Capítulo 03

— Isso é revoltante! — Thomas bate as mãos na mesa, me fazendo enfiar o bolinho de nozes na boca para não rir de sua cara.

— Ah, qual é Thomas? É só uma carteira. — Sara tenta acalma-ló.

— Fazem 4 anos que eu tento tirar essa carteira de motorista. — ele altera a voz fazendo o pessoal da lanchonete nos olhar.

Estávamos em nosso horário de almoço. Que dizer, eu e Sara estávamos, já que Thomas não trabalha. E estávamos ouvindo seu melodrama sobre mais uma vez ter sido reprovado na auto escola.

— Quem sabe na próxima você não passa. — digo bebendo meu suco de maracujá.

— Você acha?

— É claro, ninguém vai ficar querendo ver essa sua cara feia por mais um ano — digo fazendo Sara engasgar com seu bolinho, e Thomas me acertar sua mochila.

— Muito obrigada pelo apoio Corine. O que seria de mim sem você? — ele revira os olhos.

— Você sabe que estou brincando. — aperto suas bochechas, e ele se desvencilha arrumando seus óculos. — só é você se concentrar mais da próxima vez.

— Ele se concentra Corine. — Sara me olha. — mas nos seios da instrutora. — ela da risada fazendo Tom corar.

— Não seja nojenta. — dou risada, e Tom cora mais ainda. — isso é sério mesmo? — olho para os dois.

— Sim/Não! — os dois se contradiz.

— Vocês são pervertidos. — faço expressão de nojo e termino meu lanche, já estava na hora de voltar a farmácia.

— A culpa não é nossa se você não teve boas experiências sexuais. Qual é Cora? Você não sai de casa, nem para se divertir com a gente. — Sara de novo vem com seus papos de "jovem badalada".

— Nisso eu tenho que concordar com essa cabeça de vento. — Tom bagunça os cabelos da loira. — Você não precisa sair sempre, não precisa se drogar e se embebedar. Muito menos sair transando com todo mundo. — Sara o olha com a indireta. — basta sair, ver gente nova, rir. Se quiser, podemos ir para lugares em que você possa levar a Eva, sem problema nenhum.

E é por isso que eu sei que tenho amigos e não colegas. Eu conheço o Tom e a Sara a quatro anos. E nunca houve discórdia entre nós três, e muito menos outro interesse a não ser amizade. Thomas nos ver como irmãs, e eu a Sara sentimos o mesmo por ele, mesmo que tenhamos personalidades diferentes, nunca houve um julgamento, não um real pelo menos.

— Prometo que qualquer dia desses vamos sair. — jogo meu dinheiro do lanche na mesa, levantando, mas a loira segura meu braço.

— Esse sábado, vai, vamos com a gente Corine. — Seus olhos implorativos não me comovem nenhum pouco.

— Lembra do clube que o meu irmão foi na quarta? Eu descobri o nome, e nós vamos no sábado a noite. — Thomas sorrir como se isso fosse a melhor coisa do mundo.

Eles enlouqueceram de vez...

— O que vocês vão fazer naquele lugar? — volto a sentar, em uma mistura de curiosidade e "eles estão fora da casinha".

— Vamos experimentar né? Precisamos de experiências. — Sara esfrega uma mão na outra, como uma gênia diabólica.

— Muitas experiências! — Tom bebe seu refrigerante e eu levanto achando graça.

— Caio vai sair com a noiva, e eu vou ficar cuidando da Eva. E foi mal pessoal, não gosto de andar levando tapa na cara nem ser jogada nas paredes para ser açoitada. — beijo a testa dos dois saindo da lanchonete, sem da a chance de eles se manifestarem.

Na rua começo a rir, fazendo algumas pessoas me olharem. Esses dois só podem terem perdido de vez o juízo, se é que algum dia eles tiveram.

Thomas achou um cartão de um clube de BDSM nas coisas do irmão mais velho. Ele fica em um bairro de Manhattan. E meus amigos desde quarta só pensam nisso. Ficaram curiosos para conhecer.

Enquanto eu tento tirar isso da cabecinha deles, e se aparecer algum criminoso em um lugar desses? E se eles fazem alguma besteira e acabam apanhando lá?

Deus, tire isso da cabeça oca desses dois!

Com a cabeça nos dois, acabo esbarrando em alguém, que me faz cair em cima dos sacos de lixo de um restaurante.

Mas que c..

— Inferno! — tento levantar, mas minha mão escorrega em uma casca de banana, me fazendo cair novamente.

Sinto o cheiro podre de peixe, e olho para a vidraça do local, "Restaurante Japonês", meu estômago embrulha.

— Desculpe moça! — uma voz grossa diz, porém não tem nem como olhar quem é, pois uma caixa de papelão menor que estava em cima da pilha, cai sobre o meu rosto.

O que eu fiz contra ti Deus? Oh que!?.

Minha mão é agarrada, e sou puxada sem a menor delicadeza de cima do lixo.

Quando meus pés firmam no chão da calçada, com o estômago embrulhado, e fedendo a peixe e frutas, encaro o ser. O que só me dá mais raiva, pois tive que erguer meu pescoço para encara-ló, devido a sua altura.

Você não é baixinha Corine, esse homem que sofreu modificação no DNA.

Você está bem? — o homem tira os óculos escuros me analisando, e sinto meus olhos encherem de lágrimas.

Eu tinha esse defeito, raramente eu chorava se estivesse triste. Mas quando estava nervosa meus olhos inundavam de água.

— Eu pareço estar bem? — pisco várias vezes tentando afastar as lágrimas, e o trom sem noção ainda tem a audácia de levar a mão aos meus cabelos retirando uma espinha de peixe. — Tira a pata caralho! — me afasto.

— Oh, calma aí garota. Você não teria caído se estivesse olhando para frente. — tenho vontade de socar a cara dele.

Qual o melhor ângulo para entortar esse nariz?

— Então você me derrubou de propósito? É isso? — o calo antes que ele fale. — Só pode ter sido, já que você diz que não sou eu que estava enxergando, você devia estar, e mesmo assim não desviou! — fecho os olhos com força.

Não chora, não chora!

— Mais que audácia! — ele se aproxima, e faço questão de me aproximar ainda mais, só para ele sentir esse fedor podre de peixe, e o vejo se afastar. — Acho que você deveria ir para casa limpar isso ai. — ele me olha com expressão de nojo.

Não diga Sherlock!

— Corine! — ouço a voz de Sara, e me viro quase chorando. — O que houve? — ela olha para mim, e só depois nota o monstro de 50 metros a minha frente. — Oh meu santo Deus! — posso ver a babá escorregando de sua boca, e aquilo me causa ânsia.

— Vamos! — a puxo, porém meu braço é agarrado pelo derrubador de mulheres.

— Desculpe moça. Eu também estava distraído, perdão! — sua voz suaviza.

— Vá tomar no seu c..

— Corine! — Sara me puxa, me fazendo andar e deixar o otário para trás. Mas ainda me viro lhe lançando o dedo do meio. — Garota! — a loira me chama atenção.

— Olha o que ele fez. Como eu vou trabalhar desse jeito Sara? — as pessoas passavam por mim cobrindo o nariz, ou saindo apressadas.

Que vergonha senhor!

— A minha casa é perto daqui, você toma banho e troca essa roupa. — ela sugere.

— Se a sua mãe estiver em plena consciência, jamais vai deixar uma garota que acabou de cair em cima do lixo pisar em casa. — sorri irônica. — Eu vou para casa, vou chegar atrasada, mas não posso chegar desse jeito na farmácia, aquele velho me demite. — passo a mão sobre a testa, e sinto um líquido nela, que não vou querer saber nunca o que seja.

— Então eu te dou carona, não tem problema chegar uns minutos atrasada na loja.

— Até porque o seu pai é o dono.

— Não seja chata! — ela abre a porta do carro para mim, e eu me sento bufando.

Por que essas coisas só ocorrem comigo?

— Viu que cara gato? — minha amiga questiona dirigindo.

— Qual é, Sara? Você acha mesmo que eu ia prestar atenção nisso? Jura? Eu estou fedendo! — evito me mover para não sujar ainda mais o carro dela, apesar de estar sentada em cima de folhas de caderno.

— Okay, você não prestou atenção. Mas eu prestei, viu aqueles olhos? Juro que nunca vi azuis mais bonito. Aquele porte sério, alto, forte, gostoso, sarado, aquele homem entre quatro paredes deve fazer um estr...

— Tá tá, chega!. Era sim um homem bonito. Assim como milhares que existe pelo mundo, não precisa me passar a ficha estética dele! — me irrito.

— Que estresse Corine. Calma, vai dar tempo você chegar no trabalho. — ela acelera.

— Deus te ouça, porque eu não posso de forma alguma perder esse emprego! — apoio minha testa nas mãos.

Quando o carro para em frente a minha casa, eu salto do carro, minha heroína ficou me esperando do lado de fora, e eu entrei, me deparando com o meu pai bêbado, jogado no meio da casa.

Antes eu me importava, me desesperava, e sei que ele precisa de ajuda. Mas quando os filhos precisaram ele não estava lá, então não faz sentido eu me sentir mal por alguém que não liga nem para si, nem para os filhos.

Corro para o banheiro

Por favor Deus, faz aquele velho não me demitir!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top