08
|y u m a l a y|
Meu horário já estava acabando e para passar o tempo decidi arrumar os livros, estavam bem empoeirados. Escuto o sino tocando e ando rápido até o balcão, eu estava na parte mais afastada da biblioteca, quando chego vejo uma pessoa conhecida observando o local.
– Quem te disse que eu trabalho aqui? – pergunto já sabendo a resposta.
– As meninas. – responde Tom.
– Claro. – falo baixo. – Veio pegar algum livro para algum estudante? – Tom me olha confuso. – É que só pode ser para estudantes.
– Não, não é isso. – diz e olha para mim. – Seu horário de trabalho já tá acabando? – assenti. – Você quer tomar um sorvete comigo? – fala envergonhado.
Minha boca fica entreaberta e meus olhos vagamente arregalados, não estava preparada para isso. Fiquei assustada com a proposta, ele tinha qualquer garota aos seu pés, não só pela fama mas também por sua beleza. Ele queria sair logo comigo? A mulher que tem vários problemas na família e que, provavelmente, teria um distúrbio psicológico a qualquer momento.
– Ah, tudo bem. – falo quando percebo a minha demora de responder e Tom dá um sorriso fechado.
×××
Tom e eu andamos lado a lado enquanto tomamos nossos sorvetes, ele era engraçado e contava da sua dificuldade de guardar segredos, isso pode ser um defeito. Tom olhava muito para meus olhos, isso me deixa desconfortável demais, acho um ato muito íntimo, sinto que a pessoa pode descobrir meu maior desejo - ou a pior coisa que já fiz - apenas por um olhar.
– Você nunca jogou uma fifa? Um Mário Bros? – Tom pergunta animado e nego. – Como assim? São clássicos!
– Eu já vi um carinha jogando fifa, mais nada. – Tom parecia não acreditar e seu rosto estava hilário, me fazendo rir.
– Oh, não ria de mim! – ele dá soco de leve no meu ombro.
– Desculpa, sua cara é hilária. – Tom me dá língua e faço a mesma coisa.
– Nunca mesmo? – perguntou novamente.
– Nunca joguei em um videogame. – Tom balança a cabeça, desacreditado. – Estou mentido, mas só joguei, muito pouco, até meus quinze anos desde então só joguei umas duas vezes e bem mal.
– Por que disso? – pergunta.
– É uma longa história. – digo parando na frente de casa, ele insistiu em me trazer.
– Você tem várias histórias. – brinca me fazendo rir.
Nossa atenção vai para minha casa onde escuto uma gritaria, coisas caindo, Tom me olha assustando. Corro para abrir a porta e sinto Tom atrás de mim, não queria que ele visse essa cena, mas na hora não consegui pensar em nada. Tom segura meu braço fazendo com que recuasse assim que viu a cena.
– Que merda você pensa que está fazendo?! – grito com a raiva me dominado.
Robert olha para mim e Tom, minha raiva sobe mais, meus olhos estão marejados. Minha mãe está sentada no sofá enquanto Robert tinha seu punho fechado e pronto para acertar minha mãe, a mesma tinha uma expressão assustada e Robert tinha seu maxilar travado e o rosto completamente vermelho.
– Responde, seu covarde! – grito novamente indo em direção a ele, mas Tom me segura.
– Cala a porra da boca para não apanhar junto com sua mãe. – diz com a voz embreagada. – Vocês merecem uma lição.
– Se por acaso o senhor pensar em encosta um dedo nelas, eu não me responsabilizo pelos meus atos. – diz Tom se colocando na minha frente. – Não ouse fazer nada com elas!
– E o que você acha que vai fazer? – pergunta Robert indo em direção a Tom.
– Eu, nada, mas as autoridades vão fazer justiça. – a expressão de nojo estava no rosto de Tom. – Deixe ela!
– Não quero ver você na minha casa de novo! – exclama Robert passando por mim e Tom, saindo de casa.
Corro até minha mãe e sento ao seu lado, seguro seu rosto. Ela estava com medo, assustada, confusa, lágrimas escorriam sobre suas bochechas, soluçava bastante, coloco sua cabeça em meu colo e faço cafuné em seu cabelo. Olho para Tom que tinha um expressão assustada, parecia ter pena, ele não tirava seu olhar de mim.
Mãe decide ir para seu quarto, sem falar com Tom, ela está com vergonha, suspiro fundo e passo a mão pelo rosto. Sinto Tom sentar ao meu lado, tenho que explicar tudo que aconteceu, quando decido falar algo Tom me puxa para um abraço, não fiz nada, apenas chorei. Tom tira meu rosto do seu peito e segura meu rosto com suas mãos, com os polegares limpa minhas lágrimas, Tom beija minha testa e me abraça mais forte que antes.
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