Capítulo 7 - O Casarão

Então era isso.

Alice estava definitivamente se sentindo insana.

Como poderia estar nesse exato momento seguindo uma gata branca falante, chamada Sophie, até um casarão abandonado do bairro rico da cidade para ser apresentada a uma sociedade secreta chamada CATS? E que ainda por cima era formada por gatos de rua que podiam falar?

— Certo... então, vai mesmo me contar tudo? – Alice perguntou hesitante, quando já estavam no portão do casarão. Tinham percorrido todo o caminho até lá em silêncio.

— Sim. – A gata branca balançava a cauda de um lado para o outro e caminhava elegantemente na frente dela.

— E por que precisamos vir até o casarão? Por que não me contou tudo lá em casa mesmo?

— Porque os outros precisam estar presentes e sua casa não é segura. – Sophie falou como se fosse óbvio e sentou-se em frente ao portão. — Poderia fazer o favor de abrir?

— Ah...! Claro! – Alice apressou-se e abriu o portão, entrou logo atrás de Sophie, que seguia pelo jardim sempre à frente dela.

Entraram no casarão por uma janela aberta e Alice jamais pensou que faria isso um dia. Sophie pediu que esperasse um pouco no hall de entrada e sumiu pelo andar de cima.

Alice começou a observar o local. Não havia muita mobília, apenas um sofá velho, sujo e semidestruído. Uma mesa quadrada de madeira para quatro pessoas, sem nenhuma cadeira, e, o que mais impressionava, era o lustre realmente grande, apesar de empoeirado, pendurado no teto.

Quando Sophie voltou estava acompanhada por outros três gatos. Os mesmos gatos que viu conversando, alguns dias atrás. Sentiu seu estômago revirando. Seria medo? Ou ansiedade? Talvez um pouco dos dois?

Os felinos estavam com expressões sérias. Se bem que gatos sempre parecem estar com expressões sérias. Parou de raciocinar direito quando o gato preto começou a falar.

— Boa tarde, Senhorita Riedel. Vejo que seguiu a Sophie sem protestar.

— Bem, na verdade, eu protestei um pouco sim, mas ela pareceu confiável. – Respondeu com naturalidade.

E, acrescentou mentalmente, sou curiosa.

— Então já sabe que aqui funciona uma sociedade secreta chamada CATS, eu presumo.

— Sim. – Falou devagar, pensativa. — E espero que expliquem o que eu tenho a ver com tudo isso.

— Quando for o momento certo entraremos em detalhes, por hora você deve saber apenas os motivos que nos levaram a nos revelar a você e no que isso implicará. – A voz do gato preto ficou mais séria e tensa à medida que foi terminando a frase.

— Poderiam começar me explicando como podem falar e quais são seus nomes. – Disse um pouco nervosa, cruzando os braços numa posição defensiva.

— Eu sou o Keith. – O gato preto declarou sem mais delongas. — E estes são Tom, Sophie e Alina.

Alice olhou para os gatos pardo, branco e laranja, respectivamente, conforme seus nomes eram chamados. Eles a cumprimentaram com acenos de cabeça e olhares amigáveis. Aparentemente o único mal-humorado era o Keith.

— Nós, os CATS, somos familiares das bruxas de Salém, e desde os tempos antigos fomos escolhidos para protegê-las através do medalhão de Nyx. – Keith explicou devagar, medindo as palavras. — E é através dos poderes desse medalhão que aprendemos a falar... – E como se tivessem combinado, todos os quatro gatos se transformaram ao mesmo tempo. — e a nos transformar em humanos.

— O quê...?!? – Alice deu um pulo de susto e se escorou na parede mais próxima assim que os gatos mudaram suas formas.

— Não faça essa cara, por gentileza. Não somos aberrações. – Tom falou pela primeira vez, chamando a atenção de Alice.

— Isso não pode ser real! – Os olhos dela só faltavam pular fora das órbitas e sair rolando por aí.

— É claro que ela teria essa reação. – A gata, ou melhor, a agora humana, Alina, comentou revirando os olhos. — De quem foi a brilhante ideia de nos revelar logo de cara?

— Acho que foi da Sophie. – Tom deu uma risadinha e cutucou a garota que antes era uma gata branca.

— Silêncio. – Exigiu Keith, lançando aos outros olhares de reprovação. — Sophie, a ideia foi de fato sua, sendo assim, fica a cargo seu orientar e supervisionar a humana enquanto estiver nos ajudando.

Alice continuava imóvel, recostada no canto da parede sem saber o que dizer. Nunca imaginou que os gatos pudessem se transformar em gente. É claro que acreditava que eram inteligentes e magníficos, mas a ponto de fazerem isto?!? Era inacreditável.

E ainda assim queria que tudo fosse mesmo real.

— Sem problemas, chefinho. – Sophie deu uma piscadela e saltou até onde Alice estava. — Está pronta?

— Espere! – Keith dispensou os outros dois, Alina e Tom, com apenas um olhar. — Primeiro ela precisa saber algumas regras sobre nós.

— Ah, é verdade! – Sophie jogou seus cabelos loiros para o lado e fixou seus olhos verdes em Alice.

— Primeira regra: não falar sobre nós a ninguém. – Keith a encarava também, e não estava com um olhar muito amigável. — Ninguém. Entendeu?

Ao ver que Alice continuava em estado de choque, Sophie deu tapinhas em suas costas e sussurrou para que apenas acenasse com a cabeça se tivesse entendido. A garota obedeceu e assentiu quase que mecanicamente.

— Segunda regra: Ser leal à sociedade. Você foi privilegiada ao ser escolhida por Nyx para nos ajudar, então deve fazer jus à escolha da Deusa. – Ele agora andava de um lado para o outro devagar, sem tirar os olhos dos dela.

— E antes que pergunte, foi escolhida na noite em que ajudou o Keith a se proteger, dando a ele o seu guarda-chuva. – Sophie acrescentou animadamente.

Alice desviou seu olhar para Sophie, mas logo tornou a observar Keith. O gato preto se transformou em um rapaz de cerca de vinte anos, com cabelos pretos e um pouco compridos, pele clara como a lua e olhos verdes como a folhagem das plantas no verão.

— Terceira regra: Respeitar e obedecer aos líderes, que no caso você já conheceu. Eu, Sophie, Alina e Tom. – Enquanto falava, Keith gesticulou na direção de Sophie e da porta por onde os outros dois líderes haviam saído há pouco. — Então? Entendeu tudo? Ou precisarei repetir?

Levou um tempinho até que Alice conseguisse organizar seus pensamentos para elaborar uma resposta coerente. No fim, acabou fazendo uma pergunta.

— E se alguém além de mim descobrir?

— Teremos que silenciar essa pessoa.

A resposta do garoto a deixou perplexa e um arrepio correu toda sua coluna. Aquela afirmação ameaçadora deixou-a nervosa. Precisaria manter esse segredo muito bem guardado, principalmente de Liza.

E se eu não quiser ajudar? O que me obriga a ajudar?Era o que queria perguntar, mas achou melhor ficar quieta por enquanto. Juntou todas as forças que lhe restavam para se manter firme.

— Entendido. Eu aceito ajudar vocês.

Alice não conseguiu decidir se a resposta de Keith era mesmo uma mensagem de boas-vindas ou uma ameaça à sua vida.

Sendo assim, bem-vinda à Sociedade Secreta dos CATS.

🐾

E aí pessoal? Gostaram da revelação? Ainda há muito mais a ser revelado, então aguardem os próximos capítulos!!

PS: Convenci meus pais a adotarem a Luna!! 💕

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