Guacamole

Aquele dia começou de forma diferente. Para começar, Peter estava trabalhando no turno da tarde em vez do noturno, quebrando a rotina habitual. Além disso, ele estava preparando algo que não estava no cardápio da lanchonete, mas estava fazendo isso a pedido do Sr. Gutierrez, o proprietário do "Chimichangas Infinitas". O motivo era especial: um jogo da seleção mexicana seria transmitido e a família e amigos do Sr. Gutierrez lotariam o local. Peter tinha a honra de alimentá-los.

Ele selecionou alguns abacates maduros, firmes ao toque, e com maestria manejou a faca para fazer um corte ao redor de cada um, separando as metades da fruta. Com movimentos suaves, girou cada metade para separá-las, revelando o interior cremoso e verde-esmeralda.

Usando uma colher habilidosa, Peter removeu cuidadosamente os caroços e transferiu a polpa do abacate para uma tigela. Com um garfo, começou a amassar a polpa macia, trabalhando-a até obter uma consistência suave e cremosa.

Em seguida, acrescentou suco de limão fresco, que trouxe um toque cítrico e ajudou a preservar a vibrante cor verde do abacate. Para realçar ainda mais os sabores, Peter acrescentou tomates picados em cubos, cebola roxa finamente picada e coentro fresco picado.

Com um toque de tempero, ele adicionou sal, pimenta e uma pitada de cominho em pó, ajustando as quantidades de acordo com seu paladar refinado. Misturou todos os ingredientes com cuidado, garantindo que os sabores se combinassem harmoniosamente, criando uma guacamole deliciosa e equilibrada.

O celular de Peter vibrou e brilhou, indicando o recebimento de mais uma imagem enviada por Wade. Peter deu uma rápida olhada e pôde vislumbrar uma foto de Gatito, o gatinho que ele salvou e que agora fora adotado por Wade, afiando suas garras em um arranhador em formato de cacto. O cacto tinha o rosto de uma pessoa com uma expressão de prazer ao ser arranhado, o que era muito estranho. Peter não conseguiu conter uma risada que escapou de seus lábios.

– ¿Qué es eso? ¿Una novia? – questionou o Sr. Gutierrez ao seu funcionário.

– Apenas um amigo. – respondeu Peter, corando levemente e voltando ao trabalho.

Enquanto isso, a lanchonete estava repleta de animação. O interior tinha sido decorado com bandeiras e adereços mexicanos em preparação para o jogo da seleção. Uma grande TV havia sido instalada em uma parede, pronta para transmitir a partida. As mesas estavam cheias de amigos e familiares do Sr. Gutierrez, todos ansiosos para torcer pela equipe mexicana.

Peter provou um pouco da guacamole, satisfeito com o resultado. A textura cremosa do abacate, a acidez refrescante do limão e a combinação de sabores frescos tornavam sua guacamole irresistível.

Com a guacamole pronta, Peter a colocou em uma travessa bonita e a levou para a mesa onde os convidados aguardavam ansiosos. Todos mergulharam suas tortilhas na guacamole e saborearam com voracidade.

– Essa piada é uma homenagem a Peter, nosso melhor funcionário. Por que a guacamole nunca vai a encontros amorosos? – questionou o Sr. Gutierrez, dirigindo-se ao público presente. Agora sim, Peter ficou vermelho como um tomate fresco, esperando pela resposta ao questionamento.

– Porque ela sempre acaba se "amassando" demais! – exclamou o Sr. Gutierrez, provocando risos entre todos. Peter revirou os olhos, mas não pôde deixar de sorrir diante da animação daquele momento divertido.

Infelizmente, aquele momento não duraria para sempre, pois os deuses sempre tinham uma carta na manga para tornar a vida de Peter um pouco mais complicada. Parecia que os deuses gostavam de assistir a Peter Parker enfrentar picos de adrenalina provocados por situações inusitadas, e hoje não seria diferente. No meio da animação, as portas da lanchonete foram abertas com violência e um trio de homens armados entrou.

–Isso é um assalto! – Gritou um dos homens, apontando a arma para o Sr. Gutierrez, que começou a gaguejar nervosamente, misturando espanhol com inglês de forma ininteligível.

Peter tomou a iniciativa e posicionou-se na frente de seu patrão, tirando-o da linha de fogo.

–Nós vamos cooperar, não é necessário recorrer à violência – falou lentamente.

– Desde quando pedi a sua opinião, magrelo? Me dê o dinheiro do caixa! – ordenou.

Peter iria fazer o que lhe fora ordenado. Ele observou que os outros capangas começaram a exigir dinheiro e celulares dos outros clientes da loja. Parker, atrás do balcão, viu seu celular, ainda recebendo mensagens de Wade cheias de emoticons fofos. Peter sabia que não poderia chamar a polícia sem ser visto, mas poderia enviar uma mensagem de socorro. E por que não para Wade? A conversa entre eles estava aberta, bastava digitar algumas letras e enviar uma mensagem.

– Por favor, él tiene un problema del corazón – falava uma mulher, indicando seu marido. Ela era parente do Sr. Gutierrez, Peter se lembrou.

– Fale a minha língua! Você está nos Estados Unidos, aprenda a falar a minha língua – falou o líder, ameaçando bater na mulher e no homem que claramente não estava bem.

Peter praguejou internamente, ele estava no meio de escrever a mensagem, mas não podia ignorar o que estava presenciando. Por que sempre tentava ser um herói?

– Ela está dizendo que ele tem um problema no coração – traduziu. – Como eu disse antes, não precisa ser violento.

– Novamente você dando palpite. Vai me ensinar como fazer um assalto, é isso? – o assaltante voltou seu olhar irritado para Peter, ele era um típico americano preconceituoso caucasiano, com cabelos curtos e uma expressão de desprezo. Peter engoliu em seco, mas sustentou o olhar – você já pegou o dinheiro do caixa ou não? É burro ou o quê? Não consegue nem fazer isso direito?

– O dinheiro está aqui. – Parker disse, tentando controlar seu próprio temperamento. Só então ele percebeu que tinha iniciado uma chamada de voz com Wade. Todo esse tempo, pelo visto, o excêntrico mascarado deve ter ouvido toda a confusão.

Neste momento, o assaltante se apoiou na bancada para pegar o dinheiro do caixa e, infelizmente, notou o celular de Peter.

– Olhem só, o magrelo querendo se passar por esperto. – O rapaz deu um tapa em Parker e exibiu o celular ainda com a chamada de voz.

– E estava ligando para quem? A polícia? – o assaltante mirou a tela para encontrar o identificador da pessoa que estava recebendo a ligação de Peter.

Enquanto observava a tela, o assaltante ficou intrigado com o nome exibido.

– "Mascarado sexy"? Que diabos de nome é esse? - questionou, com uma expressão de confusão e sarcasmo.

Peter estava pensando em uma resposta mordaz para aquele questionamento, mas antes que pudesse proferir as palavras, outra pessoa se pronunciou:

– Ah, meu caro assaltante, permita-me iluminar sua mente limitada. "Mascarado sexy" é como o mundo conhece a figura enigmática e irresistível que desafia as convenções do heroísmo tradicional. Ele combate o crime com estilo e charme, enquanto vocês, pobres ladrões desprovidos de qualquer traço de elegância, se escondem atrás de máscaras comuns. Enquanto vocês roubam, o "mascarado sexy" protege a cidade e ainda tem tempo para ser objeto de admiração de todos. Talvez um dia você compreenda a verdadeira grandiosidade desse nome, mas duvido que sua mente rasa e sem brilho seja capaz de compreender tamanha magnitude.

Parker reconheceu de imediato aquela voz. Ele virou o rosto em direção à entrada da lanchonete e vislumbrou o tal "mascarado", protagonista da discussão anterior. Ele vestia seu traje característico de cores vibrantes, vermelho e preto, exibindo músculos definidos e uma presença intimidadora. Seu traje justo ressaltava seu físico atlético e robusto. O rosto era coberto por uma máscara vermelha e preta, com olhos brancos que pareciam penetrar a alma de qualquer um que o encarasse. Mas o que realmente surpreendeu Peter foi o fato de ele empunhar duas espadas samurais. Isso era novo...

– Q-quem? Mais um lunático? – Questionou o chefe dos ladrões, irritado.

Seus outros subordinados não compartilhavam do ceticismo de seu líder, parecendo visivelmente nervosos. Um deles, inclusive, começou a tremer de forma incontrolável.

– Lunático? Acredito que isso depende muito do ponto de referência – Wade falou, se aproximando, ignorando a arma apontada em sua direção.

– Para trás! – comandou o líder.

– Oh! Eu prefiro seguir em frente. Sabe aqueles discursos otimistas sobre avançar apesar de todos os obstáculos? Pois é, acredito nesse tipo de coisa.

Peter sentiu seu coração acelerar. Wade podia ser um pouco doidinho, mas mesmo ele sabia que não deveria provocar alguém armado!

– Wad... – começou a falar Peter, mas foi interrompido pelo grito nervoso e furioso do líder.

– Eu disse para ficar parado aí! – E atirou.

Peter sentiu todo o seu corpo gelar.

No entanto, a bala não atingiu seu alvo. Wade, em um movimento fluido e rápido, desviou a bala usando a lâmina de suas espadas.

– Isso é fisicamente impossível – murmurou Peter Parker, surpreso.

– Ele é o Deadpool, chefe! Acho que não deveríamos... Digo... É melhor irmos embora! – Disse um dos subordinados claramente apavorado.

– Deadpool. Que nome mais idiota é esse? – Disse o líder, já se preparando para atirar novamente.

– Ah! Eu posso te explicar o meu nome. Uma história de origem, todo o super-herói tem um história de origem – Falou Wade, ou melhor, Deadpool, bastante animado.

– Você é um herói? – O chefe dos assaltantes questionou de forma irônica.

– Para o seu desprazer... Eu não sou. – Antes que o líder pudesse atirar, Deadpool agiu. Com destreza sobre-humana, ele desferiu um golpe certeiro, cortando o pulso do inimigo com sua espada afiada. A mão que segurava a arma caiu ao chão, enquanto o assaltante gritava de dor e surpresa. O sangue jorrava do ferimento, pintando o ambiente com um contraste perturbador.

Peter realmente não estava preparado para aquilo. O choque tomou conta dele, revelando um vislumbre do verdadeiro lado sombrio da profissão de Wade, ou melhor, Deadpool.

– Você é... um supervilão? – Peter questionou, nervosamente. – Nossa, isso soou tão cringe... Quero dizer... você é...?

Deadpool encarou Peter com uma expressão de descontentamento. Havia uma hesitação em suas palavras, algo incomum para alguém como Wade, que normalmente não tinha dificuldade em falar.

No entanto, aquele não era o momento adequado para discutir isso. Em meio aos gritos de pavor dos clientes, um dos assaltantes apontou a arma para Deadpool e atirou. Dessa vez, Deadpool não desviou; a bala atravessou sua cabeça.

Um grito de pavor escapou dos lábios de Peter. Um frio percorreu toda a sua espinha. Ele pulou por cima do balcão e correu para aparar Deadpool, enquanto os outros bandidos escapavam, levando consigo o líder ferido.

Peter estava desesperado. Não sabia o que fazer. Precisava chamar uma ambulância, mas seu celular estava distante, jogado em algum canto pelo líder do assalto.

O sangue escorria do ferimento de Deadpool, manchando sua roupa. Lágrimas rolavam pela face de Peter, misturando-se com a angústia e o medo.

O que ele deveria fazer? Será que perderia mais alguém importante em sua vida, assim como havia perdido seu tio Ben? O desespero tomava conta dele, enquanto lutava para encontrar uma solução em meio àquela cena caótica e cheia de incertezas.

– Isso é bom. Alguém chorar por mim... Digo, faz muito tempo que alguém realmente se importa.

Peter se surpreendeu ao notar que a voz vinha de Wade. Rapidamente, o rapaz avaliou o ferimento de Deadpool e ficou abismado ao perceber que ele estava diminuindo, se curando.

– Isso é biologicamente impossível. – balbuciou Peter, arregalando os olhos.

–É isso mesmo, Petey. Sou a personificação ambulante da ilógica em pessoa. Um verdadeiro enigma vestido de vermelho e preto. Afinal, qual seria a graça de seguir todas as regras chatas da realidade quando posso simplesmente ignorá-las? – brincou Wade, tentando se levantar, mas sendo impedido por Peter, que o encarou seriamente.

– Nem pense nisso. Você foi atingido por uma bala!

– Petey, essa não foi a minha primeira vez, nem será a última. Estou bem acostumado em...

– Senhor Gutierrez, onde está a caixa de primeiros socorros? – Pediu Peter ao ainda atônito dono da lanchonete. Mas logo ele despertou de seu próprio torpor em relação a toda a situação que observara e foi buscar a referida caixa.

– Petey... Eu posso me curar. Eu tenho o que eles chamam de "fator de cura".

– Ah, claro, Wade, adoro ser surpreendido com habilidades de cura sobre-humanas sem nenhum aviso prévio.– Cortou Peter, visivelmente irritado – Quer dizer, eu estava apenas procurando um pouco de emoção extra em minha vida, quase tendo um ataque cardíaco no processo. Mas ei, pelo menos agora sei que você é praticamente indestrutível. Agora, me diga, Sr. Fator de Cura, mesmo com todo esse poder regenerativo, você ainda tem o privilégio de sentir dor? Quer dizer, não quero que pense que estou desejando mal a você ou algo assim. É apenas uma curiosidade mórbida que surge quando se está cercado por super-humanos que podem se curar de forma rápida e ainda sentem aquela dorzinha chata.

– Oh! Sim, eu sinto dor. – Wade respondeu, mesmo tendo um sorriso meio tonto nos lábios.

– Ah, maravilha! Vou ter o prazer de te fazer sofrer um pouquinho mais enquanto examino minuciosamente seu corpo em busca de outros ferimentos. Prepare-se para um show de água oxigenada e remédios ardidos, tudo para o seu deleite, é claro.

– Oh! Sim, eu sinto dor. – Wade respondeu, mesmo tendo um sorriso meio tonto nos lábios.

– Ah, maravilha! Vou ter o prazer de te fazer sofrer um pouquinho mais enquanto examino minuciosamente seu corpo em busca de outros ferimentos. Prepare-se para um show de água oxigenada e remédios ardidos, tudo para o seu deleite, é claro.

– Para mim, isso não parece ser uma punição. – Wade sorria ainda mais, para a irritação de Peter.

– Pois logo vai se arrepender dessa sua fala. – Prometeu Peter.

E foi assim que Peter finalmente descobriu sobre quem de fato era Wade Wilson. De fato, deveria sentir medo ou mesmo receio de Deadpool, mas estranhamento os sentimentos que carregavam dentro de si eram totalmente o oposto.

E assim, Peter finalmente descobriu quem Wade Wilson realmente era. Deveria sentir medo ou receio de Deadpool, mas estranhamente os sentimentos que carregava dentro de si eram totalmente o oposto. Estava realmente se apaixonando por alguém viciado em comida mexicana, com poderes super-humanos, meio doidinho e letal?

"Ah, Peter Parker, você está se metendo em encrenca", pensou consigo mesmo, enquanto uma mistura de emoções contraditórias dançava em seu coração. Mas afinal, o amor não segue lógica ou convenções, não é mesmo?


Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top