( Vamos embarcar nessa aventura)?

Amanda entrou em seu quarto, trancou a porta logo então. Seguiu até sua cama, onde dobrou o joelho até o chão. Afastou um pouco o lençol para cima, tirando debaixo da cama um livro velho, empoeirado, com teias de aranha. Levou os lábios próximos ao livro e soprou para retirar a sujeira. O livro não continha um titulo, aparentemente sem nenhum atrativo. Levantou-se e puxou a cadeira da sua escrivaninha, se acomodou na cadeira e abriu o livro. Começou há tossir um pouco pela poeira que tinha na primeira pagina. Com muita atenção nas palavras escritas, começou a ler em voz alta e melodiosa (...).

Dizem que o amor e o ódio andaram sempre tão próximos como um passo após o outro. Eu discordaria de tal pensamento, quem ama simplesmente ama , demonstra isso nas pequenas coisas, não existe meio terno quando a questão é amar. O amor verdadeiro constrói e não destrói. Isso é magnifico amar sendo reciproco em todos os sentidos. Mas onde há amor, nasce à inveja, fazendo surgir o ódio, a discórdia, a falsidade, também a traição. Ninguém está isento disso, sempre foi assim desde o principio. Todo esse ciclo de sentimentos, emoções, pensamento e atitudes formam um individuo e seu caráter ou a falta dele. E qual formação dentro desse ciclo vicioso, você se encaixaria? O que te diferencia dos demais, são suas próprias escolhas. O bem e o mal mora dentro de todos nós, são duas sementes impregnadas, onde teremos que escolher qual devemos plantar e cultivar, sabendo que vamos colher exatamente o que plantamos e decidimos regar. Devemos sempre enxergar e policiar o mal que existe em nós para não nos deixarmos dominar por ele. A qualquer momento podemos ser tentados a fazer o que é considerado errado, mas que para nós teríamos algum tipo de beneficio, seria penoso ter que conviver com más decisões. Pois uma coisa eis de concordar, que para tudo existe uma oposição. Entre o certo e o errado, entre o doce e o amargo, entre o bem e o mal, entre o dia e a noite, entre o longe e o perto, entre tudo e nada. Existem apenas dois caminhos a se seguir, o terceiro é apenas consequência deles. Qual consequência teria futuramente pelos seus atos hoje? Digo-vos que este é o inicio para quem vive entre a luz e a escuridão.

~~~~~~¤~~~~~¤~~~~~¤~~~~~¤~~~

—Não, pai! Eu não vou abrir mão de trabalhar como secretaria na holliston simplesmente porque você bem quer.

Luna alterou um pouco seu tom de voz com os olhos cheios de lagrimas. E continuou.

— Você é o tipo de pessoa que só sabe impor suas vontades acima das outras pessoas e não pense que sou uma menina, eu quero poder chegar a ter uma carreira promissora, mas sem a sua ajuda. Sem ouvir as pessoas falarem que para mim as coisas são as mil maravilhas e mais fáceis só por eu ser sua filha. Eu não quero isso, busco reconhecimento próprio.

Ele a ouviu e imediatamente respondeu com muita indiferença, sem se importar com o mal que a causaria.

— Você é uma tola. Estou farto das suas rebeldias! Tem tudo do bom e do melhor e ainda sim busca as coisas no lixo como um cão vira-lata, se contentando sempre com tão pouco... Sua atitude me decepciona. É tão parecida com a sua M-ma...

Ele não se atreveu a terminar a palavra. Certamente esse era um assunto que tirava a paciência de James, e ter que se lembrar de Lian o fazia estremecer de raiva. Como poderia esquecer? Se o jeito e a aparência entre mãe e filha eram tão semelhantes?  Isso o aborrecia!

— Termina! Minha mãe não é?! Eu sinceramente não entendo o porquê de todos esses anos ter se referido dela dessa forma, com tanto rancor! Mas saiba que não me ofende e se eu sou assim é por ter o mesmo sangue que ela em minhas veias, eu me orgulho muito! Pois, Senhor Governador, você é um homem incapaz de oferecer amor, nunca tive um pai que me compreendesse, que me protegesse nas noites em que tinha pesadelos, que ficasse ao meu lado mesmo que para me dar uma bronca pelas minhas travessuras e que ao menos demonstrasse e falasse que me ama. Eu nunca tive isso. E até mesmo o direito de saber o nome da minha mãe você me privou!

As lagrimas escorreram sobre a delicada face de Luna. A relação de pai e filha estava um caos por completo e mesmo diante de toda a situação James não se comoveu em nenhum momento, era notável que a desprezava por causa da mãe. Mas ao pensar um pouco, chegou à conclusão que não era favorável para ele que além de ser um pai distante, que não se importava com ela, ainda escondia o passado que teve com a sua mãe. Mantinha para si um passado sigiloso. Em breve viria à tona alguma fofoca, prezava muito sua imagem e se Luna desabafasse com alguém de seus problemas isso cairia nas colunas de jornais que eram famintos por escândalos alheios. Então tratou logo de dissimular um olhar triste de arrependimento abaixando a cabeça, colocou as mãos no bolso de seu terno.

— Você tem razão em tudo o que diz, mas me perdoe por não saber ser um bom pai e não saber lidar com você. Levantou a cabeça, olhando-a nos olhos demonstrando estar arrependido com as coisas que disse. Ela ficou em silencio, foi a primeira vez que o viu pedir perdão.

Tock!Tock!

Alguém bateu na porta interrompendo a conversa deles. James olhou o relógio em seu pulso, estava atrasado para reunião, foi à primeira vez que aconteceu. Era um homem extremamente pontual. James respirou fundo para não perder a calma novamente, não seria conveniente mais um desentendimento entre eles.

— Filha, agora eu tenho que ir. Tenho uma reunião muito importante e não posso faltar, depois continuaremos a conversa.

Luna sabia que seu pai nunca cumpria com o que falava, isso desde em que era uma menina. Não seria diferente agora, por estar exausta emocionalmente preferiu se calar por hora. James recolheu sua mala e seguiu em direção à porta, destrancando-a. Antes de ir embora acenou para Luna e sorriu.

— Tchau querida.
Fechou a porta logo em seguida e partiu.

Ela olhou para o teto do escritório de seu pai na intenção de impedir que as lagrimas caíssem novamente, era tão dolorosa e vazia a vida que levava. Mas não podia ficar parada se lamentando, tinha que ir para casa para terminar os relatórios da empresa. Tratou de respirar com calma e se tranquilizar.