Capítulo 22
O caminho da casa de Paul até a casa dos pais de Edgar foi em completo silêncio, o que Casper percebeu que tinha acontecido alguma coisa, pois o seu namorado antes animado e falador, agora estava totalmente contrário o que estava antes, em silêncio e com o olhar distante.
Ao adentrar na casa, Casper pegou duas vasilhas de plástico das mãos de Edgar e se dirigiu a cozinha para guardá-las na geladeira.
— O seu irmão é um santo. Nunca em minha vida provei um pavê tão delicioso. — comentou em voz alta, já no outro cômodo da casa.
Edgar só fez murmurar em resposta, mas pelo tom baixo o outro não ouviu. Ele estava em sua cadeira ao lado dos sofás, sua expressão pensativa e o olhar distante continuou.
O editor ao voltar para a sala, o observou por alguns minutos, mas logo se aproximou. Ao ficar em frente ao namorado, se ajoelhou e inclinou o rosto para beijá-lo, porém para a sua surpresa, Edgar virou o rosto.
— Bebê, aconteceu alguma coisa? O que houve? — indagou com o olhar confuso.
Doía em Edgar vê-lo tão perdido, mas doía em si em pensar que aquele cara que te apoiou, te protegeu, o fez rir, o amou, poderia estar o traindo. Mas como seu irmão mesmo disse, estava na hora de conversar antes de tirar conclusões precipitadas.
— Casper, precisamos conversar.
— Ok, agora ficou sério. O que você quer falar?
— Melhor se sentar. — Edgar recomendou. Casper assentiu e foi para o sofá maior, e ele o seguiu com a cadeira, fez com que ficasse de frente para o editor. — Olha, nem sei por onde começar, mas...
— Comece pelo que achar melhor.
Ele assentiu, respirou fundo e tentou achar palavras melhores para iniciar. — Ontem, após você sair para comprar os cachorros quentes, o seu celular tocou.
— Sim, você me disse. — Casper arqueou a sobrancelha.
— Uhum, mas não disse tudo. Fiquei curioso para saber o que Selena queria, li a mensagem, mas omite que tinha lido.
— Ok. E? — a feição séria tomou o rosto do editor.
— Fiquei confuso pelo que ela disse, em dúvida do que poderia ser. Mas...
— Mas?
— A noite...
Casper suspirou. — Você escutou a minha conversa pelo celular?
O olhar incriminatório dele ardia em sua pele, o seu estômago se contorceu. Se sentia culpado pelo que fizera, mas achava que tinha feito certo, tinha que saber o que estava acontecendo.
— Sim. Escutei tudo. — confessou.
— Certo, mas sei que tem mais. Diga-me Edgar, o que você está pensando a respeito disso? Foi por isso que conversou com Paul?
— Casper...
— Fale, por favor. — ele continuou a olhar seriamente para o jovem negro.
— Eu... fiquei em pânico pelo que li na mensagem. Ia deixar quieto, mas a chamada de telefone, pelo que escutei e principalmente, pelo que você omitiu, dizendo que era a sua irmã, mas sendo a Selena... Estou confuso, minha mente está cheia.
— Sinceramente? Estou bastante magoado pela sua atitude, o que você fez. Pensei que confiava em mim, mas pelo visto não.
— Cass...
— Não Edgar. Você agiu por detrás, fez uma coisa que nunca imaginei que faria. — o editor suspirou.
— Entenda. Você sabe do porque fiz isso, depois do Erik...
— Calma, você está pensando que...?
— É a única coisa lógica a se pensar. — exclamou Edgar. — Você mentiu dizendo que era a sua irmã, e tinha o papo que não podia me dizer, que ainda não era a hora certa... a casa perfeita.... É onde vocês se encontram, é isso? Por favor, Casper. Me diga a verdade, pois já estive nesse papel antes, fui um tolo por três anos, não quero repetir novamente, principalmente quando é você.
Casper não aguentou, ele se levantou e começou a rir, o que causou mais confusões no namorado.
— Você está rindo da minha cara, Casper? — exclamou Edgar.
Ele negou com a cabeça. — Não, nunca iria fazer. E nunca iria te trair, nunca! Acho que você ainda não entende o quanto eu te amo. E também, nunca pensei que você iria dar de sorrateiro e pelo visto, entendeu tudo errado.
— Errado? Como posso entender errado com tudo o que li e escutei? Você mentiu para mim! Está se encontrando às escondidas com a Selena, que por acaso, posso nem competir. Ela é a mãe do seu filho, saudável, não é invalida e não tem cicatrizes horríveis nas pernas. Como posso competir?
E foi aí que Casper entendeu tudo, a insegurança, o medo, as cicatrizes da traição passada e a raiva por estar paralítico. Agora entendia do porquê Edgar tenha agido e pensado aquilo, e isso doía, doía em si de tantas maneiras. E era por isso que tinha tomado algumas iniciativas, coisa que era para ser um segredo, mas tinha que acabar de vez e contar toda a verdade.
— Competir com ela? Ok, você não pode competir com ela. — Edgar baixou a cabeça e assentiu. — Sabe por quê? Porque você não pensa em si mesmo, daria o mundo para o Simon. O ama incondicionalmente. E nunca em minha vida senti alguém que cuidasse de mim e do meu filho como você faz, que me alegra, me protege, que me diverte. Que em cada momento juntos me faz pensar que somos uma família. E isso nunca pensei ou fiz quando estava com Selena ou com qualquer outra pessoa.
— Você nunca será ela e nem ela será você, eu agradeço, pois eu só quero o meu Edgar. O Edgar que conheci no mercado, o Edgar que era babá do meu filho, o Edgar que virou meu amigo, o Edgar que me faz sorrir, que tem os melhores beijos e carinho, o Edgar após o acidente, o Edgar paralítico. Eu só quero você, ninguém mais. Só você.
— Oh Casper. — lágrimas encheram os olhos cinzas do jovem negro.
— Eu disse a Selena que guardar segredo de você seria duro, mas nunca pensei que daria uma de Scooby-Doo. — riu. — Selena está sendo uma ótima amiga e está me ajudando numa coisa. Já faz um mês, desde que você se acidentou que estamos em complô. A casa perfeita que pensa que é onde nos encontramos, é a casa que procuro a um mês. A casa que faria a metade dos nossos problemas sumir.
— Como assim?
— Eu sabia que você indo morar com os seus pais seria duro para nós. A distância e principalmente você voltar a ser dependente deles, por isso que estou a procura, temporariamente, de uma casa que você possa andar livremente com a cadeira de rodas, que não tenha nenhum obstáculo e se sinta independente novamente.
— E claro, seria a nossa primeira casa morando junto, pois é o que eu quero com você, quero que seja mais além do meu namorado. Quero que seja meu parceiro de vida, aquele que divide as coisas comigo, que esteja presente todos os dias. Quero que você seja o último que veja a noite e o primeiro ao acordar. Quero que você more comigo.
Edgar estava sem reação pelo que acabara de ouvir, tudo o que tinha pensado, o que achava que era, estava completamente errado, queria rir da sua estupidez e se bater por ter duvidado dele, mas nem isso conseguia fazer, só continuou a olhar incrédulo para Casper.
— É isso. — Casper relaxou os ombros e riu sem graça. — Sei que possa parecer algo apressado, em querer que moremos juntos, mas o quis desde que o vi. — esperou uma resposta do namorado, mas viu que nenhum som saia de Edgar, este continuava a olhar para si, o que deixou preocupado imediatamente. O seu sorriso se desfez no mesmo segundo. — Eu sabia, disse para Selena que estava sendo rápido demais... Que...
— Casper. — o jovem negro murmurou. — Eu...— suspirou. — É o que mais quero em minha vida.
— O quê? — indagou com a voz trêmula.
Edgar acabou soltando uma pequena risada. — O que acabou de me propor, quero morar com você, quero estar contigo e Simon o tempo todo. Quero fazer tudo isso o que acabou de dizer, quero ser seu por inteiro, todos os dias, todos os meses, todos os anos. Só, desculpe por ter sido um bobo e ter pensando besteira, mas...
Lágrimas desciam dos seus rostos, ambos estavam emocionados, mas compartilhavam um enorme sorriso.
O editor riu, aproximou-se ficando de joelhos, e ao ficar de frente para o namorado, levou suas mãos para o rosto dele e limpou o seu rosto.
— Oh meu amor, está perdoado, pois sei o que te fez agir assim, mas prometo que nunca irei te enganar, nunca.
— Estou me sentindo um adolescente novamente, chorando... só você para me fazer chorar de alegria. — Edgar disse rindo em meios as lágrimas.
Casper sorriu, em seguida correspondeu a sua alegria com um beijo apaixonante, os deixando sem fôlego, beijo este que fez com que aumentasse o clima, os dois acabaram ficando alegres demais.
— Temos a casa só para nós... — murmurou Edgar, ele fechou os olhos e arfou ao sentir a língua de Casper traçando a pele exposta da sua garganta.
O editor acabou soltando uma pequena risada ao de lembrar da conversa na casa de Paul. — Vamos seguir o conselho de Mary e ir para o quarto de Paul? — indagou com um sorriso no rosto.
Edgar acabou rindo também. — Para a nossa sorte e infelicidade de Paul, o quarto dele é meu também.
— Então? — ele olhou intensamente.
— Então o que? Vamos! Sabe quanto tempo que não nos tocamos assim? Estava com saudades. — disse suplicante.
— Você não foi o único. Recorda da nossa chamada de vídeo? Aquele momento ficou gravado em minha mente e me acalentava todas as noites.
— Ah, nem me fale daquele dia. Morri de vergonha.
O editor riu. — Vamos. — ele beijou novamente, e sentiu Edgar se derreter. Aproveitando aquilo, o segurou e ainda com os lábios juntos, o colocou em seus braços e se levantou, na mesma hora Ed se afastou abruptamente assustado.
— Nunca irei me acostumar com isso. — falou envergonhado.
— Pois deve, amo carregá-lo e irei fazer sempre. — ao terminar de falar, ele pôs sua mão na nuca do jovem negro e o puxou para mais um beijo.
E assim subiu as escadas e se direcionou para o quarto de Edgar. Ao adentrar no cômodo, procurou pelo interruptor e caminhou até a cama e se deitou por cima dele.
Entre beijos, Casper se encarregou de tirar as vestimentas do namorado, mas ao tentar tirar a calça, Edgar paralisou e logo em seguida o empurrou.
— Er...— Edgar abaixou o olhar. — Poderia desligar a luz? — pediu timidamente.
— Desligar? Por que? — indagou confuso.
— Ah... só desliga, por favor.
— Bebê, você nunca ligou para isso, por que agora?
— Prefiro assim. É melhor assim.
Casper ficou sem entender, o observou atentamente. A cabeça baixa evitando o seu olhar, umas das mãos de Edgar se agarrava no lençol da cama e a outra a colocou em cima da calça, tentando puxá-la de volta, e foi aí que percebeu o que era.
— Edgar Smith Jackson, não vai me dizer que está com vergonha do teu corpo.
Rapidamente ele olhou surpreso para o editor. — Como você...?
— Oh bebê, está descrito na sua expressão corporal e digo que não deve se sentir assim.
— Não? O meu corpo não está como era antes, minhas pernas estão cheias de cicatrizes, horríveis... não quero que sinta nojo ou...
— Pare, Edgar! Está falando bobagens, o seu corpo está perfeito. Eu sei que tem cicatrizes, as vi e só enxergo que elas provaram o quanto você é forte, e o quanto que você é lindo e irei provar isso.
Chocado, o jovem negro deixou o namorado agir. Ele observou o outro tirar a sua calça, revelando suas pernas delgadas, e ao redor das duas pernas haviam vergões vermelhos, que iam dos pés as coxas, e a perna direita, que não havia mais movimento, era a que estava completamente coberta por cicatrizes.
Por reflexo, Edgar tentou cobri-la, mas foi impedido pelo namorado.
— Não. — Casper ditou firme. Em seu rosto havia um sorriso singelo. — Tão belo. — traçou com a sua mão a cicatriz da perna esquerda, em seguida a direita. — Parecem raízes de uma árvore, conta uma história de luta.
— Queria poder sentir... — disse se referindo ao toque.
Casper acenou com a cabeça, em seguida se abaixou, traçou com sua boca as cicatrizes, as acariciou e disse palavras amorosas e de admiração, o que deixou o outro sem fôlego e completamente emocionado, excitado e feliz.
O editor fez questão de beijar cada curvatura dos vergões, dizendo o quanto o amava. Após deixar bem claro o que sentia a respeito delas, ele se voltou e procurou os lábios do amado para um profundo beijo, e com calma tirou a sua roupa e a única peça que faltava de Edgar.
E com lentidão, os dois se uniram, com calma e paixão, os seus corpos se entrelaçam, fazendo amor, sufocando as saudades e liberando o prazer. Casper sempre atento a cada toque, a cada lugar que sabia que o deixava louco, e Edgar fizera o mesmo.
Após semanas de abstinência um do outro, naquele momento eles aproveitaram, e o sentimento parecia mil vezes maior. Não sabia se foi por causa da distância que tiveram, da conversa que ocorreu, só sabiam o quanto que aquele momento fora único.
Edgar se sentiu amado, completo, bonito e muito feliz.
Casper nunca em sua vida tinha sentido aquele sentimento, só com Edgar que se sentia assim, completo, alegre e satisfeito.
O tempo passou, os dois não sabiam identificar se foram minutos ou horas, só estavam aproveitando, se deliciando, se amando. Mas os seus corpos tinham limites, depois de longas estocadas, beijos, mordidas e apertos em seus corpos, o clímax aconteceu, primeiramente Edgar gozou sujando o seu tórax junto com o de Casper, este sufocou um gemido ao sentir o seu pênis sendo apertado pelo ânus do namorado, trazendo ao seu próprio orgasmo.
Os dois se olharam apaixonados, o editor acariciou o rosto do namorado, o beijou amorosamente. Eles ficaram assim por um bom tempo, só se beijando, aproveitando, até os seus corpos terem mais energia para outra sessão e novamente, excitados e desejosos, fizeram amor mais uma vez.
E foi assim o resto da noite, um no braço do outro, se amando.
[...]
No outro dia, após passarem a noite fazendo amor, Casper e Edgar se arrumaram e saíram para a casa de Fred. No meio do caminho, pararam na casa de Paul para pegar Simon, e enquanto Casper o arrumava, o irmão dele o chamou para conversar sobre o que ocorreu.
— Me diz, vocês conversaram? O que rolou, hein? — indagou ansioso.
Edgar acabou rindo do jeito do seu irmão, o que o fez arquear a sobrancelha e abrir um sorriso malicioso.
— Esse olhar brilhante e rindo ainda mais, não me diga que passaram a noite transando.
— Ei. — as suas bochechas esquentaram. — Isso não é da sua conta.
— Claro que é da minha conta, o meu irmãozinho caçula transando é algo inédito e ainda mais na casa da dona Noemia... o que será que ela diria se soubesse?
— Engraçadinho... Me pergunto o que ela diria se soubesse que quando você era adolescente e eu uma simples criança, me expulsava do nosso quarto para transar com as meninas da escola.
Paul arregalou os olhos surpreso pela fala do irmão. — Nem pense, e também você deixava, se vendia fácil por doces.
— Eu era uma criança!
— Que sabia chantagear muito bem, quantas vezes te dei brinquedos, chocolates e emprestava os meus jogos?
— Eu era uma criança inteligente. — Edgar sorriu.
— Aham, com certeza. — revirou os olhos. — Mas desembucha, o que aconteceu? Conversaram?
Eles suspirou e assentiu. — Uhum! Tivemos uma longa conversa e ele esclareceu tudo... o que eu pensava que era, não era.
— Não disse?! Sabia que Casper tinha caráter e não ia fazer isso com você.
— Sim. — riu. — Mas não acabou. — ele continuou. — Cas me disse tudo e do que estava tramando, então... daqui a duas semanas estarei indo para San Francisco para ver a casa que Selena achou, para podermos morarmos juntos. Eu, Casper e o Simon, não é um sonho?
Paul abriu um enorme sorriso, sorriso este que perdia do irmão, pois além do sorriso, os seus olhos sorriam juntos, expondo o quanto estava feliz e isso aquecia o seu coração, pois era uma mostra o quanto do seu amado irmão estava em paz e tinha achado alguém para dividir a vida.
— Estou muito feliz por vocês dois. Está vendo? Conversar é a primeira regra de um relacionamento, abuse desta regra e seja muito feliz, irmão, pois vocês merecem. E o Simon, já está sabendo que irão morar junto?
Um grito animado fora ouvido após Paul se calar, os dois imediatamente olharam para a origem do grito e acabaram encontrando um Simon pulando e batendo palmas, gritando as seguintes palavras: — Finalmente, finalmente!
Casper que estava atrás do filho, apenas riu e colocou as mãos no bolso. — Você fez as honras, irmão de lei! Obrigado por ter contado, era surpresa.
— Olha, foi uma coisa boa, pois assim não precisa mais ficar com medo do que o pequenino iria achar. — Paul ergueu o polegar, o que arrancou risadas do seu irmão. — E aproveitando essa animação, vamos para a casa do Fred, seremos o primeiro a chegar e os últimos a sair.
[...]
Duas semanas depois
De Reno/Nevada para São Francisco/Califórnia durava três horas e 30 minutos de carro, mas de avião era de uma hora e quinze minutos, como os seus pais não podiam o deixar e Casper não tinha como vir pegá-lo, o editor ajudou a pagar a sua passagem de avião.
Saiu de casa juntamente com seu irmão Paul, e no decorrer do caminho uma sensação de déjà vu o tomou. Quase um ano atrás estava fazendo a mesma viagem, só que a única diferença era que estava com o coração quebrado, infeliz, mas agora se sentia completo e mais feliz do que nunca.
Uma linda aeromoça de cabelos cacheados e olhos marcantes o ajudou a viagem toda, o que fez ficar desconfortável, porém sabia que por causa da sua deficiência era preciso. Depois que o avião aterrissou, Denise, a aeromoça, pegou sua bagagem, que era apenas uma bolsa de mão e o acompanhou até encontrar a pessoa que iria o pegar.
De longe reconheceu o seu namorado, corpo musculoso, sorriso colgate e lindos olhos.
— É aquele ali, de camisa social azul e no momento acabou de acenar. — o que fez sorrir.
A aeromoça assoviou baixinho. — Caraca, que baita homem. Tu não me disse que teu namorado era o próprio deus grego.
Edgar riu concordando. — O chamo de Adônis, o meu Adônis.
— Onde você o achou? Preciso do endereço, ou fórmula.. ou qualquer coisa.
O jovem negro olhou para ela. Via nos olhos castanhos certa brincadeira, mas também enxergava um toque de desejo. O seu homem causava isso nas pessoas e se sentia sortudo por ser o único que o tinha. Meio que era possessivo os seus pensamentos, mas era o que sentia.
— O encontrei num local bem normal, num supermercado e nos apaixonamos quando acabei virando babá do filho dele.
— Opa, calma lá! — ela parou imediatamente a cadeira. — Isso me lembra dos meus livros... agora me arrependo por não ter te enchido o saco no avião, pois seria bem mais divertido em escutar uma história de amor. Sou viciada em livros românticos homo e agora que vejo que acabei perdendo uma real, sinto-me morrer.
— Quem sabe um dia te conto... ou acabe lendo-a? — não sabia do porque tinha dito aquilo, mas algo floresceu em seu interior ao escutar o comentário da aeromoça.
— Irei orar todos os dias por isso. Agora vamos, sinto que teu Adônis está ficando impaciente.
Após Denise o deixar com Casper, os dois se encaminharam para fora do aeroporto de San Francisco e seguiram para o carro do editor que estava estacionado ao lado de uma passagem para deficientes.
Logo mais estavam na estrada, Edgar se sentia extasiado, nervoso e com saudades da sua cidade. Mesmo que tenha nascido e criado em Reno, sentia que San Francisco era o seu lar, pois aquele lugar o fazia recordar de vários momentos maravilhosos e momentos de luta, o que se orgulhava de si.
A proposta de Casper o pegou de surpresa, pois não pensaria que isso iria acontecer logo, já que imaginava que iria demorar muito, mas se sentia feliz, porque era o que queria, queria morar com eles.
— Estamos perto de chegar. Selena achou duas casas que possui o que precisamos, a primeira fica no bairro Haight-Ashbury, onde ela e o corretor de imóveis está nos esperando e a segunda casa fica no bairro Fillmore Street.
— No Haight? — os seus olhos brilharam.
Casper percebeu, o acabou soltando uma pequena risada. — Sinto que no Haight terá mais preferência.
— Oh, não. A preferência vai ficar na casa que possamos pagar juntos, mesmo que saiba que será bem caro. Falando nisso... se essas duas casas não der no nosso orçamento, podemos procurar uma simples, uma que não tenha os acessórios de acessibilidade. Diria que era melhor eu ficar em Reno, mas não é o que quero e você também.
— Ainda bem que sabe o que quero e não precisa se preocupar, amor. Falamos nisso nessas duas semanas, iremos dividir tudo, mesmo que você esteja sem trabalhar, irei financiar o começo até quando você voltar a trabalhar e enquanto isso, iremos focar no seu melhoramento. Somos um casal, certo?
— Sim. — sorriu para ele. — Mas sabe que ainda irei ficar desconfortável com essa situação, até tudo se resolver. — Casper ia começar a falar, mas logo Edgar o impediu. — Mas é o que eu mais quero no mundo. E iremos lutar juntos, farei de tudo para melhorar.
Casper olhou para ele, mas logo teve que desviar o olhar, porém soltou a mão direita do volante e procurou a mão dele, ao entrelaçar as duas, apertou carinhosamente.
— Fico muito feliz em ouvir isso.
O sorriso de Edgar alargou, abaixou o olhar, nisso se movimentou e escorou a cabeça no ombro do namorado, o seu coração se aqueceu e sua barriga deu uma cambalhota.
Casper acariciou com o polegar a sua mão, e ele suspirou satisfeito.
Com o olhar preso na estrada, viu o momento que entraram no Haight-Ashbury, não demorou muito e logo avistou Selena conversando com um cara de terno, mas não foi isso que chamou a sua atenção, mas sim na fachada da casa que a mãe de Simon estava.
A casa era diferente de todas que haviam em San Francisco, não havia andares, ou escada na entrada, a sua pintura se igualava com as do bairro, pois o Haight-Ashbury era famoso por ser um bairro hippie, as casas costumavam serem coloridas e aquela tinha esse toque, mas não só isso.
Nesse bairro havia conjuntos de casas de andares que tinham réplicas de casas vitorianas, mas aquela era diferente, não tinha andares, sem escadas, parecia só um mini palácio colorido, uma mini casa vitoriana, o que encantou o seu coração.
Casper pareceu captar a sua admiração.
— Sinto que achamos o nosso lar. — disse o editor com a voz firme.
Mesmo querendo protestar, já que teria a possibilidade de ser caro, se calou, pois se apaixonou logo de cara pela moradia. Agora rezava para que desse tudo certo e logo os três estariam morando ali.
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