Prólogo

Era um dia de festa em Florença, Nicholas estava finalmente se casando com a sua amada. Eles se conheciam desde o colégio e se relacionaram por um longo tempo, até decidirem trocarem as alianças. E foi o que aconteceu naquele dia. Estavam todos os seus amigos, convidados e colegas de trabalho. Nicholas não podia estar mais feliz e sua esposa não estava diferente dele. Um novo capítulo se iniciaria na vida deles.

Passaram-se alguns anos e o que era um mar de rosas, transformou-se em brigas constantes. Principalmente por causa da negação de Nicholas para ter filhos e sua grande dedicação ao trabalho.

— Nicholas, já somos casados há mais de cinco anos e nem chegamos na possibilidade de termos um filho. Mas você não tem tempo para a sua esposa, vive correndo para aquele seu trabalho e nem se importa com quem mais lhe apoiou em todos os seus anos.

— Raffaele, nós já conversamos sobre isso. Eu não estou pronto para ser pai nesse momento. É cedo demais para isso. Esse é o meu trabalho, não posso largar o meu posto ou deixar pessoas em perigo, só porque você não aceita o que eu faço. — Disse a encarando.

— Isso não me importa, Nicholas. Eu preciso do meu marido em casa. Estou cansada de ficar esperando você resolver retornar para o seu "lar", porque só vem para trocar a roupa, comer alguma coisa e depois vai embora.

— Você já viu o caos que está a cidade? Estão precisando de todos os bombeiros possíveis para ajudar. Não posso ficar de braços cruzados enquanto vejo esse lugar em desordem. Estou fazendo isso por todas as pessoas e pela minha esposa, para que fique segura. Mas vejo que meus esforços para a sua segurança são em vão. Você não liga para o que eu faço ou deixo de fazer. Só recebo reclamações o tempo todo, nunca ganhei um elogio de você. Só exige as coisas de mim. Isso é cansativo.

— Eu não amo mais você, Nicholas.

— O quê? - Perguntou incrédulo.

— Você me ouviu. Eu estou cansada disso tudo, não quero mais viver assim.

— Como assim? — Perguntou confuso.

— Eu quero o divórcio. — O olhou séria.

— Você não pode estar falando sério, Raffaele.

— Eu não brincaria com algo desse tipo. — Disse se levantando.

— Então, você deseja jogar seis anos do nosso casamento em uma lata de lixo. É isso mesmo? - Perguntou cruzando os braços.

— Eu não tenho muita escolha, é uma decisão minha.

— É isso mesmo que você quer? — Perguntou mais para si mesmo do que para ela.

— Sim. Eu quero me divorciar de você. — Disse firme.

Nicholas não estava acreditando no que havia escutado de sua esposa, era algo que ele nunca imaginava que aconteceria. Não com o amor profundo que sentiam um pelo outro, pelo menos da parte dele. De sua esposa não se sabe se o amava tão intensamente igual ele.

Depois de uma semana, Raffaele já havia dado entrada nos papéis do divórcio. Estava tudo preparado, mas Nicholas se negava a assiná-los e sempre jogava fora os papéis ou os rasgava. Não concordaria com essa palhaçada que sua esposa vinha armando para cima dele. Já não moravam mais juntos, porque o ambiente havia ficado insuportável para ambos viverem.

Raffaele decidiu dar entrada no divórcio litigioso, já que Nicholas se negava a aceitar o mesmo ou entrar em acordo com alguma coisa exigida. Conseguiram iniciar o processo de separação, que durou uns três-quatro meses. Nicholas não aguentava mais isso, queria que tudo terminasse logo de uma vez e pudesse seguir sua vida em paz. Quanto mais desejava que acabasse mais demorava. Seu advogado sempre dizia que estava perto de terminar tudo, mas sempre surgia mais alguma coisa para resolver. Depois que quase sete meses, finalmente haviam conseguido resolver tudo o que precisavam e estavam divorciados. Nicholas respirou aliviado com isso, não aguentava mais tanta enrolação.

Era um homem livre agora e divorciado, não queria mais ficar naquele lugar. Precisava mudar-se para uma outra cidade, recomeçar uma nova vida e esquecer as dores e ferimentos que sua ex-esposa deixara em seu peito. Decidiu mudar-se para Roma e foi o que fez alguns dias depois. O seu antigo chefe enviou uma recomendação extraordinária para o Capitão dos bombeiros de Roma e ele logo se interessou por Nicholas prontamente, não precisava nem pensar sobre isso, já o queria em sua equipe. Não ficaria tão pesado apenas para um dos seus tenentes, com dois sob o comando ficaria mais leve e menos fardo para o esquadrão.



Todos os dias eram assim, isso já estava deixando Emma cansada dessa situação. Estavam juntos há três anos, mas não aguentava mais aquilo. Suas amigas lhe diziam para largar o sujeito, mas ela sempre andava para trás e dizia que ele iria mudar, mas no fundo sabia que isso era mais uma das mentiras que ela inventava para si mesma.

— Mike, nós precisamos conversar. E não diga que está tudo bem, porque não está.

— Sobre o quê? - disse se levantando do sofá.

— O que mais seria? Nós.

— Não temos o que conversar.

— O quê? Só pode estar brincando com a minha cara.

— Nós estamos bem, não tem o que conversar.

— Para, Mike. Só para. Você sabe muito bem que não estamos bem. Não estamos assim a muito tempo.

— O que você quer dizer com isso?

— Que não está mais dando certo, Mike. Não somos mais como costumávamos ser. Algo mudou entre nós. Vai me dizer que você não percebeu isso?

Mike respirou fundo enfiando os dedos nos próprios cabelos. Sabia que Emma estava certa, mas não queria assumir isso. Odiava quando ela estava certa sobre as coisas, não admitia isso. Mas o que se podia fazer, se ela tinha razão?

— Mas podemos tentar mudar isso, Emma. Você sabe disso. — A olhou.

— Eu tentei, Mike. Eu juro por Deus que tentei de tudo para conseguir mudar essa situação em que nos encontramos, mas não dá mais. Entende?

— Estou tentando entender isso tudo.

— Não somos mais os mesmos, Mike. Nem parece que somos "namorados". Estamos aqui no mesmo lugar, mas é como se não estivéssemos. Não nos relacionamos mais, mal nos falamos direito, dormirmos em locais separados. Você mal fica em casa, sempre com alguma desculpa de que está preso no trabalho ou que ficará na casa de algum amigo. Sei que é apenas para não ter que voltar e viver como dois estranhos.

— Emma... Eu sinto muito.

— Não. Não sinta. Está tudo bem, mas não podemos continuar vivendo desse jeito. Não é saudável para nenhum de nós dois. Eu sei que sua mãe adora nos ver "juntos" e que apoia muito esse relacionamento, mas não podemos continuar com isso. Temos que dar um basta e terminar antes que seja tarde demais. Não podemos nos machucar mais do já estamos. Sabe disso. — O olhou.

Emma respirou fundo e fechou os seus olhos, havia conseguido retirar tudo o que estava entalado em sua garganta. Não podia se segurar mais, estava se matando aos poucos com aquele relacionamento tão desgastante. Não estavam bem a muito tempo, mas por se amarem, não queriam enxergar isso.

— Tudo bem, você está certa. Nós não estamos bem. Acho que você sabe o que devemos fazer sobre isso.

— Sim, eu sei. — E Mike segurou suas mãos.

— Só quero que saiba que eu sempre amarei você, mas precisa ser feliz e eu não sou essa pessoa que lhe trará a felicidade.

— Então... Vamos terminar esse relacionamento que teve bons e maus momentos em nossas vidas. Quero que seja feliz com a pessoa que merece o seu coração. O que sentimos não mudará, mas será amor fraternal de hoje em diante. Somos amigos acima de tudo, nos conhecemos desde a infância. - sorriu.

— Um último beijo?

— Claro. - o olhou e sorriu.

E ali se despediram com um beijo de despedida, o casal de ex-namorados que um dia se amaram mais do que qualquer coisa. Era o amor mais lindo que existia, segundo os amigos de ambos. Mas agora acabou e cada um seguiu o seu próprio destino em busca dos seus sonhos.

Emma ficou mais um tempo morando em Milão, mas depois resolveu mudar-se para Roma. Por mais que tenha sido um término amigável, ainda lhe machucava um pouco viver no mesmo lugar que Mike. Eram quase vizinhos e vê-lo atravessando sua rua todos os dias antes de seguir para o trabalho, continuava sendo doloroso.

Tomou uma grande decisão enquanto olhava as estrelas brilhantes naquela noite. Iria mudar-se para Roma e continuar sendo paramédica, para terminar o que começou na cidade que morava. Depois que tivesse o nível completo, tentaria ser bombeira, um dos seus maiores sonhos. E não iria parar até alcançá-lo e ser o que sempre desejou.

Não seria uma tarefa fácil, mas iria até o fim para conseguir. Esse era o seu pensamento quando entrou naquele avião que pousaria em Roma e não voltaria atrás, seguiria em frente com seus desejos e sonhos.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top