Chapitre deux

20 mars 2020; vendredi

— Eu nem acredito que já estamos quase terminando — Genevieve diz, quando estamos entrando no Campus, é o nosso segundo mês do último semestre.

— Não estamos bem terminando, ainda temos algumas provas e apresentações, mas sim, eu nem acredito...

— É hoje aquela festa que eu te falei.

— Vieve... — falo, com uma voz arrastada e bem baixinha.

— Qual é, Cherry! — Ela para na minha frente e balança os cabelos na altura do ombro. — A última vez que saímos foi no Ano Novo! — ela reclama.

— É sério que você ainda gosta de festas de faculdade? — indago, continuamos andando de novo, em direção ao refeitório, ainda não tomamos café da manhã.

— Eu gosto de ir, dar uns beijos na boca, beber, dançar com a minha melhor amiga! — ela provoca.

— Eu não sei, Vieve. — Observo ela. — Eu vou pensar no seu caso.

— Eu prometo que eu não encho mais o seu saco!

— Genevieve Carpentier, o lema da sua vida é encher o meu saco desde que nos conhecemos, acha mesmo que eu vou acreditar nesse papo furado? — indago, ela solta a risada que eu conheço bem.

— Eu só faço isso porque eu te amo e você sabe. — Ela me abraça.

Chegamos no refeitório e pegamos o nosso café da manhã: uma pilha de panquecas e dois milk shakes de morango. Nos sentamos na mesa de sempre e esperamos, ainda faltam quarenta minutos para a nossa aula de Literatura Francesa.

— Você vai continuar no seu estágio do semestre passado? — pergunto, observando a minha grade de aulas que eu colei no fichário.

— Aparentemente, sim. Por quê?

— Eu vou ser transferida para a Assouline¹ — explico o que a senhorita Tayson me disse.

Oh la vache²! — ela exclama. — Isso é incrível. É a melhor editora da cidade. Que orgulho de você!

— Pois é.

— Por que você não parece empolgada? — Ela me observa.

— Você sabe que eu queria estagiar em uma escola, eu só me inscrevi nesse estágio para a Editora porque era o que pagava mais... — explico.

J'ai compris³... Mas pensa pelo lado bom, você vai ter no currículo que trabalhou na maior Editora de Paris, querendo ou não, vai ser incrível para você — ela tenta.

— Pode ser.

— Vamos falar de coisa boa. como vão você e o Nate Gostosão? — Vivie chama a minha atenção, ela toma um gole do milk shake e me observa com um ar malicioso.

— Estamos só ficando...

— Isso já está ficando cansativo, por que você nunca me fala a verdade?

— Eu não sei... eu...

— É porque está dando certo.

Observo ela.

— Ele transa bem? Quer dizer, ele é um Deus Grego, não tem como ele não transar bem...

— Devo concordar. — Ela dá um sorriso malicioso.

— Cherry, sua safadinha! Me conta tudo! — Vieve está empolgada.

— Estamos ficando há um mês já e o sexo é ótimo, mas eu não sei se eu realmente quero um relacionamento sério. O Nate é um cara bacana, quer dizer, ele é um cara incrível, mas não sei se já estou pronta...

— Cherry, você não tenta algo sério desde que você e o...

— Não precisa terminar essa frase.

— Mas falando sério, se ele é tão perfeito e incrível como você fala, acho que você deveria dar uma chance, faltam apenas quatro meses para terminar a faculdade, é uma boa chance para você se aliviar da pressão e, ainda por cima, ter umas boas transas...

— Quem sabe...

— Me diz que vai tentar. Porque eu garanto que têm muitas garotas a fim de dar para aquele homão.

— Eu vou tentar, Vieve. Agora vamos, a nossa aula de Literatura Francesa já está começando...

Pego a minha mochila e ela faz o mesmo. Caminhamos pelos enormes corredores da Sorbonne Université. São paredes infinitamente altas e extremamente decoradas, um dos prédios mais bonitos que eu conheci de Paris inteira.

Todos os lugares aqui de Paris são incríveis, é definitivamente uma cidade linda.

Entramos na sala e a senhorita Laurent já está preparando os slides. Demora quinze minutos até a sala encher de fato e todas as mesas serem preenchidas.

Observo a senhorita Laurent enquanto ela explica a matéria. Ela é uma mulher de uns trinta anos, ela é charmosa e clássica como uma verdadeira mulher parisiense. Têm cabelos castanhos na altura dos ombros, em contrapartida, os olhos são verde claro, combinam com a pele branca, o rosto é bem redondo, com sardas no nariz e nas bochechas, mas ela está muito bem maquiada em quase todas as aulas, às vezes é impossível ver as sardas. Ela tem o sorriso levemente amarelado, mesmo assim muito bonito. E, principalmente, uma voz doce e confortável.

Volto a focar na aula, observo as explicações dela e anoto tudo no meu fichário. Hoje temos duas aulas seguidas de Literatura Francesa e depois dias seguidas de Literatura Inglesa antes do almoço.

— Estão dispensados — o senhor Walker diz, nosso professor de Literatura Inglesa.

Eu e a Genevieve pegamos as nossas coisas e voltamos para o refeitório, pegamos Croissants de chocolate e capuccinos.

Normalmente a nossa alimentação não é muito boa dentro da faculdade.

Além do mais, eu sou uma péssima cozinheira, Delphine e Stephen, os meus pais, são ótimos na cozinha; Chloé, a minha irmã mais nova; puxou para eles, faz pratos incríveis. Já o Oliver, meu irmão mais velho, é igual a mim.

— No que está pensando tanto? — Vieve chama a minha atenção.

— Acho que vou visitar os meus pais nesse final se semana — digo.

— Que legal.

— Quando vai visitar as suas?

Genevieve pondera sobre a resposta. Ela e as mães têm uma relação complicada. A mãe biológica dela, Anne-Marie, se casou com Priah há uns dois anos, a mãe dela traía o pai dela, por isso a revolta, a Vieve estava na faculdade, o que deixou ela e a mãe mais distantes ainda.

— Há quanto tempo não fala com elas?

— Um ano e meio? — ela indaga.

— Genevieve, eu não sou a melhor conselheira, mas definitivamente acho que a melhor solução agora é encontrar com a sua mãe.

— Cher, você entende que um casamento de vinte anos acabou por que a minha mãe tinha um caso com outras pessoas? Bon Sang!

— Eu não entendo todas as situações do mundo, mas eu sou a sua melhor amiga e a minha função é tentar te ajudar e entender o mínimo possível de tudo.

— Você não precisa me ajudar em tudo, Cherry. — Ela dá um sorriso gentil. — Mas obrigada, eu vou ligar para a minha mãe no final de semana.

— Ótimo.

— E você vai para a festa da Kessi hoje... — Faço uma expressão de arrependimento. — Mon Dieu⁵! Você vai para essa festa sim! É sexta-feira, eu te conheço, você vai para casa e assistir qualquer série.

— Eu vou sair com o Nate — tento.

— Não vai.

— Vou sim.

— Cherry.

— Tá bom, eu vou nessa festa.

— Oba! — Ela dá um grito histérico e me abraça.

Logo depois do almoço ainda temos quatro aulas. Depois de três anos e meio, o último semestre está sendo o mais cansativo possível.

Finalmente são duas horas e eu posso ir para casa. A Vieve vai para o apartamento dela e eu vou para o meu. Aproveitar o meu último final de semana antes do estágio começar.

Abro a porta do pequeno apartamento de dois quartos, um banheiro e uma sala e cozinha que são divididas por uma mureta. Largo as chaves em cima da mesa e já são duas e meia.

Enquanto não são seis horas e eu ainda não preciso me arrumar para a festa, pego um livro que eu comecei a ler na semana passada e me perco nele.

De repente o meu celular começa a vibrar loucamente ao meu lado. É a Genevieve.

— Fala, Vieve.

— Estou chegando aí, vamos nos arrumar juntas.

— Tá bom, estou te esperando.

Ela desliga e eu olho no relógio, são seis horas em ponto.

Enquanto a Vieve não chega eu vou para o meu guarda-roupa e tiro várias peças.

Separo conjuntos de cropped e saia e vestidos.

A campainha toca e eu vou atender, a Vieve está com uma maleta enorme com as maquiagens dela, mal abro a porta e ela já está no meu quarto.

— Já escolheu o que vai vestir? — ela pede. — Tem que ser bem vadia.

O meu celular vibra em cima da cama.

Nate: Quer sair hoje?

— Que sorriso bobo é esse? — Vieve pede, enquanto fica de lingerie.

— Será que eu chamo o Nate para a festa?

— Você ia me abandonar de qualquer jeito.

— Eu não vou chamar ele, qualquer coisa eu chamo ele amanhã.

— Por mim tanto faz.

Dou uma risada de deboche.

— Vamos escolher a sua roupa.

Ela revira tudo o que eu tinha separado antes. Ela separa dois vestidos, um azul marinho e um preto com lantejoulas.

— Você vai ficar gostosa em qualquer um desses dois, mas o preto combina com o seu cabelo amarelo — Vieve sugere.

Opto por ele, um vestido extremamente colado e sexy, realça cada parte do meu corpo.

Depois de três horas se arrumando, eu e a Vieve estamos prontas e gostosas demais.

— Se eu fosse você, chamava o Nate Gostosão para a festa, se eu quero tirar o seu vestido agora, imagina ele — Vieve diz, dando um tapinha na minha bunda.

Cher: Estou em uma festa, quer vir?

Mando para ele como resposta.

Na hora que entramos no carro, o meu celular vibra de novo.

Nate: Pode ser...

Mando a localização para ele. A Vieve dirige até à festa.

Essa festa vai render, hein?

¹AssoulineA Assouline Publishing é uma editora de livros fundada em 1994 por Prosper e Martine Assouline. Ele publicou cerca de 1.500 títulos sobre temas como arquitetura, arte, design, moda, gastronomia, estilo de vida, fotografia e viagens.

²Oh la vache: É uma expressão informal usada na França para demonstrar admiração ou surpresa.

³J'ai compris: Eu entendi

⁴Bon Sang: Droga!

⁵Mon Dieu: Meu Deus

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