Capítulo 23

Edgar olhou satisfeito para a sua nova sala, o cômodo estava decorado do seu jeito, junto com o de seu namorado, melhor dizendo, parceiro de vida. Depois de duas longas semanas, finalmente tinham feito a mudança. A casa vitoriana estava agora com a cara deles.

A ideia de morar com Casper era uma que estava em sua mente, mas nunca pensou que iria acontecer tão rápido, mas não reclamava, pois agora estava onde mais queria estar, do lado dos seus dois amores. Casper e Simon.

— Filho, já terminamos com a cozinha. — exclamou Dona Naomi entrando na sala, junto a ela, veio Giulia. — Está tudo guardado em seu canto.

— Isso quer dizer, que tudo está arrumado... mas calma, cadê Louise, Casper, teu pai? — indagou a italiana.

— Papai foi buscar Simon na escola, Casper está arrumando o escritório e Louise foi buscar o nosso almoço. E sim, finalmente está tudo em seu lugar. Muito obrigado, mãe, Giu. Sem vocês, nada disso estaria tão organizado.

— Sabemos muito bem disso. — Naomi brincou, os fazendo rir. — Então, vamos organizar a mesa de jantar... Edgar, quer dar as honras?

— Com certeza. Seria bem perfeito se eu e Casper cozinharmos a primeira refeição na nossa casa.

— Ah filho, esse momento estará guardado para vocês três. E vale dizer, que nada ainda foi cozinhado, esse momento ainda vai acontecer. Agora vamos arrumar a mesa.

— Está certa. Estou tão feliz. — disse extasiado.

— Imagina a minha pessoa. Quase chorando, pois nunca pensei que o meu menino um dia iria 'casar'. — Giulia falou com um enorme sorriso no rosto.

Edgar riu. — Não é só você. Ah, vamos antes que o meu pirralho chegue. Ele vai pirar ao ver o quarto dele. Principalmente para a cama-carro que mamãe e papai compraram. É segredo.

— Presente de avós, nada mais justo do que um presente para a casa nova. E o presente seu e de Casper irei dar mais tarde.

— Presente, para nós dois? — indagou curioso.

— Sim, mas nem adianta perguntar o que é.

— Mas eu nem falei nada.

— Por isso mesmo, não falou, mas pensou.

— Você me conhece.

— Claro, te carreguei por 9 meses e te criei até os 20, queria o quê?

Eles riram, e logo chegaram na cozinha. A casa por completa tinha vários acessórios que o possibilitava se locomover sozinho, e os móveis que vieram eram baixos, o que facilitava cada vez mais a sua acessibilidade. Aquele lugar era perfeito para a sua locomoção, não o deixava frustrado e era muito lindo de se olhar.

Se sentia muito grato a Selena por ter encontrado aquele pedacinho de céu, ainda morria de vergonha ao ter duvidado de Casper e ainda mais, quando ele contou tudo a ela, Selena riu e deixou bem claro o que queria de Casper, o que deixou mais sem jeito.

Esse momento ela era para estar com eles, mas Selena tinha algumas coisas para resolver e não tinha como ajudá-los, mas mandou mensagens encorajadoras para eles enfrentarem a mudança.

Não demorou muito e logo arrumou a mesa sozinho, ao findar, sorriu orgulhoso de si, na mesma hora Casper entrou junto com Louise.

— Olha quem encontrei. — apontou para a mexicana. — Acho que foi um belo achado, veio com comida. — ergueu as sacolas, os fazendo rir.

— Engraçadinho. Olhe que te deixo sem molho.

— Oh não, sem o molho italiano eu não sobreviverei. — falou dramaticamente.

— Pensava que você não ia sobreviver sem meus beijos, acho que fui enganado. — Edgar estreitou os olhos.

— Ah amor, os seus beijos é minha energia vital. — Casper depositou as sacolas em cima da mesa, e em seguida foi de encontro ao namorado, colocou suas mãos no apoio da cadeira e o beijou docemente. — Melhores lábios... melhores beijos...

— E aqui é a cozinha, onde vemos o seu papai beijar o meu filho... Quantos pontos você dá para esse beijo, hein garotão?

— Hum... 8.

Casper se virou, se colocando ao lado do namorado. — Filho, porque uma nota tão baixa? — indagou surpreso e com um ar triste.

— Porque não me deixaram arrumar a mudança. — ele cruzou os braços.

— A professora disse que ele ficou a aula toda com um bico, mas foi só começar o recreio que logo desfez a cara emburrada e curtiu. Né, Si?

— Filho, não acredito.

— Oh Simon...

— Não quero papo com vocês. — a criança cruzou os braços emburrada.

O pessoal se aguentaram para não rir, principalmente Edgar e Casper. O jovem negro foi até ele, que estava de mãos dadas com Julius, este carregava a bolsa da escola da criança.

— Então não vai falar comigo e nem com o seu pai, mocinho? — perguntou Edgar.

Simon negou com a cabeça.

— Nem mesmo me dar um beijo? — novamente ele negou. — Isso me parte o coração. Tudo bem, vou superar.... vou nem dizer da surpresa que tem para você.... oh, ops. Falei demais.

Rapidamente Simon olhou para Edgar. — Que surpresa? Que surpresa?

— Já está falando comigo. Pensei que não queria papo. — disse brincando.

A criança sorriu envergonhada, o seu sorriso fazia com que os seus olhos ficassem quase fechados, dando mais um ar de fofura. — É que eu queria estar aqui... desculpa por ter ficado com raiva.

Edgar se derreteu. Ele abriu os braços, em seguida o menino o abraçou — Tudo bem, sabemos que queria muito ficar, mas você não pode perder aula, já que tínhamos muita ajuda para a mudança. E o senhorzinho não pode faltar a aula, tem que ir todos os dias e aprender tudo.

— Ok. Mas, o que é essa surpresa? — Simon se afastou um pouco e olhou pidão.

— Assim quando terminamos de almoçar e minha mãe e meu pai vão te mostrar, ok?

— Ok.

— Mas primeiro o sinhozinho vai lavar as mãos, não só você, mas todos.

Em segundos todos gemeram insatisfeitos, fazendo rir. Não demorou muito e logo se sentaram, os recipientes dos sacos foram retirados, flutuando no ar o delicioso aroma de uma boa massa italiana.

E entre conversa e garfadas, Simon já estava no segundo prato de lasanha, ele baixou o garfo, em seguida interrompeu a conversa para falar com Casper.

— Papai, eu ia me esquecendo.

— O que filho?

— No recreio disse ao meu amigo Bobby que o Ed iria morar com a gente, ele perguntou se vocês dois eram namorados, eu disse que sim, ai ele perguntou se Ed iria ser o meu pai. Eu fiquei sem entender e ele disse que o primo dele tinha dois papais, um era o papai de sangue e o outro era o pai, que veio morar com ele quando tinha 5 anos. Eu não sabia, ai ele disse para perguntar. Então, o Ed vai ser o meu pai?

Edgar entreabriu a boca, surpreso e um pouco sem jeito, ele direcionou o seu olhar assustado para Casper. Os outros da mesa pararam de comer e observaram o desenrolar da cena.

— Hein, papai. O Ed vai ser o meu pai também? — insistiu.

Casper sorriu doce para o seu filho. — Então querido, não tivemos essa conversa ainda, coisa que éramos para ter feito, mas já que tocou no assunto. O Edgar e eu somos mais do que namorados, agora moramos juntos, nós três. Isso é um avanço em nosso relacionamento, coisa que acontece com várias pessoas. E é parecido com o primo de Bobby, mas não quer dizer que Edgar seja o seu pai, quer dizer...

— O que Casper quer dizer é que, eu não vou tomar o lugar do seu pai, que eu sou uma parte de vocês agora, mas não precisa me chamar de pai só por estarmos assim. Não queremos impor isso a você.

— Mas... mas eu quero que você seja meu pai. — Simon declarou um pouco triste. — Quero que você seja meu pai. Você não quer? É isso?

Edgar mais uma vez foi tomado de surpresa, os seus olhos arderam e um sorriso se abriu, as lágrimas teimosas desceram pelo seu rosto negro.

— Oh Simon, olha como você me deixa. É claro que eu quero ser seu pai, a não ser que o Casper não sinta desconfortável com isso, não quero que ele sinta deixado de lado.

— Bebê, você sempre diz coisas tolas, nunca irei sentir desconfortável com isso. O que estou sentindo é uma enorme alegria em meu peito, pois vejo que agora, debaixo desse teto, com essas nomenclaturas, que somos agora uma verdadeira família.

Casper pegou na mão de Edgar e em seguida de Simon. — Vocês são os dois homens da minha vida, amores do meu coração.

Ainda chorando, Edgar apertou a mão do amado, depois abaixou o olhar para Simon, agora oficialmente o seu filho. — Si, por favor, poderia vim aqui e dar um abraço em seu pai?

Simon não perdeu a chance e correu para os braços do seu novo pai, que o abraçou apertado e o encheu de beijos molhados. Casper logo se juntou a eles em um abraço caloroso e emocionante.

Os dois casais ficaram em silêncio não querendo estragar aquela linda cena, se sentiam crus por ter presenciado aquele momento, de tão emocionante e amoroso que foi.

Naomi sentia muito feliz pelo filho, junto com Julius, agradeceu a Deus por ter dado ao seu menino uma chance de encontrar um verdadeiro amor e com ele, uma família.

Giulia e Louise, não se cabiam de felicidade, as duas estavam gratas por ver o seu melhor amigo amando e sendo amado, agora tinha a sua própria família. Ver Simon aceitando Edgar tão facilmente era lindo de se ver, e isso só fez criar um sentimento de querer em seus corações. As duas se olharam cúmplices e assentiram com um sorriso emocionado.

Era aquilo que faltava para elas, aquele vazio que ambas sentiam cada vez mais, que não sabia o que era, agora estava estampados na cara. Uma esperança se abriu, um toque de nervosismo veio junto, mas juntas iriam alcançar o pedacinho que lhes faltavam.

[...]

Edgar se sentia esgotado, tinha acabado de sair da sua fisioterapia, os exercícios que o médico tinha o mandado fazer o drenou por completo. Tinha começado a ir ao fisioterapeuta a uma semana, pois conseguiu ser incluído no plano de saúde de Casper, que por sorte cobria as consultas. Claro que antes de acontecer isso ele fez caretas, brigou, mas acabou cedendo quando o seu Adônis o jogou contra a parede, não literalmente, infelizmente, o jogou dizendo que agora eram parceiros de vida, que dividiam tudo e ser incluído no plano de saúde era uma delas.

O seu Casper sabia muito bem usar as palavras, e não só as palavras....

— Amor, desculpa, demorei muito?

Casper o tirou dos seus pensamentos. Ele ergueu o rosto e sorriu ao vê-lo, principalmente quando o seu namorado usava terno, céus, era uma visão tão pecaminosa, o enlouquecia.

— Não, faz nem cinco minutos que o Dr. Marcus parou de me torturar.

O editor riu e negou com a cabeça. — Você não tem jeito.

— Estou drenado, só queria minha cama, mas a Louise e a Giulia pediu para passar lá depois da minha consulta.

— É mesmo, quase ia esquecendo. — ele empurrou a cadeira até o estacionamento. — Para que mesmo elas te chamaram?

— Não faço ideia, mas desde o primeiro dia na nossa casa que elas andam estranhas e já fazem três meses. As duas estão viajando, deixando o restaurante nas mãos do sub chefe... está estranho.

— Sinistro. Bem, já que vocês vão ficar de papo, vou aproveitar e pegarei o Simon na escola, e na volta peço o nosso almoço e levaremos para casa, ou se quiser comemos lá mesmo.

— Perfeito. Espero que a nossa conversa não demore muito.

— Não se preocupe, fique o tempo que quiser com elas, bem, Simon não vai parar de me perturbar perguntando de você. Aquele garoto cada vez mais te ama.

— Eu sei, e é recíproco. A gente está mais grudadinho. As minhas tardes com ele são maravilhosas. O ajudo no dever de casa, fazemos biscoitos de vez em quando, e brincamos, mas às vezes ele me deixa sozinho quando sabe que estou cansado. O nosso filho é um amor. — ele amava falar aquela palavra, aquecia o seu coração.

— Claro, ele tem dois homens que o criam bem, além de tias, tios e avós para olhar por ele.

— Ainda me recordo da carinha de Simon ao ver o presente dos seus novos avós, ele pulou tanto e gritou de felicidades.

— Foi um belo primeiro dia na nossa casa. E ah, e para fechar com chave de ouro, o presente dos meus sogros foi perfeito. Fiquei muito tocado pela porcelana.

— Imagine eu. Aquela porcelana veio da minha bisavó, da parte do meu pai, ai ela repassou para minha avó, e vovó as deu para a minha mãe, e agora elas estão comigo, e com certeza irei repassar para o Simon futuramente.

— Foi um ato lindo da dona Naomi. Pois ainda nem somos casados, e ela as deu para a gente, quer dizer que ela vê que somos mesmos apaixonados.

— AINDA não somos casados? Isso quer dizer....

Casper riu, ele soltou a mão do volante e pegou a de Edgar. — Isso mesmo, ainda iremos nos casar, não sei quando, mas sinto em meu ser que vai ser logo... bem, só se você quiser.

Edgar olhou intensamente para ele. — Lógico que quero, sou louco por você.

O editor desviou o olhar sorridente para o namorado, mas logo direcionou para a estrada. — É recíproco.

Mais alguns minutos e logo chegaram no bairro das meninas, sendo um lugar predominantemente italiano, como já dizia o nome, Little Italy, era o local onde havia bastante estabelecimentos italianos.

Com ajuda do namorado, Edgar subiu as escadas do prédio, indo até a entrada da casa delas.

— Será que elas estão aqui? Éramos para ter verificado o restaurante. — comentou Casper após tocar a campainha pela terceira vez.

— Ah não, foi uma luta para subimos. — Ed gemeu, trazendo risos ao parceiro. — Para. — bateu de leve na bunda do outro. — Não ria do meu sofrimento, se não, te dou mais tapas nessa bunda.

— Tenho sensação que você adoraria continuar a bater. — Casper arqueou a sobrancelha direita e olhou malicioso.

O jovem negro apenas sorriu. — Apenas o meu sonho sórdido.

— Ala, pensando que estavam entediados sozinhos aqui em cima, mas não, estão se paquerando.

Os dois olharam para trás surpresos.

— Oh Louise, pensei que estaria aqui em cima.

— Pois é, mas acabei descendo, era para ter avisado, desculpe. Mas já estamos aqui, venham, entrem. Giulia vem logo, só está terminando um pedido de um cliente vip.

— Essa é a minha deixa, vou indo.

— Ah, que isso. Pode entrar, sei que chamamos só o Edgar, mas...

— Não se preocupe. Mas preciso mesmo ir, tenho que buscar Simon na escola, mas voltarei, iremos almoçar no restaurante, fiquem a vontade. Depois levo o Ed embora.

— Nada disso, quando voltarem, subam, iremos almoçar todos juntos e tenho certeza que já tenhamos terminado a conversa. Não nos leve a mal Casper, mas precisamos conversar um negócio com Edgar primeiro, antes do que todo mundo.

— Ok, agora estou realmente preocupado. Vocês roubaram o Casa da Moeda, imitando La Casa De Papel? As duas estavam viciadas demais. — declarou Edgar fixando o olhar na amiga, ele tinha o aspecto preocupado e curioso em seus olhos claros.

Louise sorriu. — Não, mas é algo mais especial do que isso.

— Casper saia, e chame a Giulia, se não, eu mesmo desço, estou morto de curiosidades. — eles riram. — Sério, estou igual o Simon descobrindo o mundo.

— Amor, calma. Mas sim, eu passo lá embaixo e digo que Ed está tendo um ataque de curiosidades. Até mais Lou, bebê. Se divirtam.

O editor se inclinou, dando um beijo casto no namorado, eles se olharam apaixonados, em seguida Casper se afastou, dando um último aceno, desceu as escadas, assim a mexicana abriu a porta.

Edgar se colocou ao lado do sofá, e para se sentir mais confortável, saiu da cadeira de rodas, e se sentou no móvel confortável.

— Vejo que está mais forte, antes não conseguia sair direito da cadeira. Quer alguma coisa? Água? Suco?

— Eu fui treinando em casa, tentando ficar mais forte possível e a terapia tem me ajudado e muito, olhe que só faz uma semana que comecei. Sinto as minhas pernas mais fortes. E não, estou bem, obrigado.

— Falando nisso, o seu médico disse o que da sua recuperação? Nem te perguntei no seu primeiro dia de terapia.

— Então, o Dr. Marcus avaliou a minha situação semana passada, fiz uma bateria de exame e viu que irei precisar fazer uma cirurgia, não entendi direito, mas ele disse que essa cirurgia vai me ajudar a ter os movimentos da minha perna direita, irei voltar a sentir, pois viu que ainda tenho algumas sensações às vezes ao redor dela. Porém não ficarei 100% bem, terei sequelas, exatamente ficarei manco, mas com o tratamento após tudo isso, posso controlar um pouco.

— Isso é maravilhoso. — comentou Louise. — Não sabia que era possível. E pela sua cara, está bastante feliz com isso, né? Para quem estava negando tratamento.

— Eu sei, mas sabe do porquê. Não queria causar problemas aos meus pais também não tínhamos dinheiro para tudo isso. As consultas, a própria cirurgia é algo bastante caro, mas graças ao plano de saúde de Casper, vai cobrir quase tudo.

— É muito bom ouvir isso, e eu agradeço muito por você ter encontrado um homem decente. Falando nele... como está sendo a sua vida de casado, hein? Senhor-que-nunca-iria-se-apaixonar-por-alguém-que-tem-filho?

Edgar riu. — Eu nunca mais prometerei alguma coisa, pois a vida sempre vai me morder na bunda... Ou faça, pois essa quebra de promessa está me fazendo o homem mais feliz do mundo. Sabe, sempre desejei ter uma vida igual a sua, dos meus pais. Alguém para amar, cuidar, ter filhos, construir uma vida juntos. Pensei que seria com o Erik, ainda bem que estava bastante errado. O Casper e Simon é um presente de Deus. — ele olhou apaixonado, lembrando dos momentos em família

— Ouvir isso me deixa bastante feliz, muito mesmo. Você merece tudo isso, querido. — ela se inclinou e pegou em sua mão. — Muito.

— Obrigado. — riu tentando despistar as suas lágrimas. — Mas como você me perguntou sobre como está a minha vida de casado, digo que nem tudo são flores. Morar com outra pessoa é algo diferente, pois temos manias divergentes, modos de viver diferentes. A nossa relação não é um mar de rosas, pois brigamos.

— Que, você e o Casper brigando? Como eu perdi isso?

— Bem. Eram brigas bobas, mas deixava a gente sem se falar o dia todo. Por exemplo, às vezes deixo a toalha em cima da cama, às vezes ele chega tarde do trabalho, quando ele tá de folga e quer a atenção, eu acabo ficando no computador escrevendo e etc. Mas sabe, mesmo passamos o dia brigados, sem se falar, ou coisa parecido, a gente nunca foi dormir assim, pois com tudo o que aconteceu, não permitimos que isso leve para a nossa cama. E sempre passa, são brigas bobas, tentamos que não ocorra, porém às vezes acontece, mas nunca demorou mais do que um dia.

— Acho bem legal esse negócio de não levar a briga para cama, dormir sem se falar, pois acaba prejudicando a relação. E eu sei de primeira mão que sempre vai acontecer alguma discussão, mas o importante é saber contornar e fazer as pazes logo em seguida. Mas e o Simon, como está sendo ser pai? Hein?

— Mágico, simplesmente mágico. — ele respondeu com um sorriso no rosto. — Nunca pensei que ser pai era tão bom, sabe, eu anseio ter Simon todo tempo do mundo, anseio que ele compartilhe tudo comigo, que me chame para contar as coisas, os seus sonhos, os seus medos, seus problemas. É um sentimento mais especial e isso já tinha antes mesmo dele me chamar de pai, e quando percebi isso, não como o filho do meu namorado, mas como o meu próprio filho.

— Imagino, e bem, é sobre isso que queremos falar. — Louise se levantou, mordeu o lábio um pouco nervosa. — A Giulia está demorando muito. Vou ligar para ela.

Edgar ficou curioso, mas permaneceu em silêncio, observou atentamente a sua amiga e esperou pacientemente a italiana chegar. Cinco minutos depois Giulia chegou, as duas se deram as mãos e sentaram em frente a ele.

— Ok. Estou com medo. Meninas, o que está acontecendo?

As duas se entreolharam, ambas nervosas e um pouco agitadas, fazendo com que Edgar ficasse mais preocupado.

Louise tomou a frente, começando a falar sobre o que estava passando nas vidas delas.

— Ed, a gente veio falar primeiro a você, pois você é uma pessoa bem especial para nós, nos conhecemos há só quatro anos, mas parece que é uma eternidade, o vemos como o nosso irmão caçula, o nosso melhor amigo e é por isso que escolhemos contar a você primeiro. Você sabe muito bem como é a minha história com a Giu, que somos casadas há mais de 15 anos, oficialmente apenas 6, mas é uma vida juntas. Eu amo essa mulher com todo o meu ser, compartilho tudo com essa louca italiana.

— Ti amo anch'io, il mio caldo messicano.

Louise escorou a sua cabeça no ombro da outra por alguns segundos, em seus lábios abordava um doce sorriso. — E todos esses anos nunca percebemos, como agora, que faltava algo mais, que tinha um pedaço faltando, um vazio.

— Foi triste isso. — continuou Giulia. — Pois foi quase sete meses que isso estava acontecendo, as vezes ficávamos irritadas uma com a outra, sem motivo aparente, até que acabamos confessando que faltava algo, não sabíamos o que era.

— Ok. — Edgar arqueou a sobrancelha. — Não vai me dizer que irão trazer outra pessoa para o seu relacionamento, vão transformar em poliamor? — o jovem negro estava surpreso, o seu olhar denunciava isso.

— Bem. — a mexicana molhou os lábios carnudos. — Quase isso. A três meses atrás, confusas sobre o que estava faltando para nós, se era outra pessoa, se a nossa relação estava danificada e precisávamos nos separar, mas a dois meses sabemos o motivo disso tudo.

— Foi na sua casa que percebemos, quando Simon te aceitou e te chamou de pai, e na mesma hora, Louise e eu soubemos, era isso o que estava faltava, esse sentimento em nosso peito, esse vazio que só poderia ser preenchido por um filho. A gente nunca conversou sobre isso, pois não tínhamos interesses em ter um, mas esse desejo de ser mãe veio inesperado.

— Ver você e Simon, todos esses meses, a sua relação com ele, despertou na gente e aquele dia, foi o ápice. — Louise suspirou. — Após essa descoberta, nos sentamos e conversamos, e cara, foi a conversa mais longa que tivemos e chegou numa conclusão.

— Chegou o nosso momento, estávamos e estamos prontas para adicionar uma pessoinha em nossas vidas. Esses dois meses foi correndo atrás, de que maneira poderíamos fazer acontecer. Fomos atrás de informações, e nisso acabamos encontrando uma clínica aqui em San Francisco de inseminação artificial. A ideia no começo era adotar, mas quando visitamos esse lugar...

— Eu percebi algo. — Giulia a interrompeu. — Eu precisava, queria, poder carregar o nosso fruto de amor aqui, dentro de mim. Eu queria ter todo esse processo de gravidez. — apontou em seu peito e em seguida, a sua barriga.

— Meninas... — Edgar estava sem palavras.

— E eu percebi também que queria isso tudo, queria acompanhar o desenvolver do nosso bebê. E aí, começamos. Nós consultamos, tivemos 5 abortos, no caso a Giu, o nosso médico responsável disse que era normal, pois inseminação artificial era algo ainda bastante trabalhoso, mas continuamos a enfrentar isso, até a nossa sexta tentativa, estávamos um pouco sem esperança, pois a qualquer minutos ela poderia sofrer um aborto, por isso não dissemos nada a ninguém, mas....

— Mas isso não aconteceu. — Giulia soluçou. — Estou com 5 semanas de gravidez, sem risco de aborto e de acordo com o médico, o feto está se desenvolvendo bem. Vamos ser mamães. — ela foi abraçada pela a esposa, as duas choravam emocionadas.

Edgar estava já chorando também, sentia em seu peito uma tremenda felicidade. Ele nunca imaginou que suas amigas queria poder ter filhos, mas vendo o quanto estavam extasiadas e alegres, o deixou muito feliz.

— Oh, meninas. Eu agradeço por ter me escolhido para ser o primeiro a saber. Meu Deus, estou muito feliz, oh meu Deus. Estou louco para ver uma mini de vocês duas. Essa criança vai ser bastante abençoada e feliz.

— Com certeza, pois ela não terá só nós duas pessoas para cuidar, o seu padrinho e olhar paternal estará sempre por perto, Edgar, o escolhemos ser o padrinho do nosso bebê.

— Você e Casper estão intimados a serem os padrinhos. — declarou Giulia.

— Por favor, vem para cá agora, se não, eu vou me arrastando até vocês.

Elas riram, se levantaram, em seguida se sentaram cada lado, o deixando no meio, na mesma hora ele as puxou para um abraço caloroso e bastante emocionante.

— Estou muito tocado. — Edgar olhou para as duas. — Me sinto honrado por tudo, e prometo que serei o melhor padrinho que essa criança merece. Sinto em meus ossos que ela será muito amada e tenho plena certeza que Casper vai aceitar.

— Sabemos disso. Ed, estou tão feliz, sabe. Nunca pensei que um dia queria ser mãe, mas hoje, me sinto tão realizada.

— Nós duas amor. Carregá-lo está sendo a melhor tarefa do mundo, e já estou louco para ter em meus braços.

— Vocês ainda vão me matar de amores. Esse momento estará gravado em minha mente e estou ansioso para acompanhar tudo isso. E você. — colocou a sua mão suavemente em cima da barriga, ainda plana, de Giulia. — Será muito amado, estamos aqui, já ansiosos pela sua chegada. E prometo que serei o melhor padrinho do mundo, aquele que vai te estragar, te dar doces escondidos, os melhores presentes e deixar fugir para minha casa quando suas mães o colocar de castigo.

— Edgar. — exclamaram juntas em risos. — Assim vai deixar o nosso bebê mimado. Pelo amor. — Louise continuou.

— É isso que o padrinho serve, além de protegê-lo e amá-lo muito.

— Tenho uma forte intuição que o Edgar vai ser o padrinho-porra-louco e o Casper o padrinho ajuizado. — comentou Giulia.

— Então... você está completamente certa. — ele confirmou. — Oh meninas, parabéns. Vocês merecem tudo isso, essa alegria. Vai ser uma longa e maravilhosa caminhada nessa gravidez.

Giulia deitou a sua cabeça no ombro de Edgar, e Louise a imitou, os seus braços se entrelaçaram, ficando nessa posição, confortável e serena. Os seus rostos tinha os maiores sorrisos do mundo.

Ficaram assim por um bom tempo, compartilhando em silêncio aquele sentimento que expandia em seus corações, uma sensação quente em seus corações, um anseio pelo que ia vir, principalmente, o quanto já amava aquele pequeno ser que crescia no ventre de Giulia.

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Eai, o que acharam de Giulia gravida? As minhas meninas finalmente irão ser mães e é claro que Edgar tinha que ser o padrinho, hahaha. Só um aviso, Chance Para Amar esta na reta final, irei fechar algumas coisas para dar um lindo final para eles, já estou morrendo de saudades.

Obrigada por lerem e por comentarem, até logo.


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