Capítulo 12
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Edgar moveu o corpo, mas lamentou de tal ação quando todos seus músculos latejavam de dor. Ele fez uma careta e parou. Manteve-se quieto até que mover-se não era mais um sacrilégio.
O mulato abriu os olhos e olhou ao redor, tentando situar onde encontrava. As lembranças dos últimos dias retornaram com força em sua mente e com elas, trouxe um peso em seu coração. Sua vida não poderia estar mais fodida.
Ele saiu da sua depressão quando escutou vozes. Com facilidade identificou a voz de Simon, e a cristalina voz angelical trouxe alento ao seu peito.
Edgar irritou um pouco ao escutar a mulher, porém esforçou para eliminar tal desgosto para o fundo. Não queria ser mal-agradecido a Casper. O homem não precisava tê-lo acolhido ontem a noite quando retornou para casa para encontrar seu apartamento revirado. Tal fato trouxe uma tristeza ao seu coração. Hoje seria um dia negro. Teria que ir a polícia novamente.
Vencendo sua vontade de dormir para sempre e esquecer seus problemas, Edgar levantou da cama. Se arrastando, ele seguiu para o banheiro que ficava no corredor para cuidar de suas necessidades matinais.
Mais revigorado após ter lavado o rosto, o jovem seguiu para a cozinha. Ele entrou timidamente pela porta do recinto. Observou que Casper preparava algo no fogão e Simon estava sentado na cadeira ao lado da tal Cary.
Foi à bela mulher que percebeu primeiro a sua presença. Ela lhe deu um sorriso encorajador e cutucou Simon.
Quando a criança olhou para cima, seu rosto iluminou com belo sorriso.
— Tio Ed! — Simon soltou da cadeira e correu para o homem negro. Edgar agachou o suficiente para recolher o menino nos braços. As pernas e braços de Simon rodearam seu corpo.
Edgar fechou os olhos e soltou um suspiro. O alívio percorreu o seu corpo ao ter a criança em seus braços e pode respirar seu perfume. Ainda o assustava a forma tão repentina que caiu no amor por Simon. A ideia de ir embora e nunca mais ver Simon fazia seu coração sangrar.
— Oi, pequeno. Sentir sua falta.
— Eu também. Nunca mais suma assim. Você está melhor? Papai falou que estava doente, mas não me deixou ir vê-lo. — Simon disse choroso.
Edgar sentiu-se o pior homem do mundo por ter afastado aqueles dias da criança e ter lhe causado tristeza.
— Estou melhor amigão. Desculpa por ter sumido.
— Tudo bem, eu lhe perdoou, mas não faça mais isso!
— Ok!
Casper soltou uma risada por causa das palavras de seu filho e disse:
— Bom dia Edgar. Dormiu bem?
Edgar olhou para cima e encarou os dois adultos. — Ah sim, obrigado por me ceder o quarto de hóspedes.
— Ei, sem problema. Aposto que meu irmão teria adorado ser o dele. — Cary disse em tom malicioso.
Casper jogou a toalha de prato na cara da mulher.
Edgar franziu o cenho e encarou Cary. — Irmão?!
— O quê? Vai me dizer que esse otário não disse?!
— Tia Cary xingou. Dinheiro no pote. — Simon declarou.
O jovem negro ainda olhava confuso. Ele moveu-se para sentar na cadeira que ficava de frente para Cary com Simon ainda em seus braços.
Casper colocou uma travessa regada a panquecas doces com morango e mirtilo. — Cary é minha irmã mais nova. Não contei?
Edgar fuzilou Casper com os olhos. — Não!
— Bem, acho que a culpa é de alguém que não me deixou explicar. — disse Casper.
Edgar teve a decência de cora. Era totalmente sua culpa. Ele tirou conclusões precipitadas e ainda foi grosseiro com Casper. Céus, ele era um babaca.
Cary revirou os olhos. — Vocês dois são dois ineptos. Piores que dois adolescentes. — ela disse e estendeu a mão para Edgar. — Prazer em conhecê-lo. Sou Cary, irmã dessa lesma... — apontou para Casper. — E a tia desse anjo!
— Oi, prazer. Sou Edgar Jackson!
— Eu sei tudo sobre você! Simon não parava de falar. Esse moleque realmente lhe ama. — Cary disse.
— Tio Ed é o melhor. — Simon disse enquanto Edgar o ajudava a sentar na cadeira ao seu lado.
Casper trouxe uma jarra de suco e bule de café para mesa antes de sentar ao lado da irmã.
— Vamos comer! — disse. Ele encarou a sua irmã, dando-lhe um aviso para segurar a língua. Cary era às vezes muito sincera ou maliciosa para o bem das pessoas ao seu redor.
Edgar serviu um prato com panqueca, morango e mel para Simon e Casper encheu o copo de suco para o filho.
Cary encarou a cena com sorriso perverso. Ah sim, seu irmão estava totalmente apaixonado por aquele homem. Não precisava ser um gênio para perceber que os três já agiam como uma família. Eles apenas precisavam de um pequeno empurrão.
— Então, Ed. O que você vai fazer no feriado? — Cary perguntou entre os goles de café.
Edgar olhou confuso para ela. — Feriado?
— Sim, docinho. Ação de graça. Vai passar com seus pais ou alguém em especial?
Edgar coçou a nuca. — Nem pensei ainda. Acho que meus pais vão viajar. Eles estão organizando uma terceira ou é quinta lua de mel. Havaí esse ano!
— Que legal. — Casper disse.
Cary olhou para seu irmão e voltou observar Edgar. Casper sentiu um frio percorrer a sua coluna. Ele conhecia aquele olhar. Sua irmã iria aprontar algo.
— Que tal ir viajar conosco?
— Como?
— Nosso irmão mais velho tem uma fazenda no Texas. Poderia ir conosco. Aposto que Simon iria amar. — Cary apelou.
Simon retirou sua atenção de seu prato e olhou esperançoso — Sim. Sim! Tio Ed viaja conosco. Vai ser tão legal. Papai falou que esse ano vai aprender a andar cavalo. Posso lhe apresentar meus primos e a vovó Sara! — Simon disse.
Edgar ficou desconfortável. Não queria se envolver em uma família. Duvidava que o irmão de Casper e Cary ficasse empolgado com intromissão de forasteiro em feriado de família, mas não podia recusar um pedido de Simon quando este o olhava tão doce.
— Não sei! Talvez...
— Eu adoraria que fosse. — Casper disse. — Além disso, pode se afastar do 'problema'. — completou referindo-se ao ex-namorado perseguidor. Dava para ver o quanto Edgar estava assustado com a situação.
Edgar olhou ao redor. Os três olhavam ansiosos para ele. Acabou dando-se por vencido. — Ok! Eu irei com prazer. Vou avisar meus pais... — Ele estava preocupado onde passaria, além disso, Lou e Gui vão para Califórnia.
— Ehhhhh... — Simon gritou empolgado.
Edgar não podia acreditar que aceitou. Seriam quatros dias com Casper e Simon. Deus! Como irei resistir aquele homem estando tão perto? Totalmente ferrado.
— Eu tenho que ir à delegacia hoje e depois arrumar a bagunça do meu apartamento. — disse com tristeza.
— Ah, já perdi alguns colegas para fazer coleta de provas e a declaração, falta apenas que você assine. — disse Cary.
— Como?
— Tia Cary é detetive. Ela é a policial má e tio George é o mal!
— George?
— Meu parceiro e marido! — ela piscou para Edgar.
— Oh... Legal. — Edgar disse. Cara, agora que não estava mais com ciúmes de Cary, percebeu que teria facilidade de ser amigo dela. A mulher era louca e durona, como suas outras duas amigas. — Eu jurava que fosse modelo!
— Oh, que cute!
— Não a elogie Ed, ou nunca mais ouvirá o amanhã. Ela tem um ego do tamanho do Canadá! — Casper implicou. — Ei, quer ir comigo a feira? Cary cuidará de Simon!
— Papa, não esqueça minhas uvas! — Simon gritou.
Eles terminaram de comer. Cary se ofereceu para lavar as vasilhas, Casper foi trocar de roupa, Simon assistir desenho e Edgar toma um banho.
Ele não demorou muito, pegou o celular e a carteira. Deparou com Casper na sala esperando por ele. Edgar despediu-se de Simon com um beijo na testa e seguiu para fora do prédio ao lado de Casper.
— Vamos de carro ou a pé?
— De carro, assim, é mais rápido. Tô pensando em irmos ao shopping depois do almoço. Preciso comprar roupas para Simon. Esse menino cresce muito rápido! — lamentou em tom brincalhão.
Seguiram no carro de Casper e não demorou muito para chegarem à feira ao ar livre. Ela ficava em um dos centros mais movimentados de San Francisco. Acontecia todo Sábado das 4hs até às 14hs. Era oportunidade perfeita para comprar legumes, verduras, frutas e peixe fresco, além de muitas outras coisas que eram vendidas.
Casper teve um pouco de dificuldade para encontrar um lugar para estacionar, afinal, o local era procurado por muitas pessoas dos bairros vizinhos. O Adônis carregou à sacola reciclável e Edgar a lista. Por estar acostumado ajudar Guilla na compra dos ingredientes para restaurante, o mulato teve facilidade de escolher as melhores hortaliças.
A lista não era grande:
Uva, Morango, Manga, Laranja, Batata, Alface, Tomate, Feijão Verde e Aipo.
Casper acabou comprando pêssego e grão de bico por estarem em promoção. Edgar não resistiu e comprou Pipa para Simon, pois garantiu que iria ensinar o menino.
Quando retornaram para o carro, duas horas depois, Casper segurou o braço de Edgar antes que entrasse no carro do lado passageiro.
— O que foi? — Edgar perguntou confuso.
— Eu pedi Cary para cuidar de Simon hoje à noite. Iremos jantar fora.
— Não...
— Sim, iremos. Precisamos conversar. — Casper disse com firmeza. — Não podemos fingir que nada aconteceu. Somos adultos!
Edgar grunhiu. — Tanto faz! — disse emburrado e entrou no carro. Cruzou os braços e virou o rosto para não encarar Casper quando esse entrou. Estava sendo infantil, sabia disso, mas não conseguia evitar. As coisas estavam tão fora do seu controle.
-oo0oo-
Seu corpo se contraia de cansaço, fazia umas duas horas que os policiais tinham vindo pegar o seu depoimento. Depois que o marido da irmã do seu Adônis o deixou, ele arrumou o seu apartamento com ajuda das suas amigas que vieram ao seu socorro e até mesmo Casper ajudou, porém uma hora depois mandou todo mundo embora, já que os mais pesados eles que limparam e além do mais sentia vergonha do que acontecerá.
Depois de ver que estava tudo em ordem, Edgar se sentou em seu sofá, melhor dizendo que se jogou no móvel confortável e fechou os olhos, apreciando aquele pequeno momento tranquilo, todavia seus pensamentos o impediram de ficar totalmente confortável.
A sua cabeça estava uma bagunça, pensava em Erik e minutos depois em Casper, a sua barriga se revirava de medo e ansiedade, sentimento divididos para ambos.
Lambeu os seus lábios secos e tomou por vencido, se levantou e foi até a sua cozinha beber água e no meio do caminho pegou o seu celular, ao ver as horas quase deixava cair o aparelho no chão, faltavam vinte minutos para as setes horas, vinte minutos para o seu encontro com Casper acontecer e ele estava atrasado.
Esquecendo totalmente a sua sede, Edgar correu para o seu quarto e foi direto para o banheiro. Tirou sua roupa às pressas, ligou o chuveiro e quando a água gelada bateu em sua pele, o jovem acabou soltando um grito nada másculo.
— Porra! — disse se afastando da água. Tinha se esquecido de regular a água antes de tomar banho. Agora em total alerta, ele ajeitou o chuveiro elétrico e suspirou aliviado ao sentir o líquido morno bater em seu corpo, fazendo os músculos relaxar, o deixando sonolento.
— Devia ter deixado gelada. — murmurou.
Cinco minutos depois saiu do banho e com a toalha na cintura foi para o seu guarda-roupa, olhou as roupas, o que tinha sobrado delas. Sentiu uma dor em seu coração ao ver pouquíssimas vestimentas, pois o resto o desgraçado do seu ex a rasgou em pedaços.
Com um sorriso triste o jovem negro escolheu a roupa para ir ao encontro e depois de pronto se sentou na cama para calçar o seu mais novo tênis de sola alto prateado.
Momentos depois, quando estavam tentando domar os seus cachos, Edgar escutou batidas na porta, o que fez paralisar diante do espelho. — Coragem, Ed! Você tem que enfrentar a realidade, tem que conversar com ele. — depois de contar até cinco e respirar fundo, o jovem rapidamente passou o seu malbec em seu corpo e deixou o quarto, porém voltou alguns segundo depois para pegar o seu celular e assim correu para a sala.
Ao abrir a porta quase que caía para trás ao ver o seu Adônis, podia dizer que o homem estava impecável em sua vestimenta e o incrível perfume que emanava do corpo dele o deixou desnorteado.
— Pronto para ir? — indagou Casper com um sorriso de lado.
— Se eu disser que não, a gente pode ficar e encomendar pizza? — disse esperançoso.
O vizinho acabou rindo. — Não. Iremos, nem que eu te levo nos braços.
Bem que eu queria. — Ok. Você me venceu, vamos para onde? E o Simon? Onde está?
— Está na casa de Cary. E não se preocupe, iremos num restaurante que é bem legal e tem uma excelente comida. Vamos?
— Mostre-me o caminho, senhor Suller.
— É meu prazer, Sr. Su... Smith.
Depois que trancou a porta, tinha mudado de fechadura logo após do que aconteceram, eles saíram lado a lado do prédio e foram para o carro de Casper. Levou quinze minutos para chegar ao destino.
Edgar olhou admirado para o Espetus Churrascaria Brazilian Steak House. — Então hoje é dia de carne brasileira? — ele indagou sorrindo de lado.
— Digamos que sim, espero que tenha gostado da minha escolha.
— Se eu gostei? Amei na verdade. Eu só vim aqui uma vez e já faz uns dois anos.
— Então fico feliz que tenha escolhido certo.
Os dois se entreolharam por alguns segundos, em seguida saíram do carro e foram na direção do restaurante. Ao entrar um garçom veio encontro deles e Casper ao dizer seu nome, o rapaz rapidamente sorriu e os guiou para uma mesa de duas cadeiras.
— O menu. — disse o garçom entregando o cardápio. — Se os senhores preferir voltarei daqui a alguns minutos para anotar o pedido. E as carnes, os outros garçons estarão fazendo rodizio.
— Certo. Obrigado, quando decidimos te chamamos. — Casper falou gentil. O garçom assentiu e os deixou sozinho. — Já sabe o que vai pedir, querido?
Edgar olhou para as opções e quase se engasgava pela palavra doce que o seu Adônis se referiu a si. — Na verdade, tudo parece delicioso. Estou em dúvida de... Tudo. — disse sem jeito.
— Então você me dá permissão para escolher? Prometo que será a melhor coisa que você comerá e também posso dar sugestões de carne, se você preferir.
Edgar fechou o menu sorridente. — Será um prazer. E para não deixar sobrecarregado, posso escolher a bebida, hein? Sou muito bom de vinho por causa de Guilia, ela me ensinou quase tudo sobre esse líquido dos deuses.
— Claro. Estou curioso no que vai pedir para bebermos e não se preocupe se for o vinho mais caro do estabelecimento.
Edgar riu. — Não se preocupe. — ele colocou o cardápio em cima da mesa. — O vinho que iremos degustar não é o mais caro, porém é o mais saboroso. Você vai gostar. E então, que o senhor irá pedir?
Casper olhou sério para o cardápio, ao ler quase todo, ele fechou o menu e chamou o garçom, que veio segundos depois e assim pediu a comida e Edgar o vinho, no mesmo momento o editor olhou abismado para ele. — Estou surpreso que pediste este vinho.
— Te disse, Guilia me ensinou sobre quase tudo. E este é o meu favorito. — falou sem jeito. — Então, fiz uma escolha certa?
— Mais do que certa, ótima. Agora tenho que me controlar, não posso extrapolar, sou o motorista hoje e além do mais, precisamos conversar.
— Oh homem, você sabe mesmo como matar o clima. — Casper acabou rindo das suas palavras, o que fez olhar zangado para ele, de brincadeira. — Devemos mesmo conversar isso?
— Sim. Eu preciso saber, estou no escuro. Dê-me uma luz, por favor. Desde aquele dia no festival, do nosso beijo... Do empurrão, pensei... Pensei que tínhamos algo sabe, os sinais, a forma de como as coisas estava indo. Bem, ou eu estava entendendo tudo errado ou... Ou beijo super mal. Estou confuso, Edgar.
O jovem negro mordeu os seus lábios carnudos e fitou a toalha da mesa. — Não sei como dizer, mas tenha em mente que não é a última coisa que você citou. O seu beijo é espetacular, digamos que me deixou surpreso pelo que sentir ao tocar seus lábios, a maneira... Porém o motivo do empurrão tem um pouco haver, ou muito, do cara que destruiu o meu apartamento. — Edgar fechou os olhos rapidamente com força, a vontade de chorar só de lembrar o tomou.
Vendo a expressão do escritor, Casper se inclinou e colocou sua mão em cima da de Edgar, meio que dando forças. — Continue. Lembre-se, além de ser o seu vizinho, sou o seu amigo.
Ele abriu os olhos lentamente e assentiu. — Certo. — murmurou sentindo um nó em sua garganta. — Há poucos meses atrás, bem antes de conhecer você, eu namorava o meu chefe, trabalhava numa agência de advogados. Eu era um assistente lá. Quando entrei por causa de Louise, e vi o Erik, me encantei pela primeira vez, só que na época, há três anos e meio atrás, era casado, só que três meses em seguida foi anunciado que estava se separado da mulher dele, a Ruby, que também tinha uma parte da empresa por causa do pai dela.
Edgar riu. — Me sinto um burro por ter acreditado nele. Todavia esses anos todos, para nós funcionários, principalmente para mim, os dois tinham nada, senão a filha deles e a empresa em comum. Bem, depois que anunciaram que iam se divorciar, percebi que o Erik sustentava o meu olhar, falava de uma maneira que me deixava bobo, sabe. — ele suspirou, porém na mesma hora chegou o garçom com o carrinho com a comida e o vinho, em seguida aparecem outros garçons com carne, o que fez interromper a conversa.
Eles se serviram e pediram corte de linguiça de porco, filé mignon e lombo de porco, que na primeira mordida os dois quase gemeram pelo incrível sabor. — Estava com saudades de sentir esse gosto, aqui parece ser bem diferente de outros restaurantes, um sabor especial.
O garçom sorriu. — Agradecemos pela preferência. E o sabor especial é a maneira gaúcha de preparar as carnes. Cortes de escolha de carnes de rotisserie com espetos sobre chama aberta para capturar o autêntico sabor e textura de cada corte distintivo.
— Quase uma arte. — exclamou Casper. — Vocês estão de parabéns por cada prato saboroso, além da incrível carne, das inúmeras saladas.
— Nós que agradecemos por cada palavra e ficamos felizes. Agora vou deixar vocês a sós, porém qualquer coisa é só chamar. Tenham um bom apetite.
Os dois agradeceram e continuaram a atacar a comida e saborearam com o vinho, porém momentos depois Edgar voltou para a conversa de que estavam tendo, o que fez ficar um pouco tenso de novo, todavia Casper firmou o seu olhar nele e por alguns segundos colocou sua mão em cima da dele.
— Erik e eu começamos a nos falar depois do expediente, ele me levava para sair e foi assim que nosso relacionamento começou. Namoramos por três anos, só que não foi um namoro comum, meio que era escondido por assim dizer, primeiro por ele ser meu chefe, segundo Erik ainda não estava pronto para sair do armário e ainda tinha a briga da guarda da filha dele. Isso foi se arrastando até alguns meses atrás.
O jovem mexeu com o garfo na comida e ficou um tempo em silêncio meditando as palavras, ainda era difícil para si, não porque tinha algum sentimento pelo canalha, mas sim pela dor que sentiu ao saber que estava sendo enganado o tempo todo.
— Nunca desconfiei que ele mentisse, porém alguém de fora com certeza acha que eu fui tolo por acreditar no que ele dizia, todavia as situações, a maneira de como foi tudo, o relacionamento. Para mim era real sabe, porém há alguns meses atrás... Deus, nem parece que foi a tanto tempo, eu descobrir tudo. Erik ainda estava com Ruby, ainda mantinham um relacionamento, ela sabia que ele tinha amante e eu, o tolo aqui era um desses amantes. Ela está grávida dele. A dor de saber que fui enganado esse tempo todo, me quebrou, quebrou a confiança que possuía em relacionamento.
Edgar sufocou um soluço e pegou a taça de vinho, bebeu todo o líquido que havia o recipiente de vidro.
— Estou com medo, medo de que tudo isso se repita. E agora que ele está assim, nunca imaginei que era abusivo e obsessivo, estou com medo do meu celular, de ser ele me ligando, de estar em casa sozinho. Estou com medo de que o cara que possa amar um dia acabe virando um Erik, que só me fez dor. Estou com medo de me decepcionar, me machucar. Estou com medo de amar. — Edgar se sentia cru, depois que expor todos esses sentimentos, nem quando estava desabafando para suas amigas se sentiu a assim. Era outro patamar, ele se abriu completamente para o seu Adônis e estava receoso da reação dele, todavia se surpreendeu pelo olhar carinhoso que o seu vizinho direcionou para si.
— Querido. — Casper via a fragilidade nos olhos claros dele, via a forma que Edgar transmitia e o que acabou de escutar foi uma história dolorosa, no começo era um conto de fadas que acabou virando um pesadelo e assim passou a entender o recluso que o seu vizinho transparecia, também o porquê do empurrão. — Sei que palavras não irão curar as feridas do seu coração, elas só seriam um pequeno bálsamo para a dor que você sente, todavia você deve estar ciente o quão forte é. Nem tente me dizer ao contrário. — ele firmou ao ver quando Edgar ia negar.
— Você é forte e deve saber disso. Primeiro, saiu de cabeça erguida desse relacionamento, coisa que é difícil de acontecer. Segundo, continuou a sua vida, conseguiu um bico como babá, porém sei que ainda tenta voltar a trabalhar como antigamente e em terceiro, você mesmo com tudo isso não perdeu o seu sorriso, a sua forma sonhadora de ser, de ser gentil, carinhoso, risonho. A sua forma de ver a vida, de ser como você não mudou, só teve um pequeno buraco que o machucou, que conseguiu ultrapassar fortemente. Você tem cicatrizes disso, ainda dói, tem medo e te entendo perfeitamente.
— Obrigado. — ele murmurou. — Muito mesmo...
Casper sorriu. — Agora sobre ter medo de relacionamentos, é algo normal para pessoas que acaba de sair de uma relação que o machucou. Porém, quero ter pedir uma chance pra nós dois. Sei que você é babá do meu filho, todavia isso não impede de termos uma relação além de empregado e chefe, para começo isso nem existe para nós dois. — ele apontou. — Então Edgar, eu quero ter algo a mais do que só amigos, quero ver o que isso vai dar.
— Casper...
— Ouça-me, nem precisa ser um relacionamento sério, tipos namorados ou coisa e tal, mas um para ver como as coisas irão, deixar fluir, assim não te prende e não faça ter medo, e sim algo para ver que damos certo. Por favor, dê-me essa chance. Dê uma oportunidade a nós dois. Uma única chance.
O seu coração estava a mil em seu peito, o seu sorriso queria sair e se sentia flutuar e ao mesmo tempo queria se bater por estar sentindo aquela felicidade só de escutar o seu Adônis pedindo aquilo e ao mesmo tempo o medo o estava consumindo.
Edgar não sabia como aquela conversa tinha ido parar ali, não sabia como reagir, ele nunca pensou que o seu vizinho queria ter algo com ele e só de imaginar juntos, como um casal, a sua barriga enchia de borboleta, porém o medo era como um caçador que matava uma por uma.
— E-u não sei... — ele não tinha saída. Não conseguiria negar aquilo, era o que queria e, porém como Casper mesmo disse, não era nada oficial e sim só para ver até onde iam. Deixar fluir. — Ok. — respirou fundo. — Eu aceito, porém é como você mesmo disse, nada oficial, só vamos ver se isso dar certo, deixar fluir. Ver até onde vai.
O editor abriu um enorme sorriso. — Fico contente em escutar que aceita. — ele pegou a garrafa de vinho e colocou em ambas as taças, o que fez o jovem negro olhar confuso. — Isso merece um brinde. — Casper ergueu sua taça e Edgar fez igual. — Um brinde para oficialmente-não oficial casal.
Edgar acabou rindo. Eles brindaram e beberam do líquido carmesim, degustando do sabor, os dois nunca desviaram o olhar um do outro. O jovem negro estava um pouco desnorteado do que acontecerá. O jantar continuou e a conversa fluiu, o momento tenso do começo evaporou e ambos continuaram a comer entre risos e conversas.
Entretanto, Edgar acabou se lembrando de algo que prometerá a algum tempo atrás e acabara de perceber que a quebrou, porém logo ele a consertou, dizendo para si mesmo que aquela chance não o faria ter um relacionamento sério com Casper ou até mesmo a amar o seu Adônis.
A promessa ainda estava firme, mas estava em um caminho esburacado e em qualquer momento poderá se quebrar ou seguir firmemente. Nesse momento Edgar olhou para Casper e o observou. Agora a pergunta de um milhão: Ele continuará resistindo a aquele homem ou iria deixar levar, deixar fluir verdadeiramente?
Continua...
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