Fim & Começo
Ainda estava no chão da quadra quando Sora e Aki se aproximaram para me ajudar a levantar, sentia meu pulmão buscando por ar e com certeza eu precisaria de uma massagem nas panturrilhas depois.
-Foi por pouco – a prima do Bokuto disse – Mas mesmo assim foi uma recepção e tanto, a que a Chizue-chan fez também, poderia ter acabado tudo ali mesmo.
Bati a mão no meu shorts em seguida – Pelo menos o último toque na bola foi nosso – Sora jogou o braço em cima dos meus ombros – Boa recepção capitã dinossauro.
-Ah cala a boca – empurrei ela de leve e pedi que as meninas se alinhassem para cumprimentar as adversárias, todas estavam acabadas acho que esse era o sinal de que tínhamos feito um bom trabalho.
-Foi uma luta e tanto – a capitã disse e apertou a minha mão – Obrigada, foi o jogo mais divertido que eu tive em tempos.
Balancei a cabeça e sorri educadamente – Sim, foi um bom jogo.
Cumprimentei os juízes e fomos até a torcida para agradecer também.
-Obrigada pelo apoio! – nos curvamos sobre o som de aplauso dos alunos ex alunos e apoiadores. Nos reunimos perto de Dan para receber o sermão mas na verdade quem falou foi o Hibiki-sensei.
-Se orgulhem dos seus resultados garotas, treinamos arduamente para conseguir chegar até aqui. E poder jogar esse belíssimo jogo contra uma escola de prestígio e que tem muito mais anos de experiência do que nós é mais do que prova de que o esforço e que os dias que passamos juntos valeu a pena. - e o mais velho continuou – Vocês lutaram bravamente, mas ainda tem muito o que crescer. O nosso plano ainda não morreu certo capitã? Um vaso feito com pressa apresenta falhas...
-Mas um que teve o devido cuidado vai durar uma eternidade – completei e me curvei – Muito obrigada!
Dan tomou a palavras mas ele apenas colocou a mão na cintura antes de começar - Eu não tenho o que falar estou orgulhoso de vocês, pode ter uma ou duas jogadas que se arrependam mas eu vou falar com sinceridade. Vocês jogaram bem.
-Se alonguem e vamos deixar a quadra eles precisam arrumar para poder fazer a premiação. – treinador parou antes de se virar – Keiko, você foi a MVP dessa partida.
Batemos nas costas dela em comemoração Kei ficou vermelha e pediu para pararem com a atenção, demos risada afinal não era do feitio dela ficar envergonhada daquele jeito.
Começamos a juntar as nossas coisas e eu vi que as meninas do primeiro ano estavam segurando o choro, mas antes que eu pudesse falar alguma coisa Hana e Sora se encarregaram de deixar elas pra cima.
-Hey, pra que isso. Nós vamos para o nacional tá legal?
-Terminamos o torneio sem nenhuma lesão, e veja só a capitã idiota do vôlei ainda está na quadra e andando, isso sim é evolução. Se fomos comparar o do ano passado, é claro.
-Porque você sempre tem que me colocar no meio – reclamei pegando algumas toalhas e empurrando elas em seguida – Vamos, vamos, tenho certeza que o Dan vai pagar um belo almoço para nós não vai?
Falei mais alto ganhando uma careta do treinador esparta, mas em seguida ele riu – Eu suponho que vocês mereçam.
-Yay! – Emi e Aki bateram as mãos comemorando.
Avisei que ia pegar a minha bolsa e corri para o lado de fora para poder pegar a minha mochila com Kai ou pelo menos a jaqueta do agasalho. Mas a minha surpresa foi encontrar ele junto com o Makoto.
-Porque você sempre aparece quando menos esperamos? – perguntei.
-É meu dom – ele respondeu – A propósito parabéns, não por ter conseguido o segundo lugar. Mas por ter avançado com o time até aqui, reconheço todo o trabalho duro que vocês tiveram.
-Eu não consigo definir se você está me elogiando ou atacando – falei e me virei para o capitão atual – Obrigada Kai, você me salvou.
-Um pouco dos dois – Makoto-san respondeu. E Kai apenas disse que não foi nada, peguei a minha jaqueta e vesti por cima do uniforme.
-Você continua sendo insuportável – reclamei.
-Mas ainda sou seu senpai.
-Chega vocês dois – Kai disse – Fala sério, bom só desci para te entregar a bolsa imagino que vão para a escola depois da premiação certo?
-Provavelmente. – respondi.
-Então nos encontramos na segunda – ele sorriu e saiu puxando o antigo capitão com ele, acenei de longe. Agradeci os outros garotos que cuidaram as bolsas também e retornei.
Não demorou para que anunciassem os resultados finais.
Academia Musashi, primeira representante de Tóquio
Academia Fukurodani, segunda representante de Tóquio
Nós acabamos por receber uma medalha de prata, peguei o certificado e Sora pegou o buquê de flores. Agradecemos os oficiais, não era o que esperávamos mas mesmo assim era uma sensação interessante, me lembraria dela para receber o ouro na próxima vez.
Ambos times saíram com aplausos e logo fomos direto para o estacionamento – Honestamente eu mal posso esperar para tirar uma soneca, você não vai se trocar não? Vai ficar com o uniforme até que hora?
-Hum? Estou com preguiça na escola eu troco – respondi. Dessa vez elas não reclamaram comigo deveriam estar cansadas demais para isso.
Dan prometeu um almoço então comemos algumas coisas leves no caminho de volta e nem preciso falar que 5 minutos dentro do ônibus e todas estavam dormindo. Exaustas.
Menos eu é claro.
Aquele último ponto ainda estava passando e repassando na minha cabeça, se eu tivesse posicionado os meus braços de maneira diferente eu talvez tivesse marcado o ponto e levado o jogo para deuce.
Lógico que para as meninas eu estava com a minha máscara, dizendo que estava tudo bem. Mas por dentro a frustação estava me comendo viva e foi assim o caminho inteiro até a Fukurodani.
-Vamos deixar para fazer a reunião na segunda – Dan disse – Hibiki-sensei já fez a reserva no restaurante podemos ir direto pra lá. Aposto que vocês estão com fome.
-Famintas treinador Esparta! – Keiko disse com a mão no estômago.
O grupo começou a andar na direção da saída da escola, mas meus pés automaticamente me levaram para outro lugar.
-Aonde você vai? – Dan perguntou quando me viu andando na direção contrária.
-Vou pro ginásio – respondi sem pensar – Só preciso pensar um pouco Dan, é sério. Eu encontro com vocês daqui a pouco. Só uns 20 minutos, depois disso eu me troco e encontro com vocês no restaurante.
Ele pareceu analisar e ponderar se o que eu estava dizendo era verdade, ele deu alguns passos na minha direção e colocou a mão na minha cabeça – Não exija demais de você little one, precisa comer e descansar. Não demore... Ou eu vou vir te buscar.
Ri de leve – Tudo bem, não vou fazer nada demais.
Dan sumiu no fim de tarde e eu continuei andando na direção dos ginásios, Claro que eu gostaria de ter ganho, mas o melhor time é o melhor time.
Soltei um longo suspiro e olhei para o céu, azul sem uma única nuvem e o sol estava no ponto mais alto... Um barulho de bola me fez desviar meus pensamentos, e não era do meu ginásio.
Kai e Makoto estavam no nosso jogo, então quem estaria na quadra do time masculino?
Espiei pra dentro do prédio e com certeza não era o que eu esperava encontrar – Kou?! O que está fazendo aqui?
Ele estava fazendo toques contra a parede, mas acabou se assustando comigo e a bola bateu bem na cabeça dele.
-Geh! Não me assuste assim!
Dei risada e troquei os tênis antes de entrar na quadra deles, praticamente vazia ela parecia bem maior do que o de costume. Voltei o meu olhar para o então vice capitão e reparei que ele estava com vestes comuns, ah é verdade eu me lembro de ter visto ele durante o segundo set, Koutarou estava na arquibancada junto com o restante dos segundo anistas.
A jaqueta que ele estava usando anteriormente estava jogada em algum canto da quadra, deixando ele apenas com uma camiseta preta e eu acredito que era a primeira vez que eu tinha o visto vestindo jeans... Combinava com ele.
-Então/eu – nós falamos juntos e eu passei a mão no meu pescoço e olhei para baixo envergonhada – Pode falar, não é como se eu tivesse muito pra dizer afinal você viu o jogo... Nós perdemos.
-Mas mesmo assim vocês vão para o nacional isso já é incrível – ouvi os passos dele de aproximando – [Nome]...
O garoto me chamou quase como se fosse um suspiro e eu levantei meu olhos para descobrir que ele estava bem mais perto do que eu imaginava, eu nunca tinha reparado tanto em seus olhos mas eu conseguia me ver refletidas naquelas íris douradas e brilhantes. De alguma forma era como se ele conseguisse ler todos os meus pensamentos, angustias e medos e eu não sabia como e nem porquê.
-Você deu o seu melhor.
Uma única frase foi o que precisou para as lágrimas viessem aos meus olhos minhas mãos fechadas em punho e meu corpo tremendo de frustação sem que eu tivesse dado permissão para isso. Eu estava praticamente nua da minha armadura de confiança na presença de quem menos eu gostaria que me visse assim.
Encostei a minha cabeça no seu ombro sem conseguir segurar seu próprio peso, minhas mãos seguravam a sua camiseta quase que com desespero – Que tipo de ace que eu sou? Que tipo de capitã que eu sou? Quantas vezes eu vou falhar com o time? No fim das contas as minhas palavras são só um monte de besteiras!
Ele não disse nada mas senti seus braços me envolvendo como se estive segurando a mais rara das peças de porcelana, firme porém gentilmente. Me dando suporte e impedindo que eu caísse ali mesmo.
-Alguém ganha e alguém perde, vôlei é assim e é o que torna tudo ainda mais divertido. – ele disse calmamente - "O treinador com certeza te coloca na quadra sabendo que uma hora ou outra pode dar de cara com um problema. Pra isso que serve o time, pra te segurar quando você mesmo quer se jogar."
Aquelas palavras.
-Foi isso que você disse pra mim quando eu não consegui passar pelo bloqueio ano passado não foi? – ele perguntou - E depois disso me ajudou a treinar as paralelas.
Me afastei dele para vez que o garoto tinha um sorriso singelo no rosto. – Eu não sou bom em lembrar muitas coisas mas o que você fala geralmente fica repetindo na minha mente. Hum, o que eu quero dizer é que...
Eu sabia o que estava por vir e meu próprio coração estava ansiando por isso mesmo que a minha cabeça não quisesse, Kou ficou corado e só então percebeu que ainda estava me abraçando e num movimento quase que mecânico ele me soltou e começou a falar algumas frases desconexas.
-No vôlei tem a quadra, e t-t-também tem as bolas e os j-jogadores – ele balançou os braços tentando se explicar. – Mas não é isso que eu quero dizer, você sabe as regras.
Ele andou de um lado para o outro e eu sorri vendo que ele estava ficando todo confuso e envergonhado.
-O que eu quero dizer é que... –ele se virou na minha direção com os braços colados em sua lateral - Assim como vôlei precisa da bola, eu também preciso de você. Eu amo jogar vôlei... Mas eu também estou apaixonado por você.
Ele disse.
Meu coração estava batendo nos meus ouvidos me impedindo de ouvir qualquer barulho externo me deixando apenas com meus próprios pensamentos, meu amor pelo rapaz apareceu de repente, como um raio de sol que encontra caminho dentre as nuvens para iluminar o dia, inesperado mas mesmo assim bem-vindo. Era como a luz de uma estrela que estava a milhões de quilômetros da terra mas que continua deixando a noite mais bonita.
Cada detalhe cada defeito, se fosse diferente era capaz que eu não tivesse me apaixonado, cada mania cada risada cada gesto que me puxava, sem eu perceber, na direção dele eu era como um planeta que era atraído e girava em torno do sol...
-Você é meu sol Koutarou – falei quando finalmente cheguei a minha conclusão e olhei pra palma da minha mão e em seguida eu encarei o garoto – Eu... gosto de você. Ou melhor eu sou apaixonada por você.
Seus olhos se tornaram ainda mais vivos, se é que isso era possível, mas eu continuei falando -Mas ao mesmo tempo eu peço desculpa por ser tão egoísta, eu não posso te amar. Pelo menos não agora...
-Vamos para o terceiro ano, você vai virar o capitão e vai ser a nossa última chance – dei passos devagar até onde ele estava e passei meu braços pela sua cintura, enquanto isso ele me ouvia com atenção – Se eu tivesse que usar o meu pedido por ter ganho a aposta pra pedir para você me esperar, você aceitaria?
Um silêncio tomou o local e eu começava a sentir um aperto no peito, mas relaxei quando senti que ele tinha me abraçado de volta.
-Você não precisa usar seu pedido pra isso – Bokuto riu de leve - Eu já disse que te esperaria não é mesmo? O tempo que for necessário, nem que pra isso eu tenha que viver 130 anos.
Afastei meu rosto e ele continuou falando – Eu confio em você [Nome], vou te esperar até que possamos andar lado a lado.
-Então essa é a minha promessa pra você. – respondi dessa vez não hesitei, apertei meus braços a sua volta e o beijei.
- FIM -
Epílogo
Toquei meus lábios de leve enquanto me lembrava de um certo momento com um ace barulhento mais de um ano atrás. Meu sol... Realmente ele continuava sendo o corpo celeste mais brilhante que existia na minha vida.
-Capitã! – Chiasa me chamou – Não estamos encontrando o kit de primeiro socorros. – Sayu também não achou.
Olhei para a segundo anista esperando uma confirmação e ela balançou a cabeça – Não encontramos em nenhum lugar.
Suspirei Sora estava cuidando das meninas do primeiro ano e o restante estava se aquecendo, teria que eu mesma voltar para o depósito.
-Tudo bem eu vou até o armazenamento ver se eu encontro, não saiam daqui e se Dan ou Hibiki-sensei perguntarem digam que eu fui até lá, certo?
Elas acenaram com a cabeça e eu me coloquei a correr entre os times até uma quadra lateral que era usada como depósito era onde os times podiam deixar as bolsas e demais equipamentos. Vejamos quem normalmente usa as fitas é a Keiko, então devem estar na bolsa dela.
-Bingo! – falei e me levantei assim que eu sai da área destinada aos times femininos eu me encontrei com um grupo bem familiar.
-Capitã-senpai!
Não pude deixar de dar risada enquanto Hinata recebia uma bronca do capitão da Karasuno por eu ter um nome e ele não ser "capitã" – Não se preocupe Sawamura-san, realmente não me importo. – balancei a mão - Parabéns por terem passado para o segundo dia.
-Obrigado! – o meio de rede agradeceu, comparado com o que eu tinha visto do acampamento masculino ele parecia bem mais maduro, acho que ter como rival uma pessoa que foi para o acampamento nacional fez bem.
-Bom eu preciso ir, bom jogo para vocês tentem sobreviver ao segundo dia também – o time da Karasuno acenou e eu voltei para a ala onde as minhas meninas estavam se aquecendo.
-É a capitã da Fukurodani!
-Tão bonita! Mas ouvi dizer que receber uma cortada dela quase arranca seu braço!
-É claro, o que mais você esperaria de uma das 3 pontas de nível nacional?
Quase tive vontade de rir quem via o time hoje não fazia ideia do que já tínhamos passado, às vezes a única recompensa por ter alguma fé só aparece quando é testada de novo e de novo todos os dias.
Dessa vez nós vamos deixar de ser lendas para nos tornarmos imortais.
N/A: Fim do Segundo Livro da série Legends! De coração obrigada a quem acompanhou até aqui, quem comentou, quem só leu, que só deu uma estrelinha. Se eu continuei foi por conta de vocês.
De novo eu não tenho muito o que falar, espero que eu tenha feito vocês sorrirem durante todo esse ano de 2020 que foi o ano de postagem, e deixado de alguma maneira os fim de semana mais divertidos.
Como sempre o epílogo se passa no tempo presente enquanto todo o restante da história é um acontecimento passado.
E é isso Champions termina com aproximadamente 68.430 palavras 50 capítulos e eu encontro com vocês em algum outro livro em algum outro dia!
E com a nossa querida [Nome] e Bokuto vejo vocês no livro 3, Immortals.
Gratidão. Xx
Att: 22/03/2021
Não deixe de conferir o Spin-Off - Sunshine Riptide
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