Sobre o Submundo
Submundo é uma realidade paralela ao que conhecemos como Terra. Habitantes do Submundo chamariam a Terra de Superfície, não por estar apenas localizada em cima da terra, mas pela superficialidade que a maioria dos mortais apresenta. É dividido por reinos (13 no total), sendo Sunset a capital onde vive o Imperador, imperador esse que é meu tio. Embora cada reino seja independente, com suas próprias leis e regras, todos, sem exceção, devem obediência à Sunset, e obviamente ao imperador Jahean. Moro na Superfície há muitos séculos, muitos os quais eu não permiti o desenvolvimento de meu corpo, passando assim uma grande parte da minha vida como uma criança. Toda vez que atingia uma certa idade era transferida a outro convento, novamente como uma criança órfã. Assim assistia a morte dos superficiais e eu continuava por aqui como uma maldição.
Os últimos vinte anos foram os primeiros a me permitir um desenvolvimento, antes sempre oscilava dos oito aos dezesseis e novamente retornava à idade mais jovem.
Nos últimos vinte anos procurei viver uma vida exatamente como qualquer mortal, confesso que "me permiti crescer" no tempo certo. Os séculos XVIII e XIX ainda lembravam muito o Submundo e era tudo o que eu gostaria de esquecer. Com a chegada do século XXI, com a tecnologia, livros acessíveis, computadores e toda essa distração disponível aos jovens, tive certeza que estava cansada de ser uma criança e me dei a oportunidade de me desenvolver. Procurei levar uma vida como qualquer mortal faria, com preocupações sobre dinheiro, trabalho e contas. Por várias vezes cheguei a esquecer que era a única herdeira do imperador.
Imagino que milhares de pessoas adorariam trocar de lugar comigo, trocando a Terra pelo Submundo, com certeza essas pessoas não viveram o que eu vivi. Nem sempre o Submundo foi um lugar perfeito e um conto de fadas que as jovens sonhadoras tanto anseiam. Esqueça tudo que leu ou assistiu sobre histórias de épocas com guerras, sangue e morte. Acredite, eu vivi horrores que nunca viveram nem em seus piores pesadelos. Por esse motivo escolhi a Terra como meu novo lar.
Vivíamos aqui, minha mãe e eu, quando éramos fugitivas de meu insano pai. Ela foi assassinada por ele, assim como meu irmão que ela ainda carregava no ventre. Meio irmão que seria filho de Henrique, um mortal ao qual ela se apaixonou.
Nessa minha "nova temporada" na Superfície, acabei conhecendo uma escritora no mínimo intrigante. Ela escrevia coisas que somente uma pessoa que tivesse vivido ou conhecido o Submundo saberia. Mas como desde a colonização da Terra existem profetas e videntes, acreditei que poderia ser apenas uma incrível coincidência. Melanie Warn era, na verdade, Sâmia Rolfe. Uma garota tão perdida quanto eu que foi parar no Submundo após encontrar um livro mágico, meu livro, que acabei esquecendo em um parque quando ainda morava em um convento em Los Angeles.
Provavelmente meu tio se encantou mais com ela do que ela com ele, afinal, em um mundo prático como vivemos, quem tem tempo para sonhar e acreditar na mágica senão somente as crianças? Isso se estendeu por muitos anos, aparentemente muito além do que ambos esperavam. Leander, que na época era primeiro-ministro do rei de Sunset, lembrou-se da garotinha e resolveu visitá-la na Superfície propondo um acordo para que ela impedisse o casamento do imperador. Por causa de um pré-julgamento de Sâmia ao ver a ex-noiva do rei o beijando em despedida acreditou estar sendo traída, mesmo após ter a certeza de que ele a amava, deixou o Submundo, se casou e foi aí que nossas vidas se cruzaram.
Aparentemente Sâmia fez um pedido à margem do rio Hedva, independentemente do que acontecesse, um dia eles se encontrariam novamente. E é exatamente aí que eu entro. Após a morte do marido, ela mudou de nome, (de cabelo também), por isso, nem por um minuto cheguei a suspeitar que ela pudesse ser Sâmia Rolfe. Ela fundou a editora Falcão e se tornou um sucesso mundial. Eu acho extremamente curioso uma pessoa que tenta esquecer o passado possa fundar uma editora com o nome da lembrança que quer esquecer.
Meu tio pode se transformar em um falcão. Assim como Leander em um gato selvagem. Se foi Deus ou o tal pedido que Sâmia fez eu não posso afirmar, mas eu estava trabalhando para ela, inclusive cheguei a ser adotada como filha legítima! E então meu tio apareceu...
Apesar das discussões acreditei que realmente pudessem ser amigos até ela acreditar que ele a estava substituindo quando aceitou ser o ator do filme que rodaríamos contando a história de Sunset. Esse detalhe merece muita atenção, pois é um trauma que se repete eternamente. O erro é um ciclo eterno e será eternamente enquanto as pessoas não estiverem dispostas a abandonar o passado e viver o presente. Não há possibilidades de um futuro quando se está enraizado ao passado.
O fato da pequena Sâmia perder sua mãe com poucos anos de vida e seu pai a substituir por uma madrasta apenas três meses depois, desencadeou uma insegurança que ela carrega durante anos. Acredita, ou pior, fica à espera de quando será traída, substituída. Sofre antes do sofrimento, exatamente como a maioria dos superficiais.
Tio Jahean é muito paciente! Bem mais do que eu seria. Ele de certa forma sente-se responsável pela insegurança dela, acredita que o fato dela ter ido ao Submundo pela primeira vez é o que acarretou tantos temores. Uma crença absurda para alguém com a evolução dele, está mais do que claro que o trauma veio por parte de seu pai, mas como diz Dorim (ancião de Sunset):
"Nos tornamos aquilo que amamos."
Voltando ao Submundo: Sunset está localizado ao centro de todos os reinos e tem como rei meu tio Jahean. Ao Norte de Sunset temos o reino de Fábula, com o rei Nathan e a Rainha Aglaia e os príncipes Júlio e Fernando. Fábula tem uma peculiaridade: o reino todo é feito de vidro e cristal, desde o castelo como a maioria dos móveis. E o mais importante é a abundância do marfim vegetal, o qual eu queria usar em uma das histórias de Melanie Warn para acabar com a venda do marfim animal e consequentemente a morte dos elefantes. Mas isso foi antes de Sâmia discutir com o rei e decidir tirá-lo de sua vida. Com todos os acontecimentos posteriores, a campanha acabou sendo adiada, não esquecida! Hoje eu trabalho exaustivamente nisso.
Ao oeste de Fábula, temos Dubin, com o rei Hodes. Vocês terão a oportunidade de conhecer todos os reis e rainhas, uns mais outros menos, mas os próximos livros te darão acesso a conhecer cada um deles e suas histórias. Dubin é o responsável pelo Torneio a cada cem anos, possui uma arena que abriga os campeonatos de magia e habilidades físicas. O maior de todos os tempos.
Ao Noroeste de Sunset temos Hádria com a princesa Cecília, sobrinha do rei Hodes e do rei Elias. Princesa que Scott (irmão de Sâmia) nunca esqueceu, depois que meu tio teve a brilhante ideia de levá-lo ao Submundo acreditando ser possível apagar sua mente quando retornasse à Superfície. Obviamente isso não aconteceu, não se pode apagar a essência de alguém, não se pode apagar os valores mesmo quando essa pessoa é submetida a extremos sofrimentos. Não se pode apagar a mágica que habita em nós! Muitas vezes o vi desenhando rostos femininos, procurando em vão eternizar a lembrança dela. Não, eu não lhe disse absolutamente nada e muito menos ele disse a mim, mas às vezes, seus olhos me imploram para levá-lo, como se soubesse quem eu realmente sou.
Ao extremo oeste de Sunset temos Maddox com o rei Nakia, a rainha Elisa e a princesa Rafaela (a qual foi noiva do meu tio e Sâmia impediu o casamento com ajuda de Leander). Esse reino tem todos os vilarejos e até montanhas nomeadas com nomes de pedras preciosas. Adivinhem o porquê?
Vacya ou Cidade Submersa como é popularmente conhecida é regida pelo rei Elias, irmão de Hodes e outro tio da princesa Cecília. A peculiaridade de Vacya é que é um reino que faz jus ao nome. É realmente submerso, mas não existe água dentro, como a lendária Atlântida - A cidade perdida. Vacya fica embaixo da água e todo oceano passa por cima. Curioso, não?
Ao Leste de Vacya está Dorg com o rei Faon e seu filho Arthur.
Ao extremo Sul de Sunset está Sombras com a rainha Ângela (grande desafeto do meu tio) e sua filha, a princesa Havana.
Ao Sudeste de Sunset está Faísa com a rainha Vahini, (tio Jahean também não morre de amores por essa, isso ficou bem claro durante o Campeonato de Sunset narrado na Superfície), seu marido, o rei Ekin e seus filhos: princesa Ellen, princesa Helene, príncipe Gjork e príncipe Ace. Uma curiosidade sobre Faísa é que o nome traduzido significa "espada afiada", dizem que o reino ganhou esse nome por ser regido por uma rainha "com mão de ferro", extremamente rígida. Como não passo muito tempo no Submundo, Vahini, para mim é indiferente.
Ao Leste de Sunset está a Terra Baixa com a rainha Agnes e o rei Etoile. Como devem saber, a Terra Baixa é responsável pela maior produção de cogumelos do Submundo, com esses cogumelos, além de especiarias e alimentação em si, eles produzem uma poção capaz de acabar com qualquer enfermidade da Superfície e quase todas do Submundo. Os reis da Terra Baixa têm um único filho chamado Al que mora na Superfície e se casou com uma mortal. Antes era noivo de Rafaela, outra brilhante ideia que meu tio teve de substituí-lo e se casar com ela. Por sorte, Sâmia conseguiu impedir esse disparate.
Muito próximo a eles está o reino de Dogma com o rei Udall e o príncipe Aron, reino que iremos conhecer um pouco neste livro, assim como o Vale do arco-íris que particularmente eu adoro!
Em Kaiden, que fica ao nordeste, temos a rainha Lara e seu marido Málio. Lara é muito diferente! Só devo adiantar que ela não é como nenhum dos outros habitantes do Submundo! À primeira vista podem compará-la com Rafaela, aprecia demais as joias e sempre está com trajes extremamente luxuosos, mas não deixe os olhos te enganarem, Lara é uma rainha peculiar.
Ao extremo Norte fica Alantuãn (terra dos dragões) quem rege é o príncipe Ender (Alantuãn é um reino complicado, não devo me prolongar).
Sunset está no centro de tudo e isolada de certa forma, o comércio (cidade de Sunset) corre em volta do reino e em seu núcleo está localizado o castelo. Castelo muito similar aos castelos medievais da Superfície: construído com pedras rústicas, vários andares e inúmeros aposentos. Conta também com uma floresta antes de ter acesso ao palácio e quatro entradas em cada uma de suas extremidades. Quatro entradas para chegar à cidade de Sunset, pois no reino a entrada é localizada unicamente pelo Sul. Pode parecer exagero, mas em tempos de guerras, quando se precisa de abrigo, Sunset é um dos lugares mais seguros. O invasor necessitaria passar pelas entradas da cidade, depois pela entrada do reino, pela floresta, e pela Neblina.
Essa neblina que marcou muito a passagem de Sâmia pela primeira vez no Submundo não é vista aos habitantes de Sunset. Certo, é vista sim, mas é difícil explicar, não se consegue chegar até ela. Como se à medida que você caminhasse em sua direção, ela simplesmente se distanciasse. O que não aconteceria a um mortal ou a qualquer outro habitante do Submundo não bem-vindo. A Neblina forma um anel em Sunset isolando o reino e quem se aproxima dela o suficiente pode se contaminar...
Eu sei lá, cada um tem uma experiência diferente, mas o intuito é fazer com que a pessoa não se aproxime do castelo. Hoje a paz está estabelecida no Submundo graças ao meu tio Jahean e a tal neblina não tem muita utilidade, uma vez que não temos habitantes que ofereçam risco ao castelo ou mesmo ao Submundo. Ainda temos as peças do tabuleiro, servindo como serviçais na Ala Norte, não escravas, mas serviçais de Sunset. Elas antes frequentavam a Ala Sul, mas depois da experiência de Sâmia quando Leander a levou lá pela segunda vez, mesmo ela dizendo que elas não seriam um incômodo, tio Jahean ordenou que ficassem de forma permanente em outra ala. Não são munidas de muita inteligência e tem uma certa obsessão por acúmulo, possuem moradia própria ao Sul do castelo, após a floresta e antes da neblina. Recentemente foi feita uma reforma por lá, elas foram tomando muito espaço e acumulando muito lixo, novas moradias foram construídas, dessa vez dentro da cidade de Sunset e no lugar agora vago foram construídas casas para pessoas que o rei possui extrema estima: lordes e cavaleiros condecorados, incluindo seu atual primeiro ministro. Houve também a construção de uma gigantesca arena para o Torneio, mas isso fica para depois, apenas adianto que o torneio que sempre acontece em Dubin (reino de Hodes), por força maior será realizado em Sunset e esse espaço veio muito a calhar.
Temos um ancião ou curandeiro para cada reino, Terra Baixa é uma exceção. Cada reino possui comércio local, mas todos têm comércio na cidade de Sunset (ou quase todos), que é o maior e o mais frequentado por todos habitantes do Submundo. Inclusive temos um teatro para cada reino que opera na cidade de Sunset, cada um com suas peculiaridades, o teatro de fogo, por exemplo, tem apresentações pirotécnicas e muitos efeitos especiais dignos de Hollywood.
Outra curiosidade que devem ter é sobre a imortalidade, os habitantes do Submundo são chamados de imortais e, no entanto, eles morrem! Minha mãe é prova disso e felizmente meu pai! Sim, mas não são chamados imortais por não morrerem. Isso se explicará no futuro, existe uma boa explicação para isso, como tudo mais que parece apenas pontas soltas, tudo no seu devido tempo.
Eles têm cinco estações, treze meses e cada dia possui vinte e cinco horas. Por quê? Vinte quatros horas temos na Superfície e o que acontece quando se completa um dia? Temos a hora decisiva, a hora de um novo início. Não sei quantos superficiais terão capacidade de entender a grandiosidade dessa hora decisiva. Mas pense assim: Todo dia, você tem a oportunidade de mudar completamente sua vida. Se irá fazer algo para que isso aconteça, isso é outra história, mas a chance existe e ter uma hora a mais nos faz lembrar constantemente que nosso destino está em nossas mãos.
Em se tratando de hierarquia e direito ao trono no Submundo as coisas funcionam diferentes da Superfície e o que aconteceu nela durante a época de reinado. Obviamente quando um reino tem herdeiros, eles é que ocuparão o próximo posto, no entanto, existe uma lei que permite a seus habitantes entrarem com um pedido de "retirada". Se um rei ou rainha não trata com justiça seus súditos, os mesmos podem abrir um processo junto aos Doze (conselho máximo de magia) para que o caso seja avaliado. Tal ato jamais aconteceu, mas a lei existe e inclusive o rei de Sunset está sujeito à própria lei que criara. Sobre os nascimentos dos herdeiros, a ordem é que o reino será do primeiro filho que nascer e a palavra filho inclui príncipe ou princesa, o que vier primeiro. Mas a condição é que esse esteja casado, caso ele ou ela não esteja, o segundo filho ou filha poderá ocupar o trono assim que se casar, o que não dará direito ao primogênito a reaver o direito mesmo que se case posteriormente. Isso dá a leve impressão que existe uma corrida para casamentos, certo? Tio Jahean não se casou até hoje e muito menos foi o primogênito, mesmo tendo assumido antes da morte de minha mãe...
Outra crença dos seres mágicos é que devem nomear seus herdeiros com a mesma inicial (aplicado somente a Sunset, morada do imperador), segundo eles, a mesma inicial deve ser usada para dar a todos a mesma energia. Letras e números possuem energia, e para eles é indispensável que todos os filhos tenham a mesma sabedoria para governar o Submundo, por isso minha mãe Jade teve a mesma inicial que tio Jahean, infelizmente não a mesma sorte.
O Submundo tem uma maneira diferente de lidar com as situações. Os superficiais estão sempre buscando o favoritismo próprio. Os imortais estão livres de quase todos os vícios, quase, pois uma vez que ainda habitam uma matéria é porque não atingiram uma evolução plena. Confesso que vejo muita semelhança entre os imortais e os superficiais. Inclusive algumas pessoas na Superfície são até melhores e mais evoluídas. Mas no geral, a evolução como um todo é maior nesse universo paralelo. Com o tempo chegarão à conclusão de que os que são considerados "santos", "verdadeiros bons" na Superfície, estão aqui unicamente para lembrar-nos que é possível evoluir e que os "não evoluídos" no Submundo estão lá para lembrá-los que não deveriam regredir.
O Mist não aparece no mapa do Submundo, apenas a estrada onde se chega até ele. Tampouco a Terra das Estações que será conhecida futuramente, lugares que se chega somente pela teletransportação não aparecerão em nenhum mapa. Adianto que existe um Castelo Flutuante, eu ainda não descobri o nome desse lugar, por certo saberei quando terminar os demais livros, mas não voltarei aqui para editar essa parte, por quê? Porque não tenho certeza se eu poderei utilizar esse lugar e fazer uma coisa que está martelando na minha cabeça, mas quem sabe eu dou sorte? Quem sabe no último volume conheceremos o tal castelo e principalmente o que eu farei com ele...
A seguir segue um mapa do submundo, mapa original desenhado a mão pelos anciões, não se deixe enganar, isso é uma visão panorâmica, dentro de cada reino existem inúmeros vilarejos e poderão ser compreendidos melhor com os demais mapas que serão apresentados no decorrer da série.
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