Capítulo 24
Fecho os botões da minha jaqueta e pego minha bolsa. Estava na hora do almoço finalmente, e eu tinha marcado com a Sara e o Thomas de almoçar junto a eles.
— Volto daqui a pouco. — digo a meu chefe que apenas assenti emburrado.
Na verdade ele é tão infeliz que vive dessa maneira quase que 24 horas por dia. Saio pela calçada atravessando a rua, e respiro fundo me enfurnado entre as pessoas apressadas na rua. Esse mês seria tão cheio, amanhã tem a inauguração do restaurante do Magnus, e semana que vem é o casamento do Caio e da Sabina.
Eu e Sara estamos organizando a festa de despedida de solteira da Sabina, o problema é que não entramos em um consenso. Sara acha que devemos leva-lá a uma casa de stripper masculino, são profissionais em festas de despedida. Mas eu não acho legal, Caio se souber vai me odiar por leva- lá em um lugar desses.
Mas a mãe da Sabina, a Sara e uma amiga da noiva não acham que tenha problema.
— Já pediu? — digo quando entro na lanchonete, sentando ao lado do Thomas. — Cadê a Sara?
— Ainda não pedi, e ela disse que ia se atrasar porque está entregando curri...
Ele é interrompido por um furacão loiro que quase se joga sobre a mesa.
— Vocês não vão acreditar. — Sara joga a bolsa no colo do Thomas e nos encara pegando o copo de água sobre a mesa
— Se você falasse, seria mais fácil.
— Sabem aquele estilista muito famoso? Raziel O'Connor? — ela bebe a água do copo em meio segundo.
— Com um nome desses é meio impossível esquecer. Mas eu não conheço. — Thomas joga a bolsa de volta para ela.
— Eu sei, você é fã dele, se inspirou em algumas coisas dos desenhos dele para o seu TCC. Vimos um desfile dele pela internet que você não parava de gritar. — sorri lembrando do dia.
— Isso Corine, ele mesmo. — ela só faltava pular de alegria no meio da lanchonete. — O desfile de verão dele vai ser aqui em Nova York, dá para acreditar? Finalmente eu vou ver ele de pertinho. — Thomas sorri, mas a olha como se ela estivesse louca. — E não é só isso, agora vem a parte mais importante de todas. Ele vai abrir um ateliê aqui, no SoHo. Vocês tem que ver aquele lugar, enorme, sof...
— Como você sabe tudo isso? — o garçom aparece e faço nossos pedidos, pós Sara estava muito empolgada conversando, e Thomas estava prestando muita atenção.
— Tablóides Corine, Tablóides. Austrália de repente se tornou muito pequena para aquele homem, essa é minha chance, você tem noção? Eu posso acabar trabalhando com o melhor estilista do mundo. — finalmente ela sossega na cadeira.
— Tenho certeza que você vai conseguir, é uma ótima design.
— Será? É que tem tantas pe...
— E lógico que vai! — Thomas a interrompe.
— Vai sim. — reforço. — Pelo menos se esse tal de Raziel tiver bom gosto, você vai ser a primeira contratada do ateliê. — ela aperta minha mão e a do Thomas sobre a mesa.
[...]
Meu expediente finalmente havia acabado e eu estava exausta, as férias de verão nunca me cairam tão bem. Quase três meses em casa é ótimo, lógico que gosto de estudar, não vejo a hora de poder dizer que eu sou oficialmente uma nutricionista. Mas do trabalho para casa, e de casa para a faculdade me quebra.
Caminho até a estação do metrô, cada músculo meu implorava por um banho e cama. Magnus havia me ligado mais cedo, foi buscar a mãe em Nova Jersey, já que ele faz questão de sua presença na inauguração. Mas o senti estranho, parecia querer me contar algo, mas estava em dúvida se contava ou não.
Mas com certeza foi só uma paranóia graças ao meu cansaço.
Dou graças quando a linha de metrô que uso está presente, apenas entro e me sento apoiando a cabeça nas mãos. Meu celular vibra dentro da bolsa, e o pego, vendo a foto do Magnus brilhar na tela.
— Boa noite. — atendo.
— Cansada?
— Morta. — ouço sua risada. — já chegou com a sua mãe?
— Sim, inclusive ela está ansiosa para te ver.
— Avisou que você não apresenta suas submissas a ela? — provoco.
— Quer eu saia daqui para te jogar nos ombros e te algemar de joelhos? — olho ao redor sentindo vergonha.
— Não será necessário, tenho que desligar, minha bateria está acabando. — me despeço e lá se vai minha bateria.
Finalmente depois de alguns minutos o metrô para e eu desço. São apenas cinco minutos da minha casa, mas paro quando vejo uma pessoa perto a escada rolante.
— Não sabia que juízes frequentavam transportes públicos. — digo subindo a escada com Sra. Campbell atrás de mim.
— Ex juíza, me aposentei. — assinto. — Magnus me pediu o endereço da Kimberly.
— Eu sei.
— Sabe? Ele te contou?
— Não, só tenho mais de dois neurônios. — a olho sob os ombros. — Conversamos, e ele disse que resolveria esse problema. — caminho pela rua movimentada pelos pubs.
— Ele está fazendo por você, o que jamais faria por nenhuma outra. — paro na calçada, e me viro para olhar a senhora bem vestida.
— Desculpe, mas o que a senhora é do Magnus? Por que se interessa tanto?
— Oras. — ela se faz de ofendida.
— Oras digo eu, quem é você Sra. Campbell? — dou um passo em sua direção.
— Talvez eu tenha pegado algum tipo de obsessão pelo seu dominador. — arregalo os olhos. — Conheci o Magnus quando ele ainda estava iniciando como submisso, a dominatrix dele era uma advogada amiga minha. E talvez eu tenha m...
— Apaixonado pelo Magnus. — finalizo.
— Eu não diria apaixonada, apenas interessada. — ela arruma sua bolsa na mão.
— Sinceramente Sra. Campbell, a senhora, a Morgana, a Kimberly, realmente Magnus é um pedaço de mal caminho, mas convenhamos? Vocês são loucas, e não é no sentido legal da palavra. — me altero.
— Eu não sou um perigo para você Corine, não vim aqui para te provocar. — que perigo ela seria para mim? — Apenas quero que tome cuidado, principalmente com a Morgana. O fato do Magnus ter ser intrometido no relacionamento dela e do Enrico, fez ela o odiar mais que tudo.
— Só por isso? — fico espantada.
— Se você acha que eu sou louca, ela é quase uma psicopata. Acho que te odiaria só por pisar no sapato dela em uma rua movimentada. E a Kimberly...bom, acho que você notou o quanto ela é obcecada.
— Mas o Magnus só quis ajudar o amigo.
— Eu sei disso, inclusive eu o ajudei. Enrico é um homem incrível, e a Morgana estava passando de todos os limites.
— Como os conheceu?
— É como se eu os tivesse visto crescer nesse meio escuro. — ela sorri. — só quero que tome cuidado, você parece uma moça incrível, e Magnus parece realmente gostar de você além de submissa. Não quero que nada te aconteça. — ela se aproxima, e tira algo da bolsa, se tratava de uma arma pequena que ela coloca em minha mão.
— Você é juíza e está me dando uma arma? — questiono desacreditada que aquilo realmente estivesse acontecendo.
— Da para falar mais baixo? — ela enfia a arma pequena na minha bolsa. — Simpatizei com você, qualquer coisa que precisar, é só me ligar. — ela me entrega um cartão. — Magnus vai ficar sabendo de qualquer jeito que nos encontramos, então boa noite querida. — ela beija minha bochecha retornando para a estação de metrô.
No que eu fui me meter?
[...]
Abro a porta de casa, e me assusto quando vejo diversas caixas na sala.
— O que está acontecendo aqui? — questiono e Sabina aparece no corredor.
— Oi Corine. — ela vem me abraçar. — Caio achou melhor nos adiantarmos na mudança, segundo ele vai estar tão nervoso na terça que não vai conseguir pesar em mais nada. — ela revira os olhos.
— Entendi, está pensando em levar a pia e o vaso sanitário também Caio? — digo vendo o tamanho das caixas, e ele coloca apenas a cabeça na sala.
— Se couber. — ele da de ombros.
— Aonde está a Eva?
— No quarto brincando, não quis deixa-lá no meio de toda essa poeira.
— Eu ajudaria vocês, mas hoje foi dia de checar o estoque da farmácia, então estou morta, desculpe. Mas caso sobre algo eu ajudo vocês amanhã. — abraço Sabina me arrastando para o meu quarto. — Eca! — vejo resto de pizza e hambúrguer já mofados no meio do corredor.
— Acho que isso era do meu quarto. — Caio se apoia no batente da porta.
— Você é porco demais, não sei o que a Sabina viu em você. — digo pulando sobre as caixas.
— Então você deveria procurar usar óculos Corine, porque eu sou lindo demais.
— E nada humilde. — bato a porta do meu quarto.
— A é? Então não deixarei para você meus pôsteres de séries. — abro a porta no mesmo segundo indo atrás dele que corre para a rua.
— Caio!!!
[...]
Finalmente termino de secar meu cabelo, e me sento sobre a cama tirando meu celular do carregador.
Não consigo evitar de olhar para minha bolsa, onde tem uma arma. Por que seria necessário uma arma? Morgana e Kimberly claramente possuem algum desequilíbrio mental, e precisam de terapia. Mas não acho que chegariam ao ponto de tentar me machucar ou algo a mais...
Santo Deus, eu só queria algo de diferente na minha vida, mas essa diferença não era morrer, ou ser atacada por duas loucas. E a Sra. Campbell, claramente ela tem bipolaridade, por um segundo achei que ela fosse como a Kimberly, mas não, me deu uma arma...uma arma!
Me assusto quando meu celular toca e o pego sorrindo com o nome que e foto que brilham.
— Pode dizer Sara. — me jogo na cama.
— Você está sentada? Então deita. — imagino que a loira está deve estar pulando do outro lado. — Eu fui chamada para uma entrevista de emprego no ateliê. — os gritos animados me fazem sorrir.
— Com o próprio estilista?
— Não, com o assistente dele, mas já é algo? Não é?
— Claro que sim Sara, nossa, que bom que está dando tudo certo para você.
— Para mim? Você já viu o homem que você tem aos seus pés? Já viu!!?
— Não é bem aos meus pés...
— Não, é te fodendo mesmo. O que houve? Algum problema? — Sara e sua boca grande.
— Magnus está me ligando. — aviso quando outra chamada aparece no meu celular.
— Fala com ele, porque amanhã você será toda minha. Já estou separando nossos vestidos para a inauguração, você quer algo mais "Sou santa mas também sou sensual" ou " Sou sensual, mas tenho alma de santa?"
— Sara! — dou risada, e me despeço dela.
Arrumo meu pijama, e apoio minha cabeça no travesseiro atendendo a chamada do Magnus. Logo o homem bonito aparece na minha tela, e atrás dele está sua mãe.
— Eu não queria te ligar, porque sabia que estaria cansada. Mas a mulher que me domina, me obrigou. — os olhos azuis se reviram, e o celular é passado para dona Luna.
— Oi querida, desculpe tê-la incômodado, mas Magnus sempre me promete as coisas, e nunca cumpre, resolvi fazer a minha maneira. — ouço um "Mama, para de mentir" ao fundo.
— Não é incomodo nenhum dona Luna, vai ser difícil dormir mesmo, meu irmão está de mudança. E a senhora como está?
— Já experimentou usar um marca passo? Pois é, mas estou levando querida. — ela sorrir, e não posso deixar de notar a semelhança com o filho. Magnus tem cabelos castanhos escuros, e essa é a única diferença da mãe que é loira. Mas o tom de pele clara, os olhos azuis, as maçã bem desenhada do rosto, e as sombrancelhas escuras são iguais os da mãe.
— Pretendo não usar um marco passo. — ri. — Ansiosa para a inauguração do restaurante?
— Você não tem ideia do quanto querida. Esse sempre foi o grande sonho do Magnus, não crescer da forma que cresceu. — ela olha para o filho que está comendo o que parece um mousse de maracujá, na ilha da cozinha. — Mas viver da culinária, da cozinha, dos temperos, eu tenho muito orgulho dele. — É algo lindo de se ouvir, e imagino que ela tenha sido o pilar do Magnus. Porém não consigo me concentrar nisso, apenas no homem que leva a colher de uma forma erótica a boca.
A forma que sua língua desliza pelo pequeno objeto, e ele chupa, me traz grandes lembranças do que eu não deveria lembrar enquanto converso com uma senhora incrível.
— Imagino, Magnus a ama mais que tudo. — digo e levo a mão ao meu pescoço sentindo os pelinhos da minha nuca eriçados.
Maldito Magnus.
— Sempre fomos nós dois contra o mundo. — Sinto a emoção em seu tom de voz, mas logo um pequeno sorriso malicioso brota em seus lábios. — Mas agora ele tem você. — me sinto constrangida, e morro de vontade de enfiar meu rosto no travesseiro.
— É...se a senhora me permite, tenho que desligar agora, o dia foi extremamente cheio, e nos veremos amanhã de qualquer forma. — ela se despede, e desligo.
Olho para o teto sentindo meus olhos pesarem, mas meu celular vibra indicando uma mensagem.
Sei muito bem aonde você imaginou a minha língua. Que ousada Corine, imaginando minha boca entre suas pernas, enquanto conversava com uma senhora? Estou pasmo!
Olho espantada para a mensagem do homem que agora pouco, era apenas um ser inocente. Bloqueio a tela do celular e me viro de cara no travesseiro.
Que homem...
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