Prólogo

Salém, Massachusetts - Outubro de 1692

Seria uma noite comum como todas as outras, se naquele dia Morgana não tivesse saído de sua casa para ajudar o líder do vilarejo.

E como Keith era muito leal, seguiu sua dona sem que soubesse. Queria protegê-la e sentia que corria perigo, mas não sabia falar como os humanos e suas tentativas​ de alertar Morgana foram em vão.

Enquanto Morgana seguia pelas ruelas de pedras e terra, Keith seguia pelos telhados, fazendo acrobacias incríveis e sempre pousando em pé com elegância.

Ele gostava muito de ajudar a bruxa, que apesar da verdadeira idade continuava com uma aparência bonita de uma mulher de uns trinta anos.

Ela era muito habilidosa, principalmente com magia verde, aquela que cura até os piores ferimentos, por isso estava indo até o líder, Sr. Nabuco, que estava muito doente há dias.

O que Morgana não sabia é que tudo aquilo fazia parte do plano dos Homens da Guarda, que queriam capturá-la e dar um fim nela.

Ao contrário do que todos pensam, “dar um fim”, na verdade, significava que iriam encarcerá-la para tentar descobrir a origem de seus poderes.

A história da fogueira veio por outro motivo: queriam fingir que ela estava morta e com isso... queimaram toda a sua casa.

Morgana de alguma forma sabia que Keith a havia seguido, portanto soube se controlar ao saber o que fizeram.

Os Homens da Guarda iniciaram o suposto “julgamento” da bruxa assim que a mesma entrou no casarão do líder.

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Keith era incapaz de entender porquê Morgana não resistiu. Ela era muito poderosa, a ancestral mais poderosa das bruxas, no entanto, simplesmente usou um feitiço para fazer o tempo parar por alguns minutos.

E nesses poucos minutos ela deu a ele uma missão: Proteger o Portal que levava ao castelo da Irmandade das Bruxas de Salém.

O pequeno gatinho preto recebeu as quatro partes do amuleto de Nyx e foi explicado a ele que deveria encontrar três outros nobres corações para ajudá-lo a proteger o portal.

O feitiço de proteção deveria ser acompanhado por uma festa em homenagem à Nyx, que duraria sempre três dias, iniciando-se em 31 de outubro e seguindo até a noite do dia 2 de novembro.

— E não se preocupe, Keith, o feitiço pode ser realizado em qualquer canto do globo.

— Miau!

— Esse amuleto permitirá a você e aos seus companheiros se transformarem em humanos, mas infelizmente não poderei auxiliá-los nesse novo desafio.

Keith começou a esfregar a cabeça na mão da bruxa, que o pegou no colo e fez carinho em sua barriga.

— Você precisa fugir para bem longe. Vou te dar tempo e proteção.

— Miau?!?

— Vá! Vá logo!

Com isso, Morgana o soltou e o afugentou, com os quatro fragmentos do amuleto de Nyx pendurados no pescoço.

O amuleto de Nyx é a origem dos poderes da Irmandade das Bruxas de Salém. Se o amuleto for destruído, todas as bruxas também serão. E quem possuir o amuleto, tem total controle sobre os quatro elementos: Água, Ar, Terra e Fogo.

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Keith obedeceu sua dona, como sempre fazia, e fugiu para bem longe, até suas diminutas patinhas de gato se cansarem.

Dormiu ao relento por vários dias, tomou chuva e sol. Passou fome e frio. Foi algumas vezes ferido gravemente por humanos que não gostavam de gatos, mas sempre sobreviveu.

Por quê?

Com o amuleto completo, bruxas e gatos se tornam imortais. Ter uma das partes do amuleto te dá o poder de se recuperar rápido de qualquer ferimento. Assim, com o passar dos anos, ele aprendeu sozinho a se transformar em humano e a agir como um humano, mesmo que algumas vezes tivesse hábitos felinos.

Tornou-se um mágico e fez muito dinheiro, comprou um velho casarão num bairro nobre de uma cidade grande e fundou CATS, uma sociedade secreta para recrutar os outros corações nobres que usariam os pedaços do amuleto, e um lugar para proteger e cuidar dos gatos de rua.

Resgatou muitos gatos, alguns continuaram como felinos e foram adotados, outros quiseram virar humanos para sempre e seguiram suas vidas em outro lugar, mas três de seus companheiros nunca quiseram abandoná-lo. Esses tornaram-se os outros guardiões.

Os quatro líderes do CATS tornaram-se grandes amigos e aprenderam juntos a controlar os elementos de seus amuletos. Juntos, também, aprenderam a realizar os rituais de proteção de maneira cada vez mais eficiente.

Os membros do CATS vêm de várias partes do mundo, mas, com a mesma facilidade que vêm, também se vão. A maioria deles não gosta de se submeter às ordens dos líderes, que sempre preferem manter a discrição.

Os CATS não costumam se revelar para humanos. A maioria dos gatos não gostam de ser domesticados e os humanos insistem em fazê-lo. Fora aqueles seres inescrupulosos que não gostam de gatos e ainda por cima os machucam.

Não.

Definitivamente, os CATS não gostam de humanos.

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