Liberdade

*** - pulo no tempo ou mudança de cenário


Eu mexia nervosamente as minhas mãos enquanto esperava o meu médico dar o veredito final, tinha refeito as ressonâncias magnéticas e mais alguns exames pra saber se eu poderia voltar a jogar normalmente.

-Vejamos...

Ele olhava as páginas e arrumava os óculos, resmungava alguma coisa inaudível e olhava os exames novamente. Eu estava começando a ficar nervosa.

-Certo, [Nome]-chan pode retomar a sua rotina de treinos normalmente. – ele declarou.

Vitória!

E então continuou – Mas preste a atenção em qualquer dor ou incômodo.

-Sim senhor! – eu peguei os exames de volta e me despedi dele agradecendo, Dan normalmente me acompanharia mas dessa vez ele ficou dormindo no carro do estacionamento já que a minha consulta foi logo no primeiro horário, confirmei se meu atestado estava na bolsa para apresentar na escola e estava tudo certo.

Meu irmão estava absolutamente desmaiado no banco, era um dom conseguir dormir em qualquer lugar. Fiz questão de bater na janela do jeito mais barulhento possível, ele deu um pulo se ajeitou fazendo uma careta quando me viu.

Ele destravou a porta e eu entrei do lado do passageiro.

-E então? – Ele perguntou enquanto bocejava.

-Estou liberada – respondi – E o sensei disse pra você ser bonzinho comigo.

Ele não tinha dito essa parte mas eu sabia que no fundo do coração era assim que ele se sentia, então não era exatamente uma mentira. Joguei os exames no banco de trás e esperei enquanto ele me levava pra escola.

-Vai ficar direto pro treino? – perguntei quando estávamos nos aproximando.

-Não – ele respondeu – Vou instalar algumas prateleiras no escritório da mãe, volto na parte da tarde normalmente.

-Multifuncionalidade, gostamos assim – respondi. Ele estacionou o carro perto da escola.

-Sai – foi a única coisa que ele me disse.

-Ah o amor fraternal, até mais querido – respondi jogando um beijo pra ele. Não me leve a mal, nós nos amamos mas demonstramos isso irritando um ao outro. Deixei o atestado na secretaria e esperei dar o sinal para poder entrar na aula.

Enquanto isso fiquei sentada numa das áreas abertas ainda tinham cerca de uns vintes minutos até o sinal bater. Não tinha muito o que fazer, então peguei um pequeno caderno onde eu fazia anotações diárias sobre os treinos o que poderíamos melhorar o que eu podia dar de dica para as garotas, jogadas que poderíamos testar... Enfim, tudo relacionado ao time estava ali.

Anotei algumas rotações que poderíamos testar e o que cada uma, em tese, poderia trazer de benefício estava tão concentrada que não reparei uma pessoa sentando do meu lado.

-Voc-

Eu dei um "gritinho" pelo susto, logo tampando a minha boca as classes ainda estavam em aula e o garoto que sentou do meu lado também olhou preocupado para as janelas. Mas ninguém apareceu, soltei o ar que eu tinha prendido aliviada.

Com certeza era o karma me dando retorno por ter assustado Dan enquanto ele dormia de manhã.

Ele pegou a minha caneta que tinha caído no chão e estendeu na minha direção.

-Me desculpe, eu não reparei que você estava tão concentrada. Deveria ter me anunciado.

Eu não me lembrava de ter visto ele antes, mas não é como se eu conhecesse muitas pessoas também.

- Satoru Hamada – ele se apresentou, era como se ele pudesse ler meus pensamentos – Sou da sala da Takayama-san.

Então ele era da sala Misaki, olhei mais atentamente ele não tinha a cara de ser extremamente inteligente como a minha levantadora era mas, nunca julgue um livro pela capa.

-Sua caneta – ele disse ainda segurando ela na mão – Embora eu ache que seja uma gracinha não acho que combina comigo.

E então ele deu risada e eu me apressei em pegar a caneta da mão dele, ela tinha alguns desenhos fofos na lateral, meu pai tinha comprado pra mim numa das viagens dele pro interior do país.

-Hum... Desculpe, [Nome] [Sobrenome] – me apresentei – Eu não me lembro de te ver na classe da Misa, quero dizer – balancei a minha cabeça – da Takayama-chan.

Ele jogou os braços pra trás se apoiando no banco – Eu sento no fundo por ser mais alto, também costumo sair assim que dá o sinal. Mas eu já te vi algumas vezes – ele virou o rosto pra mim e sorriu – Não tem como não ver.

Antes que eu pudesse responder ele continuou – O seu discurso foi no mínimo inspirador, todos os times que vieram depois do time de vôlei tiveram problemas. Sorte nossa que fomos antes.

Ele pareceu se lembrar de alguma coisa e apontou para si mesmo – Eu sou do time de natação.

-Entendo – respondi e continuei, aquela conversa já estava estranha o suficiente – Vocês ficam diferentes sem... Hum, você sabe... a touquinha.

-Eu suponho que sim – ele riu de novo – Você é engraçada [Nome]-chan, posso te chamar assim?

Balancei a mão enquanto guardava o caderno e a caneta na bolsa. – Não ligo muito para esse tipo de formalidade.

-Hum, pode me chamar de Satoru então, assim ficamos quites.

O sinal tocou interrompendo a nossa conversa e eu me levantei pra seguir pra minha sala, e quase me esqueci que ele iria pro mesmo lugar que eu. Então me obriguei a esperar, ele se levantou e nossa. O garoto era alto, talvez ainda mais alto que o Bokuto.

Também tinha as costas largas provavelmente por conta da natação, ele era um pouco mais moreno provavelmente por conta do tempo que ele passava na piscina. Seus cabelos eram escuros e refletiam um brilho azulado quando na luz do sol, também tinha um corte relativamente curto. Os olhos eram outra coisa que eu não tinha reparado, realmente pareciam duas piscinas de fundo turquesa.

-Você tem olhos bonitos.

-Obrigado, eu acho – ele colocou a mão na nuca e eu reparei que a ponta das suas orelhas ficaram levemente vermelhas.

Eu falei alto não falei? Droga, [Nome]!

-Ah melhor irmos – e então eu me virei e marchei na direção das salas do segundo ano sem esperar uma resposta. Mas eu sabia que ele estava andando atrás de mim pelo som dos seus passos.

Os alunos estavam nos corredores enquanto seus próximos professores não chegavam, mas eu não podia deixar de ouvir e sentir alguns olhares sobre mim e as meninas dando alguns gritinhos. Cheguei, finalmente, na porta da minha sala. – Hum, até mais!

-Até, [Nome]-chan – ele respondeu com um aceno e continuou andando pra sala dele.

Fui direto pra minha carteira recebendo um olhar questionador da Sora.

-Quem era aquele? – ela perguntou arqueando uma sobrancelha.

-Um cara da classe da Misa, começou a conversar comigo enquanto esperava tocar o sinal. Na verdade ele me assustou e depois começou a conversar comigo. – respondi um pouco rápido de mais.

-No mínimo você devia estar distraída.

Revirei os olhos, e o sensei entrou na sala pedindo para todos se sentarem Sora me enviou um olhar que gritava "esse assunto ainda não acabou" e se virou pra frente. Era só um garoto que foi simpático, não tinha nada demais nisso não é?

***

-Não tem nada demais nisso?! – Emi bateu as mãos na mesa – Você praticamente assinou uma sentença de morte.

-Me explique de novo que eu me perdi no meio do caminho – Keiko pediu enquanto terminava de comer.

Estávamos no nosso familiar lugar no telhado da escola, as meninas do primeiro ano também estavam com a gente. Até o final do ano passado o local estava bem popular mas agora já tinha começado a ficar mais vazio novamente.

Emi se levantou e colocou as mãos na cintura. – Satoru Hamada é praticamente o idol da escola. Ele é tudo que uma garota "pensa" que sonha, ele é bonito, inteligente e ainda é um dos titulares do clube de natação, o que quer dizer que ele tem o físico.

-Eu ainda não entendi qual o problema – Sora comentou – Afinal não foi ele que veio falar com a [Nome] primeiro?

-Sim – ela lamentou e puxou de leve os cabelos – Esse é exatamente o problema Sora, o que quer dizer que agora [Nome] está no alvo do fã clube dele. E o fã clube tem pessoas intensas.

-Fora que eu não posso arriscar alguém ameaçando meu OTP-

Antes que ela pudesse continuar Misa se levantou e tapou a boca dela, eu tinha a sensação que ela ia falar algo que supostamente não deveria. Cerrei meus olhos e todas as garotas pareciam estar disfarçando.

Elas estavam mantendo algum segredo de mim?

Passei a mão pelas minhas têmporas – Eu não sei se eu quero saber o que vocês estão tentando esconder de mim, mas eu já falei que a prioridade é o time.

Então o sinal tocou finalizando o nosso horário livre, nos despedimos com a promessa de nos encontrarmos no corredor do primeiro ano antes de seguirmos pra sala do clube, eu prevejo dor de cabeça com essa aproximação inesperada.






N/A: Olá! Primeiramente, não se acostumem. A questão é a seguinte, eu fiz uma coisa que não tinha planejado pra história, mas eu gostei do resultado então estou lançando esse antes como teste.

Não se preocupem o cap seguinte desse já está escrito, então sem problemas na programação de postagem. Dependendo da reação desse capitulo eu vou alterar o próximo pra um caminho ou outro.

Sobre o meu desabafo do Sakusa no cap anterior, eu descobri porque ele me atormenta. É culpa do seiyuu dele que é o mesmo do Nozel, que é o outro personagem que me atormenta e é principal de uma outra história que estou escrevendo (só no meu computador essa hahaha). Na verdade eu tenho um problema real com os voice actors, a propósito Hawks de BNH e Kuroo dividindo o mesmo seiyuu é demais pra mim. Vou abandonar.

Ah, enfim tivemos um fim de semana produtivo, a história do Sakusa até que nasceu, tem dois caps. Mas ainda não sei o que vou fazer com ela. Vamos ver.

Agora de verdade até semana que vem Xx

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