Sunghoon já estava desperto, mas seus olhos ainda estavam pesados demais para que os abrisse com facilidade. O Park não havia planejado aquilo, mas o fato de não ter aberto os olhos naquele momento, e muito menos ter ousado se mexer, foi fundamental para que as coisas acabassem bem para si. O Park sentia dores por todo corpo, como se houvessem batido em si até que este desmaiasse. Mas a verdade é que Sunghoon não se lembrava bem do que havia acontecido antes que ele acabasse naquele lugar frio e mal cheiroso.

- Não podemos deixa-lo ir agora que aquele mágico medíocre me expôs dessa forma... Temos que arranjar um jeito. Ninguém pode saber que punimos o Sunoo... - uma voz surgiu ao lado do Park, fazendo com que este temesse por si mesmo.

- Mas Simon...esse garoto tem família, eu me lembro bem de quando eu o entreguei o apito havia alguém ao seu lado que parecia próximo dele... Ele não é como os outros que pegamos... Podemos acabar nos encrencando... - respondeu uma voz feminina.

- O que sugere que façamos, então? - Simon indagou nervoso, suas mãos tremiam de desespero.

- Talvez...talvez possamos ameaça-lo. De acordo com o Qian, o garoto estava aqui para ver aquela aberração... Podemos dizer que se ele contar algo...

- O Sunoo morre! - Simon completou a sugestão com um sorriso diabólico nos lábios.

A mulher deixou-se suspirar, ela não pretendia ir tão longe, entretanto não poderia desrespeitar a opinião de Simon, então contentou-se em dizer um "sim" hesitante.

Sunghoon esperou cerca de 5 minutos para que finalmente tivesse coragem de abrir seus olhos novamente. Naquela altura os dois adultos que antes estavam ali, agora já haviam se distanciado o suficiente para que ele fugisse sem ser notado.

O Park estava amedrontado e com muita dor pelo corpo, mas não deixou de pensar em Sunoo por um minuto que fosse. Ele não poderia deixar o amigo pra trás. O Park usou toda velocidade que tinha para voltar até a tenda onde escondiam Sunoo, mas para a infelicidade do mesmo, o garoto já não estava mais aprisionado naquele local.

XXX

- Onde você estava garoto?! Tem ideia do quão desesperado eu fiquei? Estava quase ligando pra mamãe! Eu vi seu bilhete, mas sei muito bem que você não estava na casa de Jake!

Sunghoon fora recebido por um Heeseung totalmente agitado, o mais velho havia passado a tarde inteira procurando pelo irmão e não conseguiu conter suas emoções ao finalmente recebe-lo em segurança. O Lee até mesmo desejava dar uma "lição" no mais novo, porem, ao notar a expressão tristonha de seu irmão e todos os arranhões pelo seu corpo, desistiu totalmente da ideia de o castigar.

- O que houve, Sunghoon? Você está todo machucado garoto... Não me diga que alguém te bateu!? - foi o que Heeseung acabou perguntando, agachando-se para ficar na altura do Lee.

O mais velho checava os arranhões e luxações de Sunghoon, enquanto este aproximava-se do irmão para abraça-lo apertado. O Park poderia sim ter só seus 13 anos, mas havia ficado bem claro para si que esteve por um tris de nunca mais ver seu irmão Heeseung. Sunghoon havia entendido bem que o Circo do Simon não tinha nada de mágico ou divertido.

- O que deu em você, Hoonie?! - Heeseung indagou, sabendo que Sunghoon não costumava agir daquela forma. - Me diga quem foi que te bateu!

- Ninguém me bateu.. - o Park apertou com força a camisa de seu hyung - Mas maltrataram muito um dos meus amigos...

- Que amigo, Hoonie? Aconteceu alguma coisa com o Lucas na escola e você o defendeu?

O Park fez que não, já tendo encerrado o abraço. Sunghoon não entendia porque Heeseung havia considerado aquela possibilidade, quando o mais normal a acontecer seria justamente o contrário.

- Então quem é...

- Eu não posso contar... - Sunghoon engoliu em seco, suava frio enquanto sentia seus machucados latejarem - Por que se eu contar ele...morre.

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- Terminei garoto, agora vá dormir... - Heeseung murmurou com um sorriso, havia acabado de tratar das feridas que estavam espalhadas pelo corpo do mais novo.

Sunghoon fez que sim, embora não pretendesse fazer o que o seu irmão havia pedido. Ele não conseguiria dormir depois de tudo que havia passado naquele dia. Estava tão inquieto que ao fechar seus olhos lembrava-se atormentado da voz de Simon atrás de si.

Heeseung e a sua mãe, notando a postura incomum do garoto, passaram a noite toda vigiando Sunghoon. Eles não estavam certos do que estava acontecendo com o Park, mas estavam extremamente preocupados com o pré-adolescente, ainda mais quando receberam uma ligação dos pais de Jake alertando que Jake e Sunghoon havia se desentendido.

O que poderia ter acontecido a Sunghoon naquela tarde que havia o deixado tão amedrontado? Quem havia machucado Sunghoon daquela forma? Essas eram perguntas que não saiam da cabeça do Lee por um segundo que fosse, mas como seu donsaeng se recusava a dizer, ele acabava por ficar apenas nas contestações.

Sunghoon por outro lado não conseguia deixar de pensar de que Sunoo corria muito perigo, e quando deitou sua cabeça na cama, aqueles pensamentos vieram a tona com ainda mais força. Ele não sabia bem como faria aquilo, mas teria de arranjar uma forma de livrar o mais novo daquele tormento. Ele teria de arranjar um jeito de acabar com o Circo do Simon.

- Onde você está indo, Sunghoon? - a mãe do mesmo perguntou, vendo o garoto descendo as escadas pela primeira vez naquela noite. - Por que não está descansando na sua cama?

Sunghoon hesitou, ele não havia preparado uma desculpa para dar a sua mãe. Então optou pela omissão novamente.

- Eu vou até a casa do Wonwoo pra...avisar que não vou à escola amanhã. - Sunghoon murmurou enquanto cutucava uma das ataduras que Heeseung havia feito em si.

- Mas agora? Não quer deixar que Heeseung faça isso pra você amanhã cedo? - a mulher murmurou hesitante enquanto secava os talheres com um pano de prato.

- Não...eu prefiro fazer isso por mim mesmo, Wonwoo pode ficar preocupado se eu não for avisa-lo pessoalmente.

A mãe de Sunghoon ponderou muito sobre a situação. Era verdade que o menino Jeon era extremamente sensível, mas ele realmente ficaria assim tão preocupado caso Sunghoon não comparecesse a aula por apenas um dia?

- Por favor mãe, eu prometo que volto rápido... -Sunghoon insistiu, forçando uma expressão melancólica para convencer a mais velha.

- Está bem Sunghoon, mas volte rápido está bem? Heeseung vai com você... E não se esqueça do casaco!

- Mas mãe por que o Heeseung sempre tem de ir junto?! - Sunghoon fez birra, já não aguentava mais o mais velho na sua cola.

- Meu Deus! Você volta assim todo machucado e ainda reclama que eu peça que Heeseung te acompanhe? - a mulher estreitou os olhos, incomodada com a resposta do Park- Vá logo antes que eu mude de ideia!

Sunghoon permaneceu emburrado, mas não ousou pronunciar-se. Pegou um casaco grosso dentro do armário e correu até o lado de fora da casa na companhia de seu irmão.

XXX

- Tem certeza que não quer me contar quem bateu em você?

No meio do caminho para casa de Renjun, que ficava apenas a um quarteirão da casa da família, Heeseung abordou o Park em uma nova tentativa de descobrir o que havia se passado com este naquela tarde.

- Já disse que não, para de repetir essa pergunta... - Sunghoon enfiou as mãos nos bolsos, e fugiu com os olhos da abordagem insistente do mais alto.

O Park desconfiava sim que alguém havia batido em si. No entanto, como não se lembrava plenamente, e também porque julgava que não acreditariam em suas palavras, o menino preferiu não dizer que o agressor era Simon.

- Está bem, eu não pergunto mais... Mas se você me contasse pode ter certeza que eu acabaria com ele... - Heeseung sorriu, tentando fazer o mais novo fazer o mesmo, mas Sunghoon estava envolvido demais em seus futuros planos para considerar soltar uma gargalhada naquele momento.

- Acha que o Wonwoo vai estar acordado? - Sunghoon perguntou ao irmão, fazendo com que este observasse seu relógio.

- Acredito que sim... Ainda é 9 horas.

Sunghoon assentiu para si mesmo, enquanto os dois irmãos seguiam caminho até a casa dos Jeon. Depois de mais cerca de 7 minutos de caminhada, Sunghoon e Heeseung finalmente chegaram até o local em que Wonwoo e sua família viviam. O canadense apressou-se para apertar a campainha, e de pronto fora recebido pelo pai do garoto que convidou-o, juntamente a Heeseung, para que tomassem uma xicara de chá enquanto esperavam pelo Jeon mais novo.

- Se veio aqui para pedir ajuda com o Jake, saiba que eu também não sou bom com desculpas... - Wonwoo murmurou, assim que havia pisado no tapete de sua sala de estar.

Sunghoon sorriu, levantando-se do sofá da casa, estava feliz em poder ver o amigo novamente.

- Não é bem com isso que preciso de ajuda... - Sunghoon cochichou, não querendo que Heeseung suspeitasse de si. - Será que não podemos ir pro seu quarto rapidinho?

Wonwoo concordou rapidamente, sabia que o Park queria lhe contar algo importante.

- Pai, Sunghoon e eu estaremos no quarto... - Wonwoo anunciou sorridente, arrastando o amigo para os fundos da casa.

O mais velho fez que sim, enquanto incentivava o irmão de Sunghoon a beber um pouco mais de chá.

Mesmo que Sunghoon tivesse procurado evitar, Heeseung não deixou de suspeitar daquela situação. O Lee não tinha dito que apenas avisaria o garoto sobre não ir a escola no dia seguinte? O que estaria fazendo indo até seu quarto?

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- Wonwoo... - Sunghoon disse sério, encarando o amigo enquanto este aproximava-se de si - Eu vou te confiar algo muito importante agora, está certo? Conto com você pois é o mais inteligente dentre nós...

Wonwoo não conseguiu evitar de sorrir quando fora elogiado pelo Park, mas viu na expressão do amigo que este estava extremamente nervoso.

- Está certo Sunghoon, prometo manter segredo... Não se preocupe.

- Você se lembra daquele garoto com chifres que Jake havia nos contado...? - Sunghoon murmurou hesitante, observando como o chinês reagia à situação.

- Do Circo do Simon? Sim, é claro que lembro... O que tem ele?

- E-eu meio que...meio que preciso que você me ajude a tira-lo de lá...