Capítulo 6

Os próximos dias vieram com bem-vindouro tranquilidade, permitindo que a vida ganhasse uma rotina agradável. Edgar havia se tornado a 'babá' oficial de Simon, que para ele fora algo totalmente novo e gostoso. Permitiu que ganhasse uma grana e ainda aproximasse de pai e filho. Simon era doçura de criança. O menino de seis anos era alegre, inteligente e energético.

Edgar normalmente cuidava dele por 3 dias na semana e quando Casper tinha alguma reunião de emergência. Como Editor principal em uma grande editora, o belo homem, trabalha em casa, e só tinha ir ao escritório quando tinha reunião com seus gerentes ou tinha que ir lidar com os escritores que faziam parte de sua responsabilidade. Seu horário flexível permite-lhe ser presente na vida e educação de seu filho.

Simon estava pela manhã em uma pré-escola, basicamente, servia para interagir com outras crianças e alfabetização. Três vezes por semana, Edgar ia buscá-lo na escola e cuidava dele até que Casper chegava.

Cuidar de Simon contribuiu para que Edgar conhecesse seus outros vizinhos e fosse bem recebido. Acabaram que o casal do 304B e o 450C o contrataram alguns dias como babá de seus próprios filhos, claro, apenas quando eles fossem sair para algum encontro romântico e precisava de alguém que ficassem algumas horas com seus filhos.

Edgar não tinha desistido de procurar outro emprego, algo mais sólido, todavia não reclamava da sua função de cuidador de criança, pois isso estava lhe ajudando pagar aluguel e comprar comida.

Casper parecia estar mergulhando mais ainda em Edgar, o belo editor havia se tornado sua fonte de inspiração, para alegria e desespero de Edgar. Ele estava terminando de escrever mais uma história, possivelmente que nunca seria lida, mas que dava alegria a sua vida desastrosa.

Isso também aumentava seu desespero, considerando que Edgar havia prometido nunca mais envolver com alguém que tivesse filho.

Era sua atual situação naquele momento, jogado em seu sofá e com laptop em seu colo, Edgar dava os últimos retoques da cena quente de seu livro. O casal protagonista estava em uma praia deserta e faziam amor debaixo do manto celeste.

Edgar podia sentir a dureza de seu pênis enquanto digitava as pecaminosas palavras. Em sua mente, era totalmente ele debaixo do corpo esculpido de Casper, mesmo que no curso, os nomes fossem diferentes.

O jovem negro não pode evitar soltar um gemido rouco. Seus dedos pararam de digitar e seus olhos se fecharam.

Pare com isso! Pare já!, ele gritou em pensamento para si, todavia, isso não impediu que sua imaginação continuasse a fluir. A atração que sentia por Casper somente aumentava, e não ajudava o fato que o homem fosse um pai maravilhoso e tivesse um sorriso sedutor.

Edgar se assustou quando o barulho da campainha infiltrou seus ouvidos. Por pouco, seu notebook não caiu do seu colo no chão. Tentando normalizar sua respiração, ele sentou e depositou sua ferramenta de diversão e trabalho no sofá. Ele levantou e olhou para seu baixo-ventre. Sentiu o rosto esquentar quando viu o volume em sua calça.

— Droga! — grunhiu em constrangimento. Ele pegou uma almofada e colocou na frente do corpo antes de ir atender a porta. Respirou fundo, e destravou a fechadura. Abriu a porta pela metade, suficiente para que seu rosto aparecesse. — Oh... Oi... — gaguejou quando seus olhos esverdeados pousaram sobre o responsável do seu martírio.

— Estou atrapalhando? — Casper perguntou levemente corado.

Edgar franziu o cenho sem entender o constrangimento do outro, até que percebeu que estava com respiração afoita e a testa suada. Merda! Ele vai pensar que estou com alguém em casa

— Não... Estava... Escrevendo... Mas meu ar condicionado quebrou. Está calor. — disse apressadamente a primeira desculpa que pensou.

— Escrevendo? — Casper perguntou curioso.

— Eh... Sim... Não... quero dizer... — suspirou tentando se acalmar sem sucesso, considerando que sua ereção ainda não tinha acalmado. Não dava, já que seu Adônis estava em sua frente ainda mais lindo.

Casper deu uma pequena risada.

— Eh... precisa que cuide de Simon?

— Na verdade... Estamos indo no parque e Simon me pediu, ou ordenou que lhe convidasse. — disse o Casper. — Estou preocupado com meu filho querer me abandonar por você! — ele brincou.

Edgar engasgou com a própria saliva. Sabia que estava sendo total idiota em frente aquele homem. Sua mente gritou para que recusasse o convite. Ele deveria ser apenas a babá do filho do homem, nada mais. Que tinha evitar contato maior, todavia não foi o que aconteceu. Apesar da sua mente grita 'não' a sua boca respondeu o contrário:

— Sim... Quero dizer. Eu adoraria!

— Perfeito! Vamos sair daqui dez minutos, que tal nos encontrar aqui no corredor?!

— Claro! — disse. — Nos vermos!

— Até breve! — Casper disse e afastou para ir ao seu apartamento.

Edgar somente fechou sua porta depois que Casper sumiu de vista. O jovem encostou-se à porta e gemeu. Ele estava totalmente condenado.

— Me arrumar! — disse apressado e saiu para seu quarto. Não daria tempo de tomar um banho gelado, pois na euforia de sair, sua excitação acabou acalmando. Ele trocou de roupas, vestiu um jeans claro e uma blusa simples de cor preta. Calçou seu surrado tênis da Nike, pegou a carteira e o celular. Cuidou de não esquecer o desodorante e perfume.

— Não viaje Ed! É somente passeio inocente no parque. Porque Simon quer a sua presença! — ele recitou para si mesmo como mantra.

Edgar deixou seu apartamento em tempo perfeito, pois a porta em frente a sua igualmente abriu. Simon saiu correndo na frente de seu pai e jogou-se contra Edgar, abraçando as suas pernas.

— Ed... Que bom poderá ir! Vai me ajudar alimentar os patos? E andar de bicicleta? — perguntou o menino de maneira animada.

— Com toda certeza! Vamos?! — disse olhando para o pai da criança.

O trio deixou o edifício e entraram no carro de Casper. Simon foi sentado atrás e sobrou para que Edgar fosse ao lado de Casper. Ele sentiu-se inquieto. Somente por estar perto daquele homem, sentia seu coração pulsar forte e suas mãos soares. Não fazia a menor ideia do que falar.

Não sabendo como agir, Edgar decidiu pelo seguro, falar com Simon. A criança era tão fácil de lidar.

— Então, Simon, brincou bastante na escola?

— Oh sim! Eu fiz um desenho... A tia falou que ficou bonito. Aff. Pai! Esquecemo-nos de trazer o desenho para mostrar para tio Ed! — disse o menino empolgado.

— Poxa, não me trouxe o desenho. Vai ter que me mostrar a próxima que ficar lá em casa! — Edgar disse.

Ele olhou de soslaio para Casper e estremeceu diante do sorriso do homem. Levou mais alguns minutos para que chegassem ao parque. Simon saiu apressado, mas o chamado de seu pai, o fez retardar e esperar os adultos.

Assim todos saíram do veículo, seguiram para uma área mais próxima do lago e como grama verdinha. Casper abriu a mochila e retirou uma toalha vermelha e a estendeu na grama.

Depois retirou duas garrafas de água, pacote de biscoito e um pote com bolo.

Edgar olhou pasmo. Que homem! Ele pensou. Casper parecia surpreendê-lo a cada dia mais com sua dedicação ao filho.

— Pai, posso ir brincar, pai? — Simon choramingou.

Casper sorriu. — Quer ir aos brinquedos ou jogar bola?

— No balanço! — disse Simon dando pulinhos.

— Então vai, mas fique onde posso vê-lo e não fale com estranhos! — Casper alertou.

Casper sentou na toalha e indicou para Edgar copiá-lo.

— Está gostando da vizinhança? Você cuida de meu filho, porém mal nos falamos.

— É a correria! Mas sim, tenho gostado do pessoal. Acho escolhi lugar ideal, sem preconceitos e os vizinhos são simpáticos.

— É realmente gay?

— Porque? Tem algum problema? Achei que soubesse... Quero dizer... — Edgar gaguejou. — Você nunca perguntou...

Casper ergueu as mãos. — Calma! Não estou criticando, imaginei, mas prefiro perguntar a ficar deduzindo. Não tenho nada contra. Seria hipocrisia minha se tivesse.

— Tem amigos gays?

— Eu sou Bissexual! Mas sim... Tenho alguns amigos e até clientes. Estamos em San Francisco... É um bairro morado quase 70% por gay. — disse em tom brincalhão.

Edgar corou e desviou o rosto. Ele permitiu que os dedos da sua mão direita ficasse brincando com as gramas. — E a mãe de Simon? Ela é presente na vida dele?

— Não! Sarah é uma pessoa incrível, mas não é material para mãe. Conhecemo-nos na faculdade e namoramos por quase 2 anos. Ela acabou grávida. Queria abortar, mas não poderia viver comigo se ela fizesse. Assim, conversamos e decidimos que ela seguiria com a gravidez, mas desistiria os seus direitos maternos. Eu tenho a guarda total. Ela é mais como uma tia que mandar presente aniversário e natal. — explicou Casper.

— Simon... Ele sabe?

— Que ela é a mãe? Não! Sarah não quer que ele saiba, tem medo que ele queira como 'mãe'. Talvez quando for mais velho, ela decida contar. — disse Casper quanto olhava para seu filho que brincava feliz. — Até onde ele sabe, sua mãe foi embora após tê-lo. Mas faço de tudo para que não sinta falta. Ele tem minha mãe, irmã e minha melhor amiga para suprir a figura feminina em sua vida!

— Que bom! Ele é um garoto incrível!

Casper desviou o olhar que estava em seu filho e olhou para Edgar e se surpreendeu pelo sorriso doce que o rapaz direcionava para Simon. — Sim, ele é. — disse orgulhoso.

Edgar assentiu e voltou o olhar para Casper e quase se engasgou quando percebeu que ele olhava para si. O olhar do seu vizinho era como brasa em sua pele, o jovem queria se aprofundar no oceano dos olhos de Casper, mas ele nem se atreveria pisar o pé naquele mar.

— Er... — Mas antes de poder falar qualquer coisa, o grito de Simon os chamou o interrompeu.

— Papai, Tio Ed! Vem aqui! — Simon continuou a gritar.

Casper riu. — Vamos antes que ele venha e nos arraste. — Ele se levantou e se virou para Edgar e ofereceu a mão para ajudá-lo a levantar.

Edgar tímido aceitou a mão e se deixou sentir, a mão de Casper era de uma textura grossa, porém macia ao toque, além de que era muito maior do que a sua, quase a cobria.

— Obrigado, er... Vamos! — O jovem falou depois que viu que ambos estavam de mãos dadas, ele a tirou rapidamente e prosseguiu o caminho deixando o seu vizinho, no meio do caminho Edgar tomou coragem e olhou para trás e se surpreendeu pelo sorriso de lado de Casper.

Ao chegarem onde estava o pequeno Simon, Edgar se manteve próximo a ele e observou a interação de pai e filho.

— Então, Simon, o que você queria? — Casper perguntou carinhoso. Ele tinha deixado as coisas para trás sem problema, o parque estava quase vago, era dia de semana e a tarde, ninguém mexeria em suas coisas.

— Me balance. Eu tento sozinho, só que não vai alto. — A criança falava com um beicinho de lado, e eles dois achara fofo como o pequeno falava. — Chamei vocês, vocês são altos e grandes, bem fortes. Balancem-me bem alto, por favor.

Casper riu e balançou a cabeça, ele mexeu nos cabelos sedosos do filho e se colocou atrás dele. — Tá ok, se segura que irei te empurrar bem alto. — A criança gritou comemorando e assim ele fez como tinha dito, empurrou o seu filho no balanço e este sorria feliz da vida.

Edgar se encantou pelo momento e uma nostalgia o pegou, lembrou-se do seu pai fazendo a mesma coisa com ele no balanço feito de pneu em casa e também recordou quando a corda se partiu e acabou quebrado o braço, doeu, mas o mimo após de engessar o braço recompensou a queda.

Se sentindo confortável o jovem de pele negra sentou no balanço ao lado de Simon, ganhando atenção de ambos e com um sorriso maldoso no rosto decretou uma competição. — Vamos ver quem balança mais alto?

— Vamos! — Simon gritou, a criança estava pura energia, o que contagiava os adultos. — E quem ganhar, que recompensa terá?

Edgar pensou, mas nada veio na mente. Casper que estava rindo que deu a ideia.

— Um sorvete bem grandão, que tal?

Edgar e Simon se entreolharam, os dois assentiram. — Sim! — Gritaram ambos, o que fez Casper se assustar, não pela criança, mas sim por causa de Edgar, que parecia um garotinho energético e não o tímido de mais cedo, o que fez se surpreender, parecia que cada hora ele descobria algo do seu vizinho e estava gostando daquilo.

A competição começou. Edgar impulsionava as suas pernas e cada vez ia mais alto, mas Simon também estava assim, claro que era por causa do pai dele, que mesmo colocando forças e se cansado, estava igualmente se divertindo, pois a risada do seu filho era uma música para os seus ouvidos.

Eles continuaram assim por um bom tempo e a ideia de competir era mais para fazer Simon se divertir, pois o garotinho adorou e como tinha em mente, já vendo que Casper estava cansado, Edgar desacelerou até parar completamente.

— Tá, você venceu! — disse ofegante. — Declaro que Simon ganhou a competição do balanço. — a criança gritou e na mesma hora Casper parou o balanço e se escorou, ele ofegava, mas tinha um sorriso no rosto.

— Parabéns filho.

— Sorvete. — Simon exclamou e os outros dois riram. — Papai, você está bem? — Mas logo a atenção dele foi desviada para Casper.

— Sim, só com sede e suando muito, estou ficando velho.

— Está nada. — Edgar riu e se levantou. — Senta que vou pegar as garrafa de água.

— Obrigado. — Os dois se entreolharam e logo Casper sentou onde Edgar estava.

Para a surpresa dele, ao se virar na direção das coisas que o seu vizinho trouxera, ele deu de cara com um enorme cachorro com a cara entalada na mochila procurando alguma coisa. — Er, acho que temos um intruso de quatro patas.

— Como? — Casper olhou confuso. Ele e Simon olharam para Edgar, mas depois desviaram o olhar para onde o moreno estava apontando e cada um teve uma reação diferente. — Ah não. — Disse Casper fazendo uma careta.

— Cachorro! Aaaa! — Gritou a criança e sem perder tempo Simon saiu do balanço e correu na direção do cachorro, o que deixou os adultos assustados.

— Não, Simon! Volta aqui! — Casper se levantou e correu na direção do seu filho e Edgar o seguiu. — Ele pode ser perigoso.

Mas não adiantou, pois no meio do caminho e por causa da gritaria de Simon chamou atenção do animal. O cachorro tirou a cara da mochila e olhou para o garotinho, o seu rabo abanou e correu na direção dele e para surpresa de Casper e Edgar, o cachorro pulou no menino e começou a lambê-lo, o fazendo gargalhar e acariciar o pelo de cor dourado escuro, o cachorro era da raça Golden Retrive.

Essa ação fez os dois parar. Edgar abriu um sorriso ao observar a criança brincando com o cachorro, que parecia muito feliz nos braços do pequeno Simon.

— Acho que não devemos nos preocupar, o cachorro é bem manso e brincalhão. — Quando terminou de falar ele olhou para Casper e franziu o cenho pela expressão do seu vizinho. — Casper, algum problema?

— Não, só o cachorro. — Disse fazendo uma careta, ele estava um pouco afastado dele e principalmente do seu filho com o Golden Retrive, o que fez Edgar tirar suas próprias conclusões.

— Você não gosta de cachorro? — Indagou indignado. Estava bom demais para ser verdade, tinha que ter alguma coisa para estragar toda essa beleza. Não gosta de cachorro, sério? Rufm.

Casper suspirou e balançou com a cabeça. — Não é que eu não goste de cachorro ou qualquer animal com pelo, é só minha alergia.

Edgar se virou para ele surpreso. — Alergia?

— Sim! Por isso que estou afastado do cachorro e estava fazendo careta, se eu chegar perto irá espirrar até não aguentar e também estou sem meu remédio.

— Oh, foda isso! — Edgar exclamou e Casper assentiu.

— Sim, se não fosse isso com certeza em casa teríamos cachorros e gatos, o Simon quando vir um fica pedindo, fico mal, mas não posso criar.

— Nem mesmo tomando o remédio? — Edgar indagou curioso.

— Quando tomo, as vezes, fico grogue, não gosto ficar assim.

— Papai, papai! — Simon o chamou. Ele caminhou até os dois e na mesma hora Casper se afastou. — Posso ficar com ele, por favor? Olha, ele é educado e sabe obedecer. Senta cachorrinho. — O Golden sentou. — Rola cachorrinho. — E ele fez. — Se finge de morto. — E o cachorro se levantou, cambaleou e deitou, o que fez os outros se surpreenderam pelo pequeno show.

— Uau! Ele é especial. — Edgar se ajoelhou e chamou o cachorro. Acariciou o pelo sedoso e acabou pegando numa coleira. — Simon, ele é um cachorro incrível, mas infelizmente você não poderá ficar com ele.

— Porque? — Choramingou.

— Ele obedece a esses comandos porque foi treinado por seu dono e tem uma coleira, deixa ver se tem o nome dele e o endereço. — Edgar se abaixou para olhar a coleira e acabou sendo lambido, o que fez rir. — Mmm, tem o nome dele, na verdade, é ela. Lisa.

— Lisa! — Simon gritou e pulou na cachorra, a abraçando e a acariciando. — Você é uma boa menina, sim, é!

Edgar se levantou, ele estava com o coração apertado, pois teria que estragar aquele momento da criança. — Simon, devemos achar o dono ou a dona de Lisa.

— Eu sei, mas não podemos brincar um pouco antes, hein? Por favor, papai, por favor. — Simon pediu fazendo beicinho e os seus olhos brilhavam.

Quem resistiria a aquela fofura? Casper e ele se entreolharam e acabaram rindo.

— Ok. — Casper falou. — Só um pouco, mas depois vamos atrás do dono, certeza que está por aqui. — Olhou ao redor. Tinha poucas pessoas no parque e nenhuma delas dava a atenção a eles e a cachorra, concluindo que ninguém era dono de Lisa. — Mas, não deixa ela chegar perto, estou sem meu remédio e não quero dar uma crise de espirro.

— Aah, obrigado papai! — Simon agradeceu e correu um pouco para longe, chamou a cachorra, que o atendeu e correu em seguida com a língua para fora.

— Você está a salvo. — Edgar sorriu e acenou. — Vamos!

Os dois foram para o pano estendido no chão. Edgar pegou a garrafa e entregou a Casper para beber e acabou ficando hipnotizado pela forma que o seu vizinho Adônis bebia, o pomo de adão se movendo, um traço de água que escapou da boca e escorregou para o pescoço e sumiu para dentro da camisa e por um segundo o moreno queria ser aquela gota de água.

— Edgar! Pega a bola e venha brincar também.

Ele foi tirado dos seus pensamentos sórdidos e olhou confuso para o garoto e depois para Casper, que sorriu para ele e apontou para a mochila.

— Ai dentro tem uma bola, pode pegar.

— Oh, certo. — Edgar vasculhou o objeto e quando sentiu a bola ele a pegou e viu que era pequena. — Então, você vai ficar bem ai?

— Sim, pode ir. Mas tente não pegar muito pelo da cachorra, já basta o Simon, certeza que ainda irei espirrar por causa disso.

— Certo.

Com a bola em mãos Edgar se levantou e correu até onde estava Simon e ao chegar ele jogou a bola e Lisa correu feliz para capturar e quando a pegou ela trouxe de volta abanando o rabo.

— Isso garota. — Ele a acariciou. Infelizmente não pôde seguir o pedido de Casper, a cachorrinha era muito fofa e esperta para ficar sem chamegos. — Sua vez Simon.

E assim eles brincaram com a Golden retrive, a cachorrinha pulava e latia feliz ao redor deles, buscando a bola e até mesmo correndo atrás de Simon que segurava o objeto.

Lisa era pura energia.

E enquanto os dois brincavam no parque, Casper estava sentado os observando, interagindo poucas vezes e até foi obrigado a jogar a bola para a cachorra, ela mesmo a deu em mãos e com a expressão de medo de começar a ter uma crise, ele a jogou e ela pegou a bola, mas quando ia pular em Casper, o jovem de pele negra teve que intervir e foi abraçado pela cachorra.

O tempo passou, eles pararam para beber água e a Lisa também a bebeu, mas foi na mão de Edgar, já que não tinha nenhuma vasilha para ela beber. Depois de matarem a sede, eles comeram os biscoitos que Casper tinha trazido e até a cachorro se juntou para o pequeno lanche, longe do pai de Simon, este fugia da cadela como o diabo fugia da cruz, o que divertia o jovem advogado.

— Lisa! Lisa!

A cachorra parou bem no caminho de ir pegar a bola, o que fez Edgar e Simon se entreolhar e se surpreenderam ao ver um senhor de idade vindo à direção deles chamando por Lisa e rapidamente a cachorra ignorou a bola e correu para o homem idoso.

— Oh, minha querida! Você fugiu, estava preocupado. — O senhor se abaixou e a cachorrinha o recebeu de rabo a abanar e com lambidas. Depois de ficar todo lambuzado por Lisa, o senhor olhou na direção deles. Casper já estava ao lado dos dois. — Vejo que ela estava com vocês, ainda bem. Obrigado por cuidar dela e aguentá-la. — Riu logo em seguida.

Eles aproximaram do senhor. — Então você é o dono dela. Lisa foi uma boa menina e foi um prazer, meu filho aqui adorou brincar com ela. Ah, sou Casper, este é Edgar e Simon.

O senhor os cumprimentou. — George Duncan, mas só George. Feliz que tenham se divertido, Lisa sempre foge quando acha uma oportunidade o bom que não vai muito longe, só para o outro lado do parque. — Ele riu e acariciou a cabeça da cachorra, que estava sentada ao lado dele. — O meu marido tinha vindo passear com ela, deixou a sem coleira para Lisa poder fazer o que quiser e acabou se distraindo, isso sempre acontece. Obrigado de novo. E ah, olha ele vindo.

Edgar e os outros se viraram e viram outro senhor de idade na direção deles, ele mancava e usava uma bengala para poder se locomover, mas isto para ele não era um empecilho e logo ficou ao lado de George, o que deixou Casper e Edgar encantados ao o ver abraçar e beijar carinhosamente na bochecha de George. O senhor tinha o cabelo grisalho e o de George estava quase branco, ambos eram de estatura média, enquanto George tinha lindos olhos azuis, o senhor tinha olhos negros.

— Você a achou. Estava tão preocupado. — O senhor acariciou Lisa, que pulou pelo carinho do dono.

— Eles estavam com ela, estavam brincando no parque. Claro que ela tinha que fugir, como sempre. — Os dois riram. Pelo visto era muito normal Lisa sair pelo parque sozinha.

— Ela é muito brincalhona, obrigado por cuidar dela. — Disse o senhor agradecendo. Ele sorriu doce para eles.

— Não precisa agradecer. — Edgar falou sorrindo.

— Ah, que coisa minha. Deixe-me apresentá-los, este é Casper, o pai do menino, Simon e este bonito jovem é Edgar e esse aqui é o meu marido, Adan.

— Marido? — Edgar acabou soltando sem querer o que fez ganhar a atenção deles. — Oh, não perguntei por mal, é que...

— Somos idosos e gays, não ver isso todo dia, eu sei. — George riu. — Mas somos um casal e faz anos.

— Coloca anos nisso, passei quase a minha vida toda com este ser, me perturbando e irritando.

— Mas você me ama, seu velho. — George apontou e Adan deu de ombros.

— Se não fosse isso, não conseguira te aguentar, velho. — Os dois se entreolharam e sorriram apaixonados. — Espero que não isso não seja um problema para vocês.

Edgar negou com a cabeça. — Longe disso, eu estou encantado ao ver vocês dois juntos e até me traz esperança de ter um dia um romance com o homem certo.

George e Adan assentiram. — Você terá. — Adan comentou, mas logo a atenção deles foi completamente desviada para a criança.

— Então, er... Vocês são os donos da Lisa?

— Sim. — George respondeu. — Vejo que você gostou dela.

— Sim, ela é muito boa. Gostei muito de brincar com ela.

— Você vem muito aqui? — Adan indagou.

— Às vezes. — Casper respondeu. — Por quê?

— Bem, toda tarde estou com Lisa e George passeando aqui, se quiser trazer o pequeno para passar um tempo com ela, não nos importamos e até seria bom, pois saberíamos que Lisa está em boas mãos.

Rapidamente Simon se virou para o pai dele. — Por favor, papai, por favor, diz que sim! Por favor.

Casper riu. — Pode ser.

— Isso é um sim? — Os olhinhos dele brilhavam.

Casper assentiu. — Uhum.

Simon gritou e abraçou a cachorra. — Viu, Lisa? O papai deixou vim brincar com você todas as tarde.

— Todas as tardes? — Casper fez uma careta e na mesma hora Edgar riu.

— Não se preocupe, nos meus dias de cuidar dele, irei vim.

— Cuidar dele? — Indagou George com o cenho franzido.

— Sim, sou babá de Simon, além de vizinho.

— Ah. — O casal se entreolhou. — Entendemos.

Logo a atenção deles foi desviada por um trovão e acabaram percebendo que o céu estava ficando nublado.

— Oh chuva, acho que devemos ir. — George falou. — Vocês querem passar a chuva na nossa casa? Prometo que estará quente e confortável.

— Muito obrigado. — Casper agradeceu. — Mas devemos ir, viemos de carro, mas agradecemos, vocês querem carona para casa?

— Não precisa, a nossa casa fica de frente para o parque. Vemo-nos por ai, foi um prazer conhecer vocês. — Adan sorriu para eles.

Eles se despediram do casal de idosos e observaram George e Adan andar de mãos dadas com Lisa do lado deles, o carinho e o amor que os rodeava fizera os dois adultos ficam encantados, além de felizes.

— Vamos antes de chove. — Casper comentou se virando para as suas coisas e Edgar se juntou para ajudá-lo, mas nem deu tempo, começou a pingar e na hora Edgar tomou as coisas das mãos do seu vizinho e mandou agarrar Simon para assim chegar ao carro antes da chuva engrossar.

E no meio do caminho, com Simon nos braços, Casper começou a espirrar. — Ah, droga de alergia. Sabia que estava bom demais para ser verdade, tinha que espirrar. — Continuo a espirrar.

Edgar se controlou para não rir e logo chegaram onde estava o carro estacionado e quando entraram a chuva ficou forte.

— O bom que não ficamos muito molhados. — Edgar comentou e na mesma hora Casper espirrou. — Er...

— E o sorvete? — Simon perguntou ao se lembrar da competição. — Minha recompensa?

Edgar e Casper se entreolharam. — Acho que fica para depois, está frio e você precisa trocar de roupa, tomar sorvete agora só vai dar um resfriado. — Edgar disse sabiamente.

— Ah.

— Que tal depois saiu para tomar sorvete, em? Não hoje, claro.

— Você promete papai? — Perguntou a criança olhando pidão para Casper.

— Sim. Depois iremos sair para tomar o maior sorvete que você já viu.

— E o Tio Ed, vai também?

Casper olhou de soslaio para Edgar e mordeu o sorriso que queria sair. — Claro que sim! — Simon comemorou.

Edgar sorriu para a criança sem perceber que estava sendo observado.

Continua...

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