12. bomba atômica
— Animada para o casamento?
Na varanda da casa de Jane, Alia se virou quando a voz doce de Zelda interrompeu seus pensamentos. A estilista sorriu, e uma pequena brisa as envolveu. No gramado bem aparado da casa, homens de camiseta preta carregavam cadeiras e desciam em direção à praia.
Depois de voltarem do campo de balonismo, tudo havia mudado na casa dos Vincent. Homens parrudos de camiseta preta carregavam cadeiras e mesas para a praia, mulheres de aparência profissional e saias incrivelmente justas falavam em walkie-talkies e cuidavam das flores, e um pequeno grupo misto — que Alia descobriu ser dos assessores de Jane — cuidava dos jornalistas insistentes que pediam para dar uma espiadinha nos preparativos. Pela primeira vez, Alia sentiu como se estivesse num casamento, e não de férias.
— É, acho que sim. — Alia sorriu e olhou para Jane, que cheirava algumas rosas com a mãe. Zelda apoiou os cotovelos na balaustrada. Após um silêncio curto, ela disse: — Jane será uma bela noiva.
— Ah, ela será. — Zelda sorriu com o canto dos lábios antes de sussurrar: — Especialmente porque fui a responsável pelo vestido dela.
As duas riram. Alia ainda não conseguia acreditar que um de seus grandes ídolos estava ali, rindo e conversando com ela como se fossem velhas amigas. Era muito bom para ser verdade. Tudo naquele feriado estava sendo bom demais para ser verdade. Sem graça, Alia trincou a mandíbula.
— Você está bem, querida? — perguntou Zelda, franzindo o cenho. Um homem passou pelo gramado carregando uma tenda em direção à praia. Alia nunca quis tanto trocar de lugar com alguém. — Você parece um pouco... pálida.
— É, eu... — Alia pensou por um momento antes de sorrir sem vontade. — Acho que ainda estou meio enjoada por causa do balão. Muita aventura para um dia só.
Zelda assentiu. Depois de saírem daquele maldito campo de balonismo, Alia foi incapaz de conter a tremedeira. O corpo mal respondia a seus comandos, e permanecer de pé mostrou-se uma tarefa quase homérica. Jane, por outro lado, não parava de falar sobre o vento, o céu azul e do dia de aventura com Edward. Enquanto Alia só pensava em se manter de pé e não vomitar, Jane estava radiante com a perspectiva de entrar no balão outra vez.
E apesar de o Sr. Henderson ter segurado sua mão durante todo o trajeto de volta, Alia ainda se sentia enjoada ao pensar no balanço do cesto do maldito balão. Apertando as mãos, ela sorriu novamente para Zelda.
— Tem certeza de que é só isso? — perguntou Zelda. — Só... a aventura e o balão?
Alia fingiu não ver o sorriso oblíquo da estilista. Sem graça, ela desviou os olhos do Sr. Henderson, que ajudava Carol com as flores. A cena daquela manhã, com os dois arrancando a roupa um do outro na cama brilhou diante de seus olhos, mas Alia engoliu em seco e sorriu.
— Por que a pergunta?
— Por nada. — Zelda sorriu de volta, dando de ombros. — Apenas pensando alto. Bem, será uma grande festa.
— É — concordou Alia. Ela admirou o gramado, alegre pela mudança de assunto. — E Jane está tão relaxada. Ela nem se parece com as noi...
Alia caiu em silêncio quando Jane tomou o Sr. Henderson pelo braço, rindo e caminhando com ele para longe. Ambos desapareceram em direção à praia. Alia trincou a mandíbula e virou o rosto, ciente do olhar penetrante de Zelda. Um silêncio tenso, cheio de expectativas, cresceu entre as duas.
Você não deveria se sentir assim. Apesar de não querer, Alia não conseguia evitar a queimação esquisita no estômago, a garganta se fechando momentaneamente, os ouvidos se dilatando como se todo o sangue de seu corpo, de repente, se alojasse nas orelhas. O que está acontecendo com você, porra?
— Eles fazem um casal bonito — disse Alia, sem vontade.
— Bem, William e eu ainda preferimos você como a namorada dele — sussurrou Zelda. Após outro silêncio, a estilista perguntou: — Por que você escolheu a moda?
— Para fazer as pessoas felizes — respondeu ela, sem pensar no quão randômica era a pergunta. Alia deu de ombros. — Esse é o poder da moda, não?
— Eu não poderia concorda mais. — Zelda sorriu. — Só fiz a pergunta porque você daria uma ótima modelo...
— Ah, meu Deus. — Alia riu, sem graça ao se lembrar das fotografias medonhas. — Realmente fazemos coisas idiotas aos vinte anos, não?
Elas riram.
— Sabe, foi Colin quem reconheceu você — disse Zelda, olhando para um jovem espinhento que tentava carregar mais cadeiras do que conseguia para a praia. — Estávamos no estúdio, quebrando a cabeça para encontrar alguma mulher que não tentaria arrancar vantagem de Colin ou vender a história aos jornais, quando ele olhou para o mural e viu suas fotos.
— Como vocês conseguiram aquelas fotos? Indiana Jones não seria capaz de escavar aquilo.
— Procuramos por referências em todos os lugares. — Zelda riu, dando de ombros. — Mas o interessante é que Colin encarou sua fotografia por 20 minutos antes de dizer que você o ajudaria. Foi uma grande surpresa, principalmente porque eu e William nunca ouvimos falar sobre qualquer modelo daquela parede.
Era ótimo saber que seu chefe havia encarado fotos suas — as fotos em que ela estava seminua, que fique bem claro — por longos 20 minutos. Realmente, as coisas não podiam ficar melhores.
Sem graça, Alia ignorou o olhar persistente de Zelda. No gramado, homens carregavam mais cadeiras e flores para a praia. Edward conversava com um homenzinho sobre a champanhe, apontando para rótulos de garrafa. Jane e o Sr. Henderson não estavam em lugar nenhuma. Alia enrijeceu os ombros, procurando por eles com olhos ávidos. Nada. Onde vocês estão?
— Sabe, querida — disse Zelda, olhando para Sagger, que conversava com May e lançava caretas entediadas a elas vez ou outra. — Não posso ter filhos.
Alia virou o rosto para a mulher elegante ao seu lado, o cenho franzido. Zelda baixou a cabeça, e Alia sentiu o peso daquele silêncio como uma facada. Pela segunda vez naquele feriado, ela não soube o que dizer.
— Nunca quis ser mãe, mas é difícil quando notícias assim chegam até nós — continuou ela, olhando para longe, para além do pedacinho de praia que avistavam da varanda. — Essa bomba atômica caiu no meu colo durante alguns exames de rotina. Mas sabe o que é pior? Os outros. Médicas, enfermeiros, todas as pessoas olhando para você como se sua vida estivesse acabada. Nem William soube direito o que fazer.
Do gramado, Sagger aproveitou um descuido de May para revirar os olhos para a esposa e Alia, ignorante da conversa séria que se desenrolava entre elas. Alia apertou a balaustrada da varanda, mas Zelda sorriu, balançando a cabeça para o marido.
— Ele dizia que nunca quisemos filhos, que não era um problema, que nada mudaria entre nós, mas eu podia sentir a pena nas palavras dele. Isso é terrível. Quando as pessoas sentem pena de você. — Ela sorriu de maneira triste. — Sempre detestei crianças, mas de repente... os humanos são criaturas engraçadas, não? Eles não querem algo, mas diga que eles não podem ter o tal negócio que as portas do inferno se abrem.
Zelda balançou a cabeça, rindo. Alia, que ainda não sabia o que dizer, ouviu.
— Então, quando eu estava pronta para me esconder do mundo, Colin apareceu. Todos sentiam pena de mim, William tentava em vão me animar, mas era óbvio que não sabia como lidar com a situação, e então... então Colin apareceu no estúdio com um saco de rosquinhas. — Ela riu, seus olhos escuros perdidos na memória. — Ele deixou o saco de papel engordurado na minha mesa e disse Sinto muito, mas não podemos mudar isso. Vamos comer algumas rosquinhas, e se você e Will quiserem algo para tomar conta, podemos ir até o abrigo para vocês adotarem um gato.
Alia riu, balançando a cabeça antes de dizer:
— Isso se parece com algo que ele diria.
— Colin sempre foi o doido dos gatos, mas não posso dizer como foi bom escutar aquilo. Saber que era algo sério, mas que algumas coisas não mudam. Nossa vontade, feliz ou infelizmente, nem sempre é soberana. — Ela sorriu para Alia e indicou o marido com um gesto de cabeça. Num sussurro divertido, Zelda disse: — Acho melhor eu ir salvar William de May antes que ele morra de tédio ou acabe torcendo o pescoço dela. Se você me dá licença...
Zelda riu, se afastando da balaustrada. Antes que ela chegasse ao gramado e se afastasse demais, Alia se virou para encará-la.
— Por que você me contou isso?
Zelda piscou, pega de surpresa pela pergunta. Alia percebeu sua pashmina verde balançar suavemente por conta da brisa de verão. Os olhos negros e puxados dela vasculharam os cantos mais obscuros da alma de Alia, que enrijeceu diante do escrutínio silencioso da estilista. Segurando seu inseparável leque, Zelda Miller sorriu.
— Não acredito que as coisas aconteçam por um motivo, querida. Longe disso. As coisas acontecem o tempo todo, e é nosso dever dar significado a elas ou não. — Ela fez uma pausa, seu sorriso oblíquo se alargando. — Ser estéril não significa nada para mim, e um feriado, da mesma maneira, pode significar o mundo ou nada no final das contas.
Novamente, Zelda sorriu para Alia, que abriu a boca para responder, mas terminou por desistir tão logo a realização fez o sangue pulsar em suas orelhas. Porra, essa mulher é incrível. Elas dividiram um olhar curto, e quando Zelda segurou o braço do marido, entrando na conversa com May, Alia sorriu e murmurou um obrigada em retorno.
Era o mínimo que poderia fazer.
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Quando ele abriu a porta, ela ergueu os olhos do livro. Na luz baixa do quarto, o Sr. Henderson levantou as sobrancelhas para Alia. Um silêncio esquisito passou por eles, e não demorou para as orelhas do Sr. Henderson ficarem vermelhas.
— Ah, você ainda está acordada — disse ele, a mão ainda na maçaneta. — Pensei que já estivesse... dormindo.
— Não, só... só estou tentando dar uma relaxada. — Alia ergueu o livro com um sorriso apologético. O Sr. Henderson assentiu, e seus olhos castanhos de Golden Retriever responderam a todas perguntas que ela poderia fazer.
Durante aquele longo e exaustivo dia, Alia mal vira o Sr. Henderson. Todos na casa estavam tão obcecados e nervosos com as preparações do casamento que qualquer outro assunto foi deixado de lado. As flores, os docinhos, o tempo, os lugares e o bolo foram os únicos tópicos que surgiram na casa dos Vincent naquele dia.
Para ocupar a cabeça, Alia ajudou Carol com as flores, organizou os vestidos das madrinhas com May e auxiliou Edward na escolha de vinhos e champanhe, até perceber que o Sr. Henderson e Jane estavam... sumidos. O lindo e perdido Edward, temeroso de escolher a champanhe ou o vinho errado para a festa, não percebeu o desaparecimento da noiva, mas Alia percebeu. E mesmo que nunca admitisse, não havia gostado daquilo. Não havia gostado nem um pouco daquilo.
Durante o jantar, Rupert perguntou aos dois sobre o desaparecimento. O Sr. Henderson comeu em silêncio, mastigando o frango e evitando responder a pergunta. Jane, como esperado, riu e disse que Colin me ajudou com alguns negócios na cidade, pai. Ah, não se preocupe, Ed. Não quis atrapalhar você com as bebidas. Edward, sentado em frente a ela, sorriu como se a noiva fosse o espécime perfeito de ser humano. Alia permaneceu em silêncio, evitando virar o rosto para o Sr. Henderson e fingindo não ver o olhar insistente de May.
Agora lá estava ela, enfiada debaixo dos lençóis e tentando ler numa tentativa falha de esquecer que seu chefe, após o jantar, havia saído para uma caminhada na beira da praia. Ele não estava sozinho, e você sabe, ela pensou quando o Sr. Henderson se encaminhou para seu lado da cama. Envergonhada pelo pensamento, Alia fechou o livro e desligou a luz de cabeceira. Ela murmurou um boa-noite contrariado e deitou a cabeça no travesseiro.
O Sr. Henderson se sentou aos pés da cama. Na luz azulada do quarto, ela só conseguia divisar a silhueta dele na cama, com a postura rígida esperando para que Alia tomasse uma atitude. Não faça nada, ela pensou, mas a curiosidade levou a melhor. Ela acendeu o abajur e se virou para ele, perguntando:
— Há algo errado?
— Eu estava com Jane na praia — disse ele de um fôlego só. — Tivemos uma... conversa, e ela disse que... que pareço outra pessoa, que sente minha falta. Que se eu quiser, podemos... podemos ver e... e tentar, se...
A última sentença do Sr. Henderson morreu. Alia encarou seus olhos castanhos e engoliu em seco, apertando os lençóis com mais força do que o necessário. Fique feliz por ele. Finalmente, ela conseguiu sorrir sem vontade para o chefe.
— Ah, isso é... bom.
Ela, que se considerava uma ótima atriz no colégio, não era mais capaz de fingir. As palavras dele dilaceraram seu coração. O Sr. Henderson franziu o cenho, procurando com seu olhar profundo por uma brecha na felicidade falsa dela.
— Você acha? — perguntou ele.
— Sim, quer dizer, é isso o que você queria, não?
O Sr. Henderson assentiu, encarando o papel de parede cor de creme do quarto. Nos olhos castanhos dele pairava o brilho confuso de um homem dividido. Alia esperou, ciente de que seu cérebro de homem de negócios, tão infalível para jogadas comerciais, procurava por uma resposta lógica para um problema que apenas os sentimentos poderiam resolver.
— É. É isso o que eu queria. É. Sinto muito, Alia. — Ele pigarreou, se erguendo da cama. Com uma expressão indecifrável no rosto bem barbeado, o Sr. Henderson fez um gesto de cabeça para ela. — Eu... eu realmente preciso ficar sozinho. Pensar. É, sinto muito, eu...
O Sr. Henderson repetiu o gesto de cabeça e deixou o quarto. Seus passos ecoaram pelo corredor até sumir. Na cama, Alia deitou a cabeça no travesseiro e encarou o teto.
Nenhum livro a faria relaxar depois daquilo.
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— Oi, sou eu — Alia sussurrou, fechando a porta do banheiro e segurando o celular com força contra o ouvido. — Você está acordada?
— Sim — respondeu Nat com uma voz sonolenta. — Quem poderia estar dormindo às três da manhã, a hora mágica em que tudo acontece?
— Ei, pare de ser engraçadinha. — Alia abaixou a tampa do vaso sanitário e se sentou. — Eu... eu realmente preciso conversar com alguém.
Depois de Nat pegar uma xícara de chá, Alia contou a ela sobre as conversas e os olhares esquisitos que trocou com o Sr. Henderson durante o feriado, sobre a aula de dança e em como ele realmente era bom naquilo e contou sobre a vitrola na velha casa de barcos repleta de cocô de gaivota. Alia também contou à Nat sobre o beijo no quarto, sobre a ida ao campo de balonismo e em como o Sr. Henderson sabia pilotar a porcaria do balão. Ela contou tudo à Natalie, especialmente sobre o beijo na cama — ouvindo um Ai, meu Deus! Eu sabia! —, sobre o olhar de desejo dele e aquele cheiro de chá de menta e creme de barbear.
Alia também falou em Jane, em como ela não era uma má pessoa, em quão linda e triste ela ficava cada vez que olhava para o Sr. Henderson. Alia contou à amiga como os dois eram a definição de casal perfeito, o puro conceito de uma combinação desenhada pela mão de Deus. Exatamente como os nós das gravatas do Sr. Henderson.
E Alia contou o que, agora, fazia seu coração bater acelerado e o sono se esconder.
— E Jane disse que está disposta a... a tentar de novo, se ele quiser. Tipo, desistir do casamento, eu acho — disse ela, admirando o tapete amarelo do banheiro. Uma vontade súbita de chorar tomou-a de assalto, mas Alia engoliu em seco. — Por que não estou feliz e aliviada? Por que não consigo... por que não consigo olhar para ele e ver o antigo Sr. Henderson? Um robozinho programado pra ganhar dinheiro que nunca... nunca faz nada além de trabalhar?
— Ai, querida, não fique assim... — começou Natalie.
— Eu sou tão idiota, Nat. Pensei que poderíamos fazer isso sem transformar tudo numa comédia romântica, mas olhe no que deu. Eu deveria ir embora desse lugar.
— Mas o que ele respondeu a ela?
— Não sei, e isso não importa. Como vou trabalhar para ele depois de tudo?
— Você precisa ficar aí — disse Natalie, recebendo um grunhido de Alia como resposta. — Olhe, eu sei que isso não é o que você quer ouvir, mas você precisa pensar no seu futuro. Depois desse feriado você vai ter a chance única de mostrar seus croquis aos maiores estilistas do milênio. Não desista agora, Alia. Você não precisa mais trabalhar para ele, mas pense em você. Essa é a sua chance de trabalhar com o que sempre amou, garota.
Alia suspirou, apertando o celular contra o ouvido. O som calmo do mar noturno inundou seus pensamentos. Ela sorriu para Nat através do telefone, querendo mais do que nunca abraçar a amiga. Essa é a minha chance. Todo o resto pode ficar para depois.
— Você está certa. É só um dia, não?
— Só um dia. E quando você voltar, estarei te esperando com uma garrafa de vinho e os novos episódios de America's Next Top Model.
— Valeu, Nat. Ah, e me perdoe por, você sabe, ligar às três da manhã...
— Relaxe. É pra isso que são as amigas.
— E as colegas de quarto?
Natalie ficou em silêncio por um momento antes de rir.
— É, acho que elas servem pra isso também. E para roubar suas maquiagens quando as delas acabarem. — As duas riram novamente. Após um breve silêncio, Natalie disse: — Boa-noite, querida.
— Até, Nat.
Ela finalizou a ligação com um suspiro, olhando o banheiro organizado com o coração um pouquinho mais leve. O silêncio da casa deixava seus pensamentos mais altos, e pela primeira vez Alia desejou que Dylan e May estivessem transando no quarto ao lado. Pelo menos assim ela não precisaria pensar.
Alia abriu a porta do banheiro e viu, na escuridão azulada do quarto, o Sr. Henderson dormindo na cama. Com um suspiro profundo, ela se escorou no marco da porta, observando a respiração ritmada dele movimentar os lençóis. Só mais um dia, Alia pensou. Só mais um dia e você ficará... bem.
Quem dera fosse tão fácil. Mesmo depois de repetir as palavras mil vezes, Alia ainda não acreditava nelas.
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