CONTO 1 | Namjoon | Capítulo 2

A alegria de Namjoon se metamorfoseou em uma mistura de surpresa e decepção. Para não restar dúvidas de como se sentia, solta um muxoxo antes de reclamar.

— Não acredito que você não vai me contar de quem é esse quadro, Carol.

— Mas de que adianta você saber isso? — ela leva as mãos à cintura.

Realmente, não era como se ao saber a autoria da obra que inspirou a tatuagem, ele chegaria à alguma pista sobre sua amada. Apesar disto, sentia que a informação de alguma forma serviria para conhecê-la melhor.

— Assim eu posso chegar um pouco mais perto dela, sabe?

Aquele olhar sonhador era algo novo para Carol. De todos os relatos das "façanhas" dele acompanhados por ela — repletos de pormenores a mais, na sua opinião — nunca o tinha visto tão entregue. No entanto, só pelo estado lastimável com que ele apareceu ali, duvidava muito que essa paixão toda fosse algo a ser levado a sério. O problema era ela não conseguir resistir àquela expressão aflita.

— Kim Whanki.

— O quê? — ele se apoia sobre o balcão, se aproximando para ouvir melhor.

— O pintor do quadro se chama Kim Whanki.

Um sopro de satisfação atinge Namjoon, que comemora sacudindo os braços enquanto pesquisa pelo artista no celular. Carol acaba por se abrandar com a cena. Poderia aquele malandro incorrigível estar mesmo apaixonado? Mas se nem ele sabia quem era quem dos contatinhos, o que garantia que a tal garota da tatuagem era a pessoa por quem tinha ficado balançado? Só havia uma maneira de descobrir e já estava se arrependendo da sua decisão, antes mesmo de a ter declarado.

— Tá bem. Bora resolver esse mistério!

O plano é simples e direto, reunir evidências que liguem cada contatinho à sua respectiva passagem pelo bloco Fui Com Todas, Não Lembro de Nenhuma do Namjoon. Carol começa pela pista principal. O celular dele.

Das cinco fotos de perfil, apenas uma não trazia sua dona enquadrada. Era apenas a vista dos pingos de chuva em uma janela, um tanto melancólica, na opinião de Carol. Das outras quatro, três eram facilmente reconhecíveis sem apetrechos de carnaval e a última mostrava apenas a nuca raspada e o resto dos cabelos castanhos presos para cima.

— Essa última é capaz de ser a ruiva. — Namjoon comenta.

— Você tem certeza?

— Não...

— Teria sido ótimo se tivessem guardado o sobrenome. Nem dá pra pesquisar nas redes. — ela solta um suspiro desanimado. — O que mais você tem pra mim?

Algumas fotos. Mas não suficientes. Várias com amigos fazendo algazarra em um apartamento. A mão de uma mulher pintada de verde pondo fogo em um drink. Namjoon entre uma loira e uma morena beijando-lhe o pescoço. O pôr do sol visto do terraço de um edifício.

— Nascer do sol. — Namjoon corrige. — Foi aí que eu a conheci.

— Hummm, entendi. Você podia ter tirado uma foto era dela, nos poupava esse trabalho todo. — ela pôs a mão na cintura. — Então, conta mais.

Passaram a reunir as memórias do dito cujo. O domingo finalmente tinha sido de folga e aí, sim, ele meteu o pé na jaca com vontade. Tanto que só voltou para casa na terça. Começou o esquenta com os amigos de banda, na casa de um deles.

— Você tem banda? — Carol diz surpresa.

— Por que você tá sempre me interrompendo? — ele reclama. — E eu já te contei que sou rapper nas horas vagas.

— Só você pode ter problema de memória, por acaso? Vai, continua... — conclui revirando os olhos e contendo a vontade de mudar o assunto para os hobbies musicais.

Da varanda do apartamento, os sete tinham estabelecido contato de terceiro grau com um grupo de alienígenas sexys que os convidaram para um baile funk privado no prédio em frente. Eles toparam na hora e, mais tarde, quando saíram de lá — expulsos pelo pai da dona da casa — pareciam híbridos de tantas manchas de tinta verde e glitter.

O detalhe é que as aliens tinham levado tão a sério a fantasia que só tinham bebidas verdes para oferecer e eles deram conta de uma garrafa inteira de absinto. Namjoon suspeitava que esse tinha sido o verdadeiro motivo para a expulsão, pois o progenitor da alien anfitriã devia ser o dono da bebidinha especial.

Seguiram para o bloco e, até que conseguiram se manter juntos, mas quando a fada verde deu as caras, foi fácil se perder uns dos outros.

— Tenho que me preocupar com seus amigos? — Carol franziu o cenho.

— Não. Eles não são importantes pra história. — respondeu convicto.

— Vocês só tomaram absinto?

— Que nada! Quando passou o efeito, eu enchi a cara de novo.

— Dá pra ver. — ela o observa de lado.

— Enfim, depois disso já não lembro muito bem das coisas.

Não era como se Namjoon tivesse simplesmente apagado, ou que houvesse passado dois dias chapado por completo. Porém, foram tantos acontecimentos que tudo ficou meio embolado.

— Tá bem, mas bora focar no que interessa. O que você lembra dos contatinhos?

A lista era menor do que ela esperava. Excluindo a bagunça com os amigos, o tempo dançando e conversas aleatórias, ele lembrava de um amasso bem dado em uma morena cheia de tranças coloridas por trás de uma banquinha de bebidas. Mas acabou de alguma maneira sendo abduzido de volta para o apartamento alienígena, pois foi lá que acordou abraçado a uma loira baixinha, que não era a anfitriã, além de mais três dos seus amigos espalhados pela casa, cada um com o seu devido contato imediato.

— Certo, a foto da mão verde tá explicada. E a outra? Essa morena aqui não tem tranças, mas a loura é a que veio de Marte? — Carol começa a ligar os pontos.

— Não, não. Essa foto é do dia seguinte.

O grupo de amigos aproveitou para retornar ao ponto de partida na casa de um deles, ali em frente ao apartamento alienígena. Banho tomado, miojo pra dentro e era hora de voltar à ativa. A dançarina tinha falado de um bloco de eletro-house que ia acontecer do outro lado da cidade e, de alguma forma, depois disso ele tinha ido parar em uma festa em um hotel de luxo.

Namjoon não lembrava como tinha ido de uma coisa para a outra, mas o fato é que ele tinha o carimbo do bloco marcado no dorso da mão e a pulseira da festa no hotel presa ao pulso. Lembrava de ter chegado no bloco com os amigos e ter reconhecido a bailarina entre os organizadores e, no papo vai, papo vem, acabaram todos indo para a tal festa e foi lá que o sanduíche aconteceu.

— Pelas minhas contas, já passou de cinco. — Carol tamborilava os dedos no balcão.

— Eu disse que eram cinco contatos, não que tinham sido cinco no total. — ele deu de ombros, levando um beliscão em um deles.

— Tá bem, mas então por quem você se apaixonou?

Ele a encara com um olhar doce. Aquelas eram as únicas memórias que não queria perder. Porém, contradizendo o seu caráter pouco discreto, tampouco queria compartilhar. Afinal, não tinha sido uma conversa na qual se apresentou no seu melhor e nem sabe se terá alguma chance.

— Você quer que eu a descreva de novo? Uma pele amendoada, assim como a sua, os cabelos longos, castanhos com as pontas loiras. Uma pinta na pontinha da clavícula, a tatuagem na costela. — descreve enquanto segura uma das mãos de Carol.

A barista engole em seco, sentindo a responsabilidade pesar sobre seus ombros. Talvez ele estivesse mesmo levando aquilo à sério, mas continuava sentindo dificuldade em acreditar, ainda mais com a lista de conquistas prévia a esse encontro tão especial.

— Então vamos lá. Pelo o que você explicou me parece que conseguimos excluir pelo menos uma. — ela declara menos confiante do que gostaria.

— Quem?

— Essa aqui tem um efeito na foto que faz o cabelo ficar mais escuro, mas ela é loira, olha aqui esse cantinho, portanto está fora.

— Ai Carol, é tão bom contar com seu cérebro, quando o meu tá frito.

Ele abre os braços para a amiga que apenas sacode a cabeça em negação e se afasta para servir novos clientes. Com a exclusão ainda tinham quatro com que se preocupar.

— Por que você não joga verde para as quatro? — ela retorna com uma pilha de louças sujas nos braços. — Conversando com elas vai ser mais fácil de lembrar quem é quem.

Mensagens genéricas iguais foram enviadas sob a supervisão dela. A primeira respondeu com a foto de um cotoco meio pintado de verde, dando para perceber que a alien queria evitar contato de qualquer número e grau com ele. O que a amiga não entendeu é como que este contatinho, a princípio loira, era a que tinha a nuca raspada com os cabelos castanhos presos.

— Vai ver ela pintou de loiro há pouco tempo. — Namjoon comentou, parecendo um pouco entediado.

A próxima foi a dona da peruca ruiva, que afinal tinha uns cachinhos miudinhos que bem poderia ter sido a garota das tranças.

— Ahhh, você tá me deixando confusa.

— O mais confuso nisso tudo sou eu!

Carol não teve como argumentar contra. Faltavam duas. Uma morena de cílios compridos e a foto da chuva.

Oi. Tudo bem? Nossa! Do jeito que você saiu, achei que não ia mais te ver, haha.

Oiee. De onde você tirou força pra me procurar logo cedo, hein? Pensei que ia estar derrubado.

O par de amigos se encarou em dúvida. O brilho de esperança nos olhos de Namjoon aquiesceu o coração de Carol. No fundo, ela só desejava a felicidade dele e se ele estava contente em afunilar as opções, ela também ficaria. Mas queria ver com os próprios olhos para ter certeza. Acabou por sussurrar uma semi-ordem para o amigo, em uma tentativa inútil de abafar a voz, como se as outras a pudessem ouvir de alguma forma.

— Diz para elas virem aqui te ver. Aquela mesa ali na janela é perfeita para isso.

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Oi gente!!

Ainda não foi dessa que descobrimos quem é a amada misteriosa do Namjoon, mas pelo menos já reduzimos as possibilidades para duas. Ou será que tem mais alguém aí nesse páreo?

Qual o palpite de vocês?

Se está gostando, não se esqueça de deixar a sua estrelinha e comentar! Eu vou adorar saber sua opinião, palpites e etc.

Beijo grande e até o próximo capítulo.

Ana Laura Cruz

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