13 | Carrossel

O dia estava nublado, poucas pessoas se encontravam nas ruas de Seul, em virtude da forte tempestade que se formou. Ao longe podia-se ouvir alguns gritos que ecoavam por todos os lados, mas nada que fosse distinguível já que os ruídos estrondosos faziam-se maiores a cada minuto. O relampejo alvoroçado preocupou a vizinhança que se acomodava com receio da chuva.

As fontes luminosas do astro rei se camuflaram nas nuvens carregadas de chuva fazendo com que aquele aspecto cinzento se formasse por todas as extremidades do céu, o tom anil que tornava-se palco de uma aurora que diariamente iniciava as manhãs cheias de vida agora encontrava-se desbotada, por mais esquisito que fosse, o barulho do trovão ocultava todo aquele cenário tosco. Era visível toda aquela intensidade do fenômeno natural e por mais que as gotículas da chuva forte se instalassem sobre o chão, aquilo tudo serviria para alívio de tensão, renovar suas esperanças quase nulas de que dias melhores virão.

A chuva engrandece a alma restaurando todo o ser que é tocado por ela e nada poderia mudar essa virtude. Aquele silêncio medonho que incomodava por todo o trajeto se fez até o destino proposto, agora não havia mais, os sons fleumáticos e sinfônicos gotejavam através do teto rachado do orfanato de Seul, seus respingos afetavam toda a estrutura local, mas nada fora dos parâmetros já que o lugar dava aparência de inabitável. Era preciso tempo para executar o plano, porém, seu discorrer se tornou um inimigo fatal para os bandidos.

— Olha, eu sei que... — seus lábios entreabertos exibiam sua feição perplexa, as vastas palavras se perderam na imensidão de seus pensamentos, havia várias indagações acerca de tudo que estava acontecendo ao redor, era necessário coragem para seu amplo leque de perguntas serem feitos, e apesar disso tudo, seria ainda mais útil o tempo, mas nada que o pistoleiro tivesse, nenhuma das opções tornava-se um aliado para os garotos naquele momento.

— Não se preocupe comigo Namjoon, não penso nisso há tempos, confie em mim. — interrompeu o ruivo enquanto passeava suas mãos hábeis pelas gavetas empoeiradas. — Vamos nos concentrar em achar esses documentos o mais rápido possível, temos muito trabalho pela frente e pouco tempo para concluí-lo, está ficando mais complexo do que achei que ficaria, mas temos total controle da situação.

— Certo, darei conta do recado. — seu tom de voz preciso deu ao companheiro a confiança que faltava, o pistoleiro afirmou sem questionar e com o olhar calibre que todos conheciam, examinou cada extremo das enormes gavetas, estava parcialmente nervoso com toda aquela situação, não sabia que a infância de Hoseok havia sido tão conturbada. Queria consolar o amigo e tentar ajudá-lo da melhor maneira que conseguisse, mas ele preferiu o silêncio e iria respeitar isso, sabia como ninguém o quão doloroso era se lembrar das feridas e mágoas do passado, afinal, sua infância também não havia sido um mar de rosas.

Seus olhares fixos nas inúmeras pilhas de papéis acumuladas por toda a sala, penetravam sobre elas, os amigos não descansavam em nenhum momento sequer. Tinham uma missão a ser concluída e desistir não era uma opção, queriam ajudar o caçula a descobrir coisas sobre o seu passado e aquilo se tornou a necessidade de todo o grupo. O silêncio se fez presente na enorme sala por meros instantes, até que Namjoon ergueu uma pequena pasta, estava entusiasmado, a chave de seus problemas estava sobre suas mãos.

— Encontrei! — seu tom elevado ecoou pela pequena sala fazendo o garoto a seu lado fitar seu olhar sobre ele, comemorou por alguns instantes com a pasta em mãos e logo depois a abriu no chão para que o ruivo também pudesse analisar. — Pegue o jornal Hoseok, tenho certeza que estamos com a pasta certa em mãos. — sua dedução era rara de se falhar, seu intuito dedutivo afirmava que aquele era o caminho a ser tomado, enchendo seus pulmões de ar, o pistoleiro deu mais uma de suas ordens e sem pensar duas vezes fora obedecido.

— 1997...— sua voz insegura ressoou como se estivesse questionando a ação do amigo, suas habilidades dedutíveis eram impressionantes, mas poderia ocorrer um engano, o ruivo leu de modo simples a informação sobre a capa amarela que estava desbotada assim como as demais. — Teremos que abrir para ter certeza, seria melhor confirmar se estamos com a pasta certa, você acha que JungKook se importaria com isso? — indagou em tom receoso, seus esforços foram em vão quando a maçaneta da porta se mexeu, alguém havia chegado, a sombra pela brecha da porta começou a se expandir. — Não temos tempo para abrir aqui, vamos levar todas as pastas de 1990 pra cima, por precaução. — seus olhos arregalados fixaram-se na sombra exposta que se fazia pela brecha da porta, ambos rapidamente pegaram todas as pastas da época em questão e com todo o alvoroço esconderam-se o mais breve possível atrás de pilhas e caixas.

A velha rabugenta andava serena pelos corredores do orfanato, o mofo nas paredes desbotadas trazia um certo incômodo que ela comemorava ao sair de vez daquele espaço. A poeira no chão subia a cada passo que desse, o ranger do chão tornava-se insuportável e as janelas moviam-se com os mínimos movimentos da brisa gélida do vento quando se tocava a superfície de madeira. A iluminação local era péssima, dificultando o cenário dos meninos, era irreconhecível tal corpo, Namjoon pensava e encontrava-se meramente enganado. Ele se agachou quando a diretora passeou pelos arredores de seu corpo e começou um escândalo ao notar o espaço vazio nas prateleiras, tudo no orfanato era sigiloso e cabia a recepcionista proteger todos os papéis quando a figura dela não fosse presente.

O som agudo transmitido pela senhora tornava as recordações do ruivo mais vivas e intensas, sua fúria nada mudou desde a época de infância, seus pelos do braço se arrepiaram ao ouvir o ego da idosa se estender, suas ações que tanto afetava o medo do garoto expuseram todo o rancor que tinha daquele lugar. É hora de irmos embora, o pensamento se fazia em ambos, seus passos profundos impulsionados no chão se formaram quando a dona retirou-se transtornada da sala, fazendo com que o ranger dos velhos pisos de madeira tornassem mais intenso para a agonia dos jovens.

— Temos que ir, não há muito tempo antes que ela retorne. — a respiração acelerada deixou seus nervos a flor da pele, sua boca seca e seu olhar em todas as direções da sala foram sinais evidentes para Namjoon perceber a preocupação do ruivo. Ele abriu uma janela que dava-se de passagem para ambos, mas o pistoleiro apenas o encarou abismado. — Você vem ou não vem? Está com medo? Não é tão alto assim, quando era criança sempre brinquei no telhado, gatos caem em pé. — expondo um pequeno sorriso encorajador na face, o amigo não questionou seus gostos peculiares por altura e adrenalina, sorriu de relance e seguiu atrás sem dúvidas de que aquela alternativa seria a mais viável.

O ruivo entregou as pastas que continha em mãos ao amigo que cerrava seu olhar fixo na passagem do local, ele vigiou perplexo e com o coração acelerado garantiu que ninguém estivesse por vir, foi quando o garoto conseguiu sair e rapidamente retirou o blazer para cobrir os documentos que logo foram entregues novamente, protegendo-os a esperada do amigo que ainda mantinha seu corpo na sala do orfanato, em poucos segundos a diretora juntamente com sua assistente adentraram a sala e por pouco flagraram os ladrões em sua sala que caminharam pacíficos pelas telhas.

A chuva continuava intensa e após saírem daquela emboscada que se mantiveram observaram a poucos metros de distância, Seokjin que já os esperava no automóvel. Seus olhos semiabertos por pouco não avistaram ambos que corriam em sua direção, seus pés sobre o volante do carro logo foram abaixados para que dessem a partida o mais rápido possível, ele havia esperado uma eternidade ali, o que fazia com que os garotos ao adentrarem o carro se questionassem o quanto tinham demorado.

— Jin — o alvoroço de Hoseok ao se aproximar do carro espantou o mais velho que nele estava quase adormecendo, sacudindo os vários papéis de um lado para o outro que por ironia do destino não ficaram encharcados. Jin arregalou os olhos assustados e pensou brevemente em dar uma bronca no ruivo, mas quando seu olhar calibre fixou no que o garoto carregava e percebendo do que se tratava, o seu sorriso se expandiu por toda a face. — Encontramos, quero dizer acho que encontramos, pegamos todos os documentos da década de 90 acima. — dando uma pequena pausa para respirar, jogou os papéis no banco do carro.

— Mas isso é trabalho para os quatro. — seu nervosismo extremo era perceptível em suas expressões, Namjoon acabou por sorrir quando a felicidade de Seok o comoveu.  — Agora temos que voltar para lá, eles e principalmente o JungKook devem estar ansiosos pela chegada dos documentos.

— Sim, estão, Yoongi já me ligou três vezes perguntando quando chegaríamos. Relatou que JungKook está com os nervos aflorando e não é por mal, também estaria se todo o meu passado dependesse do que estamos prestes a descobrir, coisas importantíssimas, presumo. — seu tom de voz preciso mais uma vez se tornou essencial para aliviar a tensão do momento, o moreno retornou para o banco do passageiro dando espaço para o pistoleiro sentar-se.

Namjoon sentou-se no volante animado, toda aquela pressão psicológica voou pelos ares ao rodar a chave do automóvel, acelerou o carro e logo deu partida para o local que se encontrava o restante da gangue, o famoso prédio do senhor Min. Mal podiam esperar para finalmente poderem pôr um fim nessa história jamais esclarecida, todas as mentiras seriam finalmente reveladas e toda a culpa que o garoto dos cabelos castanhos carregava há tanto tempo poderia ter um final, o pico da adrenalina teria abaixado e a retribuição de toda aquela algazarra seria recompensada por um sorriso na cara do coringa que há tempos não expandia um sorriso de gratidão. Seria o começo de uma nova era.

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— Aonde eles estão? Será que deu tudo certo... Tae — Jeon andava de um lado para outro na tentativa de se acalmar, estava tenso com toda aquela situação. Afinal, a sua vida não seria a mesma depois de ler aqueles papéis, após tantas lutas, sofrimentos e de tempos vivendo na solidão, finalmente teria um parente vivo que pudesse chamar de família, óbvio, além de Taehyung e seus amigos, aquilo era o que mais o importava no momento.

— Se acalme, amor — seu tom de voz rouco era incomparável se tratando do Coringa, colocando suas mãos macias nas costas do moreno, fez com que o outro parasse de andar quando sentiu o calor de seu corpo junto ao dele. — Yoongi já ligou para eles e disse que está tudo bem, já estão vindo para cá, não tem motivos para se preocupar desse jeito. — suas carícias tocaram de leve o ombro do amado como se fossem plumas de tão graciosas. Fazendo massagens em seu corpo, o menino soltou um suspiro de alívio, seu toque era tudo que precisava para se manter estável, seus gestos de amor eram inquestionáveis.

— JungKook, está tudo bem acredite, Yoon não mentiria para nós. — com o peito estufado, Park sorriu excessivamente na tentativa de acalmar o garoto.

— Às vezes eu minto. — aquelas poucas palavras irônicas de Yoongi foram o suficiente para arrancar uma expressão fechada do moreno, o chefe sorriu de canto e o restante dos meninos ao seu redor arregalaram os olhos para chamar a atenção dele, não seria um bom momento para as brincadeiras do pálido.

— O que foi? Eu minto mesmo e não é pouco... — abriu novamente um sorriso antes de se levantar da cadeira para pegar uma garrafa de água, sua garganta seca o incomodava constantemente.

— Yoongi! — exclamaram em uníssono. Suas piadas nem sempre eram nos melhores momentos, mas toda aquela concentração de fato se voltava para o pálido que sempre gostava de ser o centro das atenções.

— Tá, tá me desculpem — ergueu suas mãos para cima em sinal de rendição. — Dessa vez não estou mentindo, Jeon, não se preocupe. Eles estão quase chegando, Seok me mandou mensagem a uns dois minutos atrás falando que chegam em cinco. — informou o restante enquanto ainda se sentava na poltrona de seu enorme escritório, JungKook suspirou aliviado, mas estava receoso da resposta que iria receber.

— Yoongi, poderia me mostrar o prédio? — indagou o loiro buscando dar privacidade aos garotos que se abraçavam nos fundos, fazendo gestos discretos com as mãos para se retirarem do local, Min logo o compreendeu e levantou-se para darem uma volta. Retiraram-se da sala deixando ambos a sós.

Para o amor não existe tempo nem horário marcado, muito menos distância, mas há aqueles que transformam o sentimento em algo duradouro e absoluto.

Não há limites quando se encontra alguém que precise de um colo e um abraço protetor, aquele que segura em sua mão e o guia quando tudo ao seu redor começa a desabar. Confiar e se tornar aberto para mudanças o torna um herói, saber se entregar de olhos vendados te faz o mais forte da relação. Não é sobre ter medo de se dar uma chance de encontrar a felicidade, é saber que ao lado daquela pessoa há uma morada a qual deseja se hospedar.

O elo mais forte entre corações que pulsam como um só se torna compreender que sem o outro nada seria tão único na intensidade que transfigurou.

Simplesmente acontece e não se pode impedir, ao contrário, a única razão existente e a qual confio fielmente, há duas pessoas lutando e se esforçando para dar certo quando tudo parece estar dando errado, entrelaçar os dedos e guiá-lo no meio de trevas até finalmente achar o caminho que leva a luz, não devemos desistir do outro, a felicidade merece uma chance, não se torna uma opção desistir, somos mais fortes do que ousamos um dia ser, somos mais fortes juntos. Não solte a minha mão e não se deixe abalar, merecemos sempre nos dar uma nova chance.

A nossa vida sempre foi algo turbulento, há idas e vindas, mas sempre encontrávamos um porto seguro e era novamente no braço um do outro. Conquistou diariamente a minha confiança, até assimilar que preciso da sua companhia todos os dias se não o sol nunca nasceu, o dia não começou. 

Quando menos espera, o amor floresce em seu peito transformando a flor que um dia murchou aparecer sobre um novo desabrochar, amar pondo a necessidade do amado acima das suas se torna um ato verdadeiro, o sentimento pode ressurgir até mesmo nos corações que um dia foram magoados e esperam aquele que o conserte.

— JungKook, há algum problema? — suas orbes castanhas se fixaram no moreno a sua frente, seus dedos passearam pelas bochechas coradas do amado fazendo leves carícias até retirarem as madeixas que escondiam seu olhar pasmo. — Não precisa ter medo de descobrir algo novo, estarei do seu lado — sorriu minimalista ao observar um pequeno sorriso de canto se fazer na face do mais novo, suas mãos se encontram e logo o garoto estalou um beijo em sua mão gélida.

— Não Tae, dessa vez só estou exausto, sinto que tudo isso está ficando desgastante e quero pôr um fim nisso tudo. — seu coração pulsava intensamente a cada toque recebido. — Mas por que a pergunta? — questionou com sua cabeça inclinava.

— Eu simplesmente não consigo tirar meus olhos de você. Me diga qualquer coisa que você queira fazer e eu farei — seu jeito tímido o fez abaixar a cabeça e sorrir feito bobo, por mais carinhoso que Taehyung fosse com o amado, sua preocupação era tocante se tratando do mais novo, sua felicidade dependia do estado de JungKook e nem mesmo ele poderia negar esse ato que tanto transparecia. — Só quero que se sinta bem ao meu lado, não pergunte o porquê, mas nunca pensei que alguém me faria sentir tão pleno em toda minha vida. — o sorriso bobo do garoto a sua frente fizeram suas bochechas tomarem cor.

— Não há nada que eu possa fazer sobre isso, não mudaria em nada somente para ter o prazer de te conhecer novamente, não se preocupe Tae, estarei bem se estiver também. — enquanto o coringa discursava seus olhos permaneceram vidrados no outro, sua atenção estava voltada para as palavras amáveis do garoto que nunca havia se expressado abertamente antes. — Suas palavras aqueceram meu coração. — ambos fizeram contato visual.

Ambos estavam sozinhos em seus mundos, os sentimentos que antes se escondiam agora vieram à tona, Kim Taehyung havia falado tudo que o coração pediu para dizer naquele exato segundo e não seria o momento e nem de sua vontade o contrariar. Não era de sua natureza se expor assim com alguém, mas Jeon JungKook era diferente de todos que havia conhecido, não enxergava maldade em seu olhar e nem nada que pudesse o ferir, sentia-se seguro e pela primeira vez após anos em solidão, amado. A chuva se instalava em seus corações amargos, o poder de sedução dos tons acinzentados do céu tornou-se palco de um dia repleto de revelações.

O silêncio renasceu e para cortar todo aquele clímax, a curiosidade do coringa o fez questionar sobre a infância do amado e de como tudo aquilo teria virado uma bola de neve sem fim.

— Sua infância também foi conturbada como está sendo seus dias? — indagou com certa curiosidade, para sua surpresa nada daquilo era comum para o moreno, sua infância havia sido alegre, um passado diferente do seu.

— Na verdade, não sei explicar como tudo isso começou, mas sim, fui uma criança feliz e sonhadora como muitos já foram. Amava passar as tardes ensolaradas no parque de diversões onde brincava com minha família. — sorriu baixando de leve a cabeça dando um leve balançar, seus olhos semiabertos deixaram sua face angelical ainda mais bela.

— Sério? — perguntou surpreso. — Seus pais eram importantes para você e é uma pena tê-los perdido da forma que você os perdeu. Sinto muito por tudo, mas sei que estão orgulhosos do homem que se tornou. — tocou o queixo do moreno com a ponta de seus dedos.

— Meu brinquedo favorito do parque era o carrossel, lembro-me de cada momento único que vivenciei enquanto me imaginava livre cavalgando nos cavalos giratórios, eram especiais para mim. — disse após suas lembranças virem a ele.

Décadas atrás
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Os cavalos de madeira faziam constantes  movimentos giratórios, subiam e desciam repetindo as mesmas ações em uma série duradoura, estavam presos no círculo fixo ao chão onde se prolongaram. As estátuas coloridas elevavam-se ao mesmo tempo que o entorno do palco girava no mesmo sentido, os feixes de luz colorido faziam a imensidão do círculo sem fim tornar-se ilusões para quem ousava um pouco mais de diversão, a magia de um belo espetáculo.

O parque anual da cidade de Seul era um dos eventos mais aguardados pelos visitantes, era imbatível o poder de persuasão, passear pelo parque iluminado observando a luz do luar e a noite se formarem era o momento mais aguardado do dia. Aquele imenso carrossel era a atração mais chamativa para a criançada que se iludia ao verem aquelas luzes flutuantes rodarem pelo brinquedo, a sonoridade leve e purificadora persuadia todos ao seu redor fazendo aquele imenso carrossel ser o mais belo de todos.

JungKook, assim como todas as crianças, esperava inquieto na fila do brinquedo para finalmente rodar no imenso carrossel, sua atração predileta. O garoto aguardava ansioso todos os anos, o dia que poderia novamente brincar com os cavalos giratórios. Como era encantador todos aqueles feixes luminosos, sua música predileta era ouvir o brinquedo girar sem cessar.

— Amor, o que está esperando? Vá, é a sua vez de brincar! — simpaticamente sua mãe sorria ao ver a felicidade do filho correr até o brinquedo, mesmo que suas pernas não alcançassem a plataforma, sua criança de apenas três anos era encantada pelos cavalos.

— Vamos garotinho, é hora de cavalgar — fazendo força braçal o pai erguia seu corpo para montar sobre o animal, posicionou-se atrás do pequeno para juntos girarem no brinquedo. Aquela seria uma das inúmeras chances que o garoto teria de se divertir, o sorriso ingênuo do menino de cabelos castanhos era comovente para sua mãe que o fotografava ao longe. 

O toque suave do imenso carrossel dava início à giratória da enorme máquina do parque de diversões, enquanto ambos rodopiavam, a moça que esperava ansiosamente para abraçar o filho batia palmas ao ver a euforia do pequeno, seus olhos brilhavam ao enxergar as luzes de tons divergentes começarem a trocar suas cores e ao longe uma bandeira vermelha que balançava com o ventania da noite, o símbolo que encontrava-se em cima do velho picadeiro não se localizava muito longe dali.

Realidade atual
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— Ah JungKook, o seu sorriso é a coisa mais linda e sincera que já vi em toda a minha vida — afirmou o encarando com os olhos vidrados em seu rosto. — Se essas lembranças são tão boas a ponto de provocar um sorriso teu, desejo que se lembre delas a todo momento, para que o seu sorriso nunca suma, sua melhor versão é quando sorri. — completando o sorriso bobo do amado, logo abriu um sorriso de canto e foi surpreendido por uma das mãos do moreno em seu rosto, fazendo com que sua face tomasse um tom avermelhado.

— Eu fui sim muito feliz Tae, e essas lembranças são muito especiais para mim, mas desde o dia em que te conheci a minha vida se tornou bem mais bonita e colorida ao seu lado. — suas mãos aveludadas ergueram-se até sua face, acariciou com os polegares o rosto de seu amado. — Temos muitas lembranças boas Taehyung, as melhores e estamos construindo ainda mais. A cada dia que passo do seu lado percebo o quanto sou feliz por tê-lo comigo, você é meu mundo Tae, e enquanto estivermos vivos vou te amar a cada segundo até meu último suspiro. — os olhos marejados do coringa diziam o mesmo e mais um pouco, remetiam o infinito.

— Eu te amo tanto JungKook, e quero que saiba que sempre estarei contigo, vamos vencer essa etapa juntos, mais uma vez — com um movimento simples o coringa juntou seus lábios, a sensação de borboletas na barriga em ambos era incrivelmente forte. Eram como adolescentes apaixonados na época do colégio.

Passaram-se alguns minutos em que os dois estavam ali. Taehyung tentava acalmar o companheiro que estava muito ansioso e tenso com a situação atual. Yoongi e Jimin se concentravam em uma partida de xadrez, enquanto o garoto das madeixas loiras após voltarem de um breve tour pela empresa murmurava palavras de consolo para o moreno que se encontrava no canto da sala, o senhor Min Yoongi apenas tentava o aconselhar sobre, afinal, o jovem não era um dos melhores conselheiros, até que um barulho se fez presente e a maçaneta da porta se mexeu revelando Namjoon, Hoseok e Jin.

JungKook, sentado em uma das poltronas, foi o primeiro a se levantar, seguido por Taehyung e Jimin que se moveram em uma velocidade impressionante indo em direção aos recém chegados.

— E aí, vocês conseguiram? — indagou o moreno observando que não tinha nenhum sinal no rosto dos três. — Me respondam por favor, estou muito aflito com isso! — sua preocupação era extremamente perceptível, implorava mais uma vez o jovem, os três sorriram para o seu alívio.

— Seu pedido é uma ordem. — o ruivo sorriu ao entregar os papéis nas mãos do mais novo. — Não abrimos os documentos, deixamos para você abrir. São suas informações pessoais, não devemos nos meter tanto. — sentou-se em uma das cadeiras ao lado de Yoongi.

— Não queriam se meter tanto, mas invadiram um orfanato em busca de um passado que nem é de vocês. Teria como se meter mais? — o tom irônico do pálido fez todos os olhares da sala se voltarem contra ele.

— Yoongi! — exclamaram em uníssono.

— Vocês amam repetir o meu nome, vamos logo com isso. — ajeitou-se na cadeira enquanto o mais novo cerrava seus olhos na imensidão de papéis.

— Vamos, JungKook. — em uníssono exclamaram Yoongi e Park. — Abra uma pasta por vez. — o tom aveludado do loiro o fez tomar coragem para começar a abrir os documentos.

Com as mãos trêmulas e com o coração mais acelerado que nunca, JungKook abriu a pequena pasta em tom amarelado e se deparou com o inesperado, seu instinto era certeiro assim como o do pistoleiro. Os olhos arregalados e as mãos sobre a boca demonstravam tamanha surpresa com o que o papel tinha a revelar. Não seria possível tamanha aflição que o restante sentira ao observar o rosto do caçula se empalidecer tão brevemente.

🎪 Participação especial; Senhorita_Yoon
🎪Beta; RM_Oliveira

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