28

| t o m |

Pego o currículo de Malay em cima da minha cama e coloco a carta dentro do envelope que Hank mandou entregá-la, querendo conhecer suas qualidades e especialidades. Eu não poderia estar mais feliz, sei que ela vai conseguir esse emprego e tenho certeza que não vou me arrepender de ter indicado ela.

Finalmente consegui dizer tudo que queria para ela e a mesma respondeu com a mesma intensidade, mais ou menos, aquela foi a melhor madrugada que já tive. Não posso negar que estou nervoso, ver ela depois do que disse é meio apavorante, estar vulnerável é apavorante. Mesmo ela falando aquilo tenho medo de assusta-la, nunca me senti assim.

- Que envelope é esse? - pergunta Harrison quando passo pela sala.

- Hank viu o currículo e mandou uma carta para ela, vou entregar agora. - digo animado. - E ela também quer falar comigo. - mordo meu lábio inferior.

- Sem querer ser pessimista nem nada, mas já sendo, já pensou se vocês brigarem? Vai ter que encarar ela todo dia no trabalho. - diz Harrison enquanto muda os canais da TV. - E o que ela quer falar contigo?

- Não sei. - dou de ombros. - Ela não falou. Espero que não seja nada demais.

- Ela vai te pedir em namoro. - brinca. - Você não toma atitude.

×××

Pego a chave na planta e a balanço tirando toda a terra dela, parecia que o mundo ficou em câmera lenta enquanto girava a chave na fechadura. Estou com um pressentimento, não consigo saber se é bom ou ruim, só sei que estou mais nervoso do que deveria estar.

Entro na casa com um sorriso fechado no rosto, vejo Yumalay encarando a parede de costas para porta por onde entrei, fecho a porta. Quando abro a boca, Yumalay vira para mim, me fazendo ficar com a boca entreaberta e com uma expressão confusa.

Ela está com o rosto inchado e todo vermelho, seus olhos pequenos de tão inchados, ela abraça sua cintura e solta alguns soluços de vez em quando. O que ela tem? Será que aconteceu alguma coisa? Será que aquele cara fez alguma coisa com ela? Ou com sua mãe? A confusão foi substituído pela raiva.

- Por favor, não me interrompa. - ela fecha os olhos e suspiro. - Isso vai ser mais fácil de aceitar do que parece.

A casa estava muito silenciosa para um sábado a tarde. O que ela quer dizer? Meu coração estava a mil, prestes a sair pela a garganta ou rasgar meu peito. Por que ela chorava? O que seria mais fácil? Por favor, não seja o que estou pensando.

- Olha, eu quero acabar com você. - diz com receio e soluça. - Na verdade nem sei o que estou acabando, não temos nada, mas caso você tenha dúvidas, não quero mais ficar com você ou ter qualquer coisa que você acha que tínhamos. - engulo seco. - Por favor, não seja aquele ex pé no saco. Vai se mais fácil para você apenas aceitar.

- Não tínhamos nada? Sério que você está falando isso? - digo entre dentes. - Não é a Yumalay que conheço que está falando comigo, ela se importa com os outros.

- Eu ainda me importo com os outros, por isso que estou fazendo isso. - ela se aproxima. - Se isso continuasse, você só iria se machucar mais.

- Dúvido que me machucaria mais. Posso perguntar uma coisa? - concorda com a cabeça. - Por quê?

- Porque eu... Eu não gosto de você. - morde seu lábio inferior. - Eu me senti pressionada com as meninas me enchendo o saco, falando que fomos feitos um para o outro. Foi por isso que fiquei com você e agora eu não quero mais, não quero ficar com você por pena.

- Parabéns, você é uma ótima mentirosa então. As mensagens, eu realmente acreditei em todas elas. - digo.

- Sabe, você não teve acreditar em tudo que ler. - um lágrima escorre pela sua bochecha e ela limpa rápido. - Foi muito bonito o que você disse, mas eu já falei, não é recíproco. - sua voz falha na última palavra, me dando colocando um pingo de esperança. - Pode ir embora, por favor?

- Claro, é sua casa. - olho para o envelope em minha mão. - Isso é seu. Espero que você consiga esse emprego, eu sei o quanto precisa. - entrego o envelope.

A observo vendo o envelope na sua mão por um tempo, torcendo que ela dissesse que aquilo era uma brincadeira muito sem graça, mas ela estava muito séria. Fecho os olhos com força impedindo que as lágrimas caiam. Vou em direção a porta e hesito antes de abrir a porta.

- Você realmente quer isso? - escuto seu soluço. - Olha, eu sei que você sente o mesmo que eu. - me viro para ela e a mesma está de cabeça baixa. - Não diria aquilo a toa, apenas por pena.

- Eu não posso fazer nada. - fala baixo. - Já disse que foi por pena.

Eu sei que não adiantaria falar e perguntar o motivo, sei que ela negaria qualquer hipótese que eu desse. Algo estava errado. Eu não a forçaria, ela teria tempo e não acho que o tempo seria dela. Saio da casa e fico parado na frente da casa.

Deixo as lágrimas, que seguirei, caírem de uma vez. Chuto uma pedra que acaba acertando o meu carro e me xingo. Esse dia só poderia piorar. Escuto um grito de frustração de dentro da casa e encaro a porta da casa esperando que ela fosse aberta, porém nada.

- Eu sou um idiota. - digo.

•∆•

Foi mal

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top