Capítulo 37
Meus olhos pinicaram, e o nó em minha garganta se tornou dolorido. Fazia 4 anos que eu não a via, e ali estava ela, sorridente e aparentemente bem.
Minha "mãe"
Meu primeiro pensamento foi levantar, caminhar até a mulher elegante e dizer-lhe umas boas verdades. Mas eu havia prometido ao Caio que não me sentiria mais afetada em pensar nela, ou no nosso pai. Mas como poderia não me sentir afetada? Ela está aqui, bem na minha frente!
O olhar de Thomas seguiu o meu, e sua expressão estava muito próxima da minha. Obviamente ele não a conhecia, mas eu já havia lhe mostrado algumas fotos antes de queimar todas.
— Puta que pariu! — ele me olhou, e depois ergueu a mão — Moço!
Ele chamou o garçom, e eu me encolhi na cadeira. Mônica nos olhava sem entender, mas segurou minha mão por baixo da mesa, e só aí notei que tremia. Será que estava tendo um ataque do Pânico?
Peguei minha bolsa sobre a mesa, e desejei com todas as forças que Caio estivesse aqui, ele saberia o que fazer. Ele sempre sabe, por mais que eu não vá dizer isso em sua frente, isso elevaria ainda mais seu ego já enorme.
Quando meus olhos se voltaram à recepção novamente, os olhos tão semelhantes aos meus me encaravam. Emy, a mulher que me deu a vida, e que por durante 20 anos sempre esteve ao meu lado, parecia não acreditar no que seus olhos viam.
Eu tive a mesma reação, querida mãezinha.
Um homem alto, e com cabelos já grisalhos e uma barba da mesma forma, tocou seu ombro. Ele era extremamente bonito, o típico homem já maduro que com certeza arranca suspiros de muitas mulheres por aí, porém foi seu olhar sobre Emy que causou uma dor em minha espinha. Eles pareciam íntimos demais.
— Corine — Tom tocou minha mão sobre a mesa, parecendo preocupado com a minha reação, como se eu pudesse quebrar a qualquer minuto — Vamos embora — ele sorriu, querendo me passar confiança.
Apenas assenti, incapaz de dizer qualquer coisa, porém minhas pernas não pareciam querer obedecer a ordem de ir embora. Deus, eu nunca havia me sentido tão chorona e frágil.
Coloquei minha bolsa sobre o ombro, o único local de saída seria pela recepção, e não, eu não iria nem chegar perto dessa mulher.
— Acho que o Magnus não vai se importar se sairmos pelas portas do fundo — comentei com Tom e Mônica, ela apenas assentiu, enquanto ele parecia querer arregaçar com a cara da Emy.
Eu esperava realmente que ele não se importasse, ou me fizesse perguntas.
Mas não parece que Emy compartilhava do mesmo pensamento de se manter longe. Pois assim que dei meus primeiros dois passos, ouvi sua voz, e por Deus, nem isso havia mudado.
— Filha! — fechei meus olhos, os abrindo para encará-la.
— Corine! — meu tom saiu mais como um rosnado de animal ferido, e isso me fez corrigir minha postura.
Deixe para sofrer em casa.
— Desculpe, mas já estávamos de saída! — Tom não fez nem questão de ser educado, apenas agarrou a mão de Mônica, e meu braço, nos puxando. Porém meu antebraço foi agarrado por uma mão quente e pequena.
— Por favor, me deixe falar com você — os olhos escuros pareciam desesperados, e olhei para o homem atrás dela. Ele não pareceu nem um pouco surpreso pela mulher estar querendo falar comigo. Como se já soubesse quem eu era.
— Ela não tem nada para falar com você! Nos der licença! — Thomas a afastou de mim sem a menor delicadeza.
Eu me sentia pequena demais diante da situação, por que agora? Porquê ela tinha que aparecer justo agora? As coisas estavam tão bem.
— Eu tenho o direito de falar com ela, ela é minha filha! — parece que sua pose de mulher elegante havia ido para o espaço, pois seu tom de voz se alterou, chamando a atenção das pessoas no restaurante.
— Emy, por favor, se controle vida minha — o homem a abraçou e eu nunca senti tanta vontade de desaparecer.
Vida minha...
— Sua filha, meu pau! Você e o seu coroa podem tratar de ficar longe dela, está entendendo!? — não estava reconhecendo o menino que normalmente era o que arrumava confusão por sua timidez, mas neste momento Thomas estava mudado, e eu só o queria agradecer.
— Escute aqui seu moleque, o meu assunto é com ela, Corine e eu temos muito o que conversar, ela é minha filha e...
Me irritei, as pessoas nos olhavam com curiosidade, e ela ainda se fazia de vítima.
— Uma filha que você esqueceu por 4 anos, você lembra do Caio? Lembra da Eva? Lembra do papai? Acho que não. Além do mais, parece que você já encontrou coisa melhor — analisei o homem atrás dela dos pés a cabeça, sentindo uma ânsia me tomar — Não se faça de coitadinha agora, e pare de fazer escândalo. — Agradeci a todos os santos e anjos por minha voz não ter saído trêmula.
Uma mão tocou meu quadril, e apenas ergui meu olhar para comprovar minha teoria. Magnus me olhava preocupado, atento às pessoas ao seu redor, ele apenas beijou minha testa.
— Por favor, voltem aos seus jantares. Que eu espero que esteja ao agrado de vocês, e teremos sobremesa por conta da casa para recompensar a discussão familiar que vocês presenciaram. — As pessoas bateram palmas para o homem ao meu lado.
Até parece que eles não estavam gostando do barraco.
— Vocês, comigo — seu olhar era duro dirigido ao casal à nossa frente. Seus dedos se entrelaçaram aos meus, enquanto ele nos guiava escadas a cima. Eu só sabia que ele caminhava em direção ao seu escritório, porque estávamos aqui no dia da inauguração.
Magnus tirou seu avental e xapô os colocando sobre a mesa. Ele ficou incrivelmente atraente com seu dólmã azul, mas seus olhos não continham o mesmo brilho de quando estávamos juntos, eles estavam escuros e duros.
— Os dois esperem aqui fora — ele barrou Tom e Mônica, que o olhou como se uma segunda cabeça tivesse crescido em Magnus, que o desafiou a desobedecer. Mas Tom apenas piscou para mim, antes de dar as costas.
Magnus olhou para o homem atrás de Emy, o analisando.
— Quer que ele saia? — sua pergunta foi feita a mim, mas ele não tirou os olhos do casal.
— Não, e nem você — quase o implorei. Mas seu olhar dirigido a mim me provava isso, ele não iria me deixar sozinha, mesmo que eu pedisse.
— Me deixe explicar, é só isso que eu quero — Emy iniciou, tentando me abraçar, mas o homem ao meu lado agarrou seu braço antes disso.
— Não vamos forçar intimidade, ela não parece a fim de ser tocada por você — seu sorriso vazio me causa arrepios, antes dele a soltá-la.
— Quem é você afinal!? — o homem de cabelos grisalhos perguntou.
— Namorado dela, dono do local, e estou perdendo o resto de minha paciência com essa enrolação, você queria falar com a Corine, ela está aqui, e até agora não vi nada de útil sair da sua boca. — sua mão tocou minhas costas, me trazendo um apoio que só Deus sabia o quanto eu precisava.
— Eva precisou tanto de você, eu precisei. Papai se tornou um alcoólatra e a culpa é sua! Você foi embora e nem ao menos nos deu tchau. Apenas deixou uma recém nascida nas minhas costas e do Caio — a enfrentei, eu só queria deixar as coisas logo claras e queria que ela desse o fora daqui e nunca mais cruzasse o meu caminho.
O vício do meu pai não era exatamente culpa dela, afinal não podemos nos tornar culpados pela fraqueza de outra pessoa. Mas ainda sim eu queria que ela se sentisse culpada, só um pouquinho, só o suficiente para entender o que eu e meu irmão sentimos.
— O meu casamento com o seu pai já não estava dando certo, escondemos isso de vocês dois porque por mais que já não fossem mais crianças. Não precisavam lidar com nossos problemas de casal.
— Que se separasse dele então!
— As coisas não são tão fáceis assim Corine, você nunca conseguiria entender.
A olhei desacreditada de todo esse teatro, as lágrimas em seus olhos pareciam verdadeiras, mas ela nunca teria minha confiança. Meus olhos encontraram os olhos acizentados do homem agarrado a seu braço e minha ficha caiu com um impacto que me fez tropeçar para trás, sendo amparada por Magnus, que parecia seguir o mesmo raciocínio que o meu.
— Foi por causa dele? — minhas dúvidas foram embora, com sua expressão séria — EVA ERA UM BEBÊ! — gritei descontrolada. — Porra, ela era um bebê, ela precisava da mãe dela, precisava de você, Caio precisava, eu precisei! Não importa que não éramos mais crianças.
— Corine — bati em seu braço quando ela tentou me tocar, suas lágrimas molhavam sua bochecha. — Não é dessa maneira que você está pensando, eu me apaixonei por ele, eu finalmente poderia ter outra vida longe de tudo, da possessão do seu pai. Da vida de correria no hospital, da vida exaustiva de mãe.
A olhei incrédula, cada palavra que saia da sua boca só me machucava ainda mais.
— Eu nunca quis magoar vocês, são tudo de mais precioso que eu tenho, não houve um dia sequer que eu não pensei em vocês.
— Mentirosa! Não foi você que teve que chegar em um hospital, e descobrir que sua irmã estava sozinha, porque sua mãe havia ido simplesmente embora. Não foi você que teve que lidar com a dor de saber que nunca mais eu veria minha mãe, Caio largou a faculdade de fisioterapia, não teria como estudar e trabalhar, o trabalho consumia demais de seu tempo. E ainda tinha a bebê, não foi você que teve que lidar com o seu pai adquirindo uma possessão por você se parecer com a sua mãe, não viu a família perfeita de margarina ser destruída de um dia para o outro.
— Meu anjo, eu procurei o Caio antes do casamento dele. Ele que não me deixou falar com você.
Porque ele não me disse que tinha estado com ela?
— Porque será não é? — ironizei e me virei, abraçando Magnus — Vá embora, e nunca mais apareça.
Como eu pude por tanto tempo achar que um dia ela voltaria, contaria uma história em que eu fosse me sentir tocada, a perdoaria e ficaria tudo bem?
— Co...
— Você escutou, pegue sua esposa e saia, se não serei obrigado a chamar os seguranças — Magnus a interrompeu e fechei os olhos.
— Um dia você vai me entender, tenho certeza — seu choramingo só me causou ainda mais raiva. Ela nem ao menos pediu desculpas, se mostrou arrependida, nada.
O barulho da porta se fechando me fez apertar Magnus ainda mais. Eu não queria chorar, parecia ridículo dada as circunstâncias, mas quem controla a emoção?
— Olhe pra mim — Magnus exigiu, e mesmo não querendo que ele me visse nessa situação, ele já havia visto bem mais que isso de qualquer maneira. Ergui minha cabeça, e suas mãos deixaram minhas costas, para se apoiar de cada lado de minhas bochechas, ele aproximou sua testa da minha e senti ainda mais vontade de chorar.
— Estou patética — sorri entre as lágrimas, e ele passou a mão sobre meus cabelos já maiores.
— Você não está patética, está se mostrando forte, como sempre soube que você era. Chorar nunca te fará menos, é muito para uma pessoa só reviver. — ele acariciou meus lábios com os seus, e isso me fez suspirar, desejando que ele me beijasse.
— Era por isso que eu nunca te contei, eu não consigo falar dela sem ficar nesse estado. Você viu o que ela disse? Nem ao menos perguntou se a bebê que ela deixou para trás está bem, não pediu desculpas, nada!
Magnus agarrou minha cintura, e me pôs sentada sobre a mesa, mantendo assim meu rosto frente a frente com o seu. Seus olhos azuis estavam cautelosos, quase ansiosos por minhas próximas ações, como se eu fosse enlouquecer a qualquer segundo.
E estava bem próxima a isso realmente.
— O azar é todo dela, está perdendo tudo relacionado a vocês três. E pode ter certeza que um dia ela vai querer de volta, se é que já não quer, mas não vai poder ter. Não se martirize por favor, não gosto de ver você chorar — seus dedos passaram por minhas lágrimas as secando — A menos é claro quando está em lágrimas de prazer por me possuir dentro de você.
— Magnus! — sorri antes de sua boca encontrar a minha. Seus lábios me reinvindicaram com ainda mais paixão do que sempre foi, sua língua áspera provocou a minha em uma dança ousada e calorosa.
Me senti quase tocada, não pelo beijo, mas por ele em si. Por mais que doa, eu não iria sofrer, não mesmo, eu sou uma mulher adulta e quase formada. Tenho minha família, tenho meus amigos, tenho o homem a minha frente que à cada dia que passa só toma mais de meu coração para si.
O que mais eu poderia desejar?
Sua perna pressionou minha virilha e isso me fez gemer contra seus lábios. Movi meu quadril necessitada de seu toque, me sentindo dolorosamente quente. Ele mexeu sua perna para cima e para baixo, fazendo o tecido se friccionar contra mim. Minha calcinha havia se tornado inutilizável durante aquela noite, ela estava terrivelmente molhada, e o homem a minha frente parecia estar gostando de minha tortura.
Meu corpo foi empurrado contra a mesa, e meu corpo deitado, as mãos enormes, prenderam meus braços acima de minha cabeça. E Magnus esfregou sua ereção sem nenhum pudor em mim, a única coisa que nos separava eram os tecidos, tornando aquele ato terrivelmente tentador e dolorido. Pois queríamos mais, eu precisava de mais, mas ele não estava disposto a me dar.
Tive certeza disso quando minha coxa se aproximou de sua ereção mais que marcada sobre sua calça.
Ele riu, e me puxou, me sentando sobre a mesa e beijando meus lábios.
— Não seja tão apressada, temos a noite inteira para isso.
— Eu preciso de mais — quase choraminguei, me sentindo constrangida.
— E eu vou lhe dar mais, muito mais querida, mas eu preciso voltar para a cozinha. — ele beijou minha garganta exposta. — Que me esperar? Ou prefere ir para casa?
— Acho melhor eu ir para casa. — não seria uma boa me manter no restaurante depois da pequena confusão gustativa das pessoas que jantavam.
— Vou tentar sair o mais cedo que conseguir. — ele me beijou uma última vez, antes de me puxar de cima da mesa, arrumando sua ereção na calça o máximo que dava.
Diferente do que pensei, Magnus estava o tempo todo falando de sua casa, não da minha. E Tom fez o favor de me deixar lá, mesmo estando o tempo todo querendo saber se eu estava bem. Eu não estava 100% bem, mas tinha certeza que conseguiria superar, não havia me quebrado, porque no fundo, por trás da minha ilusão de mulher perfeita, eu sabia que ela havia escolhido não nos ter por perto.
Magnus cumpriu o que disse, me deu tudo o que eu precisava. De sua maneira dominadora e devastadora é claro, mas silenciosamente eu havia agradecido por isso. Eu precisava que meu cérebro pensasse em outra coisa, não na minha mãe, não nela. A dor me deu isso, Magnus me deu isso, os brincos genitais presos a meus lábios, o que me deixava mais aberta para meu dominador, estar amarrada, sendo contida de me mover. Eu senti o prazer em cada um de seus atos, mas também havia tido a dor, substituindo uma pela outra.
Ele tinha cuidado de mim depois, na banheira, e passamos metade da noite em sua cozinha se deliciando com sua receita de sorvete de frutas. E quando acordei de madrugada, pois não conseguia dormir, ele se acomodou a mim na poltrona de seu quarto, e abraçou o meu corpo como um lembrete, ele estava lá.
E era tudo o que eu precisava, tudo o que valia a pena.
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