01. proposta indecente

Com os ombros retesados, ela se sentou na cadeira de madeira polida da cafeteria e esperou. O burburinho e o entra e sai àquela hora da manhã faziam a cabeça de Alia doer, mas pelo menos o cheiro de café cumpria o papel de acalmar seus nervos exaltados.

O chefe dela colocou o paletó cinzento — e caro, diga-se de passagem — nas costas da cadeira do outro lado da mesa e se sentou ereto, as narinas infladas e a gravata cinza-escuro atada no mais belo nó semi-Windsor que Alia já vira. Como se tivesse sido feito pelos dedos de um deus, como todos diziam no escritório quando o Sr. Henderson e sua gravata — também cara — apareciam logo pela manhã.

Nenhum dos dois abriu a boca, deixando os sons da cafeteria caírem sobre eles como um trovão no final de uma tarde tranquila. Alia olhou para o balcão repleto de pessoas apressadas para ir ao trabalho e se perguntou, sem olhar para o chefe, por que estavam ali e não na empresa, trabalhando.

Ele pegou o cardápio e o punho de sua camisa subiu um pouco. Um relógio Rolex prateado — que valia, pelo menos, seis meses do salário de Alia — projetou-se para fora. Sem graça, ela desviou os olhos para a fila, onde uma moça usava saltos incríveis e falava ao celular, carregando dois cafés para longe do balcão.

— O que posso lhe oferecer, Srta. Nazario? — perguntou ele, capturando a atenção de Alia com sua voz profunda.

Os olhos castanhos do Sr. Henderson a fitaram com um misto de seriedade e interesse que o deixavam realmente bonito. Os segundos se arrastaram até ela negar com um gesto de cabeça.

Alia não era do tipo de secretária que se apaixonava pelo chefe. Achava uma falta de profissionalismo absurda envolver trabalho e relacionamentos, e nunca se relacionou com nenhum homem do trabalho por causa disso. Princípios. Alia evitava ao máximo qualquer tipo de aproximação desnecessária com colegas e superiores, principalmente os do sexo masculino. As pessoas falavam e pensavam demais quando tinham trabalho demais e tempo de menos.

Alia engoliu em seco quando, mesmo frente sua recusa, os olhos castanhos dele não se desviaram dos dela. Sem graça, ela enrolou o guardanapo nos dedos e sorriu de maneira forçada.

— Eu não quero ser rude, Sr. Henderson, mas o senhor tem cinco reuniões hoje.

E estamos perdendo tempo aqui, ela pensou, mas não disse. Ele assentiu e baixou o cardápio.

— Eu sei. Pedi à Srta. Jensen para desmarcar meus compromissos antes de passar na sua casa esta manhã.

Num final de tarde chuvoso, há quatro ou cinco meses, ela ficou até mais tarde no trabalho e, por uma infeliz coincidência dos astros, encontrou o Sr. Henderson saindo do escritório. Natalie, a segunda secretária dele, já havia ido, e o chefe, muito cortês, ofereceu-lhe carona. Alia declinou, mas o Sr. Henderson insistiu com seu característico olhar penetrante e silencioso. Sem graça debaixo daquele escrutínio, ela não teve outra alternativa a não ser aceitar.

E quando ele descobriu que Alia morava a caminho de sua casa, perguntou se ela não aceitaria carona para o escritório todas as manhãs. Alia declinou, mas o dinheiro da passagem faria falta e... o Sr. Henderson era um cara legal. Além do mais, seria apenas uma carona, não um pedido de casamento.

Alia aceitou — se não fosse um incômodo, obviamente —, e desde então eles apareciam juntos todas as manhãs no escritório. Natalie ficou radiante — você fisgou de jeito o Sr. H., garota! –, e alguns comentários surgiram pelos andares do prédio, mas nenhum dos dois deu ouvidos aos mexericos de corredor. No carro, quase nunca falavam de assuntos que não envolvessem o clima, o trabalho ou a agenda repleta de compromissos do Sr. Henderson que Alia desenvolvia com a concentração de um monge budista.

O Sr. Henderson nunca foi impróprio ou demonstrou qualquer outro sinal que não gentileza, atenção e consideração. O Sr. Henderson nunca agiu como um idiota pervertido, nunca foi saliente ou intrometido. Pelo menos até convidá-la para um café e não dizer os motivos, ele agiu como um lorde inglês do século retrasado.

— Você se importa? — perguntou ele, tocando o nó semi-Windsor perfeito. Ela negou com um gesto de cabeça e o Sr. Henderson afrouxou a gravata, erguendo os punhos da camisa logo em seguida. — Vou até o balcão efetuar o pedido. Tem certeza de que não deseja...

— Tenho — interrompeu ela. Sem graça e com receio de soar grosseira, Alia sorriu. — Estou bem, obrigada.

Enquanto o Sr. Henderson aguardava na fila, com os sapatos de couro italiano reluzindo contra o piso escuro da cafeteria, Alia considerou fugir. O pensamento atravessou suas ideias durante o bater de asas de uma mosca, mas não demorou a se desfazer feito fumaça. Fugiria para onde? Para o trabalho, para encontrá-lo alguns minutos depois completamente ofegante pela corrida? Porque, aparentemente, fugir do próprio chefe já não seria constrangedor o bastante.

Alia gostava de saber com quem estava lidando. Se o Sr. Henderson pretendia fazer uma proposta indecente, por que se demorava? Se fosse promovê-la, ou pior, demiti-la, por que levá-la para tomar café? Aquilo não fazia o menor sentido. Ele não demorou a voltar com dois espresso duplo nas mãos. Alia não tocou no café.

— A torra daqui é marav...

— Eu sinto muito, Sr. Henderson — interrompeu ela, esforçando-se para a voz não vacilar. — O que o senhor realmente deseja?

Ele bebericou o café e seus cabelos castanhos metodicamente bagunçados reluziram contra o pequeno raio de sol que entrou pela vitrine da cafeteria. O Sr. Henderson descansou a xícara no pires e a encarou com o mesmo olhar sério e interessado de antes.

— Eu tenho uma noiva, Srta. Nazario. — Ele baixou os olhos e uma risada triste se desenhou em seu rosto bem barbeado. — Tinha. Eu tinha uma noiva. Aparentemente preciso reaprender a conjugar este verbo.

Alia se lembrava dela dos jornais e editais de moda. Jane Vincent. Morena, alta, olhos cinzentos, inteligente e amável. A modelo queridinha de todas as marcas de luxo do momento. Todo mês o Sr. Henderson pedia a Alia que enviasse um buquê de rosas para o endereço dela, mas há um ano os pedidos cessaram.

Ela aguardou em silêncio. Por favor, não se abra comigo. Tudo o que Alia não queria era ser a confidente de seu chefe, ouvir seus problemas, vê-lo como um ser humano e não um robozinho programado para ganhar dinheiro. Com as mãos suando, ela administrou um sorriso forçado. O Sr. Henderson, interpretando a tentativa falha de demonstrar emoção como uma abertura, respirou fundo.

— Jane vai se casar neste feriado. — Ele cruzou as mãos por cima da mesa e mirou Alia com o mesmo interesse de antes. — Jane vai se casar neste feriado, e me sinto muito... muito solitário, Srta. Nazario.

O silêncio cresceu de maneira dolorosa. A conversa estava ficando muito esquisita, e ela já desconfiava aonde aquilo chegaria. O Sr. Henderson observou o efeito de suas palavras em Alia, que trincou a mandíbula. O burburinho da cafeteria diminuiu, e ela se segurou para não atirar o café na camisa cara dele.

Ele queria bancar o chefe safado com a secretária no horário do expediente. Ótimo. Era só o que me faltava.

Não era a primeira vez em que ela recebia uma cantada de um superior, porém todas elas eram deprimentes. Você é a cara daquela atriz latina gostosa, como é o nome dela...? Você me faz um favor, e talvez eu possa conseguir essa promoção. Ouvi dizer que as negrinhas são mais fogosas, é verdade? Aquilo era tão triste e tão nojento que ela nunca pensou que o Sr. Henderson, um cara tão sério, pudesse sugerir algo do tipo.

Alia ergueu-se da cadeira, sentindo o coque apertar seus cabelos negros e a camisa branca restringir seus movimentos. O Sr. Henderson arregalou os olhos e levantou-se afobado, piscando sem entender o que se passava. Ainda se faz de desentendido.

— Não estou interessada — disse ela, um pouco alto demais. Duas senhoras grisalhas da mesa vizinha se viraram para ouvi-la. — Sempre o admirei por ser um homem correto, mas nunca incentivei qualquer avanço deste tipo.

Ela tremia. Sua mãe dizia que era a mistura do sangue porto-riquenho e dominicano que a fazia agir assim, com aquela raiva que consumia tudo. Só podia ser. Alia estava cega, e de punhos cerrados, quis atirar a cadeira no próprio chefe. O Sr. Henderson ficou sem jeito, alisando a gravata.

— Eu sinto muito, Srta. Nazario. Minha última intenção seria ofendê-la. Eu... sente-se, por favor.

Desconfiada e ainda tremendo, Alia considerou ir embora, pedir demissão. Ela engoliu o orgulho, pensando no aluguel que teria de pagar no final do mês, nas contas chegando uma após a outra, e sentou-se com um gosto amargo na boca. O Sr. Henderson não ergueu os olhos e ajeitou o relógio no pulso.

— Acredito que me expressei mal. — Ele suspirou e tomou um gole de café. — Há um ano minha noiva me deixou, e sou solitário porque... porque trabalho demais, logo, não tenho amigos e muito menos uma namorada. Jane vai se casar e eu ainda não... ainda não superei.

Ele colocou em cima da mesa um envelope caro, cor de creme e decorado com bordas douradas. Um convite de casamento refinado que apenas uma princesa — ou a queridinha do mundo da moda — poderia ter. Os ombros de Alia relaxaram por um instante. O coração dela ainda batia furioso no peito e suas orelhas latejavam, mas aquele convite em cima da mesa reacendeu o pouco de pena que ela sentia pelo Sr. Henderson.

— Ela vai se casar com Edward Macklin, e eu não queria ir sozinho ao casamento. — Os olhos castanhos dele se fixaram nos dela. — Gostaria de saber se você poderia... poderia fingir que nós...

Certo. Aquilo ficou completamente fora de controle. Ele falava, falava e falava, mas ela não ouvia. Alia ergueu uma das mãos e a voz do Sr. Henderson sumiu, engolida pelo burburinho da cafeteria.

— Você quer que eu finja ser sua namorada porque sua ex vai se casar com um piloto da Fórmula 1. É isso? — perguntou ela. Sem graça, ele enterrou o rosto na xícara. Alia franziu o cenho. Aquele homem estava louco. — Eu sou sua secretária. Isso não faz sentido algum.

— Eu confio em você — atalhou ele, erguendo os olhos para ela, incerto sobre aquele tratamento ligeiramente íntimo. — Seu trabalho é excepcional e seu profissionalismo é incrível. Tenho plena confiança de que a senhorita seria... seria discreta sobre o assunto.

— Não é esse o problema. — Alia franziu o cenho. — Eu sou sua secretária. Não sou modelo, atriz ou qualquer outra coisa que o valha. Eu sou sua secretária e você quer me comparar a um piloto de Fórmula 1?

Edward Macklin era o atual campeão da temporada de Fórmula 1. Loiro, forte, rico e o melhor de tudo, caridoso. Boa parte dos milhões que ele ganhava nas pistas caía direto nas contas de diversas ONGs que alimentavam crianças na África e tornavam as vidas de refugiados de guerra menos miseráveis. O cara seria o Mister Perfeição se existisse um concurso para esse tipo de coisa.

— Não é uma questão de comparação, Srta. Nazario — retrucou o Sr. Henderson, levantando as sobrancelhas. — Quero que Jane veja que segui com minha vida, assim como ela seguiu com a dela. E sobre ser modelo...

Aquilo foi jogo baixo. Ele espalhou as fotos dela em cima da mesa, fotos que ela sequer se lembrava que existiam. Num estalar de dedos macabro, Alia se viu na República Dominicana, seis anos antes, com os cabelos negros soltos, a maquiagem carregada, uma bolsa de cor berrante cobrindo os seios e flashes da câmera pipocando em suas retinas.

O café-da-manhã se revirou em seu estômago.

— Com quem você conseguiu estas fotos? — perguntou ela, a voz tremendo.

— Com William Sagger — disse ele. Alia arregalou os olhos ao ouvir aquele nome. O Sr. Henderson encolheu-se na cadeira. — Nós somos amigos e suas fotos estavam penduradas na parede do estúdio dele. Sempre achei seu rosto familiar, mas há duas semanas eu... eu fiz a conexão.

Ela imergiu num silêncio apavorado. William Sagger, o maior estilista do milênio, tinha as fotos de uma modelo ruim de 22 anos, as fotos dela, presas na parede de seu estúdio. Alia passou os dedos por uma das sobrancelhas, tique nervoso que herdou do pai, e falou um palavrão em espanhol.

Seu chefe tinha fotos suas seminua, posando para uma marca de bolsa ruim que sumira do mundo da moda tão rápido quanto surgira. De que outra forma aquele dia miserável poderia piorar?

— Por que você não falou isso na sua entrevista de empre...

— Porque não fazia diferença! — retrucou ela. — Olha, isso faz muito tempo, ok? Eu e meus pais moramos na República Dominicana uma época, e uma mulher me parou na rua. Disse que precisavam de modelos negras, mas não tão negras, você sabe como essas pessoas de agência são preconceituosas, e como eu tenho ascendência haitiana, fui...

Ela se calou quando percebeu a expressão interessada do Sr. Henderson. Ela torceu o canto dos lábios, fechando momentaneamente os olhos. Você precisa se acalmar. E controlar essa mania de falar demais.

— Eu sou secretária, não modelo. Isso foi um trabalho idiota que fiz quando tinha 20 anos.

— Também encontrei isto debaixo do banco do meu carro. Acredito que pertença a você?

Era o croqui dela que havia sumido. Ah, cara. O que mais estava por vir? Ela segurou o desenho, que mostrava um belo vestido de verão laranja e amarelo, e repetiu o tique na sobrancelha. Irritada, tomou um gole do café até então intocado. O líquido morno desceu gelado em sua garganta.

— Aparentemente você tem muitos talentos, Alia.

Ele só podia estar brincando. Alia quis amassar o croqui e enfiá-lo na bolsa. Tomou a nota mental de nunca mais, nunca mais, levar seus desenhos — e muito menos seus sonhos de ser estilista — para o trabalho. Com a boca seca, ela perguntou:

— O senhor está me chantageando?

O Sr. Henderson a encarou, as belas sobrancelhas vincadas e o olhar profundo, o maldito olhar de Golden Retriever, analisando cada parte de seu rosto. Alia corou de fúria e vergonha. Sentia-se tão nua naquela mesa de cafeteria quanto nas fotos ruins que descansavam em sua frente.

— Se você não quiser aceitar minha proposta, tudo bem – admitiu ele. — Não vou demiti-la, diminuir seu salário ou privá-la das caronas para o escritório. Acredite que pensei muito antes de fazer esta proposta. Fiquei com receio de soar como um tarado, mas a escolhi por... por ser a única pessoa na qual confio atualmente.

Ela ergueu o olhar, até então absorvido pelas fotos antigas e pela raiva, e sentiu que ele falava a verdade. E pensando bem, Alia ficou com pena do Sr. Henderson. De novo. Era triste um homem do tipo dele, o maior executivo do mercado de comunicações americano, confiar única e estritamente em uma das secretárias.

— Você não tem ninguém mais? — perguntou ela, ainda relutante. — Nenhuma amiga ou vizinha?

— Eu tenho uma gata— disse ele, depois de pensar um pouco e sorrir. O Sr. Henderson parecia mais leve quando sorria. — O nome dela é Maria Antonieta, caso você se interesse por animais.

Ok, aquele era um lado do Sr. Henderson que ela não conhecia. Alia, você só pode estar maluca. Era o chefe dela. Era um pedido de namoro falso. Ele era... um homem desesperado precisando de ajuda e... Merda.

— Se eu aceitar...

Ele ergueu os olhos castanhos com uma vivacidade que apertou a garganta dela.

— O que você quiser, Alia — informou o Sr. Henderson, sentando-se na beirada da cadeira e ajeitando a gravata. Segundos depois, reconsiderou: — Desde que não seja algo absurdo como um avião ou um barco, acredito que eu possa perfeitamente...

— Você poderia me conseguir um... um encontro com Sagger?

O Sr. Henderson ergueu as sobrancelhas e durante um momento pareceu confuso demais para dizer qualquer coisa. Alia torceu o guardanapo nas mãos mais uma vez.

— Um encontro? — perguntou ele.

— Sim. Eu sempre quis trabalhar com ele. Mostrar... meus desenhos — admitiu ela, sem mirar o chefe. O açucareiro parecia mais interessante naquele momento. Uma risadinha falhada escapou de seus lábios. — Fiz dois concursos para conseguir emprego no estúdio, mas meus resultados não foram tão... satisfatórios. Talvez seja porque abandonei faculdade de moda, e eles...

Alia ficou em silêncio, sentindo-se idiota. O que sua mãe diria se soubesse que ela estava cobrando por um favor que seu chefe parecia tão desesperado para conseguir? O Sr. Henderson piscou algumas vezes e assentiu, alisando a gravata.

— Claro, Alia. O que você quiser. — Ele fez uma pequena pausa e tossiu. — Você aceita a proposta, então?

Seria um feriado de quatro dias com o Sr. Henderson em troca de um encontro com o maior estilista da atualidade e, talvez, até uma possibilidade de trabalhar com Sagger. É, ela poderia lidar com isso em troca do sonho de sua vida.

— Só posso estar maluca, mas sim. Aceito a proposta — disse ela. Um pequeno sorriso aliviado surgiu no rosto do Sr. Henderson. Alia deu de ombros, preocupada com a próxima pergunta. — O que preciso fazer?

— Fingir que me ama e que somos felizes. Ah, e que sou... divertido. E aventureiro. Um homem... legal e imprevisível.

Ela deu uma boa olhada no Sr. Henderson e... não. Aventureiro, divertido e imprevisível não seriam adjetivos que Alia usaria para classificá-lo. Ele era bonito, não se podia negar, mas imprevisível não era a melhor de suas características. Talvez porque ela soubesse cada passo do dia dele, seria difícil vê-lo como um homem interessante.

Ou porque ele era, na realidade, metódico feito um maldito robô.

— Eu tomei a liberdade de redigir um contrato. — O Sr. Henderson puxou da pasta de couro um envelope pardo. Alia percebeu que as páginas estavam marcadas com post-its fluorescentes. — Esta cópia fica com você, para poder ler em casa e pensar nos pormenores. Também destaquei as cláusulas mais importantes que envolvem nosso... grau de intimidade no feriado, além de certas ações que talvez precisemos desempenhar.

Alia segurou o contrato nas mãos. Um homem aventureiro, divertido e imprevisível. Certo.

— O senhor realmente pensou em tudo — comentou ela, passando os olhos sobre as marcações coloridas. — Principalmente sobre a... Cláusula de Amor?

Aquilo realmente estava escrito, preto no branco. Durante cinco segundos, Alia sentiu como se uma história melosa de romance best-seller estivesse aberta sobre seu colo. O Sr. Henderson encolheu os ombros e desviou os olhos, sem graça.

— Não quero que fique desconfortável, Alia — comentou ele, afastando a xícara vazia para longe. — Isto não será como uma comédia romântica. Pensei em todas as possíveis... variáveis amorosas desse feriado, que estão dentro desta cláusula. Talvez seja necessário uma ou duas danças, andar de mãos dadas, alguns beijos inocentes, abraços carinhosos e dividir um quarto... sem precisarmos dormir na mesma cama, obviamente.

— Beijos inocentes...?

As bochechas dele coraram.

— Você sabe... beijos na testa, no rosto. — O Sr. Henderson coçou a ponta da orelha e afrouxou ainda mais o nó da gravata. — Não quero que faça nada que a deixe desconfortável, mas entenda que... que a situação é estranha.

Se era. Ela assentiu lentamente, mas não ouviu mais o Sr. Henderson, que explicava tudo o que eles não precisavam fazer, sobre as responsabilidades dele de honrar sua parcela do acordo, de arranjar o encontro com Sagger, uma oportunidade de trabalho. Seria um feriado de quatro dias, uma festa de casamento — onde inúmeras pessoas da moda estariam presentes — em troca do maior sonho de Alia. O que poderia dar errado? Estranhamente relaxada, ela sorriu.

— Certo, Sr. Henderson. Acho que entendi o que o senhor...

— Antes de continuarmos — interrompeu ele, sorrindo sem graça —, me chame de Colin, Alia.

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