Capítulo 25

Já tinha se passado um mês desde que Simon descobriu sem querer que Selena era a mãe dele, depois daquele dia a criança estava mais fechada, o que Edgar e Casper perceberam, os deixando preocupados, principalmente quando ele negava estar perto de Selena, aquela situação toda estava um caos.

Nesse momento Edgar estava ajeitando as últimas coisas para levar ao hospital, pois faria a cirurgia, que por acaso teria uma recuperação rápida, então iria só passar três dias no próprio hospital e depois iria para casa, continuar o tratamento. De acordo com o seu fisio, até no final do mês estaria já conseguindo andar, pois já estava mostrando forças e pequenos movimentos em suas pernas e logo teria os movimentos por completos delas, mas continuaria fazer a fisioterapia por bastante tempo.

— Tudo pronto? Quer ajuda? — indagou Casper entrando no recinto. — Acabei de falar com sua mãe, ela já está a caminho.

— Sabia que ela não iria ficar em Reno, vai vir para ajudar aqui em casa, cuidar de Simon e consequentemente de você. — comentou ele sorrindo. — E não preciso de ajuda, obrigado, mas... me dá a honra da sua presença? — pediu piscando as pestanas, o que fez o editor sorrir.

— O prazer é todo meu.

Casper foi até ele, o beijou nos lábios e em seguida sentou na cama olhando a bolsa que o namorado iria levar. — Levando o essencial?

— Sim, itens de higiene, algumas roupas para passar os três dias e só, nada especial.

— Ótimo, se faltar alguma coisa venho buscar, mas pelo visto está tudo certo e também só vai passar os três dias, coisa que o médico até falou que poderia te liberar cedo.

— Isso, tudo vai dar certo. Simon, cadê?

— Na sala brincando. — nesse momento Casper se mexeu desconfortavelmente, atraindo total atenção do parceiro.

— Amor? — Edgar ergueu a sobrancelha.

— É que não estou aguentando ver o meu filho daquele jeito e para piorar, a Selena está bastante mal.

O jovem negro largou a bolsa e andou com a cadeira de rodas, se colocando mais perto do amado, ele pegou nas mãos deles e as apertou carinhosamente.

— Eu sei bebê, precisamos resolver essa situação. O Simon está fechado, não é normal dele, isso mostra o quanto o nosso bebê está confuso e magoado, mas... também percebi que ele sente falta de Selena, sei que nega estar perto dela, mas vejo nos olhos dele. Ele ainda não a vê como a mãe dele, mas sim como uma tia e madrinha, isto é um avanço.

— O que faremos? Quero conversar com ele, mas...

— Infelizmente essa cirurgia já está programada já para acontecer amanhã, pois precisamos falar com Selena e ver de que maneira poderemos fazer isso acontecer. Mas não se preocupe, resolveremos isso juntos, ok? Só vai demorar um pouco.

Casper suspirou, aliviando um pouco o peso nos ombros. — O que eu faria sem você em minha vida? Hum?

Edgar sorriu. — Não sobreviveria. — falou brincando, ganhando um sorriso do namorado. — Agora me ajuda a fechar a bolsa e a carregar para a sala. Quero ficar agarradinho com Simon e contigo, até dar a hora de irmos, que seria a hora de mamis vir.

[...]

— Como está se sentindo? — indagou Naomi.

— Nervoso, ansioso e com fome. — Edgar respondeu. — E queria minhas roupas de volta, odeio roupa de hospital.

— Oh bebê. — Casper falou do seu lado. — Você está lindo assim e relaxe, logo tudo isso passará e vai logo estar em casa, ok? — ao terminar de falar ele beijou na testa do jovem negro, que sorriu pelo ato de carinho. — Né, Simon?

— Sim. — a voz dele saiu abafado, já que estava com a cabeça no peito de Edgar, ele se deitou assim que o pai dele se aconchegou na cama. — Quero ficar aqui, não quero ir embora.

O segundo pai da criança sorriu docemente. — Oh bebê, logo estarei em casa e também vovó estará lá para cuidar de você, ok? Ela vai estar com você e o seu papai.

Simon levantou a cabeça direcionando os seus olhos para Edgar.— Isso inclui sorvete?

Naomi riu. — É claro que sim e também alguns bolos de chocolate, pudim... torta, o que acha?

— Vamos para casa, agora! — ele rapidamente se sentou. Os outros gargalharam pela sua rapidez.

— Estou sendo trocado por comida, Casper. Vou chorar. — disse fingindo estar chateando.

— Não é nada disso, prometo que deixo algum pedaço para você, Pa!

— Rumpf! Espero mesmo. — ao terminar de falar, Ed puxou Simon para mais perto e o fez deitar em seu peito, em seguida o encheu de beijo. — Se comporte, ok? Brinque muito e logo estarei junto a você.

Simon assentiu e se aconchegou, sentindo o carinho das mãos de seu Pai em sua cabeça.

Edgar, sua mãe e Casper continuaram a conversar por um bom tempo, mas logo Guilia e Louise se juntaram a eles. Dona Naomi as abraçou dando os parabéns pelos bebês e contando como foi a gravidez dela, dos garotos quando eram bebês e dos vexames que Edgar deu quando criança, o deixando morto de vergonha, principalmente quando Casper tirava sarro dele.

Minutos se passaram e mais uma visita chegou, dessa vez foi Selena, que entrou sem jeito no quarto, o seu olhar se prendendo ao Simon, que por sua vez ficava a olhando e desviando o olhar.

— Vejo que está todo mundo aqui. — ditou ela, ainda do lado da porta do quarto. — Só vim passar rapidamente para dar forças.

— Fico feliz que tenha vindo, venha, se aproxime. — Edgar a chamou. — Deixe-me apresentar, esta é Naomi, minha mãe, e esta é Selena.

Naomi sorriu alegre para ela, a abraçou pegando-a desprevenida. — É um prazer enorme de te conhecer. Agradeço imensamente por ter achado a casa dos meus garotos.

— Oh, foi nada. — disse envergonhada. — É um prazer conhecê-la. Bem, er... como estão? — o seu olhar foi diretamente para Simon. — Está tudo bem?

— Sim, sim. Como está o seu cachorro? Ainda visitando o vet? — Edgar mexeu com as sobrancelhas, fazendo os outros rir. Selena por sua vez corou lindamente.

— Mais ou menos. Com tudo que aconteceu, não tenho cabeça para isso, mas ele me entende e sempre aparece lá em casa com comida.

— Oh. — Casper exclamou. — Então o Vet está caidinho, que coisa boa, hein?

— Peraí, que vet? O que aconteceu? — indagou Giulia curiosa.

Assim Selena contou sobre o veterinário, ocasionando barulhos de annw, onwww e ui, entre as meninas e os rapazes. Mas a conversa não demorou, pois uma enfermeira apareceu e os expulsou do quarto, dizendo que estava uma baderna e o paciente precisava descansar para a cirurgia, mas o próprio paciente implorou para que eles ficassem, porém só quem ficou foi Casper, por mais quinze minutos.

[...]

Casper, quando saiu do quarto, encontrou as meninas na recepção conversando e Simon quieto na cadeira, brincando com um boneco que trouxera de casa.

— Oh, não sabia que ainda estavam aqui. Pensei que já tinham ido.

— Ficamos para conversar e colocar o papo em dia e também para alguma informação sobre a cirurgia do Ed. — explicou Louise. — E tenho a sensação de você vai ficar, né? Estava pensando em ir para o restaurante, comemos uma boa massa italiana.

— Bem que eu queria, mas irei ficar, a qualquer momento o médico responsável vai chegar e irei conversar com ele, mas vocês podem ir. A Naomi vai ficar com o meu carro, bem que vocês poderiam dar uma volta com ela ao redor de San Francisco, hein sogra?

— Seria uma boa, mas só se o meu menino concordar, Simon?

Simon deu de ombros.

— Bem. — Naomi franziu o cenho. — Acho que é melhor eu ir para casa e podemos fazer alguns biscoitos e depois trazermos escondidos para o Ed e o seu papai, que tal?

A criança logo se alegrou.

— Perdão meninas, mas temos uma missão de avó e neto.

As garotas riram. Não demorou muito e logo foram embora, porém Selena foi a única a ficar, com a expressão relutante e o olhar ferido e com saudades direcionado a Simon, porém depois se despediu e foi embora.

Afastando-se um pouco de Simon, Naomi chamou Casper para um lugar afastado.

— O que está acontecendo? O Simon nunca ficou assim, ele está doente? E essa moça, vejo que não tirava os olhos de Simon... ela é a mãe dele, né? O Edgar me disse.

Casper suspirou. — Sim, ela é a mãe dele. — ele começou a contar tudo sobre o ocorrido e a reação da criança e agora como Simon estava. — Edgar e eu conversamos que depois da cirurgia iremos resolver isso, só não sei como. Sei que Simon sente a falta dela, mas se sente confuso, magoado e me dói vê-lo assim.

— Oh. — ela olhou penalizado. — É bem complicado... eu acho que posso ajudar, mas enquanto isso, volte para o meu menino que irei fazer o nosso Simon se distrair, ok? Mais tarde a gente volta.

— Agradeço muito por estar aqui a com gente. — Casper a abraçou e beijou a sua bochecha. — A melhor sogra que poderia pedir.

Naomi olhou envergonhada, soltando pequenas risadas sem jeito.— Vai logo, vai se despedir do seu menino.

— Certo, mamãe! — ele riu e saiu correndo, a deixando sorrindo para trás.

— Eu gostei disso, pode continuar me chamando assim.— disse em tom alto para ele escutar.

— Pode deixar, mamãe!

[...]

Naomi colocou em cima da bancada os ingredientes exatos para fazer deliciosos cookies de chocolate com a ajuda de seu assistente.

— Agora vamos fazer a massa. O Edgar e os seus tios sempre me ajudavam e acabavam também sempre roubando um pouco da massa para comer. — disse sorrindo. — Sempre brigava com eles, mas sendo você, eu deixo. — ao terminar de falar Naomi piscou insinuando que era um segredo deles dois, o que fez Simon rir.

— Mas a primeira coisa que devemos fazer antes de pôr a mão na massa é lavar as mãos, ok? Vamos!

Simon pulou da cadeira, recebendo um olhar alertado da avó, mas logo sorriu. Os dois aproximaram da pia e juntos lavaram as mãos, rindo e se molhando.

— Agora assim, mãos limpinhas. — Naomi sorriu ao pegar na mão da criança e sorriu ao ver o contraste da cor delas.

Simon voltou animado para a bancada e ficou de pé em uma cadeira. Mesmo a cozinha sendo adaptada para Edgar, ainda as coisas ficavam altas para a criança. Naomi começou a misturar a massa com ajuda de Simon, os dois se divertindo e conversando.

— O Pa e Papai vão gostar dos cookies. Será que vão deixar a gente entrar com eles?

— Eles não precisam saber. — ela mexeu com as duas sobrancelhas.

— Você é demais! — exclamou Simon gargalhando. — É tão grudento...— disse pegando a massa com as mãos. — e cheira bem. A vovó Sara também faz deliciosos cookies, bem que vocês duas poderiam fazer juntas e iria ser um bocado de comida só para mim.

— Acho que tenho um menino guloso aqui. — ela cutucou a sua bochecha, acabando sujando o seu lindo rosto. — Ops. — fez cara de quem aprontou.

— Vovó! — Simon gritou surpreso, mas um largo sorriso se abriu. — Olha, aqui também tá sujo. — ele apontou para a camisa dela, mas quando Naomi olhou, ele subiu com o dedo e sujou o seu queixo, a fazendo rir, mas logo ela começou a fazer cócegas nele e foi massa para cada canto.

— Ta bom, ta bom. — Simon dizia rindo, tentando escapar das mãos da avó, que logo parou. Os dois ficaram rindo e vendo o quanto estavam sujos, mas não se importavam.— O Pa ia ter um treco se visse isso.

— Poderíamos tirar umas fotos para ele ver o quanto estamos nos divertindo e cuidando da casa, hum?

Simon assentiu rapidamente. Dona Naomi Julieth pegou em sua bolsa o seu celular e começou a tirar várias fotos deles, fazendo caras e bocas, além disso a situação da cozinha, os dois nas fotos no começo faziam de inocentes e assustados, mas nas seguintes eram fazendo baderna.

— Com certeza irei colocar essa na sala de casa. — ela admirou uma foto deles abraçados sorrindo. — Junto com as outras fotos dos meus netos. Tenho certeza que Ed e Casper vão fazer o mesmo e também acho que as meninas vão adorar vê-las, principalmente Selena.

— Ah. É. — ele mordeu o lábio e ficou mexendo com a massa.

— Soube que ela tem um cachorro, qual é o nome dele mesmo?

— É Robby, ele é veloz, adora petisco e sempre pega os gravetos que jogo. Brinquei com ele um monte, mas...

— Mas o quê, amor?

— Faz tempo que não vejo...

— Oh. Mas por que, meu amor?

— Eu não quero ficar com a Selena, quer dizer... eu quero, mas..

— Mas? — ela se inclinou e olhou nos olhos dele.

— E se ela for embora? Me deixar de novo? Não quero que ela vá. — os seus olhos se encheram de lágrimas.

Partiu o coração de Naomi, ela rapidamente o puxou e o abraçou. — Oh meu amor, vai ficar tudo bem. Tenho certeza que Selena não vai embora, não mais. Quando ela te deixou com o seu pai ela teve os seus motivos, mas agora ela voltou e está aqui com você. E tenho certeza que te quer perto e quer cuidar de você.

— Mas acho que não, eu a machuquei. Se ela não me perdoar?

— Bebê, ela não está com raiva e tenho certeza que não tem motivos para perdão, Selena só quer estar com você.

— Mas ela chorou. — ele murmurou.

— Você quer estar com ela? — Simon assentiu rapidamente. — E o que mais?

— Quero que ela seja minha mãe.

— Onw, que coisa boa, tenho certeza que ela vai amar saber disso e para tal coisa, que tal a gente fazer os cookies e levar para ela, como um pedido de paz e você assim pode conversar com ela e ver como as coisas vão.

— Mas Pa e Papai não vão ficar com raiva? Os cookies são deles.

— Não se preocupe, eles vão entender, pois estavam preocupados com você e com a Selena, Edgar e Casper só querem que vocês se entendam. Ok?

— Ok. Vou fazer com muito amor para ela ver que não precisa ir embora mais.

Naomi sorriu. — Isso ai, vamos fazer isso.

O tempo se passou e logo estavam na estrada para a casa de Selena, junto com uma cesta que Naomi encontrou e com pedido de Simon, ela fez um laço para enfeitar. Com ajuda de Casper, logo pegou o endereço da casa da mãe da criança, que por sinal era bem perto dali. Não demorou muito e eles chegaram.

— Nervoso? — indagou se virando para vê-lo na cadeirinha.

— Parece que vou fazer pipi no carro. — disse ele.

A avó acabou soltando uma pequena risada, ela desceu do carro e foi ajudá-lo. Com a cesta em mãos, Simon caminhou na frente dela até chegar na porta, Naomi tocou a campainha umas três vezes, escutaram latidos e passos se aproximando.

— Pois... — Selena arregalou os olhos ao ver Simon na sua frente. — Oh. Olá, entrem!

— Simon. — Naomi o cutucou.

— Sim, sim. — ele assentiu e olhou para Selena, erguendo a cesta. — Quero pedir desculpas e pedir para que não vá embora, pois aceito você como a minha mamãe.

Selena entreabriu a boca chocada, lágrimas começaram a cair de seu rosto.

— Oh não, não. Não chore. — disse assustado.

Selena sorriu em meios as lágrimas. — Não é choro de tristeza, amor. — ela se ajoelhou e tirou a cesta da mão dele. — É de felicidade, meu menino. Oh, meu filho. É tão bom te chamar assim.

— Ma...mãe?

Ela o puxou e o abraçou fortemente. — Oh meu bebê, desculpa a mãe por ter sido malvada, de ter te deixado, mas prometo que irei recompensar isso. Irei tentar ser a melhor mãe para você, ok?

— Não precisa, só me prometa que não vai me deixar novamente.

O seu coração doeu. — Nunca mais, nunca. Você é meu, meu mundo. Meu, de Edgar e Casper, e irei estar sempre com você, sempre. Te amo, meu menino. — ela o encheu de beijos, mas logo os dois foram interrompidos por latidos e pela língua molhada de Robby, o cachorro quando viu Simon foi todo alegre de encontro ao garoto..

A criança abraçou o cachorro e continuou agarrada à mãe.

Selena por sua vez olhava admirada e toda feliz por finalmente ter o seu querido filho ali, a aceitando.

[...]

2 meses depois...

As coisas nunca sempre vão de acordo como planejamos, foi o que Edgar viu quando teve que ficar mais tempo no hospital após a sua cirurgia há dois meses e também quando a reunião do concurso foi adiada por motivos da editora, coisa que ele adorou e o fez ainda mais ficar com medo, mas agora não tinha mais saída e para piorar a sua querida mãe ainda não tinha chegado de Reno.

Ele suspirou, mancou com ajuda da sua muleta e foi até a janela, vendo se via o carro de sua mãe em algum lugar, mas novamente nada.

Como a cirurgia foi um sucesso, conseguiu recuperar o movimento da sua perna e com a fisioterapia já estava andando, porém ainda mancava e não tinha total força para se manter em pé sozinho, mas de acordo com o seu médico logo estaria andando sem a muleta e só teria um coaxar ao andar.

Minutos se passaram e quando escutou um carro parando na rua e em seguida três buzinas seguidamente, Edgar suspirou aliviado. Pegou as suas coisas e saiu de casa apressadamente.

— O que aconteceu para demorar tanto? — indagou ele assim que a viu acenar dentro do carro.

— Eu tive que parar antes, dê um oi para seu primo Edward.

Edgar arregalou os olhos ao ver o seu primo que fazia tempo que não tinham se encontrado. — Oh, oi! O que ele está fazendo aqui? Quer dizer, é uma surpresa você ter vindo.

— Entre logo! — pediu Naomi. — O Ward é o meu plano para o seu plano que não tem nenhum sentido.

— Como assim? Como vai Ward?

— Bem. Oh, bem que a Tia Nao disse, já está andando, que bom!

— Valeu. — os dois fizeram um high five. — E como assim, mãe?

— O Edward vai se passar por você, pois não teria lógica uma mulher aparecer, já que os documentos são de um homem.

— Mas poderia ser trans, ora mais!

— Tem isso também, mas o que eu faria se perguntasse do porque na identidade tem 24 e eu aparentando ter 50 anos, hein? — ela arqueou a sobrancelha. — Me passa o endereço da editora.

— Mas o Ward só tem 15 anos.

— Na verdade fiz 16 no mês passado.

— Tá vendo, muito novo. O pessoal vai perceber.

— O Ward já parece ser um homão, ninguém vai perguntar, mas se quiser cancelar esses planos e ir você mesmo...

— Nem a pau, vamos logo. O Ward vai ser eu, vamos.

Naomi murmurou dando de ombros. — Eu tentei.

Demorou longos minutos até chegar na sede da editora. Edgar ao olhar o enorme prédio, um frio subiu em sua espinha, o nervosismo tomou conta e além de uma centelha de medo dominou o seu corpo.

Naomi, ao estacionar o carro, pegou a muleta que Ward tinha colocado no banco de trás e a entregou ao seu filho, assim os três seguiram para entrar no prédio, que por sua vez o porteiro reconheceu Edgar, já que tinha vindo algumas vezes com o seu namorado.

Como o prédio era comercial, os seus andares eram alugados para outras empresas, mas na cobertura e tendo a maior porcentagem de lugares tomados era da editora, assim Edgar no elevador já apertou o botão para ir diretamente para falar com o pessoal responsável e torceu para que Casper não o visse.

— Tem certeza que não quer desistir? — indagou Naomi mais uma vez.

— Eu... não, o melhor é isso. O Ward vai se sair bem. Ainda não sei como você o levou longe da Tia Marta.

— Não se preocupe, ela pensa que estou na escola.

Edgar olhou surpreso e em seguida indignado para sua mãe.

— Quê? Hoje eles ficariam o dia todo na escola, o livrei do sofrimento. — deu de ombros.

— Concluindo, a minha mãe é só boa para os filhos dos outros. Se eu fizesse isso ela me matava.

— Claro! Mas eu só fiz isso porque é por uma boa causa.

Edgar deu de ombros e soltou uma pequena risada.

A porta do elevador se abriu e em seguida caminharam, o jovem negro os guiando, mas logo foi parado pela assistente de Casper, Miranda.

— Ei, bom dia, Edgar querido! — ela o abraçou. — O Casper vai amar saber que está aqui, vou cha...

— Oh não, não! Não precisa, só vim aqui para a reunião do ganhador do concurso, o meu primo foi o vencedor. Já, já é a reunião. Não precisa informar o Casper, ok?

Ela o olhou estranho com os seus intensos olhos verdes. — Ok, bem. Vou perguntar onde vai ser a reunião e levarei vocês. Vamos para a minha mesa. Essa é a sua mãe? Vi nas fotos do face.

— Sim. Mãe, essa é a Miranda Cross, a assistente e a salva-vidas do meu Casper aqui no trabalho e essa é Naomi Julieth Smith-Jackson. — as duas se cumprimentaram, depois a Miranda os levou para sua mesa.

Ela ligou para o responsável e recebeu as instruções, para levar o Sr. Smith para a sala de reunião dali a cinco minutos e que pedisse para Casper fosse logo.

— Vou chamar o Casper para ir logo, depois vou levar vocês lá, ok?

Edgar assentiu e a observou entrando na sala de Casper, que ficava em frente a mesa de Miranda. Ao ver a porta fechada, ele rapidamente puxou Ward. — Vamos para lá, não quero que ele os veja logo. — pediu apressado.

[...]

Casper estava reunindo as suas coisas para a reunião quando a sua assistente entrou no seu escritório. — Sim? — indagou distraído arrumando a pasta.

— O Sr. Vian pediu a sua presença na sala de reunião, agora.

— Ok, vou já. E o ganhador ou ganhadora já chegou?

— Ganhador, Casper. — ela sorriu. — E ele veio com acompanhantes, estão lá fora.

O editor sorriu. — Então irei vê-lo agora, que bom. Estou pronto. Poderia por favor levar o meu notebook?

— Claro.

Após pegar a pasta e seus papéis, os dois saíram do escritório, ambos olhando ao redor ao ver que não tinha uma única pessoa naquele setor. — Cadê ele?

— Não sei, os deixei aqui. — respondeu Miranda confusa. — Bem, devem ter ido ao banheiro ou coisa assim, vamos, depois irei procurá-los.

Casper assentiu e seguiu para a sala de reunião, ficava dois corredores dali. Ao entrar cumprimentou os seus colegas e amigos de trabalho, se sentou ao lado do seu parceiro e amigo.

— Tudo pronto? — ele perguntou ao se acomodar na cadeira.

— Só esperando o ganhador. — respondeu Lisa, a que era responsável pelos documentos. — E os papéis do contrato estão todos aqui, sinto que vai ser um valioso contrato.

Casper sorriu. — Eu também, aquele livro é uma obra prima.

— É claro que você diria isso. — Cassio Vian, seu amigo, falou com um sorriso malicioso.

— Como? — indagou confuso, mas logo a porta abriu e a sua assistente entrou, junto dela veio um rapaz, parecia ser bem novo, mas para a sua surpresa a sua sogra entrou. — Ah, Naomi?

— Oi, Casper. — ela acenou. — Ali? — perguntou a Miranda, que assentiu. Os dois se sentaram. — Bom dia!

Os outros os cumprimentaram. Casper ainda confuso, mas se manteve calado, porém ele viu que Lisa estava checando os documentos com o cenho franzido, quando ela parou e olhou para o menino.

— Você é o Sr. Smith? — indagou com a sobrancelha arqueada.

O rapaz, que nem parecia ter 20 anos, assentiu. — Sim.

— Ah, pensei que seria mais velho, mas onde encontrou a fonte da juventude? — disse brincalhona, os fazendo rir. — Bem, é um prazer enorme em ter você aqui e parabéns por ter ganhado o nosso concurso, o seu livro foi escolhido entre os milhares, a sua obra chamou a atenção de todos, principalmente do nosso editor-chefe, o Casper Suller.

— Oh, obrigado. — disse sem jeito. — Foi um prazer. — em seguida olhou pedindo ajuda para a sua tia, que estava do seu lado.

Casper por sua vez viu que tinha alguma coisa errada, poderia ser coisa da sua cabeça, mas não custaria nada ver se estava errado ou não, esperava que estivesse, pois...

— Então, sobre o seu livro. Eu amei como o personagem Taylor foi construído, as cenas, situações me fizeram me encantar, mas estou com uma dúvida de uma certa cena. Sabe quando o Taylor vai para o bar no meio da guerra e acaba tendo um flashback da sua vida passada, quem é o cara que está com ele se arrumando como drag queen? Como é o nome dele mesmo? — enquanto falava, ele pegava o papel do contrato.

O rapaz arregalou os olhos e olhou para Naomi. — Er... bem, são muito personagens. — disse gaguejando.

Casper fechou os olhos ao ver o nome que estava no contrato.— Então, Edgar Smith Jackson, seu nome né? Pensei que lembraria, já que o cara é o melhor amigo de Taylor no livro, ou, estou errado e você não é o Edgar?

Os seus parceiros começaram a falar, se perguntando o que estava fazendo e vendo a reação do rapaz.

— Er...

Naomi ao ver que estava sem saída, suspirou derrotada. — Sabia que isso não iria dar certo. O verdadeiro Edgar está lá fora e eu sei que você sabe.

Casper engoliu um xingamento, respirou tentando manter a calma, mas a dor da traição o pegou, um nó se formou em sua garganta. — Como ele pôde? — negou com a cabeça, em seguida se levantou.

— Para onde você vai? — indagou Lisa.

— Chamar o dono do livro. — tentando não surtar, foi até a porta e abriu, na sua frente estava ele.

— Casper! — exclamou Edgar surpreso.

Os seus olhos pareciam que havia areia, o seu coração doía. Nunca pensou que o seu Edgar não confiava plenamente nele e isso era a pior traição que recebeu na vida.

— Como pôde esconder isso de mim? — indagou ele. — Porque não me contou e me fez descobrir assim? Isso mostra o quanto que não confia em mim e que não divide as suas coisas comigo.

— Casper, não é assim...

— Como não? Você escondeu os seus livros, escondeu que era o autor de Lute e Conte, quando eu te elogiava e dizia que estava doido para encontrar o autor, que por acaso era o meu parceiro de vida, você ficava calado. Não dá, estou completamente machucado... eu, eu preciso ir.

— Casper, por favor, deixe-me explicar. — pediu desesperado.

— Não, não. Eu preciso me afastar, eu preciso ficar longe. — ele saiu apressado, mas foi impedido pela mão de Edgar no seu braço.

— Mas... mas e a gente? — Edgar olhava desesperado.

Casper respirou fundo, tentando não chorar, ele se virou e olhou nos olhos do outro. — Acho que precisamos de um tempo, é o melhor. Preciso de um parceiro que confia em mim e que não esconda nada, nunca pensei que você seria o contrário disso. Melhor ficarmos separados por enquanto.

Os dois se olharam intensamente, até que Edgar, chorando, assentiu e abaixou sua mão, assim Casper ficando livre.

O editor sentiu o seu coração quebrar mais uma vez, esperava uma reação de Edgar, uma briga negando a sua decisão, mas estava errado novamente, dando uma última olhada no homem que amava e o que machucou, saiu apressado daquele lugar. Só quando ficou do lado de fora do prédio percebeu que estava chorando.

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E aqui foi o penúltimo capítulo, espero que tenham gostado, logo mais estarei postando o último. Já estou sentindo falta dos meus bebês e de vocês. No momento estou atolada com o meu relatório, mas quando ficar livre, estarei respondendo os seus lindos comentários, agradeço de coração por cada um, muito obrigada. Até outro dia amores, beijos e abraços.

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