🎶 17

Nick Carter
Malibu, 2003

Durante algumas semanas, eu e os rapazes andamos trocando algumas ideias e resolvemos de gravarmos mais um álbum dentro de dois anos. Quando Dakota soube ficou toda animada já projetando as coreografias das músicas que nem sequer compomos ainda.

Mas hoje foi um dia diferente, chegou uma carta no nome dela. Vocês devem estar me perguntando: trauma né, querido? Sim, eu tenho trauma sobre aquela história do contrato. Qualquer encomenda ou cartas que chegam no nosso correio, é um pequeno infarto.

— DAKOTA! — Gritei assim que entrei de volta em casa e a mesma desceu as escadas na maior correria.

— O que houve?! Entrou uma farpa no seu dedão de novo?!

— Carta para senhora.

— E precisava fazer escândalo, Nick?! — Dak quase me esmurrou e pegou a carta da minha mão. — Veio de Hollywood.

— Ui, será que é aqueles filmes idiotas de adolescente? — Me sento do seu lado, deitando a minha cabeça em seu ombro. — Se for, recusa. Você ganhou muito pouco.

— Cala a boca e me deixe ler.

— Vai querer o seu óculos?

— Nick, cala a boca.

— Vem me calar.

— Criança. — Retrucou lendo atentamente, até surgir um enorme sorriso em seu rosto. — Nick.

— Eu?

— Nick!

— Eu!

— NICK!

— EU!

— É da Beyoncé. — Dakota amostrou a carta pra mim e se levantou ficando no meio da sala, andando para os lados. — Meu Deus, é da Beyoncé! Nick, eu soube que ela vai lançar o seu álbum solo e… será que vou fazer coreografia de algum single?! Caramba, acho que a minha pressão tá baixando!

— Calma, mulher! — Fui até ela e a mesma já estava chorando de surto. — É só a Beyoncé estreando a sua carreira solo…

— Nick, você não entende?! Essa garota vai decolar pra muito longe se lançar um bom sucesso! E… também, eu sempre achei Destiny's Child incrível e fazer uma coreografia para uma delas é um sonho se tornando realidade!

— E você não vai ligar pra equipe logo não?! — Fui contagiado pela felicidade dela. — O que tá esperando?! Vá ligar pra lá!

— Okay, okay… — Tanner respirou fundo e limpou o seu rosto. — Ai, o que eu falo Nick?

— Agradece pela convocação, que será um enorme privilégio trabalhar com a Beyoncé e pergunta se vai haver uma reunião. Dakota, você sempre fez isso, trabalhou com vários artistas nos últimos três anos.

— Eu sei, mas é a Beyoncé! — Ela tá muito louca. — Eu vou ligar, é o que vou fazer.

— Mas foi o que eu disse…

— Cala a boca, Nick!

Eu queria rir dela, mas a minha consciência disse que eu sou jovem demais para conhecer o céu. Mas dá pra entender a Dakota, tem uns três meses que ela não trabalha e acaba dançando qualquer música que passa na rádio ou quando assiste a MTV.

Como já era quase na hora do almoço, fui preparar algum ranguinho para nós dois, mas não tinha muita coisa para complementar a refeição.

— Dak, vou no mercado! — Grito da sala pregando a minha carteira e as chaves do carro que acabou de voltar da oficina.

— Okay! — Disse de volta e saí de casa, indo até a garagem.

Dirigi na maior tranquilidade até o supermercado mais próximo e comprar o que falta na dispensa. Tava tão tranquilo que eu me senti um simples civil, chega é uma sensação que senti falta. Até alguém me cutucar no corredor de massas e molhos.

— Sim? — Me virei para olhar quem era e fiquei esperando a garota de uns dezenove ou vinte anos responder.

— Nossa, ficou educado! — Ela disse sorrindo pra mim e voei na batatinha. — Nick, não se lembra de mim?

— Quer que eu diga a verdade? — Pergunto tentando me lembrar do seu rosto em algum momento.

— Nick, sou eu! A Cora!

— Cora Reynolds?!

— Dim Dim Dim! Acertou de primeira! — Ela sorriu e sorri de volta.

Puta que pariu fodeu tudo. Agora eu me lembrei de tudo sobre ela.

— Faz quanto tempo que a gente se viu na última vez?

— Oito anos, Nick. — Cora afirmou pegando as suas compras. — A gente acabou perdendo o contato quando você e os meninos tiveram que se reunir para o primeiro álbum, lembra? Você não pode ir para a minha festa de quinze anos que foi exatamente no dia que você foi para a rodoviária.

— Nossa, faz tanto tempo assim? — Pergunto e a morena assentiu, começando à andar comigo. — Aconteceu tanta coisa naquela época que acabei me esquecendo de onde eu vim.

— Eu imagino. Foi da noite pro dia. Infelizmente eu não consegui ir para nenhum show de vocês por causa do trabalho.

— Deixa me ver… eu lembro que você queria ser médica quando tínhamos uns oito anos.

— Errou feio, Nick. — Gargalhou. — Eu sempre quis ser uma aeromoça.

— Creio que conseguiu.

— Claro! Aprendi quatro línguas, de vez em quando estou no outro lado do mundo passando a folga… a minha vida é um pouco agitada, sabe?

— Tô ligado. Que bom que você conseguiu realizar o seu sonho, Cora.

— Como você vai andando, Carter?

— Plenamente bem com as minhas pernas. E sabe, eu tô muito bem e com a Dakota…

— Deixa-me adivinhar… namorada?

— Sim, ela é tudo pra mim. — Sorri andando em direção ao caixa. — A Dakota é uma garota muito esperta, alegre e muito talentosa. Resumi um pouco porque a lista sobre ela é enorme.

— Eu nunca imaginei que um dia você se apaixonaria por alguém.

— O mundo dá voltas, Cora. — Olhei pra ela que assentiu.

— Eu sei. Só estou impressionada com isso, Romeu. Você sempre se interessava por mais de uma garota na época da escola, pelo visto a Dakota mudou a sua realidade.

— Mas não foi só ela que me fez mudar, eu mesmo sou a maior causa disso. E naquela época também, eu era um idiota.

— Entendi. — Cora tocou em meu ombro e sorri. — Foi bom te ver por aqui, Nick. Espero que um dia a gente deixa a conversa em dia, mesmo tendo passado oito anos.

— Eu também, Cora. Até a próxima.

— A gente se vê!

Senti a minha mão suar frio quando entrei na fila. A Cora poderia ter sido a minha amiga de infância e tal, mas ela… foi o meu primeiro amor, acho que é assim que se fala. Eu sempre estive por perto dela, mas ela só falava de um Norman não sei das contas. Chorei praticamente a noite toda depois de ver ela beijando o mesmo no baile de boas vindas no primeiro ano. Mas acabei me esquecendo dela, conheci algumas garotas e agora só pertenço à Dakota.

Assim que cheguei em casa, a minha namorada só esperava por mim para dar a notícia.

— Como foi a ligação? — Perguntei deixando as compras na mesa da cozinha e voltei até onde ela estava.

— Foi bom! Eu vou ter que ir para o endereço que me deram amanhã pra assinar o contrato. — Disse completamente sorridente, abraçando o meu braço. — Ai Nick, eu tô quase soltando fogos no meio da rua!

— Eu tô muito feliz por você, meu amor. — Lhe dei um selinho. — Quero ver o dia que sair o clipe e ver você lá arrasando como sempre.

— Queria ver você babando de novo.

— Ah, aquilo foi em noventa e nove, não faço mais isso!

— Não é o que Howie e AJ falam. — Riu e pegou alguma coisa da gaveta do móvel ao lado e me amostrou um polaroid de eu assistindo alguma apresentação dela. — Isso foi há quatro meses.

— Aqueles dois palhaços fizeram isso?!

— Sim, eu pedi.

— Dakota, você me paga! — Tento pegar a foto da sua mão, mas ela reluta. Então comecei a fazer cócegas em sua barriga que estava exposta no momento. — Vamos, me dê essa foto!

— Não! Eu tenho só essa. — Dakota jogou a foto pra longe e me empurrou para o outro lado do sofá. — E eu gosto de ver você assim.

— Sério?! Eu pensava que você gostava de me ver de outro jeito.

— Até quando você vai parar de ser assim?

— Nunquinha, Dak.

— Voltando ao assunto coreografia, eu vou pra lá amanhã e não sei se vou ficar ou se vou voltar mais tarde.

— Essa é a pior parte quando você consegue um trampo.

— Nick. Você ficou longe várias vezes no ano passado por causa das suas músicas.

— É, né?! Mas espero que não seja um ano como foi há três anos.

— Você não se esquece disso, né?! A Kate não trabalha mais e se eu fosse trabalhar com a Britney novamente, seria pouco tempo e é aqui perto.

— Eu sei, Dakota. Mas não quero que isso aconteça de novo. — Fui seguindo ela com o olhar enquanto ia até a cozinha ver o que eu trouxe. — Você foi embora quando mais precisávamos e as meninas não conseguiram aprimorar algo inovador como você sempre faz. Eu só espero que não aconteça o mesmo no próximo projeto.

— E não vai, não precisa se preocupar com isso. Tá tudo bem. E também, o que aconteceria daqui à dois anos? — Sorriu subindo as escadas para o nosso quarto, provavelmente arrumar as suas coisas para amanhã.

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