Capítulo 21
A viagem até o parque da cidade demorava só dez minutos de carro. Edgar se sentia um pouco receoso, pois desde que chegou a sua cidade natal, não tinha saído para nenhum lugar. Um frio em sua barriga o acompanhou a viagem toda.
— Nunca tinha vindo para Reno! — comentou Casper. Ele estava de olho na estrada, mas uma das suas mão estavam em cima da coxa de Edgar. De vez em quando, o editor acariciava a sua perna por cima da roupa e sem ele perceber, aquele ato fazia com que o jovem negro relaxasse.
— Você vai gostar, principalmente o Idlewild Park, é fabuloso.
— Quero sorvete! — exclamou Simon no banco de trás.
— Não se preocupe, pivete. Lá tem os foods events. Vários trailer com variedades comidas e também tem parquinho para você brincar.
— Eba! — Simon bateu palmas, arrancando sorrisos deles.
Mais alguns minutos e finalmente Casper estacionou o seu carro. Em instantes, o editor tirou a cadeira de rodas de dentro do carro e ajudou o namorado a se sentar, em seguida os três foram atrás de um lugar para que pudessem colocar a toalha de piquenique numa sombra e que ficasse perto dos brinquedos de crianças.
Por ser sexta-feira não havia muitas pessoas, mas Edgar sabia que as pessoas que estavam ali a maioria eram turistas. O parque onde estavam era muito famoso, tinha um largo espaço verde. Ele se lembrava do passado, quando seus irmãos e seus pais vinham no final de semana para curtir um piquenique.
Edgar sentiu a grama em suas mãos e suspirou. Estava sentado em cima do pano quadriculado, as suas costas repousava na arvore que escolheram ficar.
— Simon, vai querer comer agora? — indagou Casper.
— Eu posso brincar? — disse olhando admirado para vários brinquedos com crianças. O parquinho ficava em frente onde estavam.
— Pode sim, mas tome cuidado! — recomendou. Simon assentiu e começou a andar apressado na direção das outras crianças.
Edgar riu ao ver a animação do pequeno. — Estava com saudades de ter o Simon por perto.
— Não te contei, mas todos os dias ele perguntava de ti e ai de mim não fazer uma ligação para você. Ele sentiu muita falta suas.
— Queria que fosse diferente. — suspirou. — Casper, a pergunta da comida ainda está valendo? Estou com um enorme desejo de comer cachorro quente.
O editor riu. — Vou buscar. — ele beijou em sua testa e se levantou.
Ele observou o seu namorado caminhar até os trailer que ficavam na estrada, mas logo a sua atenção foi desviada ao escutar um toque. Confuso, procurou ao redor e viu que Casper tinha esquecido o celular, quando foi chamar o editor, viu que era uma mensagem de Selena.
Fazia tempo que não tinha ouvido alguma notícia da mãe de Simon. Edgar duelou se via a mensagem ou não, mas a sua curiosidade tomou de conta, o fazendo desbloquear a tela, sendo a senha a letra S de Simon.
E o que leu em seguida, o fez gelar.
"Selena ;) : Ei, querido! Espero que esteja se divertindo, diga ao meu menino que mandei um beijo.... E sobre aquele negócio, não precisa se preocupar, achei a casa perfeita, estou doida para te mostrar. Te vejo na semana... E não diga ao Edgar, sei que você deve estar se culpando por esconder isso dele, mas você sabe muito bem que não pode contar até chegar o momento certo. Beijos. :*"
— Momento certo? — murmurou ele indignado. — Que merda é essa? — Edgar respirou fundo, em seguida desviou o olhar e viu Casper vindo, rapidamente fez com que a mensagem ficasse como não fosse lida e colocou o celular na sua frente.
— Aqui está o seu cachorro quente. E este é o meu. — o editor entregou a especiaria e em seguida se sentou.
— Obrigado. — disse ele. — Er, chegou uma mensagem no teu celular. — apontou para o objeto em cima do pano.
— Ah! Deixa eu ver.
Edgar observou o namorado pegar no celular e viu que abriu um sorriso de lado ao ler a mensagem.
— O que tem ai para o fazer sorrir assim? — indagou com a sobrancelha arqueada.
— Apenas uma boa notícia. — Casper piscou. — Mas me fala. O que fez essa semana?
— Assistir filmes, li, comi... Só isso, nada mais. Uma chatura. — resmungou.
— Oh meu amor! — Casper se levantou, se colocando ao lado de Edgar, em seguida o puxou para que ele se escorasse em seu peito. — Queria tanto que estivéssemos perto um do outro essas semanas que se passaram. Ansiei tanto esse final de semana.
Edgar se aconchegou no peito largo do namorado. — Eu também. Queria que isso fosse um pesadelo e que a hora de acordar fosse logo.
— Escute as minhas palavras e grave. Logo tudo voltara a ser como era antes.
— Como é possível? Todo dia vejo que isso está cada vez impossível de acontecer. Não te disse, mas fui ao fisioterapeuta, infelizmente o tratamento é caro e o plano de saúde dos meus pais só cobra 45% dos custos. Mas mesmo se cobrisse todo, não quero que eles gastem comigo.
— Amor...
— Casper não adianta. Sei que estou sendo um fardo para os meus pais, isso me incomoda, por isso que não quero que eles gastem comigo. Na quarta-feira por exemplo, tentei ajuda-los, acabei os fazendo gastar mais comigo indo ao médico.
Mas antes de Casper pudesse falar, Simon apareceu com um enorme sorriso no rosto, fez com que mudasse o tópico da conversa. O resto da manhã permaneceram no parque, quando deu meio dia, os três seguiram para o restaurante mais próximo.
E novamente Edgar teve dificuldade com a sua cadeira de rodas, o que deixou mais chateado, a mensagem de Selena o deixou com uma pulga atrás da orelha e um calafrio na espinha. Estava com receio do que poderia ser, primeiro de tudo sabia que Casper nunca faria mal para si, ele demonstrou tanto ser um homem respeitador e de caráter, mas segundo, aquela mensagem e a sua história com o infeliz do Erik, o fazia ter um pé atrás.
Esperava e orava para que não fosse nada demais. Porém, o dia passou, chegou a noite, a hora do cinema ia acontecer e quando Edgar estava terminando as últimas comidas, além de que tinham pedido três caixas de pizza, o celular de Casper tocou.
O editor se virou, ele estava pegando as bebidas da geladeira, deixou os objetos de plástico contento sucos e refrigerante na bancada e pegou o celular.
— Tenho que atender, irei lá fora! — disse com o semblante sério.
O jovem negro franziu o cenho, mas assentiu. — Ok. Vai lá, vou levar isso para a sala.
— Obrigado. — Casper piscou, em seguida, ainda com o celular tocando, saiu pela porta da cozinha e foi para a varanda.
Edgar colocou os sacos de pipoca que tinha acabado de sair do micro-ondas na mesa, e se virou para a porta da cozinha. Curiosidade o tomou, que nem pensou duas vezes e se dirigiu cuidadosamente para a porta.
Com o máxima delicadeza, abriu uma fresta na porta e colou o seu ouvido nela.
— Hey, Sel! Como está? — Casper falou alegre. — Sim, sim. Está tudo perfeito, ele nem imagina o que estamos fazendo. Mas também, né, faz quase um mês que estamos juntos nisso. — houve um espaço de silêncio, mas logo o editor voltou a falar. — Eu sei, me sinto muito culpado por estar escondendo disso dele, mas não quero contar agora, ainda não é a hora. Vou ter que desligar Selena, mas agradeço por tudo, estou muito feliz em ter você aqui. Ainda me surpreende a maneira da nossa relação está a mesma desde que você foi embora.
Edgar rapidamente fechou a porta ao ver que o namorado vinha em sua direção, ele na mesma hora pegou a pipoca, as barras de chocolate e dirigiu a cadeira o máximo que pode para a sala.
— Ed! — exclamou Simon. A criança estava desenhando apoiado no centro da sala. — Está brincando de corrida? Eu quero!
— Oh, não querido. — negou com a cabeça. — Porque não arrumar essa bagunça e já entra no coberto? A pizza está perto de chegar e as pipocas estão prontas. — quando terminou de falar, Casper entrou na sala carregando um refrigerante e uma garrafa contendo suco.
— Vamos começar? — indagou o editor.
— Ainda não. Falta os Doritos e as batatas fritas.
— Fiquem que eu mesmo irei pegar.
Após colocar toda comida disponível em cima da mesa do centro, ajeitaram as cobertas e o primeiro filme se iniciou. Simon como sempre ficou entre eles.
— Quem era no telefone? — perguntou Edgar com a voz baixa.
— Minha irmã, era nada demais. E ai, gostou da escolha do filme?
— Perguntou para a pessoa errada... olha o Simon. — acenou com a cabeça.
A criança estava vidrado na tela, que nem piscava direito, isso tudo por causa do filme Mulan.
Casper prendeu o riso e assentiu. — Verdade.
Mas Simon não era o único alheio ao que se passava, pois o editor não viu a expressão distante e o olhar confuso do namorado. Edgar cada vez mais se sentia perdido, estava confuso, um sentimento ruim o perseguia a cada instante e pior, Casper sem perceber dava motivos alimentando o seu medo.
O resto da noite passou, o jovem negro tentou se divertir, coisa que nublou bem, o editor e nem a criança percebeu o seu mal-estar. Simon acabou que ficou em seu quarto com eles, coisa que não reclamaram, já que se sentiam cansados e para Edgar, ter o pivete ali era bom.
[...]
A casa do seu irmão ficava a pouco metros dos seus pais, cinco minutos de carros e logo estavam em frente à casa de dois andares. A pintura de tom pastel e as imensas arvores, dava um ar bonito e simples, como era a cara do seu irmão mais velho.
Quando tocaram a campainha, rápida foi atendida por Mary, a namorada de Paul.
— Edgar, Casper... Oh, Simon! Entrem. — ela os cumprimentou. — Espero que estejam se divertindo em Reno.
— Sim, ontem mesmo fomos no Idlewild Park. — respondeu o editor.
— Ed foi que escolheu? — os dois assentiram. — Uma ótima escolha. Aquele lugar, para mim e com certeza para os outros, é o coração de Reno.
— Super concordo. Lembro da minha infância, me divertia muito naquele lugar. — disse o escritor. — Cadê o meu irmão? E os meus dois sobrinhos favoritos? Ainda bem que os outros cinco não escutem isso de mim. — eles riram.
— Favoritos? Como assim favoritos? E eu? — indagou Simon indignado.
— Os outros sobrinhos não estão, mas o Simon...— comentou Casper com um sorriso de lado.
— Simon, querido... eu disse sobrinhos, coisa que você não tá nessa categoria. — a criança fez cara de choro. — Você está na categoria: Meu filho postiço feat melhor amigo. E cara, você está liderando no topo.
— Ahh! — exclamou ele alegre. — Você também está na minha categoria. Futuro marido do meu pai e meu pai postiço. — ele abraçou Edgar.
— Futuro marido? — o jovem negro riu. — Ok.
— Ouvir casamento ou foi engano? — Paul apareceu no corredor. — Boa noite, pessoal.
— Não ouviu errado, amor. O Simon quer casar seu irmão.
— Simon, você tem o meu total apoio, não vejo a hora de ver esse casal juntar as trouxas juntos.
— Ai meu Deus. — Edgar revirou os olhos. — Só você mesmo.
— Não só eu, tenho a absoluta certeza que o Casper quer, ou estou enganado?
Assim todos os outros direcionaram o olhar para o editor, que acabou rindo da situação.
— Vamos apenas dizer que estou esperando o momento certo. Um homem quer que seja tudo especial, é errado isso?
— Com certeza não. — Mary falou. — Aprenda com ele. — cutucou o namorado. — E vá chamar Berlinda e o Mathias, o Simon com certeza vai gostar ter amigos para brincar, não é?
— Eu trouxe minhas coleções de lápis para desenhar.
— Simon não sai de casa sem elas. — explicou Edgar.
— Com certeza que eles irão amar desenhar com você, mas antes, vamos jantar. Paul fez tudo especial para a nossa ceia.
— Eu tento. — disse ele sorrindo. — Vão indo para a sala de jantar, que irei buscar as minhas crias.
Logo mais, todos se sentaram envolta da mesa e começaram a degustar da maravilhosa comida que ali tinha. E entre risadas e conversas, eles aproveitaram aquele momento para compartilhar histórias, além de se conhecer melhor.
Após terminaram, e antes que as crianças corressem para o segundo andar para brincar, Paul entregou uma vasilha de plástico contendo sorvete para cada uma e não demorou muito, e os três subiram as escadas correndo.
— Acho que acabamos de presenciar um começo de amizade. — Paul falou com um sorriso no rosto. — Vão para sala, que logo os acompanho.
— Paul, depois arrumamos isso. — Mary comentou.
— Isto é um pretexto, quero ter um momento a sós com o meu irmão. Espero que não se importem, mas temos um assunto pendente. Enquanto arrumamos aqui, vocês dois vão degustar dessas duas taças de pavês na sala, seja conversando ou vendo algum seriado na TV. Logo mais estaremos de volta, nem irão sentir a nossa falta.
— Já que é assim. — a mulher sorriu e beijou o namorado nos lábios. — Vamos, Casper!
— Espero que essa conversa não seja sobre mim. — disse brincando. — Fiquem a vontade, irei entreter a Mary com assuntos malucos e me deliciar com essa sobremesa dos deuses.
— Vai logo. — Edgar riu. — E Mary, cuidado para não cochilar.
— Vai faze-la pensar que sou chato. — disse indignado. Eles só escutaram a risada dela na sala. — Vou indo. Tenham um papo de irmão para irmão.
Assim os dois ficaram sozinhos na enorme cozinha. Paul sorriu e começou arrumar a mesa, dando um espaço para o irmão, mas alguns minutos se passaram, o que fez ficar preocupado.
— Então Edgar... — ao se virar, viu a expressão desolada no rosto do jovem negro, o que partiu o seu coração. — Então o caso é mais sério do que pensei.
— Um pouco. Desculpa por te meter nesse assunto, você é a minha última alternativa. Minhas amigas estão em San Francisco, mamãe está na casa da vovó e o Fred e o Jack, não por favor. — negou com a cabeça.
— Bom saber que sou a última opção.
— Se serve de consolo, entre os outros, você é o único que tem juízo. — os dois riram. — Mas falando sério, me ajuda nisso. Estou quase enlouquecendo.
— Me conta o que está acontecendo.
— Ontem, quando estávamos no parque, o Casper recebeu uma mensagem de Selena, a ex dele. Eu abrir por causa da minha curiosidade e...
— Peraí, você xeretou as mensagens dos outros? Irmãozinho...
— Eu sei, mas ainda bem que fiz isso. A mensagem dizia que ela tinha achado uma casa perfeita, que não para contar nada para mim, só quando chegasse o momento certo. Momento certo? Que porra é essa?
— Tá, você fez o certo. E depois? O que ele disse quando você falou da mensagem?
— Eu apenas fingir que não li. — deu de ombros. — Mas eu perguntei do que se tratava e ele apenas disse que era uma boa notícia.
— Você era para ter jogado na cara e perguntando de vez.
— Ainda não acabou. — Edgar suspirou. — A noite, ele recebeu uma ligação e para atender, foi para o quintal. Não me aguentei e fui escutar, para saber o que era.
— Você está pior do que as nossas vizinhas, por Deus.
— Para de brincadeira. — Edgar revirou os olhos. — É sério... Escutei ele falar Sel e pior, fazia um mês que os dois estavam juntos. E que sente culpado por esconder de mim, ainda mais que se sentia feliz pela relação estar a mesma desde que ela foi embora... Que eu saiba os dois eram namorados... Paul, o meu Casper virou o Erik? Estou sem chão.
— Ei, se acalma! — Paul pegou em seu ombro e tocou a sua bochecha. — Oh meu irmãozinho, o Erik desgraçou a sua cabeça.
— E minhas pernas.
— Se aquele infeliz tivesse vivo, eu mesmo iria mata-lo. — Paul falou com raiva. — Eu entendo como está se sentindo com tudo isto que leu e ouviu, mas Casper desde que apareceu, não me parece um cara de mal caráter.
— O Erik para mim era um príncipe, mas era o pior cafajeste do mundo. As pessoas escondem o que são tão bem guardado, que até elas mesma se convencem. O pior de tudo? Fiz uma porra de uma promessa de nunca me apaixonar por caras que tenha filhos e na primeira oportunidade, acabo dando de cara no amor, quebrando a promessa e novamente, a cara e o coração. Às vezes me pergunto se Deus me fez só para sofrer... Por acaso fui algum ditador cruel em outra reencarnação?
— Irmãozinho, se eu pudesse, tomaria todas as suas dores para mim, mas infelizmente não tenho esse poder, porém estarei aqui para qualquer coisa, seja para te consolar, comer porcarias, falar mal dos seus ex e até mesmo esconder um corpo. — por último Paul acabou arrancando um riso do irmão. — Nunca te contei, mas você sempre foi o meu irmão predileto, desde que nasceu prometi que iria te proteger, mas acabei não comprido.
— Você sempre me protegeu, não se sinta culpado. Mas o que faço? O Casper... O meu Adônis está mesmo me traindo? Ele viu realmente que sou um inútil, com cicatrizes e a sua ex, mãe do seu filho, estava perto e disponível e quis aproveitar?
— Ed, mano! Para, você não é inútil. Você passou por tantas provações, que devo dar parabéns por sair ileso de todas.
— Mas...
— Olha, a primeira coisa que é para fazer e já deveria ter feito, é chamar Casper para sentar e conversar, falar sobre tudo isso. Jogar limpo, entendeu?
— Eu sei. — Edgar desviou o olhar. — Só não conseguir fazer isso por medo, medo de perder o único cara que amei na minha vida. Erik foi uma paixão avassaladora, mas o Casper... Foi uma paixão ardente, um amor que me deixou e deixa inebriado. Nunca em minha vida sorrir e rir tanto em um relacionamento, o quanto me divertir. Foram momentos especiais que tive com ele e o Simon. E agora saber que tudo isso pode estar em perigo de um fim, me dói, estou totalmente sem saída e sem chão.
— Edgar, eu sei e vejo isso cada vez que você olha para os dois, mas isso não é o fim da sua vida. Você lembra quando me separei de Belle? — o jovem negro assentiu. — O quanto sofri? Fiquei meses destruído, pois eu tinha uma rotina com ela, sabia o que fazer e o que ia ser feito, mas depois da separação, quando vi a minha casa completamente nua, só com os meus objetos, eu cai em depressão. Foram os piores dias da minha vida.
— Eu lembro. — Edgar comentou. — Nunca ti vi tão abatido na minha vida.
— Isso, eu não tinha uma vida naquele momento. Sentia que nada aquilo era bom ou legal, ficava comparando, sentindo falta, me corroendo por dentro. Mas aos poucos fui vendo, percebendo que Belle era só uma mulher que amei, mãe dos meus filhos, que foi minha companheira por quatro anos, eu não devia estar daquele estado, que a separação era algo natural e poderia continuar a viver. Foi daí que voltei a minha vida de antes, me reajustei novamente, estou aqui, feliz.
— Com a minha casa, os meus filhos indo e vindo, tendo namoradas e tendo a família por perto. Mesmo eu tendo amado com todas as minhas forças a Belle, eu tinha que deixar ela ir e seguir com a minha vida, pois ela não terminou e é o que você tem que fazer. Se Casper, acho pouco provável, estiver te traindo e vocês se separar, não se prenda a essa dor, claro chorar faz bem, mas não queira se destruir só porque um relacionamento terminou, você tem nós, os seus amigos e vários caras que poderá conhecer e se apaixonar novamente, amar de novo.
— Lembra a parte que eu disse que você era o único que tinha juízo? Eu estava certo. Paul, as vezes me pergunto se você é meu irmão, as suas palavras... a maneira que retrata a sua vida para falar de um problema... Só tenho de agradecer por estar aqui, por me ajudar a passar por isso. — Edgar limpou o rosto. Lágrimas descia pelo seu rosto de uma forma lenta e melancólica.
— Eu farei isso, vou conversar com Casper, ver se a situação é o que estou pensando, em seguida, ver no que dar. Se está me traindo, beleza, vou continuar em Reno, me cuidar e tentar viver uma vida de um paralítico. Se não, maravilha, vamos continuar a tentar namorar a distância até chegar o dia que eu possa voltar para San Francisco, conseguir um emprego que possa conciliar a minha invalidez, depois planejar a primeira casa para morarmos juntos.
— É isso ai. — ele sorriu. — Mantenha esse pensamento. Conversar é o alicerce para qualquer relacionamento. Estarei aqui, sempre te apoiando, nunca esqueça que você tem um irmão que te ama e que faria tudo por você. Agora, acho melhor irmos, antes que pense que fugimos.
— Acho que Mary está cansada de ouvir o Casper falar. — Edgar riu. Limpou os restantes da lágrimas e suspirou. — Me empurra, tô cansado de pilotar.
— Folgado. — reclamou. — Se segura, que o piloto Paul está no comando.
Rindo, os dois saíram da cozinha com a alma lavada. Edgar se sentia melhor após ter aquele bate-papo com o seu irmão, estava preparado para ter uma conversa séria com Casper e descobrir a real situação, se estava sendo traído ou era só coisas da sua cabeça.
Ao chegar na sala, os dois viram Mary e Casper assistindo Um Amor Para Recordar, pelo visto, estavam pela metade do filme.
— Olha Casper, quem resolveu aparecer. — Mary falou com um sorriso no rosto.
— Pensei que iam morar na cozinha.
— Não é uma má ideia, lá é cheio de comida. — Paul riu. — Peço desculpas por ter deixados sozinhos, mas estávamos precisando um momento a sós. Será que podemos continuar o filme? E as crianças? Onde estão?
— Ei, me ajuda! — exclamou Edgar ao ver o seu irmão ir diretamente para a poltrona onde estava a namorada. — Belo irmão, diz que tá no comando, mas na primeira oportunidade me deixa sozinho. Rumpf!
— Deixa de drama, o Casper vai te ajudar. E bem, estava com saudades da minha namorada, já matei a saudades de você. Então...
— Nah! Deixa. — revirou os olhos. E quando ia colocar a cadeira junto com os sofás, ele acabou sendo surpreendido pelos braços de Casper, o que acabou gerando um grito de susto. — Avisa! Você vai me fazer enfartar qualquer dia desses.
O Adônis simplesmente riu e o colocou sentado no sofá.
— Amor, você tem que pedir o número da academia do Casper, só uma dica, sabe...
— Mas hein? Estou bem assim, obrigado e o melhor de tudo... É natural!
— O de Casper também é natural. — Edgar exclamou. — Deve ser os genes.
— O que nos diz, Casper? — indagou Mary.
— Genes, o segredo da formula. — disse com um ar sério, mas acabou fazendo todo mundo rir. — É por nada não, mas eu queria ver o resto do filme, antes de irmos embora.
— Não acredito que temos outros alucinado por romances com drama. — Paul olhou surpreso. — Pensei que eu era o único.
— Cara, esses filmes me fazem chorar como uma menina.
— Ei, respeita as mulheres. — exclamou Mary. — Só porque as vezes choramos, não significa que deve usar essa expressão.
— Oh, sinto muito. Retiro o que disse. — Casper levantou as mãos em forma de rendido. — Mas é melhor você apertar o play, antes que eu vá buscar o controle.
— Isso ai. E eu também quero assistir, amo esse filme.
— Deus. — Edgar riu baixinho negando com a cabeça.
— Ei, está bem? — o editor indagou sussurrando em seu ouvido.
— Sim. — respondeu. — Só precisava ter um papo com Paul... E o Simon? Desceu alguma vez?
— Uhum, só para implorar para dormir aqui, Mary nem deixou eu responder e confirmou. Isso quer que temos a casa do seu pai só para nós dois. — após terminar de falar, ele mexeu com as sobrancelhas, o fazendo rir.
— Vou dizer a mamãe que vocês dois fizeram a casa dela de puteiro. — Paul comentou em zombaria.
Edgar acabou se engasgando com a saliva e Casper rindo, jogou a almofada na cara do seu irmão de lei e em seguida voltou a sua atenção para o seu namorado, que ria descontroladamente do seu lado.
— Depois desse comentário, Casper. Faria valer e começaria pelo quarto de Paul. — Mary disse com um sorriso malicioso.
— Oh meu Deus. — exclamou o Adônis. — Onde fui me meter?
— Em Reno. — respondeu os outros rindo.
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