Ruffs?

Ela deu de costas segurando a criatura entre os braços e caminhou sem destino. Após poucos passos dados ouviu o uivar do lobo, olhou para todos os lados, mas não via nada além das arvores. Luna não deu mais nenhum passo, para poder ouvir alguma coisa.

O lobo grandioso deu um longo salto passando por cima dela e aterrissou suavemente sobre o chão. Seus pelos negros arrepiavam-se o deixando visivelmente maior, seu olhar era medonho e vazio, prontamente exibiu suas presas prestes a atacar. Luna estava boquiaberta ao ver o tamanho daquele animal feroz.
Num ato de desespero correu na direção contrária tentando se salvar e a criatura que estava aflita em seu colo, muito aborrecida, pulou de onde estava para o chão. 
Começando a dar indícios de transformação, sua pelagem vagarosamente mudava de cor, tonalizando para o roxo escuro. Era visível que dentro dele algo se mexia constantemente como uma água fervendo em contínuas ondulações, soltando vapores pelos poros do couro e todo seu pelo desapareceu conforme sua forma e tamanho cresciam absurdamente.

Agora medindo quatro metros e dois de largura, seu aspecto físico coincidia um pouco com a forma de um urso. Porém sem nenhum pelo, seu couro era áspero. Suas orelhas eram grandes e finas nas pontas. Seu nariz era achatado com dois canais respiratórios largos, sua cabeça era enorme e tinha em sua testa um terceiro olho amarelo com alguns nervos vermelhos visíveis. De sua boca derramava uma espécie de gosma verde. Seus dentes rangiam forte, abriu a boca e berrou como um sinal de desafio para o lobo. Ele passou de um ser amável, pequeno para um grande e horrível monstro.
Sua coluna era um pouco torta, seus olhos eram brancos e sinistros.

Mesmo assim o lobo não arredou o pé dali, uivou o mais alto que conseguira, aceitando a provocação do mostro. Frente a frente iniciaram uma violenta luta. Apesar do lobo não ter muita vantagem por ser menor, mas era ágil, conseguia manter-se contra ele de igual para igual. Em meio à briga Luna estava quietinha a uma distancia considerável segura, não sabia como reagir, não sabia para onde ir ou o que fazer. Enquanto isso ambos rolavam sobre o chão, cravaram as garras no pescoço um do outro, o sangue começou a escorrer e por um momento se soltaram. O grandioso lobo atacou novamente com tudo, usou suas garras e presas para ferir o monstro... Era inútil, pois não surtia muito efeito, não, a ponto de fazê-lo ficar gravemente ferido.
O Monstro segurou a cabeça do lobo com apenas uma mão e o levantou, apertando forte para estraçalhar a cabeça do mesmo. Talvez conseguisse, mas o lobo com as duas patas penetrou fundo suas garras exatamente no peito do monstro e o fez soltar imediatamente. Seria o coração, seu ponto mais fraco? Mas o lobo não quis arriscar tentaria novamente em bando, então entrou de mata adentro, sumindo. O monstro olhou Luna e seguiu até ela, antes que chegasse perto... Darius e Byan apareceram entre eles.

Darius sacou uma longa espada e direcionou seus passos cautelosamente ao monstro. Luna o alcançou a tempo e segurou-lhe o braço puxando-o para trás tentando impedi-lo e suplicou.

— Por favor, não o machuque.

Ele olhou para trás com um olhar de quem reprovava aquela atitude. Então ele foi surpreendido com uma tapa que o arremessou para longe sendo exposto a espinhos, pedras, galhos de arvores duras, que rasgou e sujou suas vestes chegando a deixar marcas de arranhões significantes por seus braços e pernas. Permaneceu ali jogado no chão.
O Monstro parecia ter um afeto especial por ela. Desta vez foi à procura de Bryan, o monstro correu mostrando suas garras e presas para ataca-lo. Bryan utilizou o galho de uma arvore suspensa perto dele segurando firme, girou seu corpo até pegar impulso e se jogar para outro galho mais alto.
O monstro por sua vez chegou até a árvore onde Bryan estava, olhou para o alto e se irritou. Abraçou a arvore, e sem muita dificuldade começou a quebrar. Bryan pulou para a árvore ao lado, sendo que o galho era fino e fraco para aguentar seu corpo por muito tempo. A outra já estava no chão, e o monstro seguiu para a árvore que agora ele estava e começou a balançar.

— Que droga!

A loira chegou por trás do monstro e começou a acariciar ele de forma lenta e carinhosa. Ele conheceu o toque e parou o que estava fazendo, mais calmo ele sentou fechando os olhos aproveitando as caricias dela. Seu tamanho e forma foram diminuindo de forma rápida, voltando a ser a mesma criatura dócil de momentos antes.

— Ele é um Ruffs.
Confirmou Bryan em cima da arvore, o galho não resistiu e veio a quebrar, ele tentou segurar em outros galhos, mas eram mais secos e finos fazendo com que sua queda fosse inevitável.

Já no chão, Bryan levantou rapidamente.

— Luna... Afaste-se dele com cuidado.

—Não se preocupe, ele não me fará mal. - Respondeu ela.

— Ele é um Ruffs. Apesar de parecer uma doçura, ele se aborrece facilmente e se transforma naquele monstro que acabamos de presenciar. Não podemos ficar com ele, deixo-o aqui e vamos.

O solo estremeceu e deu início à abertura de uma cratera gigante que subdividia  dois espaços  da floresta.

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