Acabei perdendo o sono, era o quarto e penúltimo dia de treinamento e os garotos mostravam cada vez mais resultados.

-[Nome] aonde você vai? – Ren perguntou coçando os olhos ainda sonolenta. - Já está na hora?

-Vou correr Ren, pode voltar a dormir – ela virou pro outro lado e dormiu eu sorri, me lembrava de Nico um pouco, coloquei os tênis e sai de fininho. Shinzen tinha bons lugares para se correr, me alonguei e comecei.

Na minha cabeça eu refletia algumas coisas, como o time tinha se tornado a minha segunda família, como eu adorava estar no meio deles mesmo que sem jogar. E como o capitão do cabelo amassado tinha cativado meu coração de uma maneira sem igual.

Não tínhamos brigas, apenas provocações... Sabíamos como nos portar dentro e fora da quadra tínhamos nossos momentos de casal, nossos momentos de amigos. Me permiti sorrir, eu não o deixaria enquanto ele me quisesse por perto.

Já tinha dado algumas voltas e quando voltei alguns já tinham acordado, corri escada acima na direção dos dormitórios e encontrei justamente quem estava na minha cabeça, não esperei ele falar bom dia e pulei nele passando os braços pelo seu pescoço roubando um beijo, ele segurou na minha cintura e me trouxe pra perto.

-Ainda bem que eu já escovei os dentes – foi a primeira coisa que ele disse – Bom dia.

-Nem se não tivesse, eu ia continuar te amando – e dei um selinho - Você quebra o clima de uma maneira sem igual.

-Algum motivo pra tudo isso? – ele perguntou me abaixando, já que eu praticamente estava pendurada do pescoço dele – Andou me traindo e ficou com remorso?

-Nem em sonho – embrenhei meus dedos no cabelo dele e ele tinha ambas as mãos na minha cintura – Posso dar um pouco de carinho pro meu namorado?

Ele sorriu de lado se inclinando pro meu ouvido – Pode... Mas espero que guarde um pouco desse carinho pra quando voltarmos pra Tóquio. – Ele beijou meu pescoço – Posso me acostumar com você me atacando desse jeito.

Revirei os olhos e me separei dele indo na direção do dormitório das gerentes, peguei a minha roupa e fui tomar um banho, coloquei o shorts do uniforme e uma regata branca as minhas blusas pretas estavam secando.

Amarrei a minha fita na cabeça, estava me sentindo muito bem hoje. Encontrei Kuroo me esperando nas escadas ele pegou minha mão e fomos juntos pro refeitório.

-OI, KUROO, [NOME] – Bokuto acenava pra mesa que ele estava – Tem lugar aqui!

-Estamos vendo – eu respondi e murmurei – Esse idiota...

Peguei a bandeja e sentamos junto com ele e Akaashi – Bom dia.

-Bom dia [Nome], Kuroo-san – disse Akaashi calmamente.

-[Nome], vi você correndo hoje de manhã o que estava fazendo? - Bokuto perguntou ainda mastigando.

Revirei os olhos – A resposta esta na sua pergunta estava só correndo.

-Achei que você não conseguisse correr por causa da lesão – ele disse colocando a mão no queixo como se estivesse pensando, não que eu realmente acredite que ele possa pensar.

-Eu consigo fazer tudo Bokuto, só não posso fazer exageradamente ou posso ter complicações.

-E quantos pinos você tem mesmo?

-4 e uma placa – respondi um tanto quanto ácida – Que tal deixar esse assunto pra depois ein? Estamos comendo seu cabeça de vento.

Ele ficou resmungando e eu chutei ele por debaixo da mesa, sorte dele que não estávamos no mesmo time caso contrário um dos dois já tinha sido preso por assassinato. Mais provavelmente eu.

Terminamos o café e depois de um tempo fomos pro ginásio, peguei os coletes enquanto Ren enchia as garrafas.

-Yaku – joguei o colete dele – Lev, Kenma, Fukunaga, Kai, Kuroo, Inuoka, Shibayama, Tora, Hiroto, Yuji, Shun, Koji. -Me virei para o Naoi e o Nekomata-sensei - Todos aqui treinador.

-Ótimo, vamos continuar fazendo o bom trabalho, mas também não podemos ficar pra trás enquanto outros times evoluem – ele disse.

-Sim.

***

-Hoje foi o melhor dia da Nekoma – falei enquanto entregava as toalhas pros garotos no terceiro ginásio, isso já depois dos treinos normais terem acabado – Foram 3 sets perdidos apenas, 2 pra Fukurodani e 1 pra Ubugawa.

-O nosso maior desafio é a Fukurodani e o exibido do Bokuto – Kuroo falou olhando de relance pro objeto da conversa.

-A propósito – ele se virou pros novatos – quando estiverem sozinhos contra um atacante, não tente bloquear ficando exatamente à frente dele, fique na frente do braço dominante dele.

-Hum... tecnicamente somos adversários assim que entrarmos numa partida não somos? Porque está nos ajudando? – perguntou Tsukki.

-Eu sempre fui um cara legal – bem longe disso, pensei. E com certeza meu olhar sobre ele denunciou meus pensamento – Não precisam me olhar assim... Principalmente você [Nome]...

Eu segurei a risada entregando uma toalha pro Akaashi o levantador só balançou a cabeça num agradecimento.

Kuroo coçou o pescoço – Quero que a batalha do lixão se torne realidade. Nosso treinador quer isso mais do que qualquer coisa. Mas não sabemos quanto tempo falta pra ele se aposentar, por conta disso precisamos que vocês vençam suas partidas... Bem, eu também acabo treinando, então não fiquem pensando muito nisso. Vamos, é hora de treinar.

Ele tinha ficado envergonhado e tentou disfarçar mudando se assunto, Kuroo sempre fazia isso. Como ele estava com os dois novatos simplistas ele só concordaram e voltaram pra quadra.

O jogo deles já estava no sétimo set. Hinata recebeu torto e Akaashi cobriu. – Desculpe! Foi um pouco fraca.

-Cerquem ele! Espalhem o bloqueio – Kuroo comandou.

-Droga! Vocês são altos demais, apesar de serem do primeiro ano. – ele reclamou e bateu no bloqueio pra recomeçar, malandro.

-Me mande uma boa Akaashi – ele disse e cortou uma paralela perfeita – Isso! Hey, hey, hey – ele estendeu os braços no ar de maneira exagerada.

-Foi de propósito? Aquilo de bater na mão do bloqueador? – o laranja perguntou.

-Oh, é explorar o bloqueio! - Bokuto fez pose e respondeu.

-Explorar o bloqueio? Isso é tão legal! – ele disse, esse baixinho sabe como bajular o cabeça de vento do Bokuto.

-Quando você não está preparado e tem certeza que o bloqueio vai ter sucesso, você acerta de propósito e tenta mais uma vez quando ela voltar. Bem, muitas vezes isso não da certo e a bola cai na sua quadra. - ele terminou com uma voz mais depressiva.

-Isso acontece muitas vezes com você, Bokuto-san – disse Akaashi e eu ri alto.

-Akaashi, você devia dizer "isso não é verdade" – ele levantou a cabeça – Dar cortadas não é só mandar a bola para o chão, se manter a calma, você vai saber o melhor caminho a tomar.

-Isso não é verdade Bokuto-san.

-Akaashi! – ele reclamou, o levantador parecia que vivia para discordar do mais velho.

-Surpreendentemente eu concordo com o Bokuto – falei chamando a atenção – Por ser um jogo rápido vôlei precisa de um raciocínio um pouco mais rápido que os outros esportes. Se você se afobar muito dificilmente vai conseguir marcar um ponto. Calma, foco e raciocínio é bem crucial.

-Isso mesmo – Bokuto colocou a mão na minha cabeça como se eu fosse uma criança.

-Cai fora, cabeça de vento. Embora você seja exceção, principalmente no raciocínio – eu empurrei ele rindo, de uns dias pra cá tenho pensado que se eu tivesse um irmão mais velho não seria muito diferente dele.

Eles recomeçaram, Lev conseguiu cortar mais bateu no bloqueio, Akaashi salvou e Bokuto mandou pra frente – O último toque é seu, tampinha!

-Isso é sacanagem – falei vendo o bloqueio triplo deles.

Hinata pulou, por um momento eu achei que tinha parado no ar num movimento rápido ele cortou e a bola bateu nos dedos do Lev indo pra cima – Incrível.

Bem só a aterrissagem dele que não foi incrível ele caiu que nem um saco de batatas no chão.

-Fez isso de propósito? – perguntou Kuroo. – Mandou bem no block out.

-Bem eu mirei na ponta dos dedos do Lev. Eu acertei por sorte, não consigo acertar com tanta precisão... – ele respondeu envergonhado.

Bokuto pegou a cabeça dele – Você enfrentou um bloqueio triplo de 1,90 m, sem falar no arremesso péssimo! É assim que se faz estou impressionado! O pequeno guerreiro que enfrentou uma parede de dois metros.

-Ele está exagerando de novo...

-De 1,90 ele já aumentou para 2 metros .

-Eu vou te ensinar um novo ataque especial – disse Bokuto.

-Um ataque especial!? – Hinata ficou com os olhos brilhando.

-Você sabe do que ele está falando? – Kuroo perguntou pro Akaashi – Tenho uma ideia.

Precisei sair pra pegar mais garrafas e quando voltei eles já tinham parado e estavam conversando.

-Você conseguiria bloquear. Qual o nome dele? O Ushikaka não é Kuroo-san – Lev perguntou.

-É Ushiwaka – corrigiu Hinata.

Kuroo colocou a mão na cabeça – Hum... uma a cada dez vezes talvez?

Os dois ficaram paralisados – Que olhar é esse? Estamos falando de um jogador acima do nível do Bokuto, estou sendo sincero.

-HEY! – Bokuto reclamou.

O gato negro continuou – Derrotar um oponente 100% na maioria das vezes é impossível, a vez que você consegue superá-lo pode aumentar um único ponto no placar, e o timing pode atrapalhar a formação do adversário também. Quando o time está confiante ou enfrentando uma situação desesperadora, se você criar uma oportunidade e aproveitá-la, um ponto será tão bom quanto 100.

-COMO QUE 1 PONTO PODE SER IGUAL A 100? – Bokuto perguntou.

-Não é igual é como 100 – me intrometi e meti o tapa na cabeça dele – Imagine uma seqüência de 5 pontos de saque, se conseguirmos quebrar e marcar vai ser um alivio e será tão bom quanto um match point.

-Quando um time esta sufocado pelo adversário, não importa como venha o ponto e de quem venha, será tão importante quanto 100. – Kuroo sorriu pra mim concordando com a cabeça – Bem acho melhor irmos antes que o refeitório feche.

Guardamos as coisas no ginásio e seguimos pro prédio principal.