• primeiro •
Mais uma vez passei em frente o vidro espelhado da portaria da empresa e pensei que não podia estar mais relaxada aquele dia. Era uma manhã bonita de novembro, meu mês e tudo parecia correr conforme planejado.
– Bom dia, amiga! - Paula falou, me dando um sorriso.
– Bom dia, mulher!
Nos cumprimentamos e cruzei o pátio onde os caminhões estavam estacionados entre olhares e cantadas dos homens que ali trabalhavam. Nada me abalaria aquele dia, eu já estava acostumada com esse assédio apesar de ser incomodo, afinal foi minha escolha estar ali num ambiente majoritariamente masculino. Eu só queria poder entrar ali e ver o Caio. Caio. Esse nome ecoava na minha cabeça há meses desde que eu comecei a trabalhar com ele. O sorriso, os olhos, o corpo, a voz... Tudo nele me fazia querer este homem. Trabalhávamos juntos, em setores diferentes, porém meu setor respondia diretamente ao dele, o que fazia com que eu o visse o dia inteiro, mesmo naquele galpão imenso.
Coloquei minhas coisas na mesa, mas meus olhos estavam o procurando entre as estantes, mas não o encontrei. Comecei a agir as tarefas do dia até que...
– Essas notas chegaram agora, precisamos mon... – Paula falava e eu simplesmente não conseguia ouvir nada porque tinha encontrado quem eu queria.
– Marina? – Ela dizia, enquanto ele passava a alguns (muitos) metros de distância, dando um sorriso que me fazia cruzar as pernas para conter meu desejo latente.
– Desculpa, amiga, fala!
– Cara, na boa, chama ele pra sair! Fiquei sabendo que ele terminou o noivado, você está nessa há meses! Ele sempre fica te olhando também, acho que vai dar bom.
– Olhando? – Dei uma risada – Claro que não fica. Ou fica?
– Marina, ele te deseja. Olha a forma como ele te olha quando você vem com essa calça. Pelo amor de Deus, mulher! Uma escorpiana nata e não entende o mínimo sinal de interesse? Fica observando hoje e me conta. Vou lá em cima pegar um café pra gente.
Mordi os lábios pensando na possibilidade de Caio querer ficar comigo na mesma intensidade que eu queria ficar com ele. Minha mente estava em transe, a tensão sexual que eu sentia só de falar dele era palpável.
– Muito bom dia, linda. – aquela voz. A voz que era capaz de fazer eu, uma mulher feita de 23 anos perder a linha.
– Muito bom dia! No que posso ajudar?
– Em nada, só vim te dar bom dia mesmo.
Aquele dia passou rápido, e todos os encontros que tivemos entre os corredores, eram cheios de desejo da minha parte. Não demorou para o dia correr entre trabalho e Paula falando que notou Caio olhando minha bunda.
– Seu aniversário está chegandooo! E ai, vamos beber? Shopping? Arpoador?
– Mulher, acho que nada porque vai chover no dia. Todo ano chove, é tradição e nós vamos trabalhar.
– Ih, vamos agitar isso ai, um barzinho, alguma coisa.
– Vamos no bar do Columbia beber, o que você acha? Trago uma torta e a gente come. É daqui a três dias.
– Por mim, ótimo. Vou falar com o Caio, o Rodrigo e o João.
– Fechou!
– Se não sair beijo seu e do Caio nesse dia, eu desisto de vocês. – Ela riu sonoramente e nos despedimos.
Fui embora e vi Caio no ponto de ônibus enquanto eu atravessava a passarela da rodovia e ele acenou e me mandou um beijo. Caio não era o cara mais bonito do mundo, porém seus traços fortes chamavam atenção: um rosto marcado, com lábios volumosos, olhos castanhos escuros lindos e sobrancelhas grossas que completavam o conjunto. Mas, algo nele era um "a mais" que me fazia sentir as pernas bambas.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top