Capítulo 27 - Novo Ataque
Ao chegarem lá no topo, cada um dos líderes entregou para Alice sua parte do amuleto. A garota juntou todas elas e um medalhão foi formado junto a um clarão de luz, transformando-se em um colar dourado.
Ela pendurou o colar no pescoço e esperou que as bruxas e os CATS se afastassem, ficou bem no centro do local, que era marcado por uma espécie de rosa dos ventos.
Respirou fundo algumas vezes e olhou cada espectador, um por um. Seu olhar se deteve em Keith e Sophie, que acenaram com a cabeça, encorajando-a a seguir em frente.
Era agora ou nunca.
Diana havia lhe entregado um papel onde estava escrito o feitiço que teria que ditar em uma linguagem antiga. As palavras eram estranhas, então precisou testá-las em sua mente e em seus lábios antes de dizer em voz alta.
Finalmente estava pronta. Seu coração batia forte no peito pelo medo de morrer e suas pernas estavam bambas por conta do nervosismo, mas, por algum motivo, confiava em Keith. Precisava fazer isso.
Antiquis magic quier
Uerebantur potens
Leporem consilii tueatur
Et virtutem superiore
Liberem autem virorum
Nada aconteceu por longos segundos e por um momento Alice pensou que aquele seria seu fim. Ela morreria consumida pela magia poderosa de um amuleto ancestral.
Então, o chão começou a vibrar juntamente com toda a estrutura do castelo. O medalhão em seu pescoço passou a flutuar, e conforme subia, o corpo de Alice o seguia.
Uma luz muito forte apareceu, partindo do chão e subindo ao céu. As bruxas e os CATS precisaram cobrir seus olhos para que não fossem danificados pelo brilho forte.
Alice fechou os olhos também, pois estava assustada. Seu corpo estava passando por sensações diversas em curtos espaços de tempo. Sentia calor, frio, a brisa do vento, o frescor da água, a ardência do fogo e a maciez da terra.
Muitos cheiros invadiram suas narinas, como o doce aroma das flores, o cheiro forte de madeira queimada, o aroma salgado do oceano e aquela mistura de cheiros gostosos que o vento sempre traz no campo.
Vários sons diferentes ganharam seus ouvidos: o crepitar de uma fogueira, o marulhar das ondas, o silvo suave do vento e os cantos dos mais diversos pássaros.
Por fim, ela decidiu abrir os olhos. Percebeu que tudo aquilo que sentia não a estava machucando, mas sim lhe dando as boas-vindas. O amuleto de Nyx a havia reconhecido como a escolhida e por isso estava apresentando para ela todas essas coisas maravilhosas.
Seu corpo foi devolvido ao chão suavemente pelo poder do medalhão e toda a cacofonia se dissipou de uma só vez. Os primeiros a correrem até ela foram Sophie, Keith e Solange.
— Muito bem! Eu sabia que conseguiria! – Sophie a abraçou forte e só soltou quando Keith a cutucou. — Ops! Desculpa!
— Eu nunca duvidei de você, menina. – Solange sorria com gentileza e um brilho orgulhoso no olhar.
— Estou orgulhoso de você. – Keith sussurrou para que só ela ouvisse. — Tenho certeza de que será tão poderosa quanto Morgana.
— Obrigada. – Novamente ela deixou que suas emoções a levassem e pulou nele, abraçando-o.
Alina, Tom e Milly se aproximaram também e a parabenizaram, mas Diana havia sumido. Ninguém notou quando saiu e desapareceu. Solange suspirou ao perceber o sumiço e pediu desculpas em nome de todas.
— Diana sempre admirou muito Morgana, e quando ela foi capturada seu mundo desmoronou. – A bruxa mais velha explicou com paciência. — Quando ficamos sabendo do amuleto ela achou que seria entregue a ela. Acreditou que seria ela a escolhida, porque Morgana sempre a tratou com muito amor.
— Então é por isso que ela me odeia? – Alice questionou, encarando a bruxa.
— Ela não te odeia, querida. – Solange baixou os olhos, pensativa. — Só está se deixando consumir pela inveja. Não se preocupe, ela não irá atrapalhar seu caminho.
— Espero que não mesmo. – Keith acrescentou num tom não muito amigável. — Solange, poderia responder algumas perguntas agora?
— Eu tenho algumas coisas para resolver, mas Milly irá ajudá-los. – E com isso a velha bruxa se retirou, deixando-os a sós com a jovem bruxa.
— Quais são as suas perguntas? – Milly se aproximou timidamente e questionou Alice.
— Meus pais foram transformados em algo como estátuas vivas. Estão paralisados. – Ela explicou com ar triste, enquanto os demais ficaram em silêncio. — Há alguma coisa que vocês possam fazer? Algum feitiço ou poção? Algum objeto mágico ou encantamento?
— Infelizmente, não há nenhum feitiço, poção ou encantamento quando a magia foi feita por um Hunter. – Milly respondeu devagar, analisando as expressões deles. — Mas já ouvi falar de um objeto mágico capaz de reverter esse quadro.
— Objeto? Que objeto? Onde posso encontrá-lo? – O desespero de Alice fez com que disparasse perguntas, mas Keith a deteve pelo braço.
— Se chama Cetro de Andrakar, ele foi criado por uma bruxa com incríveis poderes minerais na cidadezinha de Andrakar. – Milly continuou sua explicação pacientemente. — Mas atualmente está sob o poder dos Hunters.
— Então quer dizer que a única coisa capaz de salvar meus pais está com o inimigo? – Alice deixou a decepção transparecer claramente e Keith a abraçou de lado.
— Está tudo bem, Alice. Vamos recuperar o Cetro para você. – O gato preto fez carinho no cabelo dela, fazendo com que se sentisse completamente sem graça.
— Agora, é melhor voltarmos. Sabe-se lá o que os outros CATS vão aprontar sem seus quatro líderes. – Alina acrescentou, quebrando totalmente o clima fofo entre os dois.
— Obrigada, Milly. – Sophie se despediu da bruxinha e seguiram de volta ao casarão Katzen.
Só para descobrir que algo horrível havia acontecido.
🐾
Ao chegarem no casarão, um dos membros que possuía a capacidade de falar veio depressa dar-lhes uma informação. Ele estava transformado em algo como um humano com orelhas e rabo de gato. Uma transformação incompleta.
— Uma garota humana entrou no nosso território, mas tão rápido quanto entrou, também saiu. Ela possuía cabelos cacheados, olhos verdes e pele morena. Não parecia muito velha. Estava chamando pela Alice.
— É a Liza! Mas porque ela veio me procurar aqui? – Alice encarou os quatro líderes e depois olhou para o informante outra vez. — Ela disse mais alguma coisa?
— Sim! Ela disse que sabia que você vinha aqui para brincar com os gatos abandonados e que estava indo para sua casa, já que não havia aparecido.
— Espera! Ela foi lá em casa? Quanto tempo faz que isso aconteceu? – Alice segurou o gato-humano pelos ombros e o encarou.
— Tem mais, Senhorita Riedel! – Ele tinha um olhar assustado. — Eu a segui, mas acabei me perdendo, quando finalmente a encontrei estava parada em frente à porta. Não falava, não se mexia, não piscava. Estava como seus pais.
🐾
Nota: Para quem não sabe, isso é uma rosa dos ventos.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top