[2017] 36
Kami-sama, porque esse tipo de coisa acontece comigo.
Fídio e Kuroo estavam se encarando como se estivessem prestes a entrar num ringue de luta, todo o ar envolta estava pesado, algumas pessoas até pararam para olhar. Eu precisava fazer algo.
-Hum... – eu pigarreei e ri nervosamente – Kuroo esse é o filho do sócio do meu pai Fídio, Fídio esse é meu namorado Kuroo.
Os dois continuaram sem falar nada até que Fídio resolveu falar e dar um sorriso que eu encarei como falso – É um prazer espero que possamos nos dar bem.
Kuroo olhou pra mim de relance e aceitou a mão que Fídio estendia – Sim.
Eu sabia que ambos os lados não estavam falando a verdade, mas educação era o mínimo que eu podia pedir no momento - Bem que tal tentarmos nos juntar com o resto do time, ein? – eu comecei a andar de costas – Aposto que Lev-
-CUIDADO ONEE-SAN!
Só senti a minha batata da perna batendo em alguma coisa e em seguida a única coisa que eu percebi é que estava sentada dentro do tanque dos peixinhos, encharcada da cabeça aos pés. E tossindo o pouco de água que tinha entrado pela minha boca. Isso era nojento.
Diversas pessoas me perguntaram se eu estava bem e eu confirmei. Meu rosto estava queimando de vergonha, como se a situação não pudesse piorar a minha camisa era branca. Kuroo me estendeu a mão e me ajudou a sair.
-Tudo bem? Machucou-se?
-Não – falei cruzando os braços na frente do meu corpo. Podemos só ir embora? Pensei.
Fidio me lançou um olhar envergonhado, mas tirou a jaqueta do time dele e estendeu na minha direção, Kuroo segurou o braço dele no meio do caminho.
-O que você pensa que está fazendo? – ele perguntou num tom raivoso.
-Estou oferecendo a minha jaqueta – ele respondeu sarcástico - Bem a não ser que você queira que a [Nome] mostre as roupas debaixo dela pro campus inteiro além de pegar um resfriado.
-Tsc – Kuroo arrancou a jaqueta da mão dele e jogou sobre os meus ombros – Vamos pra barraca do Bokuto quem sabe a gerente dele não consegue te ajudar.
-Obrigada Fídio, desculpe pelo incomodo – falei enquanto colocava meus braços dentro das mangas e torcia o excesso de água do meu cabelo.
-Sem problemas [Nome]. – ele sorriu pra mim esse muito mais verdadeiro do que ele tinha lançado na direção do meu namorado.
Kuroo revirou os olhos e me pegou pelo braço e começou a me arrastar, eu só consegui lançar um olhar de desculpa pro Fidio e ele balançou a cabeça num gesto que eu interpretei como "tudo bem". Apesar de Kuroo também estar vestindo uma jaqueta ela ainda estava molhada por causa do jogo que eles tiveram na barraca do Bokuto.
Progressivamente a força com que Kuroo segurava o meu braço aumentava.
-Kuroo – chamei mas ele não me deu ouvidos. Minha mão começava a formigar pela falta de circulação.
-Kuroo! – falei mais alto e parei de andar o forçando a me encarar.
-Que é?! – ele respondeu grosseiramente, logo que o olhar dele encontrou com o meu ele soltou o meu braço, eu acabei dando um passo pra trás. Eu não estava nada feliz com aquela situação e nem com ele, mas também não queria brigar.
Desviei dele sem dizer uma palavra e segui na direção da tal barraca.
-[Nome] o que aconteceu? – ela perguntou assim que eu me aproximei.
-Coisas demais... Você tem alguma muda de roupa pra me emprestar?
Ela correu pra dentro e logo voltou com uma sacola eu agradeci e entrei em um dos prédios pra poder me trocar, tirei a jaqueta de Fideo e percebi que a parte que Kuroo tinha segurado no meu braço estava num tom escuro de vermelho. Suspirei e senti meus olhos arderem, engoli seco e me forcei a segurar as lágrimas.
Por mais que eu já estivesse mais seca eu precisei colocar a jaqueta novamente por causa da marca que estava no meu braço, quando sai o Kuroo estava me esperando encostado na parede, e honestamente eu não sabia o que pensar.
-[Nome]... – ele começou e se aproximar – Me desculpa eu não sei o que deu em mim...
Ri nervosa – Não sabe o que deu? – falei – Eu sei muito bem... Você confia tão pouco em mim pra agir desse jeito?
-Não! – ele me segurou pelos ombros – Eu confio em você, é só... Aquele cara, eu não suporto o jeito que ele olha pra você.
Meu sangue ferveu, e algumas coisas que estavam arquivadas na minha mente vieram a ona – Não suporta o jeito que ele olha pra mim? Kuroo, ele não é o primeiro e também não vai ser o último, você tem alguma idéia de como eu me sinto vendo as garotas te olharem?
-Desde o começo, o capitão do time, atlético, inteligente. "Como será que é estar nos braços do Kuroo-san", "Kuroo-kun é tão bonito", "Kuroo-senpai deveria largar aquela estrangeira aproveitadora". – falei – Você tem idéia de quantas vezes eu ouvi isso pelos corredores? Você sabe quantas vezes eu quis bater de frente com cada uma delas? Não, você não sabe porque eu escondi e ignorei isso por todo esse tempo.
Ele me olhava com os olhos arregalados em choque, mas antes ele que ele respondesse eu continuei.
-E sabe porque? Porque eu confio em você, e ter você do meu lado junto comigo compensa todas as porcarias que os outros falam. – passei a mão nos meus olhos – Eu entendo a sua insegurança afinal é um cara estranho que vai ficar na casa da sua namorada, mas...
Solucei, e levantei o olhar pra encarar o dele enquanto as lágrimas que eu tinha segurado previamente escoriam livremente – Eu não amo ele, eu amo você seu idiota!
Kuroo me envolveu nos braços segurando minha cabeça firme enquanto eu segurava a sua camisa entre meus dedos. Ele pediu desculpa diversas vezes.
-Me desculpa – ele colocou a testa colada na minha – Me desculpa por não prestar mais atenção em você, me desculpa por não te proteger, me desculpa por ser tão egoísta ao ponto de querer ser o único com direito de olhar pra você...
-Eu não ligo para comentários maldosos, só quero que você confie em mim e acredite em mim do mesmo jeito que eu confio em você.
-Eu confio em você – ele respondeu – Se não confiasse não teria e entregue meu coração.
Revirei os olhos, mas não pude deixar de dar um pequeno sorriso – E de qual manga você tirou essa frase?
-Em um que eu achei na casa do Kenma, você sabe ele adora isso apesar de não admitir – ele respondeu e beijou a minha testa.
-Claro... O Kenma.
Ele passou os dedos em baixo dos meus olhos pra secar o que tinha restado de lágrimas, e dessa vez me guiou pra fora segurando a minha mão de maneira muito mais gentil. Voltamos pra frente da barraca e vimos que Bokuto estava tendo uma conversa animada com Fídio apesar dele estar com uma cara que dizia "me salve".
-Bokuto – chamei – Vamos precisar ir então agradeceria se você pudesse deixar o meu convidado em paz.
Nos despedimos e resolvemos sentar numa das mesas, o silencio era constrangedor eu e Kuroo estávamos sentados de um lado da mesa e Fídio sentado a nossa frente olhando pro outro lado e com o rosto apoiado na mão.
Por sorte meu celular tocou quebrando o silêncio. Nunca fiquei tão feliz por receber uma ligação do meu pai.
-Pai! – exclamei fazendo com que os dois garotos me encarassem momentaneamente.
-Hum...? Você nunca fica feliz em receber uma ligação minha. – ele reclamou do outro lado da linha e eu apegas ignorei – Mas enfim, já encontrou com o Fídio?
-Já – respondi tentando manter as minhas respostas curtas.
-Está tudo bem? – ele perguntou.
-Algo do tipo.
-Oh... Ele e Kuroo não se deram muito bem não é? – pude ouvir ele suspirando.
-Nem um pouco – eu soltei uma risada falsa como se estivesse rindo de algo que ele tinha me dito.
-Essa juventude de hoje em dia, só liguei pra saber mesmo. Tome cuidado [Nome], e não demore pra voltar tenho certeza que uma hora os dois vão se entender.
-Espero que esteja certo. Ciao. – me despedi e desliguei a chamada.
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