Capítulo 20
O sábado havia chegado tão rápido que me surpreende ao ver a data em meu celular logo pela manhã.
Aos finais de semana eu não trabalho na farmácia, o filho do meu chefe fica no meu lugar. E ainda não contei ao Caio, mas consegui finalmente um trabalho durante as férias da faculdade. Um ex colega de turma da Sara mencionou que o pub noturno aonde ele trabalha, estava precisando de dois garçons. Ontem a noite fui com ela, e consegui uma das vagas do trabalho noturno.
E Caio não vai gostar nada nada disso.
— Tem certeza que pode ficar com ela? — o mesmo questiona novamente enquanto bebo meu café sem açúcar.
— Não é como se você tivesse me dado outra opção. — brinco. — Sabe muito bem que não existe melhor cuidadora da Eva do que eu. — Olho para a pequena sentada na sala brincando com seus legos.
— Sabina discorda. -— ele provoca.
— Sim, notamos que o único de quem a Eva não gosta, é você! — me abaixo quando ele joga uma laranja em mim, acertando um jarro atrás. — Adivinha quem vai limpar isso?
— Você é irritante. — ele revira os olhos. — Ainda estou curioso para saber a sua relação com esse tal de Magnus. — ele puxa o bendito assunto. — Ele passou a semana inteira dormindo aqui, e hoje vão sair juntos? Estão namorando?
— Estamos...— busco a palavra certa. — Nos curtindo por assim dizer. — apesar da vergonha do assunto, Caio sempre cuidou e se preocupa comigo, não é justo deixa-ló totalmente por fora das minhas decisões.
— Como assim? — ele se vira abruptamente na pia. — Ele está se aproveitando de você? É isso mesmo? — os olhos escuros se tornam duros, enquanto suas feições irritada fica visível em seu maxilar.
— O Que? Não! Não, não mesmo! — me apresso em tirar isso da sua cabeça. — Só estamos saindo juntos Caio, não era isso que você tanto dizia? Para eu me divertir? Estou me divertindo. — finjo olhar algo no celular quando o fluxo sanguíneo se acumula em minhas bochechas.
— Não era esse tipo de diversão que eu me referia. — ele murmura, mas finjo não ouvir, para não dar alongamento ao assunto.
— Caio? — me sento na mesa da cozinha, eu estava apreensiva em relação a contar para ele sobre meu novo trabalho provisório. — Senta aqui, tem uma coisa que eu quero te contar.
— Não vai me dizer que está grávida Corine! — arregalo os olhos com a constatação ridícula.
— Meu Deus, é óbvio que não. Da onde você tira essas coisas? — ele parece respirar aliviado e da de ombros sentando a minha frente na mesa.
— Você não para mais em casa, sei lá. Vai saber se você e o seu "divertimento" estão se protegendo.
— Caio, é sério, esse não é o meu assunto preferido para conversar com você, e tenho certeza que também não é o seu. — o paro antes que eu tivesse um infarto.
— Então, do que se trata o assunto importante?
— Eu arrumei um novo emprego. — aperto meus dedos nervosa por cima da mesa.
— Deixou a farmácia? E o que é o novo emprego? Algo da sua área de formação? — ele se anima com a conversa.
Caio sempre me incentivou na faculdade, estava sempre comigo nas minhas noites incansáveis de estudo. Quando eu consegui a bolsa ele foi a primeira pessoa que eu fui correndo contar, nós dois ficamos felizes com isso.
— Não, e eu não deixei a farmácia. — coloco meu cabelo atrás da orelha enquanto ele espera ansioso para que eu fale. — É um trabalho nas férias, em um pub noturno como garçonete. — me assusto quando ele levanta rápido, fazendo a cadeira cair.
— Você não pode estar falando sério. — os olhos escuros fixam em meu rosto. — Pode desistir, não vou deixar você se arriscar dessa maneira.
— Eu não estou pedindo a sua permissão.
— Não importa, se arriscar a noite servindo mesas em um bar? Principalmente durante as férias? Você realmente só pode estar curtindo com a minha cara. — ele rir debochado apoiando as mãos na cintura. — Está te faltando algo? Está precisando de dinheiro para alguma coisa?
O olho, eu não era mais uma adolescente quando a nossa mãe foi embora. Porém por ser tão apegada a ela, eu entrei em uma espécie de "depressão" Caio foi quem me ajudou, e isso acabou fazendo crescer nele um sensor protetivo maior do que já era. Ele não me ver mais como irmã, é como se eu e Eva fôssemos suas filhas. E apesar de ter seus momentos, é como se Caio tivesse envelhecido anos com isso.
— Eu não estou precisando de nada, só estou pensando em me mudar quando você e Sabina casarem. — ele abre a boca, mas o interrompo. — E não, eu não vou morar com vocês. Não acha que já estou grandinha demais para saber o que eu quero? — ergo uma sobrancelha.
— Você não deveria ter crescido nunca. — ele me abraça. — Que dizer, de mentalidade, porque no tamanho. — bufo o fazendo rir.
[...]
Massageio o vínculo que se forma entre minha testa enquanto apoio minha cabeça na janela do carro do Magnus.
— SoHo? — o olho descer, e caminhar abrindo a porta ao meu lado.
— Vai ser sua melhor experiência em um local como esses. — ele não me deixa descer, me encarando nos olhos e apoiando sua mão na minha perna. — Pronta? — seguro sua mão, mesmo não entendendo o sorriso tentador que havia em seus lábios.
No caminho deixei Eva com a Sara, Magnus prometeu que não demorariamos, e não vi mal nisso. Caio e Sabina estão terminando os últimos detalhes do casamento, e foram organizar a viajem de lua de mel deles hoje.
Muitas pessoas não pensam nisso, casamento, lua de mel, e toda essa cerimônia. Mas Caio sim, ele é um homem romântico que quer tudo, e esse tudo envolve Sabina e o casamento que os dois tanto desejam.
O SoHo é um bairro de Manhattan conhecido por ter bastante lofts de famosos. Além de muitas galerias de artes, boutiques, lojas de luxo nacionais e internacionais.
Vim apenas uma vez com Thomas. O bairro sempre vive cheio, principalmente por turistas. É tipo um grande shopping center ao ar livre.
— O que viemos fazer aqui? — ri enquanto Magnus me guia.
— Você sempre foi tão curiosa?
— Sempre. — ele para em frente a uma loja, indicando para que eu entre, e o faço. No local não havia tantas pessoas em relação as demais lojas pela qual passamos, da vitrine podia-se ver pessoas em suas compras matinais.
E só depois de passar meu olhar pelo local é que notei o porque da loja não estar tão lotada. Cada peça ali valia um órgão seu.
— Ah, o que estamos fazendo aqui? — fico sem graça quando uma atendente se aproxima.
— Boa dia senhor. — a moça alta nem ao menos me olha.
— Boa dia, desejo ver seus vestidos para noite.
— Algum em específico? — ela novamente não me olha, e aquilo me faz olha-lá descaradamente.
Tem duas pessoas na sua frente moça.
— Nenhum com tule. — Magnus toca minha coluna me fazendo caminhar até os provadores. Era uma espécie de cabine, uma cabine erorme...
— Agora eu finalmente posso saber o que estamos fazendo aqui? Algum presente para sua mãe? — me assusto quando ele se aproxima muito rápido, fazendo minhas costas encostarem na porta do provador.
— Amanhã temos um jantar, e eu sei muito bem a desculpa que você usaria "Não tenho roupa". — levo a mão sobre os lábios segurando o riso, mesmo sem saber que jantar é esse, eu diria exatamente isso.
— Posso saber que jantar é esse? — seus dedos fazem minha pele arrepiar quando deslizam lentos da minha bochecha até o meu pescoço.
— Se t...— ele é interrompido pela vendedora que me olha irritada, e mostra os vestidos ao Magnus. — Conversamos em casa. — apenas assinto.
[...]
— Parece animada. — O homem a minha frente me analisa quando entramos no restaurante. A diversidade de restaurantes e lanchonetes no SoHo com certeza é mais um ponto ao seu favor .
— Talvez eu realmente esteja. — balanço a cabeça sorrindo quando ele puxa a cadeira para que eu sente.
— E eu posso saber o motivo? O episódio no provador pode ter sido bom, mas não acho que isso te deixaria tão feliz dessa forma. — o garçom se aproxima, e deixo que Magnus faça os nossos pedidos enquanto tento não sentir vergonha da cena no provador. Os flashback rápidos que vem a minha mente, faz minha pele arrepiar. Meu rosto contra o espelho, suas mãos apertando forte minhas pernas afastas, os beijos descendo por meu pescoço, os dedos adent...
Balanço a cabeça negativamente tentando não lembrar. Se a vendedora não tivesse aparecido com mais vestidos ele teria me f...
— Está tudo bem? Seu rosto está vermelho. — a falsa inocência enquanto ele bebe sua água não passa despercebida.
— Estou ótima. — passo a mão por minha nuca. — E sobre a sua pergunta, eu finalmente consegui um emprego para as férias. — sorri para o garçom que serve nosso pedido que eu nem ao menos sabia o que era.
— Interessante, aonde irá trabalhar?
— Em um pub noturno aos finais de semana, começo semana que vem. — provo nosso pedido e meu Deus, que carne é essa?
— Garçonete? — assinto. — Brooklyn? — assinto novamente. — Não acho que seja uma boa para você. — largo o garfo o encarando.
— E o que seria "Uma boa para mim?" — apoio meu queixo na mão sobre a mesa, e sua expressão seria não muda em nenhum segundo.
— Começamos por não se arriscar em um bar aos finais de semana? — ele ergue uma sobrancelha.
— Está agindo como o meu irmão. E assim como eu disse a ele, eu digo você, não pedi a permissão de nenhum de vocês dois. Agradeço a preocupação pela minha segurança, mas sou eu que vou trabalhar, não vocês. — batuco meus dedos sobre a mesa.
— Para! — ele olha para as minhas mãos de forma cortante. — E se precisa de um emprego, eu posso arrumar um para você. Tenha certeza que será um menos arriscado.
— Desculpe senhor Venturine, mas acho que está havendo algum engano aqui. — ele me olha atentamente. — Essas roupas, as lingeries, esse almoço, agora um emprego, não acha que está confundindo as coisas? Não sou sua companhia de luxo. — eu estava irritada com absolutamente nada, mas só o fato dele se quer estar pensando isso, já fazia meu sangue ferver.
Noto quando seu maxilar se move de forma bruta, e ele me analisa, os olhos azuis claramente irritados se fecham com força. E quando se abrem, Magnus se contenta apenas pegar minha mão sobre a mesa, e levar meu dorso até os lábios. Confusa encaro a cena de seus lábios encostarem em minha pele, e seus olhos se erguem, se fixando nos meus.
— Acho que esqueceu com quem está falando Corine, e eu realmente não queria estar na sua pele. — ele solta a minha mão com uma gentileza assustadora. E chama o garçom pagando pelo almoço que eu mal toquei e estava tão delicioso. — Ligue para Sara, e peça que fique com a Eva por mais uma hora se possível, depois eu irei busca-lá. — ele levanta-se caminhando até mim. Segura minha mão, me forçando a levantar, e agarra minha cintura caminhando para fora do local.
— Mag...
— Não, não fale. Não diga absolutamente nada. — agora sim eu estava assustada, e tento tirar suas mãos da minha cintura, porém sou agarrada, e jogada sobre seus ombros como se fosse uma simples almofada. — Você quem quis assim.
— Me coloca no chão. — me debato enquanto algumas pessoas na rua nos olham curiosos. — Estamos passando vergonha, me coloca no chão. — Esperneio e sou jogada de forma certeira dentro do carro, e ele me coloca o cinto.
O que deu nesse homem?
[...]
Havíamos acabado de chegar em sua casa, e ele não trocou uma única palavra comigo durante todo o caminho. A não ser que mandasse eu ligar para a Sara, apesar de assustada, eu estava eufórica e ansiosa. O motivo? Nem eu sabia.
— Tire suas roupas e me espere ajoelhada no chão ao lado da porta. No segundo quarto, que você conhece muito bem. — ele desabotoa os botões de sua camisa social caminhando até a cozinha.
— Por que está agindo assim? Só porque eu disse a verdade? Seja mais mad...
Não consigo nem ao menos terminar de falar, pois ele agarra minhas pernas, me trazendo para seu colo, e meu corpo é posto contra a parede. Sua mão agarra meu pescoço, e os olhos fixos nos meus.
— Não a verdade em nenhuma merda que saiu da sua boca. Eu não preciso de nenhuma garotinha de luxo, tudo que eu lhe dei é para que use para mim, para o meu deleite. Você não está me prestando nenhum serviço, e se estivesse com certeza não seria o seu corpo. Agora faça o que eu mandei! — eu odiava a forma que o meu corpo reagia a seu tom autoritário.
Eu deveria odia-ló por usar esse tom comigo.
Ele me põe no chão, e quando dou um passo para sair da sala, ele agarra meus cabelos, aproximando seu rosto do meu.
— Eu lhe dou quantos presentes eu quiser, e bem entender. — ele força os lábios próximos aos meus. — Se eu quiser eu te dou essa casa, e o que você vai fazer? Aceitar.
— Pode ir abaixando a bolinha aí me...
— Não me desafie, você leu o que estava escrito naqueles papeis. Você aceitou isso, então não aja como se não soubesse o que eu quero, e como se eu tivesse te usando, por favor. — ele solta meus cabelos. — Espero que esteja do jeito que mandei quando entrar no quarto.
Filho de uma...
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top