Cap 8: Conversa com o irmão
O sol se põe no horizonte, cedendo espaço para a luz prateada do luar. O clima começa a esfriar novamente, dissipando a secura que dominou o ambiente durante a tarde.
No campo de treinamento, os celestias começam a se dispersar com seus alunos. Restava apenas um ainda ali, visivelmente exausto, com arranhões leves no corpo e respiração ofegante.
— Muito bem Eldo! Você está quase onde eu quero — elogia Koguita, com um sorriso encorajador. — Essa será sua última tentativa de hoje. Se não conseguir, encerramos e continuaremos amanhã.
— Sem problemas mestre! Agora que é a última rodada, vou dominar o percurso melhor do que no início! — responde Eldo, confiante, com a determinação clara em sua voz.
Com isso, ele parte, correndo com a esfera nas costas flutuando como se fosse uma pluma leve. O desempenho surpreende Koguita, que observa satisfeito. Eldo desvia com facilidade dos projéteis lançados pelo mestre e destrói os troncos arremessados contra ele com socos carregados de ken.
O jovem avança com precisão e não demora a cruzar a linha de chegada vermelha, concluindo o treinamento com êxito.
— Parabéns! Você conseguiu! — declara Koguita, aplaudindo com entusiasmo. O som metálico das palmas ecoa, devido à armadura que o mestre usa.
— Obrigado! — responde Eldo, curvando-se em reverência. Em seguida, ergue-se com um sorriso orgulhoso. — Aposto que tive um dos melhores resultados, não é?
— Na verdade... não. Outro aluno meu conseguiu de primeira, sem precisar recomeçar.
— O QUÊ?! — grita Eldo, jogando-se no chão, com as pernas para o ar.
Koguita ri alto da reação exagerada e comenta:
— É mal de família essa mania de se achar. Seu pai era igualzinho! — diz ele, com um misto de diversão e nostalgia ao lembrar de Aragon.
— Não é se achar, mestre. É ter confiança nas minhas capacidades! — retruca Eldo, colocando as mãos na cintura e exibindo um sorriso autossuficiente.
— Tal pai, tal filho — murmura Koguita, cobrindo o rosto com a mão enquanto balança a cabeça.
— Mestre, o senhor sabe onde tem um restaurante aqui? — pergunta Eldo, mudando de assunto. — Passei a noite toda com o João ontem, e hoje o dia inteiro treinando. Nem tive tempo de comprar nada pra cozinhar.
Koguita ergue os olhos para a lua, que ilumina seu rosto, deixando-o ainda mais pálido sob o brilho prateado.
— Pela posição da lua, já são 18:51. O restaurante deve estar preparando o jantar agora. Acho que dá tempo de irmos pra casa, tomar um banho e depois comer.
— Tudo bem, então — diz Eldo que ainda fica surpreso do mestre saber as horas olhando para o céu — vou voltar pra casa rapidinho. Onde fica esse restaurante?
— Espere por mim na sua casa, que eu te levo lá.
— Certo! Vou correndo pra casa — diz Eldo, já se alongando para a corrida.
— Quer que eu te leve? — oferece Koguita.
— Não precisa. Eu já decorei o caminho, e também preciso aprender a andar sozinho por aqui — responde Eldo, confiante, antes de disparar em direção à sua casa.
Assim que eles chegam no restaurante Eldo tem o vislumbre do lugar. O ambiente é uma aconchegante estabelecimento de estilo medieval, com mesas e cadeiras rústicas de madeira, iluminadas por uma luz quente de lamparinas e velas. Arcos robustos e paredes de pedra criam uma atmosfera intimista, enquanto detalhes como janelas estreitas e castiçais reforçam o charme histórico. É um espaço perfeito para conversas e momentos de relaxamento.
— Tivemos sorte de o restaurante estar vazio hoje. Normalmente, a essa hora está cheio — comentou Koguita, observando o ambiente com tranquilidade. — É um lugar bonito, não acha?
— Com certeza, mas beleza não enche o estômago. Um restaurante precisa ter comida boa, não só aparência — respondeu Eldo, com um tom descontraído.
— Concordo plenamente. E te garanto, você vai se surpreender.
Ambos se sentaram, e Eldo reparou em um tablet sobre a mesa com a palavra "menu" destacada na tela.
— Olha só, cardápio digital! Isso que é luxo! — disse Eldo, rindo.
Koguita sorriu e explicou:
— Antigamente, o cardápio era um livro enorme. Com o avanço da tecnologia, conseguimos compactar tudo nisso. Mas o motivo de ser tão extenso é porque inclui pratos de todos os planetas do universo.
— Faz sentido. O senhor me disse sobre planetas habitados, mas, na terra, não sabemos oficialmente se seres de outro planeta realmente existem. Por que manter isso em segredo? Vocês podiam contar as pessoas — diz Eldo.
— Fazemos levantamentos anuais para avaliar o nível de civilização das espécies. Planetas considerados civilizados podem ser informados. Já os que não são considerados civilizados não recebem essa informação, pois poderiam reagir com pânico ou tentar exterminar outras raças. Isso já aconteceu no passado, com os lambiues. — A última palavra saiu com uma ponta de raiva.
— Quem são esses lambiues? — perguntou Eldo, cerrando os punhos e os dentes. — Não notei nada de especial nos poucos que vi, pareciam normais.
— Não percebeu os olhos puxados? — indagou Koguita.
Eldo deu de ombros, e o mestre continuou:
— Eles são os verdadeiros habitantes da Terra. Nós humanos somos descendentes deles. Não se sabe ao certo, pois boa parte da história foi perdida. Mas, pelo que descobrimos, os lambiues foram criados por...
Koguita parou, sua expressão mudou para algo atônito, como se fosse assombrado por memórias ruins. Ele tremeu, olhando para o vazio, enquanto uma imagem de um ser encapuzado, com um olhar vermelho mortal, dominava sua mente.
— Mestre... está tudo bem? — Eldo o balançou, tentando trazê-lo de volta.
— Desculpe... — respondeu Koguita, recuperando-se. — Só lembranças ruins. Como eu dizia, os lambiues eram uma raça guerreira. Eles exterminaram diversos planetas, acreditando que apenas sua espécie tinha o direito de existir. A hierarquia deles se divide em: Os cavaleiros do apocalipse, são os 4 líderes deles, eles não tem esse nome atoa, já que eles destruíram civilizações inteiras, e possuem transformações que eles chamam de forma apocalipse. Abaixo deles tem 7 generais, que apelidamos de 7 pecados capitais, eles também tem uma transformação, mas não é tão forte quanto a dos cavaleiros — explica Koguita.
— Interessante. E pensar que a humanidade descende disso... Hoje somos inúteis se comparados a eles — murmurou Eldo, pensativo.
— Sim, mas isso mudou porque alguém selou os lambiues há muito tempo. Isso também resultou na extinção de várias raças mágicas. Apenas nós, celestias, mantemos magia, embora o motivo seja um mistério.
— Será que carregamos genes de magia, como em algumas sagas de bruxos? — especulou Eldo.
— Não. Todos com magia ou potencial para tê-la foram enviados para outro lugar. Nós não deveríamos ter magia, o motivo disso ainda é desconhecido, mesmo após anos de pesquisa — concluiu Koguita.
— Quanto mais descobrimos, mais dúvidas aparecem. Que vida complicada! — Eldo suspirou, derrotado.
— É verdade. E muitas informações que temos são apenas teorias ou relatos de terceiros. Os anjos infelizmente não são muito de falar, a única resposta que tive deles nesses anos, foi que ao nos revelar, estariam interferindo no livre arbítrio. Francamente, é uma palhaçada — disse Koguita, rindo. — Mas estamos aqui para comer. Escolha o que quiser, é tudo grátis.
Eldo riu, passando o dedo pelo tablet, até parar em seu prato favorito.
— Não resisto a isso. Quero carne seca com batata! — declarou animado, com estrelas nos olhos.
Após clicar no pedido, esperou ansioso. Quando a comida chegou, ele começou a comer com voracidade, sem reparar na pessoa que a trouxe.
— Posso ajudar com algo mais, senhor Koguita? — perguntou uma voz feminina familiar.
Eldo ergueu o olhar e viu Eunície, que sorria divertida. Imediatamente, recompôs-se, limpando o rosto e ajeitando-se.
— Melhor agora com a sua presença — disse Eldo, piscando para ela, o que a deixou corada.
— Vou deixar vocês à vontade. Só para saberem, fui eu quem preparei o prato.
— Sério? Está delicioso! Meus parabéns! — elogiou Eldo.
— Obrigada... — respondeu Eunície ruborizada, esfregando o rosto com timidez.
— Desse jeito, eu caso com você — disse Eldo, com um sorriso suave.
Os dois trocaram olhares, ambos corando antes de desviar o rosto. Koguita, observando a cena, soltou uma risada discreta.
— É... Tchau! Bom apetite para vocês — disse Eunicie voltando para o trabalho.
Observando o rosto do aluno, Koguita provocou:
— Vocês estão bem próximos, hein?
— Nada demais, mestre. Estamos só nos conhecendo... Mas seria mentira dizer que ela não me chama atenção — admitiu Eldo, apoiando o cotovelo na mesa e o rosto na mão.
— Sei... Sua cara diz outra coisa — retrucou Koguita, divertido — Mas pelo que sei da história dela, também sofreu no passado com alguns traumas que fizeram ela ficar tão desconfiada em relacionamentos quanto você.
— O que foi? — pergunta Eldo lançando um olhar curioso para o mestre.
— Infelizmente não sou eu que tenho que te contar isso, não sou de revelar informações sobre a vida das pessoas — diz Koguita.
— Entendo, mas agora você me deixou curioso — diz Eldo lançando um olhar de decepção para o mestre.
A conversa seguiu leve, mas Eldo não conseguia tirar Eunície da cabeça, enquanto observava seu sorriso encantador ao atender outros clientes pensava:
"Será que deveria investir? Talvez só como amigos... Ou seria errado?" Pensamentos conflitantes preenchiam sua mente enquanto ele voltava ao prato, tentando desviar a atenção.
— Alguma coisa na cabeça? — perguntou Koguita, notando a distração.
— Nada, só pensamentos soltos. Vamos comer — desconversou Eldo.
A noite seguiu com trivialidades, com Eldo e o mestre se conhecendo melhor, o que gostavam de fazer no tempo livre, entre outros. Até o momento que algo parou próximo a deles.
— Boa noite para vocês dois — dizia o homem.
Eldo olha para ele, e sente que é familiar, possui pele branca, seus cabelos, de um verde intenso e desordenado, pareciam desafiar qualquer padrão, como se uma folha viva tivesse ganhado forma humana. Os fios caiam levemente sobre sua testa, emoldurando um rosto de traços finos e suaves, onde se destacavam olhos tão vibrantes quanto obsidianas, dotados de uma expressão ao mesmo tempo serena e astuta.
Vestia-se com uma camisa branca impecavelmente passada, com as mangas dobradas até os cotovelos, revelando antebraços definidos. Por cima, um colete azul-marinho bem ajustado ao torso, fechado por botões dourados que brilhavam sob a luz. A gravata preta fina completava o conjunto, pendendo alinhada em contraste com a camisa clara.
Se não fosse pelo fato deste ter olhos, Eldo iria achar que é Roger devido a similaridade de ambos.
— Zalulu! Sente-se aqui. Depois me conte os resultados do seu encontro com eles — disse Koguita, puxando uma cadeira para o homem.
— Obrigado. E você, Eldo? Como está? Cresceu muito desde a última vez que te vi — disse Zalulu, sentando-se e apoiando a cabeça na mão enquanto encarava o jovem.
— Agora eu me lembro de você! Estou bem. E você? Sumiu de repente, nem deu mais notícias — respondeu Eldo, cruzando os braços.
— A correria do dia a dia, você sabe como é. Não sobra muito tempo para visitar a família — disse Zalulu com um sorriso despreocupado.
— Você é mesmo um irmão desnaturado, sabia? — disse Eldo, fazendo bico.
Antes que Zalulu pudesse se defender, Eldo começou a rir alto e se levantou para abraçar o irmão.
— Estou brincando! Senti sua falta, irmãozão! — disse Eldo, dando alguns tapinhas nas costas dele.
— O sentimento é mútuo — respondeu Zalulu, retribuindo o abraço. — Bom ver que você ainda usa esses termos comigo. É bom saber que o tempo não mudou seu espírito.
Eldo sorriu e voltou ao seu lugar.
— Vejo que já se conhecem bem — comentou Koguita, observando os dois.
— Sempre fiz questão de dar atenção ao meu irmãozinho quando visitava o papai — disse Zalulu, piscando para Eldo. — Aliás, falando nele, onde está o velho Aragon? Foi ele quem finalmente trouxe você para cá?
A energia alegre de Eldo desapareceu instantaneamente. Ele apertou o garfo com tanta força que chegou a entortá-lo levemente. Confuso, Zalulu olhou para Koguita, que se inclinou discretamente e explicou a situação em seu ouvido.
Os olhos de Zalulu se arregalaram, e uma expressão de choque tomou conta de seu rosto. Ele levou a mão à cabeça, deslizando os dedos pelos cabelos verdes, claramente abalado.
— Há alguma pista sobre o paradeiro deles? — perguntou Zalulu, sério.
— Ainda não — respondeu Koguita. — Pedi aos celestias na Terra que fiquem atentos a qualquer movimentação suspeita.
— Acho que eles estão na Tunísia. Durante meu breve relacionamento com uma deles, ela mencionou que a base original ficava lá, mas nunca revelou a localização exata — disse Zalulu, cabisbaixo.
— Isso já ajuda. Mandei nossos homens monitorarem a região para tentar encontrar algo — disse Koguita.
— E os que Gustavo selou há 23 anos no shopping abandonado de Corumbia? Não estão lá? — perguntou Zalulu.
— Rudi verificou. Ele esteve comigo ontem à noite e relatou que enfrentou um lambiue encapuzado. Foi uma luta difícil, e enquanto ele o feriu no torso, os demais conseguiram escapar.
Zalulu levou instintivamente a mão ao peito, como se sentisse dor na região. Eldo, curioso, franziu o cenho.
— É complicado. Quanto mais nos aproximamos das respostas, mais longe elas parecem ficar — suspirou Zalulu. — Mas acredito que eles vão demorar para reaparecer. Perderam da última vez e devem estar planejando cuidadosamente para evitar outro fracasso.
Após um momento de reflexão, Zalulu olhou para Eldo e lançou uma pergunta:
— Eldo, você sabe quem é sua mãe, não é?
— Não sei, e nem quero saber! — retrucou Eldo, irritado.
— Como assim? Mas ela é... — Zalulu começou a falar, mas foi interrompido por um discreto sinal de Koguita. Ele pigarreou, mudando de assunto. — Bom, há uma lambiue, uma das líderes, que tem uma ligação com o papai. Assim que você ficar forte o suficiente, é provável que ela venha atrás de você.
— Então vão me usar como isca, é isso? — perguntou Eldo, sarcasticamente.
— É a melhor estratégia que temos no momento. Você treina, espalhamos que você é um prodígio, ela aparece, e pegamos ela. Não se preocupe, um celestia irá com você. Além disso, ela é a mais fraca entre os líderes. A única habilidade problemática que ela tem é a regeneração.
Eldo começa a dar uma risada confiante e continua.
— Tudo bem! Regeneração ou não, eu acabo com a raça dessa vagabunda! — disse Eldo, estalando os dedos. — Ou, quem sabe, encanto com meu charme.
Zalulu fez uma expressão de ânsia, mas parou ao perceber que Eldo o observava.
— Se achar é de família. Tal pai, tal filhos — brincou Koguita, rindo.
— Não é se achar, é ter confiança nas suas capacidades — responderam Eldo e Zalulu ao mesmo tempo, como se já soubessem a réplica um do outro.
— Certo... — disse Koguita, arqueando uma sobrancelha. — Enfim, Zalulu, peça algo para comer. Vou pedir mais do meu prato, já acabou.
— Só um instante. Vou chamar o Nefastor, ele está aqui — disse Zalulu, levantando-se.
Zalulu faz sinais com as mãos, Eldo olhou para trás e viu um homem sentado em uma mesa no canto, abraçando uma mulher. A presença do homem era quase esmagadora. Seus cabelos castanhos espetados pareciam indomáveis, e seus olhos vermelhos, penetrantes como brasas, analisavam o ambiente com intensidade. Vestia uma jaqueta vermelha que destacava seus olhos, e a postura relaxada contrastava com a aura dominadora que exalava.
Ao perceber o sinal de Zalulu, Nefastor ergueu a cabeça, e seus olhos se encontraram por um breve momento.
— O que você vai querer comer? — perguntou Zalulu.
O homem fez um gesto indiferente com a mão, sem sequer olhar para ele. Zalulu suspirou e se sentou.
— Ele vai querer só o molho matriciana. Agora, pra mim... deixa eu ver... — disse Zalulu, pegando o tablet para escolher no cardápio.
— Nossa, você conhece bem ele, hein? — comentou Eldo.
— Sempre venho aqui com ele e meus outros dois alunos. Já entendi o que ele quer só pelo jeito dele. Mas esse aqui eu preciso dar uma atenção especial... — respondeu Zalulu.
— Por quê? Ele é filho de alguém importante? — perguntou Eldo, curioso.
— Também, mas não é só por isso. Digamos que ele é uma adição valiosa às nossas forças, mas... tem uma mente um tanto instável — explicou Zalulu.
— Aliás, como ele ficou naquele planeta onde vocês estavam? — perguntou Koguita.
— Até que calmo. Estamos progredindo com ele, e acredito que, em breve, estará no nível do pai — respondeu Zalulu.
Eldo franziu o cenho, sem entender exatamente o que estava acontecendo, mas antes que pudesse perguntar mais, o homem em questão chegou e puxou uma cadeira para se sentar. Seus olhos vermelhos fitaram os três à mesa, analisando-os com intensidade.
— Mulherzinha complicada aquela... Eu só queria um sexo casual, mas ela veio com aquela história de "só depois do casamento". Ah, de mulher assim tô fora! Já me basta a Helena me enchendo! Tenho outros meios de diversão no templo — comentou o homem, largando-se na cadeira e abrindo as pernas, sem cerimônia.
— Eldo, quero que conheça meu aluno, Nefastor. E, Nefastor, este é meu irmão mais novo, Eldo — disse Zalulu, fazendo as apresentações.
Eldo estendeu a mão para cumprimentar Nefastor, mas ele apenas alternou o olhar entre Eldo e Zalulu, com uma expressão de curiosidade.
— Quem de vocês dois é adotado? Vocês não têm nada a ver um com o outro — perguntou Nefastor, direto.
— Sou eu — respondeu Zalulu. — Meu pai, Aragon, me encontrou vagando pelas ruas da Grécia sem rumo e me acolheu como aprendiz. Mas eu o considero como meu verdadeiro pai.
— Isso explica muita coisa — disse Nefastor, voltando-se para Eldo. — Enfim, aquela baboseira de sempre: seja bem-vindo, sinta-se em casa, não seja um inútil, bla, bla, bla... — acrescentou, estendendo a mão.
— Obrigado, amigo — respondeu Eldo, apertando a mão dele.
— E aí? Você já está treinado ou ainda é uma criança engatinhando? — provocou Nefastor.
— Nefastor! — repreendeu Zalulu, irritado.
— Não tem problema, irmão — interrompeu Eldo. — Respondendo à sua pergunta: sim e não. Não manjo muito de manipular o Ken ainda, mas sei lutar. Se quiser, podemos sair lá fora pra resolver isso em cinco minutinhos. Nada de poderes, só pancadaria. O que acha?
— Ora, ora, respondão. Gostei de você! Caras muito passivos só trazem problema. Vejo que não é o seu caso. Você é maluco, e precisamos de gente assim — disse Nefastor, estendendo o punho para Eldo.
— Você também é maluco e bipolar, igualzinho a mim. Gostei de ti cara — respondeu Eldo, sorrindo enquanto retribuía o gesto.
Os dois começam a cair na gargalhada, e a comida chegou logo em seguida, e os três começaram a comer enquanto conversavam sobre trivialidades para se conhecerem melhor, e passarem a noite.
Enquanto comia, Eldo notou Eunicie se despedindo das pessoas e indo embora. Quando seus olhos se encontraram, ela mandou um beijo à distância. Eldo fingiu pegar o beijo e guardar no coração, arrancando um sorriso da loira.
Decidido, ele voltou a comer, prometendo a si mesmo que, no dia seguinte, sairia com ela.
Continua...
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