva começam a cair junto com as minhas lágrimas, limpando o meu rosto levando as minhas lágrimas embora, eu queria que a chuva fizessem o mesmo com a minha dor.

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