' sou mais que apenas meu corpo
— A situação está muito ruim? - Soobin perguntou, pegando em mãos o figurino rasgado de Yeonjun depois que ouviu a história do porque de seus machucados por todo o corpo.
Não precisou que Yeonjun respondesse sua pergunta já que ao desdobrar a jaqueta, já conseguiu ver o rasgo enorme na manga e as manchas de terra.
— Quando é a peça?
— Daqui a dois dias. Soobin por favor você tem que me ajudar. Use seus poderes de futuro estudante de moda ou sei lá!
— 'Tá bom, calma! Eu vou dar um jeito!
Yeonjun já estava prestes a ter uma crise de ansiedade. Todo o relaxamento da noite anterior já tinha ido embora enquanto estava sentado ao lado de Soobin no ônibus a caminho do apartamento do ruivo. Tinha que torcer para que ainda tivesse linha vermelha e que sua máquina de costura ainda funcionasse, se não Yeonjun realmente estaria fodido. Mas resolveu não comentar esse detalhe com ele.
E se Yeonjun fosse ser sincero, nunca tinha andado de ônibus antes. Não admitia, mas tinha sim nascido em um berço de ouro. Sua mochila com os pertences estava grudada fortemente próxima ao peito, temendo um furto, mas todo mundo ali só queria saber da própria vida, inclusive Soobin, que tinha jogado a própria mochila no chão de qualquer jeito e olhava postagens no Instagram.
Quando Yeonjun encarou o rosto do mais novo iluminado pelo sol que entrava nas janelas, não conseguiu evitar um sorriso. Tentou pensar se existia alguém mais bonito que aquele homem no mundo. Nesse meio tempo, acabou ficando tão apaixonado pela personalidade de Soobin que tentava sempre se segurar antes de dizer ou fazer algo na frente do mais velho, pois o medo de perdê-lo por atiçar sua sensibilidade agora era maior do que sua vontade de transar durante uma noite inteira. Por mais que a diferença entre os dois a cada dia diminua. porque não é nada fácil ficar na seca para um jovem de vinte e quatro anos. Soobin as vezes pensava em Yeonjun e tinha medo de perder a virgindade, ficar viciado em sexo e acabar como Yeonjun.
O barulho do freio do ônibus fez com que voltassem para sua realidade. Já familiarizado com seus arredores, Soobin se levantou e avisou a Yeonjun que haviam chegado no ponto. Depois de mais alguns minutos de caminhada até o prédio conhecido, entraram o local juntos e subiram as escadas até o apartamento do mais novo.
Dentro de sua casa, seguiram por um caminho desconhecido por Yeonjun: uma pequena porta no fundo da cozinha que dava para um quarto extra: uma espécie de mini depósito para guardar qualquer tralha que precisassem.
A coisa que chamava mais atenção ali dentro era definitivamente a máquina de costura azul bebê empoeirada em cima de uma mesa branca com vários rabiscos. Ao seu redor, tinham prateleiras cheias de tecidos e linhas e também algumas outras coisas velhas que não tinham onde guardar.
Rezando internamente para que tudo desse certo a partir dali, as mãos relutantes de Soobin agarraram o cabo e encaixaram o plug na tomada, fazendo com que a máquina apitasse.
Soltou um suspiro aliviado e começou a rumar pelas prateleiras a procura de uma linha vermelha, mas não achou. O mais próximo que tinha era vinho. Torceu para que aquilo não incomodasse o mais velho.
Finalmente pronto para começar o serviço, Soobin se sentou no banquinho em frente a mesa e preparou tudo o que precisava. Yeonjun se surpreendeu com a rapidez que ele conseguiu passar o fio pelo buraco da agulha.
Demorou alguns minutos para que a peça estivesse pronta. Fez seu melhor para disfarçar a linha diferente. Agora só precisava de lavar e estaria como nova.
— Soobin, você é um anjo. Não sei o que fazer para te agradecer, eu te amo tanto.. - pulou de braços abertos em cima do mais alto.
— Eu também te.. - respondeu tão baixo que Yeonjun nem o ouviu antes de começar a falar de novo.
— Já sei, vamos para aquele parque de diversões que você me chamou para ir faz um tempinho e eu não podia!
— Você não deveria ensaiar para sua peça?
— Não tem problema, vamos!
— 'Tá bom! Mas eu preciso tomar um banho primeiro. E quando voltarmos você vai para casa ensaiar e eu vou lavar sua jaqueta.
— Você vai para minha casa comigo?
— Não.
— Por favor.
— Não.
— Binnie..
— Vou tomar banho.
🧊˖꒷꒦⏝꒦꒷꒦⏝꒦꒷˖ ࣪🔥
O parque estava relativamente cheio para uma quarta feira no horário do almoço. O combinado era que os dois iriam nos brinquedos, almoçariam juntos e depois cada um voltaria para sua casa, mas com as filas para cada atração, demorariam no mínimo cinco horas ali. Então os planos foram mudados. Ir nos brinquedos radicais para almoçar ali no parque mesmo e depois ir nos brinquedos fracos, finalizando na roda gigante por insistência do mais velho.
Começam pela enorme fila da montanha russa. Não tinham se passado nem cinco minutos quando Soobin começou a balançar a perna, levantando o pescoço para ver até onde a fila ia.
— Não andamos nada até agora..
— Soobin, o carrinho que saiu quando chegamos aqui não voltou ainda. Claro que não andamos nada.
— Ugh, eu não aguento filas. Não sei porque aceitei isso.
— Nem com a minha companhia? - o mais velho cantarolou, usando dos braços longos para abraçar a cintura delicada do ruivo.
— Você consegue me entreter por uns vinte minutos - riu, brincando com as mechas castanhas dele.
— Nossa. De nada.
— Obrigado.
Se abraçaram, trocaram beijos e conversaram sobre a vida (dos outros) por mais um tempo, até que a perna ansiosa de Soobin voltasse a balançar.
— Já sei um jeito de entrar sem esperar.
— Furar fila?
— Não, não exatamente. Só segue minha deixa, ok?
O moreno o puxou pela mão para fora da fila, sacrificando seus vinte e cinco minutos de espera. Foi arrastado até a saída do brinquedo, aonde Yeonjun desviou das pessoas que desciam dos carrinhos da montanha russa e andou até o guarda que controlava as filas dos brinquedos.
— Com licença, senhor.
— Pois não?
— Meu namorado deixou o óculos dele cair do bolso no carrinho quando fomos no brinquedo mais cedo e só percebemos agora. Podemos ir lá procurar? - fez seu melhor sorriso suplicante.
O segurança fez uma expressão desconfiada, mas não mudava nada deixar eles procurarem.
— Podem ir.
Yeonjun agradeceu, puxou Soobin até o último carrinho e se abaixou para fingir que estava procurando algo.
— Senta aí para acharam que o carrinho está ocupado.
Soobin obedeceu.
Depois de dois minutos, quando todos os carrinhos estavam ocupados, Yeonjun acabou por se sentar também, puxando a franja para frente dos olhos para se disfarçar como se o cabelo vermelho de Soobin não fosse chamativo o suficiente.
Ninguém desconfiou de nada. Um assistente veio para fechar seus cintos de segurança e o brinquedo começou a se mover.
— Não acredito que você conseguiu fazer isso!
— Eu vivo perigosamente, bebê.
Quando o brinquedo parou, se misturaram na multidão de outras pessoas descendo para não serem vistos pelo segurança de mais cedo e saíram correndo pelo parque. Soobin se divertia tanto fazendo coisas que normalmente não faria com Yeonjun.
🧊˖꒷꒦⏝꒦꒷꒦⏝꒦꒷˖ ࣪🔥
Depois de Soobin passar mal indo em três montanhas russas seguidas, todas com Yeonjun arrumando alguma maneira de furar fila, eles se alimentaram com cachorros quentes e foram nos brinquedos calmos, deixando para o final a tão esperada roda gigante.
Soobin colocou seus pés na cabine com um frio na barriga, esperançoso de que seria o momento no qual teria seu tão esperado pedido de namoro.
Ficaram sentados, lado a lado, com os dedos entrelaçados sobre a coxa do mais velho. O sol estava se pondo e o céu ganhava uma nova cor de roxo. De repente, foi ouvido o barulho alto do brinquedo parando, deixando os dois no ponto mais alto.
O coração de Soobin quando Yeonjun o encarou nos olhos, mas ele não falou nada. Não fez nada. Não tirou uma aliança do bolso e fez o pedido perfeito. A roda completou sua primeira, segunda, terceira volta. Então, tiveram que descer.
Já era hora de embora, então estavam sentados em um banco na frente do parque esperando o uber.
O peito do ruivo doía por dentro, uma sensação amarga subindo para sua boca. Aquele era o tal do sentimento de coração partido? Talvez no fundo Yeonjun realmente só quisesse seu corpo e não seus sentimentos.
Não conseguiu falar nada nem olhar no seu rosto no carro. No caminho para casa, só focou em não chorar, mas as lágrimas já invadiam seus olhos e imploravam para descer. O pior foi quando lembrou da sua mãe. Lembrou que não ia poder chegar em casa e não ia poder chorar no seu colo tomando chá nighty-night caseiro e lamentando sua vida amorosa falha.
O choro começou a vir de vez. As bochechas se molhavam e ardiam com as lágrimas salgadas. Soltou um soluço baixo, que foi o suficiente para chamar a atenção de Yeonjun, que se alarmou no mesmo instante.
— Bin? O que foi? Aconteceu algo?
— N-não, eu.. - soluçou de novo. O mais velho levou uma mão até seu rosto, mas desviou.
— Bin..
O carro estacionou na frente da sua casa.
— Tchau, Yeonjun.
Não esperou uma resposta. Saiu e subiu as escadas correndo.
Chorou até dormir com o celular explodindo de mensagens de Yeonjun.
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