Uma Carona
O começo de Chaos é simultâneo com Kiss, e esse capítulo, seria o capítulo 7 em Kiss.
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Capítulo 1 — UMA CARONA
Tinha algo acontecendo.
Eu sabia disso no momento em que encontrei Taehyung, meu melhor amigo, com meu irmão gêmeo, no nosso apartamento.
Tudo era muito suspeito. Eles tavam excessivamente próximos, corados e constrangidos de uma forma que você só fica, quando é pego fazendo algo errado.
E fato de Jayoung ter levado ele para o nosso apartamento, o lugar onde iamos para fugir das regras dos nossos pais, depois de ter surtado sobre não querer os meus amigos lá, só me garantia que tinha algo errado em toda a situação.
Não me entenda mal, Jay é meu irmão e eu amo ele, por mais que provocar ele seja legal e uma parte essencial da nossa relação, eu amo ele.
E depois de ver meu irmão sozinho por tanto tempo, eu tava feliz em ver ele com o Taehyung. Claro que era complicado, Taehy ainda tava no armário, ele não havia falado nem mesmo comigo, seu melhor amigo, sobre isso, por mais que eu desse espaço para ele e vários sinais de que nada mudaria.
E Jay era assumido desde sempre. Ele basicamente saiu do útero da minha mãe carregando uma bandeira LGBT, e sendo a "bichinha" que a gente tanto amava. E eu achava que sua influência faria muito bem pro Taehy. Principalmente porque eu e o time já não sabíamos mais o que fazer para ele contar para gente o que todos já sabiam.
Eu não achava que as pessoas tinham que "contar" sobre suas sexualidades, não era algo necessário em absoluto, era algo privado e íntimo, então contanto que elas vivessem livremente não existia necessidade de fazer uma declaração formal sobre, mas Taehy se escondia, fingia gostar de coisas que não gostava e se policiava para não ser tão Gay, quanto era.
E por isso, estávamos esperando pelo momento em que ele nos contaria e acabaria com aquela agonia.
Então quando Jay nos chamou para almoçar, eu aceitei, porque eu sabia que ele queria almoçar com o Tae, e porque eu estava triste por Leah.
Leah é a minha namorada. Ou pelo menos era até alguns dias atrás. Quando ela achou prudente terminar comigo no dia de um jogo, por ciúmes de garotas que eu não ligava, por fazerem coisas com as quais eu não me importava.
E eu não vou me fazer de durão, eu tava chateado. Chateado de verdade. Eu gostava dela e o término não estava sendo fácil. Eu tava confuso e chateado, porque porra, ela foi a primeira pessoa que me fez pensar "hey, eu acho que ela é a pessoa certa" mas aparentemente, ela não concordava.
E foi por isso também que quando Jay me disse que precisava do apartamento porque iria "treinar uma música nova" e quando Taehyung me disse que tinha que ir direto para casa porque "tinha combinado algo com seus pais" Eu não disse nada, decidido a ficar deprimido na minha própria casa, depois de comer a comida quentinha da minha mãe.
Mas eu não podia ignorar ele.
Park Jimin, o melhor amigo do Jay, e também o cara que era conhecido pela faculdade toda como "a putinha fácil demais", por ter sido pego com 3 caras ao mesmo tempo em uma festa do time no primeiro ano.
Ele estava sozinho no ponto de ônibus, parecia triste e pensativo, e por mais que eu soubesse que ele me odiava, não podia evitar o pensamento de que algo tinha acontecido.
Ele sequer olhou pra caminhonete quando estacionei em frente ao ponto, sua visão ainda estava nos próprios pés enquanto apertava as mãos contra a mochila em seu colo.
— Hey. — Chamei sua atenção, e ele bufou ao ver que era eu. — O que foi?
Não éramos amigos, mas ele estava sempre por perto. Jay o levava o tempo todo pra nossa casa, isso quando eles não estavam juntos na faculdade ou em algum outro lugar. Era normal eu me preocupar com o cara.
Jay estava "cuidando" do meu melhor amigo naquele momento, então eu poderia cuidar do dele também.
— Jimin. —Chamei ao ver que ele me ignoraria, e ele bufou.
— O que foi? — Devolveu a pergunta.
— Eu que pergunto. Porque você tá ai? — Ele pareceu nervoso, ansioso de certa forma, antes de mudar a expressão para pura ironia.
— To comprando pão. — Debochou. — É um ponto de ônibus, tô tentando ir pra casa. — Eu suspirei, apesar da sua gracinha, destravando o carro.
— Entra, eu te levo. — Ofereci. Já estava tarde e eu não tinha nada para fazer além de sentir pena de mim mesmo, mas ele riu, como se minha oferta fosse uma piada.
— Não, obrigado.
— Qual é?! — Reclamei. — To oferecendo numa boa. — Tentei novamente, mas ele só me ignorou novamente, e por pura birra, puxei o freio de mão.
— Você não tem mais ninguém para incomodar, não? — Ele perguntou ao notar que minha intenção era descer do carro.
— Entra no carro. — Não era mais um pedido. Eu tava cansado, frustrado e triste, e me sentiria culpado se algo acontecesse com ele. Ele iria comigo.
Ele bufou se levantando, quando tirei o cinto, e entrou no carro sem muita vontade.
— Feliz? — Perguntou colocando o cinto, se sentando o mais longe possível.
A caminhonete tinha um banco único. Na época em que eu comprei, achei que era um grande negócio, mas Leah sempre reclamava por eu não ter um carro mais convencional.
— Onde você mora? — Perguntei ignorando sua pergunta anterior.
— Perto dos Beatstreet. Na rua de baixo. — Ele explicou, e como eu conhecia o bar, que não era tão longe da facul, apenas dei partida.
— Vai me guiando, por favor. — Pedi em um murmuro baixo, mas o silêncio parecia desconfortável. — Porque ficou até tão tarde? — Perguntei curioso.
— Porque você ficou? — Ele devolveu a pergunta, na defensiva.
— Eu tinha treino. — Respondi sem me importar muito com a sua birra. Eu não tinha certeza do porque ele não gostava de mim, nos nunca havíamos conversado pra valer antes.
— Eu tava procurando o Jay. — Murmurou baixinho, o que apertou meu peito, porque porra, será que ele tinha ficado esperando meu irmão até tão tarde.
— Ele tá no apartamento, tentando uma música nova. — Menti, me mantendo fiel a mentira do Jay para o caso dele não ter falado nada para os amigos.
— Ele me avisou agora pouco. — Disse com um tom pra baixo. — Não tinhamos combinado nada, eu só achei que... — Ele suspirou, parando de falar. — Foi besteira, ele tinha as coisas dele para fazer e eu esqueci de perguntar antes.
— Entendo bem. Eu sempre suponho que o Taehy vai jantar comigo depois do treino, mas ele também me deixou sozinho hoje. — Tinha um tom miserável na minha voz, porque depois do termino a última coisa que eu queria era ficar sozinho pensando em todos os meus erros e defeitos, mas também tinha um tom de especulação, porque eu queria saber se Jimin sabia algo sobre Jay e Tae.
Se ele sabia, não deixou transparecer.
— Onde Taehyung tá? — Ele questionou genuinamente desinteressado, como se a pergunta fosse apenas para acabar com o silêncio, e isso me deixou incomodado e curioso.
— Porque você não gosta de mim? — A pergunta saiu de forma tão natural e automática, que eu mesmo me assustei ao me ouvir.
— O que?
— É, quer dizer, você não é obrigado a gostar de mim, nem nada. — Desconversei. — Mas você é amigo do Jay e até onde me lembro, eu nunca fiz nada para você. Então não consigo entender o porque de todas as provocações, revirar de olhos e xingamentos gratuitos.
— Gratuitos? — Ele disse com uma risada irônica. — Você é um babaca.
— Disse o cara que me conhece. — Debochei, sem levar pro coração, porque eu sabia que parte daquilo era da boca pra fora, pelo menos era o que parecia para mim.
— Você é um babaca com o Jay a maior parte do tempo. — Corrigiu sua frase. — E eu odeio toda essa... coisa. — Disse gesticulando em minha direção.
— Que coisa?
— Essa vibe de atleta arrogante e confiante. Do tipo "eu sei que você quer chupar meu pau" — Ele fez uma voz grossa em uma tentativa ridícula de me imitar, e eu não pude deixar de rir.
— Você quer chupar meu pau? — Questionei segurando a risada e ele me olhou com raiva enraizada.
— Você é ridículo.
— Eu nunca disse essa frase na minha vida, e também não ando por aí pensando nisso. — Expliquei, mas ele virou o rosto para a janela, como se não acreditasse em mim.
— É o que parece. — Protestou.— Você é um esteriótipo de atleta vivo.
— Certo. Mesmo se isso fosse verdade, o que eu não concordo. Isso te irrita, porque? — Perguntei quando passamos na frente do Beatstreet, e ele me indicou a rua certa.
Ele ficou em silêncio e eu acreditei que ele não iria me responder, mas quando parei na frente do prédio dos dormitórios ele suspirou.
— Eu não te odeio. — Disse em um tom baixo, sem fazer qualquer movimento que indicasse que ele desceria. — Mas você me lembra muito alguém, e acho que estou projetando em você o ódio que sinto por ele.
— Isso faz mais sentido. — Concordei refletindo sobre suas palavras. — E... existe algo que eu possa fazer para ajudar você a superar isso? — Jimin me encarou assustado e perplexo.
— Não, ao menos não sem ficar muito, muito estranho. — Ele respondeu com um olhar embaraçado e caótico, que revirou meu estômago de uma forma esquisita.
— Talvez devêssemos deixar as coisas um pouco estranhas. — Disse reflexivo e Jimin franziu o cenho, cada segundo mais confuso.
— Não. — Negou sem nem pensar, mas não desviou o olhar do meu.
— Porque não?
— Porque você quer tanto resolver as coisas? Que diferença isso faz para você?
— Sinceramente, não tenho certeza. — Menti, mas logo suspirei decidindo ser sincero. — Eu sinto falta do Jay. Acabamos nos distanciando e eu sinto falta dele. Acho que agora que ele e Taehy se aproximaram é um bom momento para nos aproximarmos também. E seria bom se nós nos déssemos bem, porque assim poderíamos todos sermos amigos.
Jimin pareceu se desarmar por um momento, como se minha resposta tivesse o pegado de surpresa.
— Jay... também sente sua falta. — Ele me contou de forma incerta. — Não que ele admita isso, mas é algo nítido para todos. — Se corrigiu. — Acho que seria bom pra ele.
— Então vamos fazer as pazes?
Jimin suspirou, me encarando de lado, desconfiado, parecendo um animal machucado com medo do caçador.
— Seja um irmão melhor e eu penso no assunto. — Foi tudo o que ele disse antes de sair do carro, batendo a porta e indo para o prédio dormitório.
E eu sorri, o observando, porque aquilo seria divertido.
| CHAOS |
Para quem tava curioso com o que tinha rolado na carona deles.
No começo de Chaos, todos esses momentos em que vocês ficaram com duvida do que aconteceu do outro lado, são contados. Então eu acho que vocês vão gostar.
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