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🔮

Belinda está inteira. Essa é minha primeira constatação quando saio de casa.

Definitivamente, não é como se ela tivesse sofrido o acidente que vivi em meu suposto sonho. Mas ao contrário disso, minha perna ainda dói e as cenas continuam vivas como memórias, não como resquícios de um pesadelo.

Eu vou enlouquecer. Essa é a segunda constatação.

— Hyung... está tudo bem? — Junghee questiona quando, quase um minuto depois, eu continuo de pé no mesmo lugar, olhando para Bee.

Quais as chances de explicar para meu irmão o que aconteceu e não ser visto como um verdadeiro doido?

Exato. Melhor nem tentar.

— Tudo tranquilo. Vamos logo — É o que respondo, então passo um capacete para ele e uso o outro, acelerando para longe de casa assim que subimos em Belinda.

Depois de deixá-lo em sua escola, eu rapidamente rumei à Universidade de Hangsang e estacionei exatamente na mesma vaga que ocupei, no meu sonho — e seguirei chamando-o assim até encontrar denominação melhor.

Dessa vez, talvez por ter chegado mais cedo, a vaga ao lado está desocupada, então o que faço é me recostar em Bee e esperar.

Com o passar dos minutos, eu me sinto mais ansioso e meu corpo inteiro pede por um pouco de nicotina para relaxar.

Depois da morte de meu pai, eu comecei a fumar com frequência, mas o apelo emocional de meu irmão mais novo me incentivou a abrir mão do hábito alguns meses atrás.

Agora, no entanto, parece que estou no primeiro dia de abstinência.

Por puro hábito retomado, eu tateio os bolsos de minha calça em busca de um cigarro esquecido, mas a frustração de não encontrar sequer um sobrevivente é subjugada assim que o som exagerado de um motor de carro esportivo corta a atmosfera no estacionamento e, instantes depois, o mesmo carro amarelo aparece diante de meus olhos, movendo-se até ocupar a vaga ao lado.

Sem me preocupar em ser discreto, meus olhos acompanharam atentamente os últimos movimentos, até o motor ser desligado e Park Jimin sair do banco do motorista com os cabelos repuxados para trás, óculos escuros no rosto, a bolsa de treino pendurada num só lado do ombro, botas de combate tilintando ao se chocarem contra o asfalto e suas mangas longas cobrindo cada uma de suas tatuagens, como sempre.

Definitivamente, Park Jimin.

E ele está vivo.

— Perdeu alguma coisa, Jeon? — Ele pergunta, fazendo jus à minha constatação.

Sim, Park. Perdi minha sanidade mental, aparentemente.

No entanto, não é como se eu fosse abrir meu coração e confessar tudo que aconteceu nas últimas horas, então o que faço é agarrar minha mochila apoiada sobre o assento de Belinda e, sem colocá-la nas costas e sem respondê-lo, me adianto para longe, em direção ao departamento de matemática.

— Sabe de uma coisa? Você é um esquisito! — Jimin gritou ao longe, e eu juro que ouvi sua risada ao final.

Maluco insuportável.

Mas ainda bem que ele está vivo.

Esse não é o tipo de pensamento que pensei que teria algum dia, mas me baseando nas sensações sufocantes que tomaram meu peito durante aquele sonho, ou seja lá que inferno foi aquilo, saber que Park Jimin continua exatamente o mesmo, vivo, é um motivo para suspirar aliviado.

E é aqui que as coisas começam a ficar ainda mais esquisitas.

— Ei, Jeon!

Assustado com essa sensação de dèja-vu que não passa, eu parei bruscamente e me virei para trás a tempo de encontrar Woo-ri se aproximando com os braços carregados de coisas, como sempre.

Em especial, como no meu sonho.

— Jeon... tudo bem? — Ela pergunta, com o sorriso morrendo aos poucos diante do meu silêncio.

— Woo... — Eu massageio minha testa, sentindo minha dor de cabeça se tornar ainda mais aguda, como pontadas de marreta. — Por um acaso você veio me perguntar se quero fazer o trabalho de álgebra com você?

Os olhos cor de mel da garota em minha frente se arregalaram e, no instante seguinte, vi a forma ansiosa e assustada como ela assentiu.

— Sim! Como você sabia?

Isso é estranho. Isso é muito estranho.

Com exceção de alguns detalhes, que foram modificados graças às minhas próprias ações, absolutamente tudo nesse dia está sendo igual ao meu sonho.

— Eu... — Começo a dizer, mas então minha cabeça lateja ainda mais forte e eu suspiro com a dor. — Eu preciso ir, Woo-ri.

— O que...? Jeon, você está bem? — Ela grita, preocupada, mas eu apenas a ignoro quando dou meia volta e caminho em direção à saída do prédio com passadas largas e apressadas.

Ao descer os degraus da escadaria, eu vi Jimin parado ali ao lado, recostado à mureta com as mãos nos bolsos da calça, os óculos repousados no topo de sua cabeça e um sorriso presunçoso enquanto ele olha para Kim Jinhei se aproximando.

Focado no veterano, ele sequer me notou e eu rapidamente desviei meu olhar antes de caminhar na direção oposta à do estacionamento, até chegar ao meu destino.

A Biblioteca Central da Hangsang University não é enorme. Por ser uma academia com uma quantidade de cursos imensamente reduzida se comparada às outras universidades, isso resulta em uma demanda por livros proporcional.

Por isso, ela tem somente um piso, do qual apenas metade está ocupado com os acervos. Todo o restante se resume às mesas coletivas e salas individuais de estudo que, honestamente, mais servem como cabines de sexo para os alunos.

Não é o meu caso. Normalmente, eu uso as salas para dormir entre uma aula e outra e como as divisórias são finas e os alunos, indiscretos, já tirei bons cochilos enquanto ouvia gemidos alheios.

No entanto, não estou aqui para dormir, dessa vez, e o que faço é caminhar diretamente a um dos computadores disponíveis para pesquisa. Em sua maioria são tão modernos quanto carroças, travam pra burro, mas vão ter que quebrar o galho agora.

— Número de matrícula para desbloquear, guia anônima... — Eu narro baixo para mim mesmo, deslizando o cursor do mouse até a barra de pesquisa, a qual encaro demoradamente.

Como inferno eu vou encontrar as palavras certas para perguntar ao Naver o que significa acordar com as consequências físicas do que aconteceu num sonho e, ao mesmo tempo, tudo se repetir como se fosse uma premonição?

— Puta que o pariu... — Praguejo, frustrado, ao perceber que minha mente agitada sequer me deixa pensar.

— Shh! — Alguém sussurra.

— Shh o que, inferno?! — Eu devolvo, virando furiosamente para trás para poder ver a cara do rabugento que, por sinal, me fuzila com o olhar.

— Não importa se tem o tamanho de um ovo, isso ainda é uma biblioteca, então faça silêncio.

Eu só gesticulo preguiçosamente com a mão, sem tentar arranjar mais confusão porque, bem, é Min Yoongi quem está ali me encarando como se me quisesse morto.

E esse cara é tipo uma lenda do campus. Ele está no último ano de música enquanto completa uma graduação combinada em astrofísica. Ele faz umas composições impecáveis, tem um flow insano no rap, além de descobrirmos recentemente que, além de tudo, ele tem boa voz para cantar também.

Mas não é só isso. Min Yoongi intimida não só por ser o aluno mais brilhante da Hangsang. O problema é que existem outros boatos sobre ele. Por exemplo, que ele queimou um cara vivo.

Ou que ele é um bruxo.

Ou que ele é um bruxo que queima pessoas vivas, o que me parece incoerente.

História é o que não falta. E, honestamente, se for possível evitar atrito com uma pessoa que pode ter envolvimento com magia negra... é melhor evitar.

Eu sempre fui cético, mas agora... não tanto.

Mas tudo bem. Esse só está sendo um dia excepcionalmente louco, depois de um sonho excepcionalmente bizarro.

Tudo que eu preciso é chegar ao fim dele vivo, sem causar a morte de Park Jimin e de Jung Hoseok, e amanhã será um novo dia no qual talvez eu me arrependa de ter desejado o bem para o primeiro.

Por isso, eu volto a pegar minha mochila no chão e caminho para fora da biblioteca, tentando me convencer disso.

É só chegar ao fim desse dia maluco e tudo vai voltar ao normal.

Mas certas coisas não mudam, nem mesmo nos dias mais loucos. Por exemplo, quanto mais você deseja que as horas passem rápido, mais elas demoram a passar.

Esse é o caso de hoje, o que me deixa ainda mais mal humorado e vergonhosamente desconcentrado em todas as aulas, inclusive e principalmente nas ministradas pelo professor Jang Jitae.

Eu odeio Jang Jitae com todas as minhas forças, desde que ele me humilhou diante de toda a turma na matéria que lecionou durante o semestre passado. Inclusive na frente de Park Jimin, que estava matriculado na mesma aula, desde então me fazendo perguntar o que tanto o atrai às classes do curso de matemática.

Então, sim, é claro que eu agradeci aos céus quando a última aula finalmente acabou.

Assim, mal o mal amado Jang Jitae nos liberou da tortura e eu saí da sala em disparada, descendo a escadaria de dois em dois degraus e correndo por todo o estacionamento até parar perto de Belinda.

— Sendo uma premonição ou não, o que aconteceu naquele sonho doido não vai se repetir — Eu digo baixo, apressadamente montando em Bee para dar partida.

No entanto, eu não vou embora. Eu piloto apenas até a saída mais próxima para que não dê a chance de Jimin me desafiar para uma corrida, e fico aqui esperando para me certificar de que ele não irá fazer esse desafio a mais ninguém.

Então eu espero e assim que ele passa com sua Pandora pelo portão, eu volto a acelerar Belinda e o sigo só para garantir que ele chegue vivo em casa.

Mas, bem, eu acredito que essa não é a casa dele.

Depois de segui-lo por algumas avenidas, Park começou a dirigir por ruas menores e menos movimentadas, o que põe meu disfarce em risco. No fim, ele parou seu carro no estacionamento lateral de uma lanchonete retrô chamada MoonMoon.

A lanchonete onde minha mãe trabalha.

Curioso sobre o que alguém tão rico quanto Jimin veio fazer numa lanchonete simples de bairro, eu estacionei Bee num lugar suficientemente discreto e atravessei o estacionamento de pedregulhos até chegar à calçada, onde virei à esquina para ir à entrada de clientes.

Ao fazê-lo, meu corpo inteiro parou ao ver o senhor de idade sentado no banco ao lado da porta de vidro da MoonMoon, com roupas desgastadas e luvas de frio furadas.

Então, minha mente foi assolada por uma nova sensação de familiaridade e de lembrança. Dessa vez, uma mais antiga.

Antes da morte de meu pai, ele sempre trazia Junghee e eu para ver minha mãe trabalhando. Ela sempre resmungava, dizia que ficava constrangida, mas nós amávamos sentar na mesa do canto da MoonMoon e observá-la atendendo os clientes com o sorriso sempre tão bonito no rosto.

Meu pai dizia que, a cada vez que vínhamos fazer isso, ele se apaixonava um pouco mais por minha mãe, e eu e Junghee achávamos isso besteira pura.

E então nós fazíamos nossos pedidos. Eu pedia sempre o maior sanduíche do cardápio e fingia ficar satisfeito antes de terminar de comer, o que normalmente era mentira. Mas eu dizia isso para pedir para embrulhar para viagem e, quando deixávamos a lanchonete, eu perguntava ao meu pai se teria problema dar o que sobrou ao velhinho sem-teto que sempre estava sentado ali ao lado. E meu pai sempre deixava.

Isso aconteceu tantas e tantas vezes que se tornou claro que ele sabia do meu truque. Ele sabia que eu fingia ficar cheio e pedia para embrulhar as sobras somente para dá-las ao senhor da expressão triste, e mesmo que fossemos meio pobres, ele nunca negava meu pedido para ajudar outra pessoa.

Desde que meu pai morreu, há três anos, eu não volto aqui.

Esse era nosso lugar e, para mim, não fazia sentido voltar aqui sem meu velho. Mais que isso, aliás. A ideia de vir aqui sem ele me machucava.

E durante esse tempo, eu nunca me perguntei como estava o senhor do hambúrguer. Nunca me perguntei se algum dia eu conseguiria voltar nesse lugar e me sentir bem.

Agora, três anos depois, as perguntas que nunca foram feitas encontram suas respostas.

O senhor do hambúrguer continua sem casa, sem abrigo para o outono que se torna cada vez mais frio.

E eu continuo destruído com a ideia de entrar nesse lugar sem meu pai.

Antes de dar mais um passo em frente, eu esfrego minha mão pela boca num gesto afetado e meus olhos observam o interior da lanchonete pela enorme janela de vidro. Daqui, eu posso ver a mesa do canto onde costumávamos sentar, vazia. E posso ver minha mãe, que antes tinha o rosto tão sorridente, agora cansada e triste.

— Isso é demais pra mim... — Eu murmuro, com o coração doendo como há tempos não doía.

E então eu não quero mais saber o que Jimin está fazendo aqui. Eu não quero mais segui-lo e garantir que nenhuma tragédia do meu sonho se concretize. Só quero sair desse lugar e esquecer a tristeza que é lembrar de momentos felizes sabendo que eles nunca vão voltar.

Por isso, minha mente envia ao meu corpo o comando para me fazer sair daqui, mas algo acontece antes que eu sequer dê a volta, e é Jimin saindo da MoonMoon com três lanches para viagem, em sacolas separadas.

Então ele caminhou até o banco onde o velho do hambúrguer está e mostrou um sorriso que, honestamente, não me lembro de já ter visto em seu rosto.

— Boa tarde, Namoo — Park disse, inclinando-se para deixar a bolsa de treino no chão, e então se ajoelhou na frente do senhor, nunca parando de sorrir. Quando estendeu um dos três embrulhos da lanchonete, ele avisou: — Pedi para adicionarem batata frita, dessa vez.

O homem mais velho sorriu, aceitando facilmente o lanche que lhe foi oferecido como se fosse algo corriqueiro entre eles.

— Obrigado, Jimin... Vai levar dois lanches, dessa vez?

— Sim. Algo inesperado aconteceu. Mas diz, como você está?

— Com um pouco de frio... — O senhor respondeu, usando a mão coberta pela luva gasta para pegar uma batata frita. — Mas a comida está quentinha, então deve ajudar...

— Não o suficiente. — Jimin contrapôs, com um sorriso de quem está aprontando algo, e enfiou uma batata frita na boca antes de pegar sua bolsa no chão, deslizando o zíper para tirar algo dali de dentro.

Um cobertor.

— Toma. — Ele disse, ainda mastigando enquanto arruma a manta sobre o colo do senhor. — Está começando a ficar mais frio e o senhor é teimoso, então pelo menos use isso para se aquecer. E vá para o abrigo à noite, ou esse seu corpo magricela vai congelar!

O senhor riu, sem se ofender com a forma como Jimin fala, cheio de informalidade e liberdade. Então, ele pergunta:

— E aquele garoto da sua universidade? Já disse para ele como se sente?

— Ah, Namoo, você não me conhece mesmo... — Jimin suspirou. — E claramente não conhece o cara por quem estou sentindo essas coisas. Eu não posso simplesmente dizer que estou gostando daquele babaca!

O que? Park Jimin não está só transando com Jinhei, mas também está gostando dele?

— Como assim? — Eu pergunto em voz alta, porque isso é realmente surpreendente de se descobrir sobre Jimin, que sempre tentou passar uma imagem de coração de pedra em relação a romance.

Igualmente surpreendente e chocante é vê-lo ajudando e batendo papo com um morador de rua.

Isso eu realmente não esperava dele.

E mais uma coisa que eu não esperava? Que ele fosse lerdo o suficiente para não me perceber seguindo-o pelas ruas e observando sua conversa esse tempo todo, mas não o suficiente para não ouvir minha voz.

É, ele ouviu.

Sem alarde, seus olhos pequenos se voltaram em minha direção e ele não expressou nenhuma surpresa quando pousou sua atenção em mim, como se todo o tempo soubesse que eu estava aqui.

Eu, por outro lado, deixei um palavrão baixo escapar e rapidamente virei as costas para ele e para o velho, usando passadas largas para chegar logo ao estacionamento.

Antes de me afastar completamente, no entanto, eu ouvi a voz de Jimin mais uma vez:

— Namoo, eu preciso ir. Nos vemos segunda que vem.

— Merda. — Praguejei, porque isso quer dizer que ele está vindo atrás de mim, então praticamente corri pelo estacionamento em direção a Belinda.

Quão humilhante é deixar Park Jimin descobrir que eu estava espionando-o?

— Pra que a pressa, Jeon? — Mais uma vez, sua voz.

Me sentindo envergonhado como nunca, eu apenas o ignorei e peguei meu capacete, colocando-o em minha cabeça. Quer dizer, tentando. Antes de sequer encaixá-lo, eu senti algo me cutucar nas costas e meu corpo simplesmente travou.

— Você não pareceu apressado quando me seguiu até aqui, nem quando me esperou sair da MoonMoon, menos ainda quando ouviu minha conversa com o Namoo... — Jimin disse, ainda antes que eu tenha coragem para olhá-lo. — Por que essa correria agora?

Porra. Ele percebeu.

Eu respirei fundo, e o som das suas botas esmagando os pedregulhos do estacionamento soou como tortura quando ele caminhou até parar do outro lado de Bee, de frente para mim. Agora, posso ver sua expressão séria quando ele equilibra os dois lanches restantes sobre o assento de minha moto, e insiste:

— Por que você me seguiu, Jeon?

Eu engoli a saliva em minha boca com dificuldade, mas acabei por dar de ombros num gesto desleixado.

— Você precisa parar com esse complexo de Sol. Eu não estava te seguindo, só queria comer alguma coisa.

— E mesmo assim não comprou nada para comer.

— Mudei de ideia.

Jimin umedeceu os lábios, antes de estalar a língua contra o céu da boca.

— Você mente tão mal, Jeon. — Ele diz, parecendo desistir. Então pegou os lanches sobre o banco de Bee, segurou um e o outro empurrou contra meu peito, o que me faz segurá-lo em reflexo. — Eu não sei por que você me seguiu, mas é um crime vir até a MoonMoon e não comer nada, então bom apetite.

Antes que eu sequer possa compreender que Jimin realmente comprou esse lanche para mim, ele começa a caminhar outra vez, agora em direção ao seu carro.

— Park, espere! — Eu o chamo e me viro apressado. Jimin para no meio do caminho e me olha, sem dizer nada. Então, eu pergunto: — Tem veneno nisso aqui?

Ele sorriu, mas não é o sorriso sincero e espontâneo que mostrou para o velho.

— Eu gosto de te provocar, Jeon, mas seu ódio é uma via de mão única. Isso quer dizer que você me odeia, mas eu não sinto o mesmo por você. — Ele expulsou o ar, parecendo cansado. — Enfim. Aproveite seu hambúrguer.

Eu não acredito que esse dia não para de ficar cada vez mais louco.

— Mais uma coisa! — Eu o chamo outra vez quando percebo sua menção de ir até seu carro.

— O que foi, agora?

— Você vai direto para casa? — Questiono, sentindo meu coração sangrar por precisar interagir com Park Jimin por tanto tempo.

— E isso é da sua conta porque...?

Eu fecho os olhos e respiro fundo, com alguma dificuldade.

— Esquece. — Digo. — Só vai direto pra casa e tente não fazer nada que possa colocar sua vida em risco.

A expressão de Jimin vacilou por alguns instantes de segundo, um tempo tão curto que quase não o percebo antes que ele volte a me mostrar um sorriso debochado.

— Eu só te paguei um hambúrguer, Jeon. Não precisa ficar tão sentimental pro meu lado. — Ele disse, rindo sozinho quando me deu as costas e finalmente entrou em Pandora.

Nos instantes seguintes, eu ouvi o som do motor de seu carro, em seguida o som dos pneus girando sobre os pedregulhos até alcançarem o asfalto e, por último, o som ininterrupto do meu orgulho se quebrando vergonhosamente.

Tudo por conta daquele sonho imbecil.

Mas, se me consola, o dia já não está tão longe de acabar, e eu percebo isso quando checo as horas e percebo que já preciso ir buscar Junghee na aula de reforço. Então, deixando os pensamentos sobre Park Jimin e a MoonMoon para trás, eu finalmente monto em Belinda e dou partida em direção à escola de meu irmão.

Quando estaciono ali na frente e preciso esperar o moleque, que ainda não está me esperando onde mandei esperar, meu pensamento continua indo constantemente para os acontecimentos da última meia hora, e eu finalmente me rendo à curiosidade de abrir o pacote que Jimin me deu.

— Você foi ver a mamãe lá na lanchonete? — De repente, a voz de Junghee me desperta do meu transe enquanto vejo o hamburguer que Park comprou. O mesmo que eu sempre pedia quando ia lá com meu pai.

Não. Sem chance.

Com uma violência aterradora, eu sinto a nostalgia esmagar meu coração, e isso machuca.

Eu não quero isso. Esse hambúrguer, nem essa lembrança.

Consternado, então, eu voltei a fechar a sacola de papel e a empurrei contra meu irmão mais novo, sentindo meu ódio por Park Jimin aumentar um pouco mais por me fazer sentir isso, não importa se não foi a intenção dele.

— Hyung? — Junghee me chama, confuso.

— Se não quiser, jogue fora. — É o que digo, voltando a colocar meu capacete, então, digo aquelas que serão minhas últimas palavras do dia: — Suba na moto.

Quando chegamos em casa, eu me tranco diretamente no quarto, tiro minha roupa e me enfio debaixo das cobertas, fechando meus olhos para dormir de uma vez. Assim, o tempo passa mais rápido e esse dia logo chegará ao final.

21 de outubro é, oficialmente, o dia que mais odeio.

Mas ele vai acabar. Ele vai acabar e então eu terei 365 dias antes de enfrentar um novo 21 de outubro.

É com esse pensamento que durmo. É com esse pensamento que, horas depois, acordo com o barulho de alguém entrando em casa. Provavelmente minha mãe voltando de seu encontro, o qual ainda desaprovo fervorosamente. Mas, no momento, estou mais ansioso para confirmar que tudo voltou ao normal e, ainda sonolento, eu pego meu celular para ver as horas, e um suspiro de alívio escapa por meus lábios imediatamente.

00:30.

Já é dia 22.

Mas então, num último relance antes de apagar a tela, meus olhos pousam na data abaixo do relógio, e meu coração falha muito mais que uma batida ao perceber.

Não é dia 22... É dia 21 de outubro. De novo.

Continua no próximo capítulo.

Uma dica: Não usem esse capítulo como base para teorias. Ele deixa muita coisa em aberto. É como um ponto fora da curva do que realmente está acontecendo...

Mas olá! Voltei! :D Como vocês estão?

Como eu perguntei na última atualização e muita gente se interessou, o grupo no whatsapp pra falar sobre a fanfic já foi feito! Ainda tem algumas vagas, então caso alguém queira entrar, eu vou deixar o link temporariamente na minha bio (ele será retirado quando o grupo lotar)

Aliás, eu amei o grupo apesar do desespero inicial que fez o celular de todo mundo travar hahahahaha o pessoal fala bastante sobre teorias da fanfic (algumas que dão nó na cabeça de tão geniais), mas em geral fala bastante sobre qualquer outra coisa. Sério, elxs falam demais (não é uma reclamação)

Antes de ir, mais uma pergunta: vocês querem que eu traga fotos de como imagino a Bee e a Pandora?

Acho que hoje não tenho muito mais o que falar... só espero que tenham gostado do capítulo. No próximo vamos ter mais uma revelação importante <3

Então é isso! Beijos, até o próximo ou até nossa hashtag lá no twitter <3

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