Operação de resgate>23
A campainha da casa dos Lees soava sem parar. Taeyong se via ocupado, preparava o almoço para o irmão mais novo para que assim que este chegasse ambos almoçassem e fossem direto visitar o médico, dessa forma não pretendia se dar ao luxo de atender a porta. Entretanto, dado a insistência da pessoa do outro lado, Taeyong decidiu verificar o que estava acontecendo.
Na porta, Taeyong encontrou um Heeseung completamente desestabilizado. As vestes do trabalho, sempre perfeitamente alinhadas, encontravam-se sujas e abarrotadas; os cabelos que antes encontravam-se ajeitados, agora mais se pareciam com um ninho de passarinhos. Parecia que o garoto havia sido pego por um furacão, tanto em aparência quanto em sentimento.
- Hee! O que houve? - o Lee se viu preocupado, tocando imediatamente nos ombros do Lee.
- O S-Sunghoon ... E-eu recebi uma carta Tae... - Heeseung tinha a voz trêmula, deixando o outro extremamente preocupado.
- Que carta? Do que você tá falando? - Taeyong passou os dedos por debaixo dos olhos do Lee, limpando as lágrimas que começavam a surgir por ali.
- O-o Sunghoon...o Sunghoon está vivo.
- Hee, querido...eu sei que isso te dói muito ainda...mas infelizmente o Sunghoon não está mais entre nós. - o mais baixo disse calmamente, acreditando que o outro estava novamente passando por um de seus surtos.
- N-não Tae...eu recebi uma carta... Aqui...aqui está. - Heeseung ainda tremia quando estendeu a carta ao amigo. Taeyong se via confuso, mas não hesitou em dar atenção ao Lee.
Os olhos do coreano passaram rápido sobre a letra borrada escrita por Kim Doyoung. Heeseung estava certo, segundo o detetive, Sunghoon estava vivo e saudável.
Taeyong estreitou os olhos, um tanto quanto desconfiado. Sabia da fama do Kim e não queria que o amigo sofresse com algo que poderia ser potencialmente falso.
- Hee...por favor, não acredite em algo tão raso quanto essa carta... Nós não sabemos até onde esse homem pode estar querendo arrancar dinheiro de você. A polícia te deu um corpo que infelizmente disse pertencer a ele...
Heeseung engoliu o choro entrando em negação. A cabeça balançava de um lado para outro enquanto soluçava. Sabia mais do que tudo que Doyoung dizia a verdade.
- Eu não dei nada pra ele...nenhum tostão. Doyoung faz isso porque sabe...sabe assim como eu que aquele Circo esconde algo ruim por trás das luzes e das cortinas brilhantes. Ele levou meu irmão, Taeyong...
- Hee...
Taeyong ainda não acreditava, e Heeseung sabia muito bem disso. Ele e o melhor amigo se recusavam a acreditar em si, assim como ele se recusou acreditar em Sunghoon quando este o contou sobre o que havia vivido nas mãos do terrível homem de cartola.
- Coloque-se no meu lugar, Taeyong! Ele levou o Sunghoon, mas poderia ter levado qualquer um de nossos meninos! O que você faria se alguém tira-se o Jungwon de você? O que você faria se de repente não o pudesse mais o abraçar, pentear seus cabelos, preparar seu almoço... O que você faria Taeyong? Pois eu não aguento mais viver longe do Hoonie, e não desejo esse sentimento a ninguém, mas peço que me compreenda e me dê um voto de sua confiança... Temos que acabar com esse circo, pois tenho certeza que assim como eu, existem milhares de pais, irmãos e avós procurando por crianças que foram tiradas de si sem dó nem piedade...
O coreano ficara sem saber como responder o amigo. Sabia que Heeseung estava sofrendo, estava estampado em sua cara.
- Vem...entre um pouco, tome um café e conversaremos melhor sobre essa carta em breve. Mas não comente nada com o Jungwon, por favor, ele já deve estar chegando da escola... Não aguento mais ter de ir buscar esse pestinha na delegacia.
O barulho das rodas amassando as folhas do jardim chegaram aos ouvidos de Taeyong pouco depois deste sentar-se com Heeseung no sofá de couro da sala de estar. Imaginava, como previsto, que seu irmão mais novo já havia chego, no entanto para sua surpresa, quando botou seus olhos sobre a janela da cozinha não encontrou Jungwon por ali.
- Achei que era ele...mas parece que me enganei. - Taeyong proferiu, voltando a se dirigir ao sofá.
Taeyong não havia percebido, mas o amassar das folhas do jardim dos fundos da casa sinalizavam que Jungwon havia sim estado ali, a ponto de até mesmo escutar aquilo que Heeseung havia lhe confidenciado.
XXX
A casa na árvore de Jay estava cheia. Niki, Renjun e ele faziam um trabalho de escola enquanto faziam piadas bobas sobre seus colegas de turma. Se lhe contassem antes, Jay jamais imaginaria que os dois garotos a sua frente acabariam tornando-se bons amigos. É verdade que vez ou outra acabavam brigando, principalmente quando Jungwon decidia fazer algo que enciumasse o Huang, mas não chegava nem perto do que estes costumavam ser.
O desaparecimento e "morte" de Park Sunghoon havia trazido inúmeras coisas ruins consigo, Jake havia ido embora e Yukhei havia se afastado completamente, mas de todo modo, Jay, Niki, Renjun e Jungwon haviam se unido mais do que nunca, não só com o propósito de provar que a morte de seu amigo havia sido planejada, como também com o intuito de acalmarem seus próprios corações.
Quando as risadas cessaram e o rabiscar de lápis tornou-se o único som presente dentro da casa de madeira, Jay deixou-se atormentar por uma voz chamando por ele ao longe. O Park prontamente estranhou, torcendo o pescoço em diversas direções a procura do som.
- Vocês ouviram isso? - Jay estranhou, percebendo que os dois outros garotos pareciam concentrados no enorme cartaz que estavam preparando.
- Ouvir o que? - Renjun se viu confuso, sem entender do que o Park falava.
- Jay...você tem certeza que tá legal? Não é a primeira vez que você escuta coisas por aí... - Niki se preocupou, tentando segurar a mão do mais velho.
- Não! Dessa vez eu tenho certeza de que ouvi alguém me chamando! Vocês tem que acreditar em mim... - Jay se enfezou, cansado de ser tratado como louco.
- JAY PARK! JAY PARK!A
Os garotos prontamente arregalaram seus olhos, assustados pelos gritos que soavam lá fora, mas Renjun logo mudou sua expressão, identificando a quem a tal voz pertencia.
- É só o grande mentiroso Yang Jungwon... - o chinês revirou os olhos encarando o garoto da janela, enquanto os dois meninos respiravam aliviados.
- O que ele tá fazendo aqui? Não disse que não podia fazer o trabalho pois ia no médico? - Niki proferiu, apoiando-se nas costas do Huang a fim de também dar uma olhada em Jungwon.
- Vou lá abrir pra ele, a sapataria está fechada então meus pais não vão ouvi-lo. - Jay comentou, já se levantando para ir em direção à escadinha de madeira.
- Pois eu deixaria esse mentiroso do lado de fora, tenho certeza que ele só queria ficar em casa pra assistir televisão e nos deixou fazendo esse trabalho sozinho. - Renjun comunicou, retirando-se da janela e voltando a sua posição inicial.
Jay desceu as escadas rapidamente, chegando até mesmo a pular os últimos dois degraus. Passeou por seu quintal até chegar ao portão dos fundos que dava diretamente até sua casinha da árvore, acreditava que bastava aparecer por ali para que Jungwon se tocasse de que estavam na casinha de árvore, mas o garoto parecia distraído a ponto de não notar que o Park estava ali, esperando por si.
-Woonie! - cansado de esperar, Jay decidiu gritar pelo mais novo, o qual deu um pulo, demonstrando que sim, estava distraído. - Você não ia no médico?
- Tenho ótimas notícias! - o sorriso de Jungwon estava preenchendo seu rosto, deixando o Park animado.
- O trabalho foi cancelado?! - Jay proferiu feito bobo, enquanto convidava o amigo a adentrarem em seu jardim.
- É bem melhor que isso, mas vou contar quando estivermos todos juntos! - Jungwon exclamou, ajudando o amigo a trancar o portão novamente.
- Se disser ao Renjun que a ótima notícia é que você já está preparado pra se casar com o Niki pode ter certeza que você não sai vivo daqui. - Jay proferiu, deixando Jungwon envergonhado.
- Ah Jay, não diga besteiras! Eu nem gosto mais assim do Niki...
O mais velho gargalhou, deixando o Yang sem entender porque Jay estava tirando sarro de si.
- Tá rindo do que paspalho? - perguntou o mais novo, incomodado com as risadinhas do Park.
- Você fingindo que não gosta mais do Niki mas esse tempo todo que eu tava vindo até você, você tava olhando pra ele, não tava? Por isso tava feito um bobão distraído no meu portão!
Jungwon estava incrédulo. Como diabos o Park sabia que este estava olhando para Niki?
- M-mas...como...você...?
- Demorei pra perceber, mas agora notei que o ângulo da vista do meu portão dá direto pra janela da casinha da árvore... E o Niki tava bem ali.
- Droga, por que você é tão bom nessas coisas se a gente ainda tá no primeiro ano? - Jungwon se estressou, já subindo as escadas da casinha.
- Foi...o Hoonie que me ensinou.
O Yang pode sentir no tom do mais novo o quanto Jay ainda sentia falta de Sunghoon Estava mais do que empolgado para que o Park voltasse a sentir empolgação com a ideia de trazer Sunghoon de volta.
Quando Jungwon finalmente deu as caras por ali, Renjun nem se deu o trabalho de cumprimenta-lo enquanto Niki o recebeu com um sorrisinho contido. Não era só Jungwon que estava o encarando, o japones também encarava-o de volta.
- Cancelaram Super Car hoje Jungwon? - Renjun torceu o pescoço na direção do Yang de maneira provocativa, deixando o moreno assustado.
- O que? - o garoto estranhou, correndo para se acomodar no chão enquanto Jay subia os últimos degraus da escada.
- Renjun acha que você mentiu sobre o médico, e só queria ficar em casa pra assistir televisão... - Jay explicou enquanto deitava no chão e preenchia uma das letras garrafais com uma caneta colorida.
- E-eu não menti! Eu realmente tenho médico!
- Então o que tá fazendo aqui? - Renjun foi curto e grosso sem que deixasse de fazer sua parte do trabalho, que consistia em colar pedaços de folhas e flores nas laterais do papel.
- Jungwon disse que tem ótimas notícias! - Jay tomou a vez, empolgado com o que o mais novo tinha a falar.
- Sim! Eu tenho! - Jungwon voltou a se animar, sorrindo largo para os amigos. - Corri aqui porque tenho novidades sobre nossa investigação!
Todos os garotos deixarem de fazer suas tarefas para dar atenção ao Yang. Os corações já estavam em disparada, fazia tempo de que não avançavam em sua investigação desde que Heeseung parara de deixar suas anotações em lugares que Yukhei pudesse roubar com facilidade, ou melhor, desde que o chinês escolheu não se envolver mais naquele assunto.
- Eu estava chegando em casa quando vi o Heeseung na minha porta, conversando com meu irmão... No começo achei que não seria nada, apenas o papo deles de sempre...mas aí eu ouvi o nome do Hoonie. - Jungwon proferiu calmamente, contando em detalhes como havia descoberto as novidades.
Os olhos dos garotos estavam arregalados e os ouvidos aguçados para não perder nenhum detalhe do que Jungwon dizia. Renjun sentia suas mãos suando, Niki tremia e Jay tinha os lábios completamente secos.
- Eu ouvi o nome do Sunghoon e sabia que tinha que me esconder antes que o Taeyong notasse que eu tinha chegado... Heeseung disse em alto e bom som que ele estava vivo e que suspeita realmente que o Simon esteja com ele até hoje.
- O-o que? - Jay gaguejou, aquilo era mesmo verdade ou ele estava sonhando?
- E como...como ele sabe? - Niki estava chocado, mas queria muito que aquilo fosse verdade.
- Heeseung disse que recebeu uma carta de um tal de Kim Doyoung, e que ele disse isso pra ele.
- Eu conheço ele! É aquele detetive incrível que já descobriu coisas que nem a polícia sabia... - Renjun finalmente demonstrou empolgação, dado que até o momento estava buscando conter suas esperanças sobre a veracidade daquela informação. - Eu vi a foto dele uma vez num jornal antigo do papai...
- Você ainda tem esse jornal? - Niki indagou, ainda muito ansioso com a situação. - Deve ter alguma coisa sobre ele lá... Podemos conseguir mais informações ou algo assim. Coloquem as coisas nas paredes de novo, a Operação Resgate do Sunghoon está de volta!
Renjun fez que sim rapidamente, enquanto os outros garotos se movimentavam agitados, mexendo nas provas que haviam reunido durante aquele ano.
-Jake ia gostar de saber disso... - Jay disse baixinho, lembrando-se do amigo que não via a muito tempo.
Enquanto os garotos colavam os recortes de jornais e as cópias das anotações de Heeseung que haviam reunido, Renjun corria para sua casa torcendo para que o jornal antigo de seu pai ainda estivesse por ali. Japonês euforia do momento, ninguém se lembrou de avisa-lo, mas não faltava muito para que, assim como todos os outros, Yukhei descobrisse que Sunghoon estava felizmente vivo.
XXX
A cabeça do Wong explodia em dor de cabeça enquanto seus primos se divertiam em seu quarto. Yukhei queria estudar, mas segundo sua mãe, este teria de dar um jeito de fazer tal esforço em meio a gritos e esperneios de Hendery e Xiaojun.
O garoto até tentou resolver os inúmeros cálculos que o atormentavam, mas deu-se por vencido quando os dois mais novos resolveram começar a disputar quem conseguia o tirar do sério primeiro. Yukhei dirigiu-se até seu quintal, local este em que possuía duas balanças. Sentou-se no local, mesmo que já fosse pesado demais para tal, e não demorou a recordar-se do passado. As balanças eram duas porque Yukhei havia implorado a seu pai que houvesse uma para Sunghoon também, e assim o senhor Wong havia feito. Mas a balança de Sunghoon jamais voltaria a ser ocupada, ou pelo menos era isso que Yukhei acreditava até o presente momento.
O chinês demorou bastante tempo até perceber que havia alguém, além de seus próprios primos, fazendo barulho por ali. O adolescente ficou assustado, acreditando que poderia ser um ladrão ou algo assim, e por isso não demorou a armar-se com seu taco de basebol.
Yukhei caminhou com cautela em direção a um arbusto enorme que separava sua casa da floresta da cidade. Suas mãos já suavam e seus olhos estavam atentos a qualquer tipo de movimentação suspeita. O chinês afastava o mato a todo momento, adentrando cada vez mais em direção à floresta, sem se quer se dar conta do quão perigoso aquilo seria.
Para sorte do garoto, o causador do barulho não era um ladrão, um assassino ou qualquer outra figura que poderia feri-lo, pelo contrário, a figura a sua frente era de alguém tão frágil que rapidamente assustou-se com a presença ameaçadora do Wong e seu taco de basebol.
- P-por favor...n-não me machuque! - o garoto exclamou com rapidez, protegia-se com seus braços magros, botando-os a frente de seu rosto delicado.
Yukhei abaixou seu taco ainda assustado com a situação toda. Trocou contato visual com o menor e logo notou o quão sujo, magro e machucado o pobre garoto estava. Com certeza algo de muito ruim havia acontecido consigo.
- O-o que...o que aconteceu com você? - Yukhei proferiu, tentando se aproximar, mas o garoto parecia bastante hostil. - T-tá tudo bem...e-eu não vou te machucar. Como você se chama? Eu me chamo Wong Yukhei, mas você pode me chamar de Lucas se quiser... - o chinês tentou soar simpático, dando um sorriso tímido.
Sunghoon costumava dizer que Yukhei poderia até parecer assustador devido a sua altura e seu porte, mas a toda vez que sorria não havia quem pensasse que o garoto não era um doce de pessoa. E o estranho a sua frente não poderia pensar diferente.
- Eu me chamo Kim Jungwoo... Por favor me ajude a salvar o Sunoo, Simon irá mata-lo!
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