Eu estava no quarto da concentração, já tinha arrumado as minhas coisas pra ir embora, tinha passado uma semana depois do amistoso e eu não conseguia parar de pensar como as coisas estavam indo com meu time.

Eu também namorava a placa que a confederação tinha me dado. Era uma placa de prata mais ou menos do tamanho de uma folha comum com um vidro na frente e uma moldura preta, nela estava escrito.

[Nome] D'Calligari,

Levantadora da Seleção Italiana

Ano XXXX – Ano XXXX

XXX Jogos

XXX Vitórias

Infinitas memórias.

Já tinha entregado o uniforme de volta afinal eu tinha recebido ele apenas pro jogo, meu único uniforme agora era a da Nekoma.

-[Nome] – Isabelly bateu na porta com uma voz não muito animada – Matteo já está pronto pra te levar...

Ela tinha os olhos chorosos, era a segunda vez que eu via eles essa semana, isso me deixava preocupada. – Você não era tão chorona assim - falei.

-Hunf, você acha que é fácil me despedir da minha melhor amiga? É a terceira vez que isso acontece. – ela cruzou os braços e fez um bico. Revirei os olhos e me aproximei – Você tem que me visitar em Tóquio.

-E você nada de nos esquecer aqui de novo, só porque tem um namorado bonitão – ela riu e me deu um tapa de leve no braço.

-Vamos fazer exame físico então não podemos te acompanhar no aeroporto dessa vez. O resto das meninas querem se despedir também.

-Vamos [Nome] – Mona disse com metade do corpo atrás da porta – Eu levo a sua bolsa, Belly você leva ela.

Eu apenas ri e deixei ela me guiar. Me despedi de todas elas, Rita foi provavelmente a que mais chorou me fazendo prometer mandar fotos de todos os garotos bonitos que eu encontrasse. As garotas fizeram um meio círculo envolta de mim.

-Bem... – passei a mão pelo pescoço – Eu não tenho palavras pra agradecer vocês pelo suporte, não só no amistoso mas todo o tempo que passamos juntas. Eu peço desculpa se eu fiz algo nesse tempo que vocês não gostaram ou ficaram chateadas, e se eu forcei vocês ou mandei que fizessem mais foi porque eu sempre acreditei em cada uma.

Algumas lágrimas já caiam nos rostos delas.

-Vocês são fortes e vão ficar ainda mais... No Japão eu aprendi uma coisa – soltei um riso nervoso, não acredito que ia falar aquilo – O sangue tem que continuar fluindo pro cérebro e o resto do corpo funcionar. Então independente da situação continuem avan- 

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa uma Isabelly em prantos já estava pendurada no meu pescoço.

-Você não pode sair, eu não estou pronta pra te deixar ir – um soluço – Nós jogamos juntas a vida inteira, sempre que eu via suas costas sabia que não estava sozinha. E agora? Eu não sou forte que nem você...

Coloquei as mãos nos ombros dela e a afastei – Belly eu só fui forte justamente eu tinha você e todas as outras me apoiando. Você não está sozinha, tem um time inteiro pra dar aquele empurrãozinho.

-Belly – Mona começou – Nós escolhemos você como capitã sabendo que você poderia "quebrar" com a pressão. Mas estamos aqui pra segurar você, assim como você seguraria a [Nome].

-Por favor cuidem dela – eu pedi, e todas concordaram. Matteo disse que estava na hora, acenei uma última vez, era a última vez que eu veria aquele prédio sorri pra elas e virei meu rosto pra entrar no carro elas não precisavam ver minhas lágrimas. Queria que meu time tivesse a visão de que eu sempre estava sorrindo, e apoiando elas pra serem o mais forte possível.

-Você fez um bom trabalho [Nome] – ele disse – Com certeza elas vão jogar por você também.

-Obrigada treinador – falei, agora que eu já tinha colocado um ponto final no meu passado. Precisava começar a pensar no meu futuro.

Hora de começar a pensar na clínica e na proposta do meu pai.

***

(n/a: de volta ao japonês)

O ar de Tóquio era bem mais pesado que o da Itália mas mesmo assim eu tinha sentido falta, ainda bem que a Nekoma ficava num distrito mais afastado e sem tanta poluição. Já tinha pego a minha mala e passado pelo check-in quando vi meu pai e Nico.

-[Nome]! – Nico gritou e correu agarrando as minhas pernas – Bem vinda de volta, e parabéns.

-Obrigada pequeno – passei a mão na cabeça dele – Gostou do jogo?

-Sim, foi incrível – ele disse e começou a tagalerar sobre alguns lances.

Meu pai me abraçou e também me deu os parabéns, estava de manhã então ate chegarmos em casa estaria na hora do almoço, eu ainda poderia ver os garotos no treino depois, minha mãe me recebeu com lágrimas.

Eu contei todos os detalhes e ainda falei das coisas que fizemos no tempo livre. Nico tinha amado a minha placa e meu pai prometeu que colocaria na parede o mais rápido possível.

Subi pra desfazer as minhas malas e tomar um banho, coloquei o meu agasalho da Nekoma já que planejava ir lá de tarde, dentro da minha bolsa vi uma coisa que eu não lembrava de ter guardado, era um pacote listrado... Só podia ter sido a Mona que tinha colocado na minha bolsa.

Rasguei o embrulho era a foto que tínhamos tirado antes da partida, sorri vendo o time. Não seria mais do que uma boa lembrança a partir de agora... Suspirei subindo o zíper do tão familiar casaco vermelho, desci as escadas.

-[Nome] você vai pra escola? – Nico perguntou.

-Vou sim – respondi e ele ficou meio triste. – O que foi?

-Faz tempo que você não brinca comigo – ele abaixou a cabeça, odiava ver meu irmãozinho assim. Nessas horas que eu queria apertar ele até dizer chega.

Me agachei pra ficar mais ou menos na altura dele - Sábado eu prometo que te levo pra jogar vôlei okay? – ele não pareceu muito animado - Posso até pedir pro Kuroo ir com a gente... Se você quiser.

-Verdade? – o olhar dele se iluminou.

Sorri e baguncei o cabelo dele – Verdade.

-Traga ele pra jantar aqui em casa hoje [Nome] – minha mãe disse – Tenho certeza que vocês tem muito o que conversar.

Fiz que sim e sai de casa não demorou muito eu já estava nas imediações da escola e quando cheguei no ginásio eles estavam na pausa, afinal não estava ouvindo o barulho dos tênis.

-LEV SEU PREGUIÇOSO. – Gritei chamando a atenção – Você não deveria estar treinando? Acho que o Yaku está pegando leve demais com você. Talvez o treinador Nekomata me deixe encarregada do seu treino nos próximos dias. – Deixei a porta bater atrás de mim.

Eles todos ficaram com caras espantadas, como se eu fosse uma assombração.

-[Nome]-senpai! – Inuoka foi o primeiro a se pronunciar sorrindo – Porque não disse que tinha voltado.

-Eu acabei de chegar na verdade – respondi me curvando num comprimento pro treinador e o Naoi.

Tora caiu no chão chorando, e Yaku me deu um soquinho no braço, até Kenma disse que era bom ver que eu estava de volta, Ren me deu um abraço tímido e prometeu me dar um relatório sobre tudo o que tinha acontecido.

Mas meus olhos finalmente tinham encontrado os que eu queria, as orbes douradas... Ela brilhavam pra mim como nunca tinham brilhado antes. Mas não tivemos tempo de conversar o tempo tinha acabado.

Mas os meninos estavam tão animados que estavam criando um caos na quadra, por isso o treinador resolveu terminar o treino mais cedo com a promessa que amanhã, teríamos o dobro. Eu respondi todas as perguntas mas estava realmente querendo que eles me deixassem sozinha com o Kuroo.

Yaku percebeu e chutou eles do ginásio me deixando com o capitão... Foi o último menino sair que eu senti ele abraçando a minha cintura.

-Me lembre de agradecer Yaku depois – ele disse colando os lábios nos meus, como eu tinha sentido falta disso. Joguei meus braços por cima dos ombros dele e sorri.

-Senti sua falta – falei apertando ele.

Ele enterrou o rosto no meu cabelo nunca soltando o aperto.

-Tenho tanta coisa pra te falar – comentei levantando o rosto dele pra encarar seus olhos – Quer jantar em casa?

-Não precisava nem perguntar. – levei meus dedos pra parte de trás do cabelo dele e puchei ele pra mim de novo.

-[Nome]... – ele resmungou num tom de aviso e escorregou a mão pra dentro da minha camisa.

-Melhor irmos – eu ri e tirei a mão dele de baixo da minha camiseta. Ele foi pro vestiário e eu fiquei esperando na sala do clube, ele não demorou muito pra falar a verdade, pegamos o trem e andamos devagar até a minha casa ele segurava a minha mão firme, como se não quisesse que deixar ir embora de novo.

Apertei a mão dele de volta – Sabe que eu não vou embora né.

Ele suspirou – Só pra garantir. Você parece preocupada...

-Bem... É sobre a viagem que eu fiz pra Miyagi – comentei – É complicado na verdade... Meu pai montou uma clínica de fisioterapia junto com um antigo amigo dele lá. Como a região é bem dotada de atletas ele diz que uma boa clínica é essencial.

-Ainda não estou vendo o problema nisso – ele falou me olhando.

-Bem... Parece que a clínica está sendo tão bem sucedida que eles foram convidados a montar um centro de treinamento integrado com uma clinica... Aqui em Tóquio, e meu pai sabendo que eu pretendo ficar na área da fisioterapia esportiva que me colocar como sócia secundária – e continuei - Mas toda essa responsabilidade, eu não sei se eu consigo, afinal é um negócio é uma profissão não é algo que eu vou poder sair no meio do caminho, eu não sei o que...

Ele colocou a mão ma minha boca me impedindo de falar – Respira... Seu cérebro precisa oxigenar, não queremos que você sofra uma Hipoxia Cerebral – ele disse devagar .

Enchi meu pulmão de ar e soltei devagar pela boca – Você é tão nerd...

Ele deu de ombros e eu falei novamente as minhas preocupações de uma maneira mais devagar.

-Você devia confiar mais em si mesma – ele disse assim que eu terminei – [Nome], quantas vezes você já tomou a frente das coisas... Além disso cuidar de um clínica não pode ser tão diferente de cuidar do time afinal eles parecem crianças mesmo.

-Você não está ajudando – reclamei e soltei a mão dele cruzando os braços.

-[Nome] olha pra mim – ele me parou no meio do caminho e me fez encarar ele segurando meus ombros. – Me diz uma coisa que você não tenha feito com sucesso? Você está na classe avançada sem ser japonesa, era capitã da seleção Italiana, gerente do time da escola. Já era pra você está acostumada a liderar, estar dentro de uma clínica seria o mesmo que um peixe estar dentro da água.

-O ditado é diferente – falei.

-Isso chama metáfora gênio – ele sorriu sarcástico – Sei que você consegue.

Soltei o ar fazendo um assovio estranho – Certo – concordei - Vamos entrar tenho certeza que minha mãe está espiando da janela.

Peguei a mão dele e guiei no caminho de casa.

-Kuroo! – um grito ecoou na casa.

-E lá vem seu fã número um – falei vendo Nico descer as escadas correndo, enquanto minha mãe gritava com ele pra não descer rápido daquele jeito.

O pequeno grudou nas pernas dele – E ai, Nico. – Ele se afastou e eles fizeram um high Five. Meu irmão puxou a jaqueta dele pra baixo e Kuroo abaixou, Nico tentou cochichar mas ele só falou meio baixo, eu ainda consegui ouvir.

-Você precisa me ajudar com aquela coisa – ele colocou a mão na frente da boca como se eu não estivesse ouvindo.

-Hum – Kuroo olhou pra ele sério – Então você...

Nico colocou a mão na boca dele e eu notei um tom avermelhado na bochecha do meu irmão – Não na frente da [Nome]...

-Ah sim – Kuroo balançou a mão, e se levantou – Desculpa.

-O que vocês dois estão escondendo? – eu cruzei meus braços.

-Nada que você precisa saber – meu namorado respondeu, ele cumprimentou meus pais e eu avisei que estaríamos lá em cima.

Fechei a minha porta e virei pra ele, como sempre ele já tinha se jogado na minha cama. Mas ao ver o meu olhar ele parecia meio assustado.

-Fala. – eu disse querendo que soasse como um comando.

-Não posso – ele cruzou os braços atrás da cabeça.

-Kuroo... – eu ameacei.

-É assunto de meninos – ele respondeu levantando as mãos em sinal de rendição – Não posso trair o Nico, ele me fez jurar.

Grunhi – Não é justo, desde quando você e eu irmão estão de segredinho...

-Você não vai ficar bravinha né – eu sentei na cama perto dele e ele passou o braço na minha cintura. Me dei por vencida e me inclinei.

Ele riu – Tem algo diferente em você... – falei.

-Em mim... Tipo o que? – eu me ajeitei e sentei em cima da minha perna direita, encarei os olhos dele e aquele brilho dourado desconhecido estava lá de novo.

-Seus olhos... Estão diferentes – eu disse e ele abriu eles um pouco mais do que o normal pra depois fechar.

-Kuroo... – eu chamei ele pra me responder.

-Durante o jogo... O seu jogo – ele ainda estava de olhos fechado – Depois que você marcou o último ponto o que fez vocês vencerem, quando eles mostraram você comemorando...

Eu ouvia com atenção cada palavra que ele dizia.

-Acho que realmente caiu a ficha de que você é uma jogadora de alto nível – ele abriu os olhos e eu reconheci aquele brilho... Admiração. Não era algo que eu tenha visto antes.

-Eu nunca tinha te visto daquele jeito antes – ele continuou me olhando – Acho que e fez lembrar o porque de eu ter me apaixonado por você...

Eu abri e fechei a minha boca algumas vezes, não era sempre que ele declarava esse tipo de coisa pra mim tão abertamente. Lógico que estávamos juntos e tínhamos nossos momentos, mas com tantas responsabilidades com o time e até mesmo a escola tinham certas coisas que ficavam mascaradas por gestos ou olhares.

-Hum... O gato comeu a sua língua – sabia que não ia durar por muito tempo, afinal não podia esquecer que era o Kuroo. Revirei os olhos e soquei a barriga dele.

-Você não tem jeito – ele pegou meu braço e me puxou pro tórax dele – Precisa estragar o momento assim...

-Você não precisa falar nada pra mim já consigo ver tudo pelos seus olhos... – ele me abraçou. Apenas aproveitei pra sorrir e ficar ouvindo o coração dele – Hey...

Ele me chamou e eu levantei a cabeça.

- Okaeri nasai – ele falou.

N/a: Eu tenho colocado 1 capitulo por semana desde o começo, e pela primeira vez eu não seu se semana que vem terei um capítulo pra colocar. Não se preocupem não é bloqueio mental nem nada. A história já está praticamente finalizada mas tem alguns caps depois desse que eu gostaria de reescrever e eu não sei se vai dar tempo. Mas vou dar meu melhor pra conseguir.

Me digam como vocês se sentem de eu fizer mais histórias? Tenho uma Bokuto x Leitora pra postar depois dessa (enquanto a história no manga não avança pro fatídico jogo Nekoma vs Karasuno) e tenho material o suficiente na minha cabeça pra fazer mais algumas dentro do universo Haikyuu. Obrigada por ler e me deixe saber seus pensamentos. Xx