Capítulo 15

Edgar soltou um alto suspiro quando depositou as malas no chão do seu apartamento. O feriado tinha sido perfeito, mesmo com seu pequeno acidente e interrogatório da sua 'oficial sogra'. Sim! Casper tinha lhe pedido em namoro e, mais que feliz Edgar aceitou.

Ele sabia que alguns meses atrás tinha feito à promessa de não envolver com homem que tivesse filho, todavia Casper provou ser totalmente diferente do ex-namorado e mais que digno de sua confiança. Edgar não conseguia mais se ver sem Simon e Casper.

Edgar olhou feliz ao ver que seu apartamento e o viu arrumado. Temia retornar e encontrá-lo destruído novamente por Eric. Esperava que aquele idiota tivesse desistido de vez.

— Vamos agitar! — disse batendo palmas. Ele levou as malas para a área de serviço e retirou as roupas e as colocou diretamente na máquina de lavar. Dosou o sabão e amaciante, e fechou a tampa. Não queria enrolar para lavar as roupas sujas. Ele pretendia ir a noite ver suas melhores amigas, já havia prometido a elas.

Enquanto deixava a máquina bater as roupas, Ed foi tomar um banho. Ele retirou as roupas e parou em frente ao espelho. Precisava fazer a barba. Pegou seu kit de barbear, mas parou quando seu celular vibrou. Desbloqueou a tela e sorriu diante da mensagem.

De: Adônis

Já estou com saudade!

Não resistiu e digitou com rapidez.

De: Edgar

Estou com mais! Rsrrs... Está tão longe... Buaa...

Negou com a cabeça. Sentia-se como um adolescente apaixonado pela primeira vez.

Edgar deitou o celular na bancada da pia e passou a passar a loção no rosto e depois pegou o barbeador. Fez a barba com cuidado. Por sorte, não era de ter muito pelo fácil. A única parte triste era que jamais poderia ter barba de lenhador. Foi sua fase onde queria ter uma barba estilosa.

Tinha sido divertida a viagem, mas não existia nada melhor que sua casa. Era onde uma pessoa realmente se sentia confortável. Ao terminar seu banho, Edgar ficou vestido apenas à calça e foi retirar as roupas da máquina de lavar e colocar na secadora. Conferiu os armários para ver se precisava comprar comida antes de terminar de se arrumar para sair.

Quase duas horas depois que chegou Edgar finalmente deixou seu apartamento. Ele enviou mensagem para Casper avisando que iria sair. Agora ele tinha namorado. Edgar não resistiu e deu pulinhos em frente ao elevador enquanto esperava chegar ao seu andar.

Ele optou por ir de táxis para casa de Louise e Guilla. Ônibus iria demorar muito. Mal podia esperar para contar para elas a novidade. Por sorte, o casal não morava longe. Elas residiam em bairro pitoresco de casas com jardim na frente.

Edgar pagou a corrida e ajeitou a blusa antes de seguir até a porta da residência, porém antes que tocasse a campainha, a porta foi aberta e Louise gritou.

— Meu Ed... Ohhhh Meu bebê... — a mulher o agarrou e pressionou em um abraço apertado.

— Credo, Lou... Eu a vi há 5 dias. — disse Edgar brincando, mas estava adorando o carinho da amiga.

— Eu estava morrendo de saudade. Quero saber de tudo.

Edgar gemeu. — Mas já lhe contei.

— Sim, resumido. — chorou Louise.

— Céus, querida... O deixe ao menos entrar! — Guilla disse. Ela mantinha alguns passos atrás da namorada acompanhando a cena.

Louise deu a língua para a italiana, porém deu espaço para que o mulato entrasse. Edgar foi guiado para a sala e sorriu ao ver vasilha com brigadeiro de colher, doritos e refrigerante. Suas amigas adoravam mimá-lo, ou só queria ter detalhes picantes do seu 'namoro'. Mas elas caíram do cavalo, pois não rolou nada muito pervertido entre eles ainda, apenas alguns beijos, mãos e masturbação mútua.

Guilla abraçou o amigo antes de puxá-lo para sentar no sofá grande com cada uma de um lado. Edgar pegou a tigela com brigadeiro e depositou no colo. Ele pegou uma das colheres e levou uma grande porção do doce na boca.

— Isso é tão bom! — ele gemeu.

— Gemendo assim, parece que não foi alimentado nos 4 dias. — provocou Louise.

— Hn! Uma das coisas que mais fiz foi comer. Mas como comida de interior é boa... É o povo gosta de comer. Acho porque gastam muita energia. — disse sorridente. Seu peito queimava de felicidade em lembrar-se do feriado perfeito.

— Nem acredito em sua sorte. Confesso, fiquei com medo da sua sogrinha se uma bruxa. — disse Louise.

Edgar acenou. — Mas o mico que paguei... Ainda nem creio que cair como um abacate podre. — disse escondendo os olhos com o braço esquerdo.

Guilla caiu em ruidosa gargalhada. Sua risada era contagiante e histérica. O que resultou que Edgar e Louise riram.

— Ela foi bem legal, e médica... Importante já que estava com a cabeça rachada. — disse Edgar.

— Tadinho do nosso desastrado. — provocou Louise. — Mas me fale... como foi com o bofe. Ele fez gostoso?

Edgar corou e jogou almofada na cara da amiga. — Nem pensar... Não beijo e conto. — murmurou.

Guilla revirou os olhos. Às vezes sua namorada agia como criança. Adorava provocar o coitado do mulato.

— Ao menos usaram camisinha?

— Céus, Lou... Não transamos. Ok! Beijamos... Muito... como ele beija bem. — disse olhar sonhador. Agora queria voltar para casa e agarrar seu Adônis. — Toca os... Suas mãos são fortes... E... Fizermos coisinhas...

— Ahahhah... Seu safadinho. Mas apoio... Vá com calma! O pau dele é grande?

Edgar gemeu e levantou. — Vou embora!

— Não! — Louise gritou. — Volte aqui!

Guilla deu um beliscão na mexicana. — Vamos assistir a um filme... Lou vai parar com as indagações proibidas para menores de 18 anos.

— Espero! — Edgar resmungou.

No afinal, as perguntas maliciosas foram guardadas e o trio conseguir encher a barriga de besteira e assistirem um filme. Guilla escolheu Annabelle 2, somente porque Edgar odiava filme de terror, mas fazia tudo pelas meninas.

Era em torno das 18 horas quando Edgar se despediu de suas amigas e seguiu para o ponto de Ônibus. Tinha optado por ir de transporte público. Guilla até insistiu em levá-lo, mas não queria causar transtorno.

Por sorte, não teve que esperar muito. Em todo trajeto para casa, ele ficou trocando mensagem com Casper. O editor o convidou para jantar na sua casa. As frases carinhosas dele apenas serviram para aquecer mais ainda o coração de Ed.

Por pouco não perdeu a sua parada de Ônibus por ficar trocando mensagem com seu 'love'. Edgar desceu e guardou o celular no bolso. Ele seguiu alguns quarteirões até em casa, mas antes que alcançasse a sua casinha, ele teve o braço puxado por brutalidade.

— Ei... — Edgar gritou. Não podia ser assaltado.

Ele foi virado e seus olhos arregalaram quando deparou com um Erik com feições transtornadas. A sua respiração cheirava claramente álcool e sua face vermelha.

— O que está fazendo? Solte-me... — Edgar gritou. Não podia acreditar naquilo. Havia totalmente esquecido a existência de Erik após o feriado maravilhoso, mas aquele idiota tinha que aparecer.

— Não. Você é meu Ed... Eu te amo... Volte para mim, baby — balbuciou Erik. O homem tentava puxar o mulato para abraçá-lo, porém Edgar esforçava para se afastar. Ele chutou e empurrou o bêbado.

— Não sou seu. Terminamos. Lembra! Você está com sua ESPOSA grávida... Seu mentiroso. Tem uma ordem de restrição. Precisa se afastar. — gritou Edgar. Somente porque precisava de ajuda, a rua parecia deserta.

— Não! Eu terminei com Ruby. Eu juro... — alegou Erik conseguindo finalmente abraçar Edgar pela cintura e aproximando suas faces.

Edgar se contorceu para impedir de ser beijado e continuou lutando para se livrar daquele homem.

— Me solta... Me larga...

— Eu te amo... Podemos ficar juntos.

— Eu tenho namorado Erik... Alguém que realmente me ama. Solte-me. — Edgar conseguiu dar um pisão no pé do seu agressor e depois um merecido soco, fazendo Erik cair de bunda no chão. — Imbecil. Fique longe. Eu já o denunciei a polícia... Saia daqui... Esqueça-me.

Erik levantou e a aproximou de Edgar, mas esse recuou. — Eu sei daquele idiota... Ele não lhe merece. Eu sou seu homem... Aposto que ele nem sabe lhe fazer gemer... — disse Erik.

— Socorro! — Edgar gritou quando viu um veículo vindo. Para sua sorte, o carro parou e dois caras saíram. Os mesmos aproximaram.

— Tem algum problema aqui?

Erik, ainda que bêbado, percebeu que estava em desvantagem e saiu correndo.

Edgar soltou a respiração em rouquidão. Um dos sujeitos aproximou e o aparou. — Está machucado? Que ir ao hospital?

O homem negro negou com a cabeça. — Estou bem... Apenas assustado. Obrigado por pararem... Eu... — ele parou de falar enquanto respirar tornou-se de mais. — Estou perto de casa... Vou... Vou pedir a um amigo para ir comigo a delegacia. Obrigado!

— Vamos... Acompanhado até a sua casa, vá que o maluco volte. — disse o desconhecido.

Edgar acabou aceitando a ajudar e seguiu até portaria do apartamento. Os sujeitos lhe deram o nome e número, acaso precisasse de testemunha na delegacia.

Não podia acreditar nisso. As coisas estavam tornando perigosa, Erik estava se tornando desequilibrado mentalmente. Edgar não queria mudar de casa, de perto de Casper ou Simon, mas pelo visto seria forçado. O pior era que isso poderia colocar em risco seu namorado e entediado.

—oo0oo—

Momentos antes...

Após o final de semana na casa do seu tio, que por acaso foi o melhor feriado que teve, agora estava em seu apartamento lavando as roupas que levaram na viagem e dando uma geral no ambiente. Com um sorriso abordado em seu rosto, cantarolando uma música que estava ouvindo na rádio, o editor tirava o pó dos moveis.

O seu desejo era aumentar o som e cantar com todos os seus pulmões, mas não queria acordar o seu precioso filho com a sua gritaria. Simon dormia desde que chegara e não queria o perturbar.

O tempo foi passando, a casa antes empoeirada, chão sujo, foi dando a lugar a um ambiente limpo e com cheiro de pinho. E entre limpar, cantar e até uns passinhos de danças, Casper trocou mensagens com o seu vizinho, Edgar, que agora era o seu namorado. Aquela palavrinha fazia o seu coração pulsar fortemente em seu peito e uma alegria imensa o enchia.

A lembrança no rancho quando Edgar aceitou o seu pedido o deixava pulando de alegria. Ter o homem negro em seus braços, tocar em seu corpo, sentir os seus lábios nos seus era a melhor coisa que o deixava desnorteado, se sentir muito feliz e agora ter isso tudo com a palavrinha "namorado" deixava o sentimento milhões de vezes melhor.

Se ele era um tolo apaixonado? Era, mas Casper não se importava, pois o Edgar valia apenas, mesmo de ser chamado um bobo apaixonado, um tolo/bobo por Edgar.

Com a casa limpa, ele começou a preparar o almoço, onde teve que acordar o manhoso do Simon, que após comer correu para o sofá da sala ainda de pijama e ficou assistindo desenhos animados.

E assim foi sua tarde, revisando um romance da editora e seu filho assistindo, até chegou a hora de preparar a janta, que por acaso eles tinham um convidado muito especial e ele não estava aguentando a hora para ter de novo seu namorado em seus braços.

No entanto quando foi para a cozinha, percebeu que a secretária eletrônica piscava a luz vermelhinha, alertando de que tinha mensagens de voz. Franzindo o cenho, ele aproximou da mesinha e apertou o botão para escutar.

A secretária eletrônica informou que tinha três mensagens de voz e a primeira fez revirar os olhos, era mensagem de telemarketing. Casper nem prestou a atenção o que a pessoa dizia e no mesmo segundo houve batidas na porta.

— Um momento. — ele disse se aproximando.

Quando pegou na maçaneta, a primeira mensagem terminou e a outra começou o que fez ficar paralisado.

— Er... Casper, aqui é a Selena... Para que eu disse o meu nome? Você conhece a minha voz. — uma pequena risada dera lugar à fala por breves segundos. — Então, eu fui ao seu apartamento no final de semana, porém o porteiro disse que tinha viajado. Sentir-me burra, pois sei que nessas datas você sempre viaja por rancho do teu tio e me esqueci. Imagino que você deve estar rindo de mim, quem não estaria? Então, não conseguir ligar para você no celular e resolvi te mandar um recado pela secretaria eletrônica, espero que você lembre que tem uma. Estou na cidade e quero visita-los, então a qualquer momento estarei ai... Beijos, até logo.

Após ficar paralisado e preso em sua mente, Casper reagiu e abriu a porta e deu de cara com a dona da voz da longa mensagem na secretária. Selena sorria abertamente para ele. O editor viu que ela estava à mesma desde a última vez que a viu, no dia que ela foi embora, deixando Simon com ele.

Selena mantinha os seus cabelos curtos, coisa de que ela gostava e odiava cabelos longos, mesmo que todos a elogiava, pois tinha lindos cabelos negros como a noite. Os seus olhos castanhos brilhavam, os mesmos olhos de Simon. Ela se parecia mais com a criança do que ele, coisa que o irritava as vezes.

— Casper! Estou feliz que está aqui, pois me mataria ter que descer as escadas de novo... Por que você teve que morar no quinto andar? E não no primeiro ou no segundo? Mas não, veio morar logo aqui. Você gosta de torturar as pessoas. — ela acusou sorrindo.

— Ah, Selena! Que surpresa. E para você saber, tem elevador, sabia?

— Er... Claustrofobia, dã! — Selena revirou os olhos. — E também recentemente assistir um filme de terror... Desde então quero evitar contato com elevadores.

— Selena sendo Selena.

— Claro! — ela colocou as mãos na cintura. — Sempre. — e piscou por último, os fazendo rir. — Então, vai me deixar entrar? Ele está ai? — ela mordeu o lábio ansioso.

— Sim, está vendo desenho. — ele olhou para trás e acenou. — Vem, entra! Você chegou à melhor hora. Estava indo preparar a jantar.

— Iupi! — ela bateu palmas e pulou. — Adoro essas horas que apareço sempre as melhores.

Ele revirou os olhos rindo.

Casper abriu mais a porta e se afastou para ela passar e a observou a reação e os movimentos dela. Selena entrou curiosa no ambiente, um pouco receosa, mas abriu um sorriso quando se deparou com o pequeno Simon encolhido no sofá.

— Ele está tão grande. As fotos não fazem jus a ele, tão bonito.

— Simon. — Casper falou ao fechar a porta. — Olha quem veio nos ver. Sua tia Selena, lembra-se dela?

A criança se virou e se apoiou no sofá, ficando de joelho. Ele franziu o cenho. — Acho que não... É aquela que sempre me manda presentes? A que mora na cidade da Madeline?

Casper mordeu um sorriso. — Quase isso, querido. Vem cá!

Simon desceu do sofá e correu de encontro ao seu pai.

— Você nunca a viu pessoalmente, então essa é a primeira vez que a ver, além por fotos, claro. Seja gentil, rapazinho!

Simon assentiu e olhou para moça, que sorria para ele. — Olá, tia Selena!

— Oh meu querido... Eu posso... Posso abraçá-lo? — ela pediu com os olhos marejados.

Contra a sua verdadeira vontade, mas vendo a reação dela, assentiu, dando permissão para ela tocar em seu filho.

— Hey, garoto! — ela se abaixou ficando de joelhos. — É um enorme prazer te conhecer. Estava dizendo ao seu pai que você é muito mais bonito pessoalmente. Vem cá, deixa eu te apertar. — disse sem jeito.

A criança aproximou-se dela e foi abraçado por Selena.

— Oh meu Deus. — ela sussurrou. — Você é tão fofo e cheiroso.

— Mas nem tomei banho hoje. — disse Simon, o que fez os adultos rir.

— Isso diz que você tem o seu próprio perfume, doce e aventureiro. O que você estava vendo Simon?

— Assistindo desenhos no Cartoon e esperando o Tio Ed chegar para brincar com ele.

— Tio Ed? — ela franziu o cenho para Casper. — Ah, aquele das fotos no seu Facebook ou estou enganada?

— É ele. Tio Ed é a minha babá e namorado do meu pai. — Simon falou orgulhoso e com um enorme sorriso no rosto.

— Oh. — disse ela surpresa. — Estou impressionada que o seu pai desencalhou.

— Até você. — Casper estreitou os olhos. — Falando nele, já, já está batendo na porta e a comida nem vai estar pronta, por isso que vou indo para cozinha. Se quiser pode fazer companhia para Simon, mas qualquer coisa, eu estou na cozinha.

— Certo... Simon, você aceita a minha companhia? E ah, eu trouxe algumas coisas para você na minha bolsa... Então?

A criança arregalou os olhos e começou a pular. — Sim! Sim! O que você trouxe? Quero ver, quero ver!

— Calma poço de energia. — disse assustada.

— Se divirtam. — Casper piscou e correu de pressa para a cozinha, os deixando sozinho para trás.

— Assim não vale... Deus, onde aperta para desligar?

Casper explodiu em risadas pela forma desesperada dela. — Não tem, só espere ele se acalmar sozinho.

— Cristo! Acho que nunca. — ela falou de volta.

Com um pequeno sorriso no rosto, Casper começou a preparar a janta, já que eles tinham uma convidada inesperada, ele aumentou a quantidade de cada ingrediente.

Ouvindo os sons vindos da sala, risos e conversa, ele prestou a atenção e ficou pensativo, pois era a primeira vez que Selena veio depois de sete anos e a despedida dela foi definitiva, já que ela falou que ia atrás do que queria e viver o que desejava para a sua vida e além de que estava claro os seus sentimentos com a relação de Simon.

Podia ter gerado a criança, ter dado a luz e a amamentado, Simon para ela era só um bebê, não dela, não seu filho e só de Casper, que se não fosse por ele, ela não tinha mantido a gravidez. Isso na época causou brigas na relação deles e foi um dos pontos do término.

Após registrar o recém-nascido, dando a guarda totalmente para Casper, ela pegou suas coisas e foi embora do país, pois tinha uma bolsa de estudos esperando por ela em Paris. Selena se tornou uma renomada estilista, capas de revistas, as passarelas do mundo e televisões.

Mesmo como tudo aconteceu, eles ainda mantiveram contato e foi apresentada a Simon como uma amiga de Casper, uma tia, não a sua mãe biológica, está foi uma decisão dela, pois não queria magoar a criança, de que a própria mãe deu para o pai criar e foi embora, o editor achou justo e assim criou Simon sozinho, todos esses anos, com todo amor e carinho para o seu querido filho.

As horas foram passando, a comida foi ficando pronta e o aroma de cada comida invadiu o ar, o deixando com água na boca. Porém, quando estava terminando as últimas coisas que estava ainda cozinhando, Selena entrou na cozinha e se se encostou ao balcão, ficando de ponta de pé, o que fez morder um sorriso.

Selena era de baixa estatura, media 1,56 de altura, porém ninguém se enganasse, pois como ela tinha de baixa, tinha de brava.

— E ai, como está? Está tendo algum evento na cidade? — ele indagou.

Ela mordeu o lábio e passou as mãos em seus cabelos curtos. — Na verdade, não. — confessou Selana, ganhando total atenção de Casper. — Eu vim para a cidade tratar um assunto, que já faz um tempo que está em minha cabeça e também é a causa que nem estou conseguindo dormir direito.

O editor franziu o cenho e se aproximou dela. — O quê? Algum problema? Saúde?

— Não! Estou bem! Não se preocupe. O assunto é complicado e estou com medo da sua reação.

— Minha? O que você está querendo dizer?

Selena respirou fundo. — Eu quero... Preciso... Quero ter contato com o Simon, quero que ele saiba que tem uma mãe. Quer ter ele em minha vida, em meu cotidiano. Eu preciso.

Casper congelou diante das palavras da sua ex-namorada. Ele nunca imaginou em escutar aquilo, que um dia ela queria aquilo, mas ele pensou nos primeiros meses, primeiros anos da vida do seu filho, de que ela chegaria e iria desfazer de tudo e tiraria o seu precioso menino dos seus braços, aquele que passou a amar por meros milésimos ao vê-lo pela primeira vez.

— Espero que você entenda. — ela pediu após alguns minutos de silêncio.

O editor fechou os olhos e controlou as lágrimas de descerem. Ele negou com a cabeça e tentou se manter calmo. — Por quê? Porque agora? Você nunca quis saber de Simon. Até achei estranho você ter vindo aqui, depois de sete anos. Devia ter imaginado.

— Casper... Eu sei, eu mereço essa desconfiança, mas eu mudei. Tornei-me madura e vi que fiz uma bobagem. Nunca era para ter aceitado ter me afastado do meu filho...

— Não. — falou Casper firme. — Ele não é o seu filho. — ele olhou fixamente para ela, os seus olhos brilhavam por causa das lagrimas contidas. — Ele deixou de ser seu quando você aceitou, quando você me disse que nunca queria ter filho... Que não via a hora de ir embora e seguir em frente. Você não tem mais esse direito, não tem direito de chamar aquele menino que está na sala de seu filho.

— Mas Casper...

— Não Selena. — O editor aumentou a voz, mas rapidamente se calou. Casper foi até a porta que dava para a sala e viu que a criança não tinha o escutado gritar. Ele se virou e a puxou, afastando da sala de estar. — Não! Foi difícil manter a mentira, que a mãe dele morreu no parto... Mentira está que você implorou para contar. Não quero que você o machuque.

— Eu não vou machucá-lo. Eu só quero fazer parte da vida dele. Você não sabe o quanto me arrependo de ter tomado essa decisão, todo dia isso me corrói. Machuca-me... Tenho um vazio em mim que é insuportável. Por favor, Casper. Por tudo que nós vivemos juntos, por favor.

O editor suspirou e negou com a cabeça. — Sinto muito, mas não. Não entendo e não quero ver o meu menino sair machucado nesta história, sinto muito.

— Mas...

— Selena, por favor. Só não... — ao terminar de falar eles escutaram batidas vindas da sala de estar. — Tenho certeza que é o Edgar. Vou atender e espero que quando volte, você tenha tirado isso da sua cabeça.

Quando ele se virou, duas mãos o impediram de dar mais um passo adiante. — Sim?

— Não se preocupe, irei para o hotel. Perdi a fome.

— Certeza? — Casper arqueou a sobrancelha ao virar o rosto para ela.

— Sim. Agradeço por ter me recebido e me convidado para a jantar, tenho que ir, mas voltarei.

— Certo então.

Os dois se entreolharam por alguns segundos e acabaram deixando a cozinha juntos.

Enquanto Casper foi abrir a porta, Selena foi pegar a sua bolsa e se despedir de Simon, que a abraçou. O editor viu que ela apertou os lábios e fechou os olhos fortemente, aquilo doeu em si. Sabia que estava sendo o vilão da história, mas o medo de ter o seu menino machucado ou tirado dos seus braços era maior do que tudo.

Ele esperou Selena vim para abrir a porta e como imaginava, estava Edgar do outro lado, porém o seu sorriso que abriu para recebê-lo, se desfez ao ver a expressão do seu namorado.

— Edgar, o que aconteceu? — Casper abriu mais a porta e saiu, tomando ele em seus braços. — Meu amor?

— Oi. — o homem negro murmurou. — Oh, você tem visita. Ah... Melhor eu vim em outra hora...

— Nada disso. — O editor o puxou, sem dar chances que ele se soltasse. — Essa aqui é a Selena, uma amiga minha. Selena, este é Edgar, meu namorado.

— Prazer em conhecê-lo. — disse Selena sorrindo fraco. Ela olhou para trás e em seguida para eles, se afastou do meio da porta e acenou. — Eu preciso ir, mas outro dia passo aqui e posso conhecer o cara que roubou o coração do meu amigo.

— Igualmente. Tenha uma ótima noite.

— Obrigada... Tchau Casper, Edgar. — dando o ultimo aceno, Selena se virou e começou a andar na direção do elevador, porém ela foi para as escadas.

— Agora me diga o que aconteceu? Ed... Você andou chorando? Aconteceu alguma coisa com sua mãe? As meninas? — O editor indagou preocupado.

— Não foi nada...

— Edgar Jackson, você não me engana. O que houve? Conte-me, por favor.

Edgar desviou o olhar para a parede e mordeu o lábio com forças, tomando coragem falou o ocorrido do que acontecerá consigo para Casper. De que Erik o ameaçou e o encurralou no meio da rua, o que fez o editor enfurecer.

— Estou com medo. — confessou o homem negro. — Não sei mais o que fazer, a cada dia que se passa o Erik está transtornado... E se ele vem atrás de mim? E machuca o Simon? Você? Não... Não irei permitir, não...

— Ei, ei... Ei! — Casper chamou a atenção dele. — Se acalma, bebê. — ele pegou no rosto de Edgar com as suas duas mãos, fazendo com que não desviasse o olhar de si. — Não irá acontecer nada, este maluco não vai encostar-se a Simon, em mim e principalmente em você. Esse cara merece ser preso ou uma bela surra. Amanhã de manhã iremos para a delegacia, fazer mais uma ocorrência, mas agora iremos entrar, comer e assistir um bom filme, ok? Se acalme, tudo vai ficar bem, lembra, sou seu Adônis.

Edgar não aguentou e acabou soltando uma risada, o que fez Casper sorrir. — Seu bobo.

— Eu sei, mas sou um bobo apaixonado e adoro ver você rir, muito. — ele se aproximou e beijou os lábios carnudos lentamente do namorado, saboreando a sensação dos lábios juntos e dos corpos próximos. Ao parar o ósculo, ele afastou alguns centímetros o rosto e murmurou. — E também nunca irei esquecer-me do meu novo apelido... Adônis. Soa bem forte e sexy, fico lisonjeado por ter me dado este nome.

— Deus! Criei um monstro. — Edgar falou rindo.

— Papai... Edgar... — gritou Simon quando viu os dois na sola da porta. — Você chegou.

Sem perder tempo a criança correu e pulou nos braços de Edgar, Casper rapidamente o ajudou a segurar Simon, ele gritava e abraçava os dois adultos com muita alegria, o que fizeram sorrir e olhar com carinho para o pequenino em seus braços.

Os três eram uma pequena família, unida e amorosa.

Casper estava perdido com aqueles dois homens, um entrou em sua vida de uma maneira inesperada e o outro entrou de intrometido, e agradecia por aquele que enviou os dois para ele, pois fazia o seu dia valer apena.

Continua...

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